Capítulo 92
Hwang Min-Su (1)
O rosto de Gi-Gyu mostrava confusão, mas ele conseguia entender a situação. Essa confusão só era a materialização de sua admiração interna.
Soo-Jung lhe perguntou sem rodeios: — Por que está fazendo essa cara?
Soo-Jung não parecia tão feliz sobre onde ela estava. Antes que Gi-Gyu pudesse responder, Oh Tae-Gu explicou: — Eu não diria que meu relacionamento com Lúcifer é ruim. Claro, como ela deve pensar em mim é uma questão completamente diferente.
— Ah, entendo… — respondeu Gi-Gyu.
Atualmente, Gi-Gyu estava em uma pequena casa de chá com Tae-Gu e Soo-Jung. Quando Soo-Jung lhe disse pela primeira vez que precisavam encontrar alguém juntos, Gi-Gyu não tinha ideia de quem ela estava falando. Ele fez algumas suposições ao longo do caminho, mas o presidente da ACJ não era uma delas.
Gi-Gyu assistiu Soo-Jung fazer várias ligações antes de trazê-lo para esta humildade casa de chá. Quando chegaram, Tae-Gu já os esperava.
‘Acho que isso não deveria me surpreender’, pensou Gi-Gyu. Era estranho vê-los juntos; ele percebeu que fazia sentido quando pensou sobre isso. Tae-Gu e Soo-Jung eram os melhores jogadores, eram mais ativos na mesma época e ambos eram coreanos. Então, fazia todo o sentido que Tae-Gu e Soo-Jung se conhecessem.
Como Gi-Gyu nunca tinha visto Soo-Jung em contato com a associação, ele nunca considerou a possibilidade de Soo-Jung e Tae-Gu se conhecerem.
Se sentindo curioso, Gi-Gyu perguntou: — Como vocês dois se conhecem?
Sem dizer uma palavra, Soo-Jung ergueu o punho. Seu punho estalou como vidro e sua mão lisa e pálida ressurgiu, mas agora havia um anel em seu dedo.
Gi-Gyu murmurou surpreso: — Você também é uma mercenária…
— Bem, não faz sentido? Esse velho aqui sempre foi obcecado em fortalecer sua organização. Suponho que você possa chamar nosso relacionamento de simbiótico. Não é diferente da sua relação com a associação, Gi-Gyu. Sempre que precisamos de algo irritante ou urgente, ligamos um para o outro — explicou Soo-Jung enquanto gesticulava em direção a Tae-Gu com o queixo.
Mesmo um estranho poderia dizer que Soo-Jung estava agindo de forma impertinente com o presidente. Tae-Gu era um idoso, enquanto Soo-Jung parecia ter 20 e poucos anos, tornando a situação ainda mais chocante. Mas Gi-Gyu pensou: ‘Eu nem sei quantos anos Soo-Jung realmente tem.’
Soo-Jung disse anteriormente a ele que suas idades terrestres eram as mesmas, e por isso deve falar informalmente com ela. Mas se ele parasse para pensar direito, perceberia algo.
‘Isso não significa que ela tem uma idade diferente em um mundo diferente…? Como Hwang Chae-il, Soo-Jung pode ter vivido muito mais do que parece. No sistema de idade do outro mundo, ela pode ser muito mais velha.’
Se ela não era tão jovem quanto parecia, talvez não estivesse agindo de forma impertinente. Ela poderia ter idade suficiente para lhe dar uma desculpa por seu comportamento.
Quando Soo-Jung viu o olhar compreensivo no rosto de Gi-Gyu, ela engasgou. Parecendo horrorizada, acenou com a mão e protestou: — Hein? Que cara é essa? Não mesmo! Tô falando assim porque não gosto desse velho. Não é porque sou mais velha que ele.
— Khmm. — Tae-Gu de repente limpou a garganta, indicando que queria chegar ao ponto principal. — Então, por que a infame Lúcifer queria me ver? Nem me lembro da última vez que me contatou.
Gi-Gyu podia sentir inúmeras auras fortes ao seu redor. Só podiam ser os agentes da associação protegendo o local de encontro.
‘Acho que eles se chamam Grigory.’ Gi-Gyu ainda não sabia a verdadeira identidade desse grupo, mas poderia dizer que eram soldados de elite sob o comando de Tae-Gu e Tae-Shik.
A velha casa de chá estava vazia, exceto por eles três. Mesmo o dono não estava à vista, e a mesa em que se sentaram não tinha chá.
— Já ouviu falar sobre a situação, certo? O da Caravan? — Quando Lúcifer, Soo-Jung, respondeu, Tae-Gu ficou visivelmente tenso e murmurou: — Então é sobre isso.
— Ouvi dizer que Andras é o líder deles.
— …? — A notícia confundiu e chocou Tae-Gu. Percebendo que não havia contado à associação sobre Andras, Gi-Gyu exclamou: — Ah!
Gi-Gyu explicou: — De acordo com os jogadores com quem lutei dentro da Torre, parecia que alguém chamado Andras está liderando a guilda Caravan.
Tae-Gu limpou a garganta novamente para mostrar seu descontentamento: — Khmm.
Soo-Jung também não parecia muito feliz com essa informação. — Me pergunto que tipo de progresso eles fizeram até agora.
— Eu… ainda não descobri nada. Sempre suspeitei que abririam a porta, mas nunca esperei que fosse no primeiro andar.
Tae-Gu e Soo-Jung conversaram sobre coisas que Gi-Gyu não conseguia entender, então ele se perguntou por que foi trazido aqui, em primeiro lugar. Ele olhou para Soo-Jung, que parecia entender o que ele estava pensando. Ela perguntou: — Você precisa ouvir isso também. Você disse que já sofreu uma penalidade uma vez, certo?
— Sim. Foi a pior dor que já senti — Gi-Gyu balançou a cabeça, se recusando a pensar na agonia. Ele não tinha ouvido falar muito sobre o outro mundo, mas explicar o que aconteceu era impossível sem mencionar isso. Foi por isso que Gi-Gyu contou a Soo-Jung sobre a penalidade.
Soo-Jung colocou a mão na cabeça de Gi-Gyu e ordenou: — Fique quieto por um tempo.
Receber um tapinha na cabeça por alguém que parecia ter a sua idade não era uma sensação boa. Mas Gi-Gyu não protestou, pois acreditava que Soo-Jung tinha um bom motivo para fazer algo assim.
[Marcação está sendo ativada.]
[O jogador Kim Gi-Gyu pertencerá temporariamente à jogadora Jung Soo-Jung.]
[Impressão de Subordinação permitirá que a dor seja compartilhada.]
[Impressão de Subordinação permitirá rastreamento.]
[Impressão de subordinação.]
Gi-Gyu ouviu vários anúncios do sistema enquanto várias linhas pretas grossas apareciam em sua testa.
— …?
— Esta é minha habilidade única. Lembra como usei dentro do Labirinto de Heryond antes? É por isso que posso fazer isso. Você me pertencerá temporariamente, então posso compartilhar a dor que sentirá com a penalidade. Também posso aumentar temporariamente os atributos do meu subordinado — explicou Soo-Jung.
— O quê? — De olhos arregalados, Gi-Gyu se virou para olhar para Soo-Jung. Todo esse tempo, Gi-Gyu acreditava que Marcação era uma simples habilidade de buff; ele não tinha ideia de que era uma habilidade tão poderosa. Soo-Jung uma vez disse a ele que Marcação era sua habilidade única, mas ele pensou que ela estava brincando. Agora, percebeu que ela ganhou outra habilidade única depois de passar pela mudança secundária de função. Ainda assim, Gi-Gyu considerou suas Chamas Negras, o movimento de assinatura dela, melhor do que Marcação.
Quando Gi-Gyu pareceu descontente, Soo-Jung franziu a testa e perguntou: — O que há de errado? Temos uma relação de negócios, não é? Sou sua professora e você é meu aluno. Então, isso não deve ser grande coisa.
— Só me explique isso: o que exatamente significa ser seu subordinado? — Gi-Gyu exigiu, sua voz grave.
Houve um lampejo de aborrecimento no rosto de Soo-Jung antes que ela sorrisse e explicasse: — Pense nisso como seu relacionamento com seus Egos. Mas no nosso caso, haverá mais limitações. Não se preocupe, não posso te controlar.
Com uma piscadela, ela acrescentou: — Honestamente, vou ser a única em desvantagem aqui. Além disso, você não é fraco o suficiente para eu controlar completamente só com a Marcação.
Os olhos e as palavras de Soo-Jung tinham muitos significados, mas Tae-Gu concordou com ela e afirmou: — Ela está dizendo a verdade. Marcação pode parecer assustador, mas não é uma habilidade poderosa. Ela só está tentando compartilhar sua dor da penalidade.
Gi-Gyu permaneceu quieto apesar da garantia de Tae-Gu até que Lou disse:
“Não se preocupe. Os dois estão dizendo a verdade.”
Finalmente, o rosto de Gi-Gyu se iluminou um pouco. Ele não gostava de “pertencer” a alguém, independentemente da magnitude das consequências. Assentindo, ele disse a Soo-Jung: — Por favor, me diga antes de usar uma habilidade como essa.
— Claro, claro, Vossa Alteza. — Soo-Jung sorriu e acrescentou: — Mas não vai haver uma próxima vez, pois você está se tornando muito forte, muito rápido.
— … — Quando Gi-Gyu não respondeu. Soo-Jung riu. E, finalmente, ela começou a contar a Gi-Gyu sobre o outro mundo.
***
— Droga — Tae-Shik murmurou enquanto esmagava o maço de cigarros em sua mão. A miséria e a culpa o fizeram sentir que tudo era culpa dele.
‘Tae-Oh…’
Tae-Shik conheceu Tae-Oh quando ele era o chefe do departamento de guias. Sua prioridade sempre foi Gi-Gyu, mas Tae-Shik também queria ajudar Tae-Oh.
Tae-Oh teve uma infância infeliz, o tornando um jogador frio e desconfiado. Mas Tae-Oh permaneceu gentil e leal com aqueles que realmente se importavam com ele. Quando anunciou que estava entrando para uma guilda, Tae-Shik ficou eufórico.
‘Ahh… Por que tinha que ser a guilda Caravan?!’
Tae-Shik sabia mais segredos do que a maioria dos jogadores de seu nível, mas nem ele sabia sobre a guilda Caravan. Embora Asura tenha visitado o outro mundo, Tae-Shik nunca tinha feito isso. Então, havia muitos segredos que Asura não havia contado a seu filho.
Tae-Shik aprendeu muito graças aos recentes acontecimentos. Demônios viviam e participavam secretamente de seu mundo. Também aprendeu sobre os mestres do outro mundo e os governantes da Torre.
Se Tae-Shik soubesse de tudo isso antes, teria impedido Tae-Oh de entrar em uma guilda como essa. Então, não podia deixar de se sentir culpado.
— Preciso me tornar mais forte — murmurou. Ele precisava se tornar mais poderoso para seguir seu pai e entrar no outro mundo. Todos os segredos seriam revelados assim que ele se tornasse forte o suficiente.
Além disso, ele tinha que converter totalmente seu potencial em força para herdar a posição de seu pai.
A determinação encheu os olhos de Tae-Shik quando ele prometeu: — Vou pagar minha dívida com você, hyung.
Era a única maneira de proteger e ajudar Gi-Gyu: o objetivo de vida de Tae-Shik.
— Primeiro, preciso achar Tae-Oh. — Ele precisava descobrir mais sobre a guilda Caravan para manter Gi-Gyu seguro. Para isso, ele tinha que primeiro encontrar Tae-Oh.
***
O cérebro de Gi-Gyu doía. Ele já estava compartilhando a dor com Soo-Jung, mas ainda parecia demais. Gi-Gyu olhou para Soo-Jung e viu as gotas de suor em sua testa.
— Você está bem? — Gi-Gyu perguntou preocupado. Ele não se importava mais que Soo-Jung o tinha marcado. A dor da penalidade tendia a incapacitar as vítimas de pensar. Era quase como se estivesse tentando apagar as informações que o jogador não deveria saber, sobrecarregando-o de dor.
‘Como diabos eu aguentei da primeira vez?’ Gi-Gyu sentiu orgulho de si mesmo por ser capaz de terminar de ouvir a história do Velho Hwang.
Soo-Jung murmurou: — Me lembro dessa dor, mas ainda não consigo me acostumar com ela. Não acredito que tenho que sofrer assim porque acolhi um aluno idiota.
— Mas ainda assim… — Tae-Gu deu a ela um sorriso amargo antes de acrescentar: — Não concorda que Gi-Gyu vale todo esse problema?
— Bem, suponho que sim. — respondeu Soo-Jung. Os dois jogadores conversaram baixinho, mas Gi-Gyu não conseguiu ouvi-los devido à dor insuportável.
— Haa… — Gi-Gyu suspirou profundamente. Agora que a dor estava diminuindo lentamente, finalmente podia se lembrar da informação que havia recebido um momento atrás.
Balançando a cabeça lentamente, murmurou: — Então, existem mundos diferentes atrás do universo… E a Torre é como uma barreira e uma corrente, um atalho para esses mundos.
Com o crânio ainda latejando, Gi-Gyu perguntou: — A Torre está lentamente invadindo a terra para conectá-la com o outro mundo, certo? E os portais são a prova desse fenômeno.
— Exatamente — respondeu Tae-Gu.
— E… o governante da Torre, os criadores da Torre e os governantes do outro mundo vivem todos nos andares superiores da Torre. Entendi certo?
Quando Gi-Gyu perguntou, Soo-Jung e Tae-Gu assentiram.
— As criaturas desse outro mundo não podem usar seus poderes reais na terra até que a invasão esteja completa. Mas podem usar seus verdadeiros poderes na Torre porque ela conecta os dois mundos. Haa… Isso que é um despejo de informações. — Gi-Gyu olhou para Tae-Gu e Soo-Jung. Aceitando seus acenos silenciosos, ele continuou: — Nos andares superiores da Torre, esses seres poderosos podem usar 100% de suas forças, e é por isso que ainda não foram conquistados pelos jogadores.
A história que Gi-Gyu acabou de ouvir era difícil de acreditar. A maioria das pessoas no mundo, incluindo Gi-Gyu até um momento atrás, acreditava que a Torre só era um lugar para ganhar pontos de experiência, itens e cristais. Era como um depósito de tesouro para a maioria. O público percebeu os portais da mesma forma; como andares da Torre com chance de quebrar.
Agora que Gi-Gyu sabia a verdade, ele percebeu que a Torre era a verdadeira ameaça aos humanos e os portais só eram um sintoma.
— Haa… — Gi-Gyu suspirou novamente. Soo-Jung, que o observava em silêncio, disse: — Lee Sun-Ho pode ser forte, mas isso só é na terra. Ele será esmagado assim que lutar contra os senhores da Torre. Mas não é uma via de mão única. Lee Sun-Ho também pode derrotar facilmente as criaturas da Torre que entram na Terra. Bem, acho que isso dependeria de com quem lutasse.
Apesar das explicações detalhadas, Gi-Gyu ainda achava difícil de acreditar. Soo-Jung e Tae-Gu eram tão poderosos que apenas alguns no mundo poderiam lutar contra eles. Um desses poucos era Lee Sun-Ho, mas mesmo Lee Sun-Ho aparentemente não era páreo para aqueles que governavam a Torre.
Se sentindo derrotado, Gi-Gyu perguntou: — Quão poderosos eles são? — Ele estava perdendo rapidamente a vontade de lutar nessa guerra impossível.
Soo-Jung desativou a Marcação e se encostou no sofá. Ela parecia exausta quando respondeu: — Nível deus.
Com uma voz calma, ela continuou: — Para os não jogadores, parecerão deuses.
Soo-Jung parecia tão franca que Gi-Gyu sabia que não era exagero.