Capítulo 94
Hwang Min-Su (3)
— Min-Su — Gi-Gyu chamou o nome do menino novamente. Após o incidente com Hwang Chae-il e a guilda Caravan, Gi-Gyu entregou o caixão de pedra a Baal. Hart já havia tentado desfazer a magia e libertar Min-Su dentro do portal de Brunheart, mas falhou. O melhor e único especialista nesse campo que Gi-Gyu conhecia era Baal, então pediu ajuda a ele. Felizmente, Baal ficou feliz em ajudar.
Olhando para o caixão de pedra, Baal explicou: — O caixão estava em um estado delicado. Como o ritual foi interrompido, a maior parte da magia acumulada se prendeu ao caixão. — Erguendo lentamente os óculos, ele continuou: — Esta criança é descendente do porteiro; ele está na metade do processo de despertar para se tornar o próximo porteiro.
— Então… — Gi-Gyu se virou para Baal — Que tipo de mudanças devo esperar?
Baal deu de ombros e respondeu: — Não sei.
— …? — Gi-Gyu ficou surpreso, pois “não sei” era algo que Baal raramente dizia.
Preocupado, Gi-Gyu perguntou: — Existe alguma chance de algo perigoso acontecer? — Como Min-Su estava na metade do processo de despertar, Gi-Gyu queria se preparar para o que estava por vir.
‘Espera… Min-Su ainda manterá sua personalidade, consciência e ser depois de acordar? Ele vai perder o controle? E se…’ Basta dizer que a cabeça de Gi-Gyu estava cheia de perguntas.
— Na verdade, não. Não consigo imaginar algo perigoso acontecendo — respondeu Baal.
Gi-Gyu se virou para olhar para Min-Su novamente. Honestamente, não havia muitas coisas que ele sabia sobre o garoto além de que ele era neto do Velho Hwang. O garoto o levou para a loja do Velho Hwang; depois daquele dia, Gi-Gyu nunca mais passou tempo com ele.
Mas, de agora em diante, as coisas seriam diferentes.
‘O velho Hwang disse que Min-Su será um ferreiro ainda melhor do que ele.’ Gi-Gyu se lembrou da afirmação do homem idoso. Que tipo de talento esse garoto tinha? E quais eram as habilidades de um porteiro?
De repente, Gi-Gyu sorriu amargamente. Seja qual fosse o motivo, Gi-Gyu matou o avô e o pai desse garoto. E agora, ele estava pensando em como poderia usar Min-Su.
‘É por isso que ela disse que tenho uma natureza maligna?’ Gi-Gyu se lembrou do que Lúcifer havia dito a ele.
“Por que está tão preocupado? Não pode mudar o que aconteceu até agora. Você só precisa aprender a lidar com isso e assumir a responsabilidade.”
Lou aconselhou com indiferença e continuou:
“Pensar assim não é bom para você.”
El e Brunheart se juntaram à conversa.
-Receio que devo concordar com Lou.-
-Eu não me importo com o que dizem, Mestre! Concordo com você totalmente!-
Lou murmurou, irritado com Brunheart:
“Você ao menos sabe o que está acontecendo? Tudo o que faz é concordar com ele.”
Gi-Gyu caiu na gargalhada enquanto ouvia as brincadeiras de seus Egos. Baal, que estava quieto, finalmente anunciou: — É hora de acordá-lo.
Eles poderiam ter acordado Min-Su quando desfizeram a magia do caixão de pedra, mas Baal colocou um feitiço no menino para mantê-lo dormindo até agora. Gi-Gyu concordou com a cabeça e caminhou lentamente até Min-Su.
Finalmente chegou a hora de acordar a criança.
***
Baal disse a Gi-Gyu: — O elixir deu para você aquele período de um ano.
Em troca do elixir, Lee Sun-Ho deu a Gi-Gyu um ano de carência. Gi-Gyu sentiu que era um acordo injusto da parte de Soo-Jung, mas parecia que Soo-Jung e Baal discordavam dele. Ambos acreditavam que um ano valia o elixir inestimável.
Observando a expressão incerta de Gi-Gyu, Baal explicou: — Bem, talvez o período de um ano possa parecer insignificante, mas tem que admitir que vai ser útil. Você sabe muito bem o quão precioso é o elixir, então presumo que gastará esse tempo com sabedoria.
— Eu, é claro, não pretendo perder esse tempo. Sei que devo me tornar o mais forte possível — respondeu Gi-Gyu enquanto coçava a bochecha desajeitadamente.
Baal assentiu e anunciou: — Estaremos de volta em breve.
— Faça uma boa viagem — Gi-Gyu se despediu dele, já que Baal também estava saindo com Soo-Jung. A missão deles era descobrir a verdade sobre a guilda Caravan e encontrar Andras, que, segundo rumores, estava na Terra.
Gi-Gyu ficou desapontado por não poder aprender mais sobre magia com Baal, mas sabia o que era prioridade no momento. Graças à permanência de Baal em sua casa, ele resolveu os problemas de Nove, Min-Su e a energia desperdiçada do portal de Brunheart. Então, por enquanto, Gi-Gyu não tinha nada urgente para Baal ajudar.
Após a despedida, Baal partiu. Soo-Jung já havia saído mais cedo após sua refeição com a família de Gi-Gyu. Gi-Gyu murmurou: — Soo-Jung parecia estar com muita pressa para encontrar Andras.
‘Quão poderoso é Andras para Soo-Jung ter que se apressar assim?’ Encontrar Andras e a guilda Caravan também era vital para Gi-Gyu.
‘Não sei por que, mas eles pegaram as armas do Velho Hwang.’ Gi-Gyu não pôde deixar de ficar desapontado. Todos os pseudoegos do Velho Hwang armazenados em sua oficina, que Gi-Gyu precisava desesperadamente, foram roubados. Esta era uma das muitas razões importantes que eles tinham para encontrar a guilda Caravan.
Depois de se despedir de Baal, Gi-Gyu voltou para sua casa. Soo-Jung e Baal não ficaram com ele por muito tempo, mas talvez ele tenha se aproximado deles mais do que o esperado. A casa parecia um pouco vazia sem eles.
Clack.
Quando Gi-Gyu abriu a porta para entrar em sua casa, não desceu imediatamente para o porão. Ele entrou na sala, onde uma voz familiar perguntou: — Você se despediu do sr. Baal?
Gi-Gyu respondeu: — Sim, mãe.
— Gostaria que ele tivesse ficado para o jantar. Cozinhei algo para Soo-Jung, mas não para o sr. Baal. Me sinto um pouco culpada por isso. — Quando sua mãe comentou da cozinha, Gi-Gyu respondeu simplesmente: — Não precisa se sentir mal. Por favor, não se preocupe com isso.
Baal não comia, então mal tinha contato com a família de Gi-Gyu.
‘É tão engraçado que mamãe o chama de sr. Baal.’ Gi-Gyu não pôde deixar de sorrir. A estadia de Soo-Jung e Baal iluminou a postura de sua mãe. Após o acidente que a deixou acamada, ela raramente saía de casa. Mesmo depois que o elixir a curou, ela raramente saía de casa; ela só se encontrava e saía com Yoo-Jung e Tae-Shik. Então, a mãe de Gi-Gyu gostou de ter Soo-Jung em casa.
— Graças a você, Gi-Gyu, nossa casa ficou tão ocupada! Quero dizer isso no bom sentido. — A mãe de Gi-Gyu comentou enquanto cantarolava. Sorrindo, Gi-Gyu olhou para a cozinha. Na cara mesa de jantar que Tae-Shik comprou para eles, um garotinho se sentou e perguntou a Gi-Gyu: — Papai…?
— Min-Su… eu disse que não sou seu pai. — Gi-Gyu protestou fracamente, mas o garotinho murmurou novamente: — Papai…
— Haa… — Gi-Gyu suspirou quando Min-Su insistiu em chamá-lo de pai.
— Yoo-Jung! — Su-Jin chamou sua filha em voz alta.
— Sim! Vossa Majestade! Precisava de mim?! — Yoo-Jung, que estava assistindo TV na sala, respondeu e correu rapidamente para a cozinha.
— É hora do jantar. Vá alimentar Bi primeiro e volte. — Su-Jin lembrou Yoo-Jung.
— Tá! Entendi! Uaaaau! Oppa! Há quanto tempo! — Yoo-Jung cutucou levemente a cintura de Gi-Gyu de brincadeira.
— Não faz muito tempo, Yoo-Jung — resmungou Gi-Gyu.
— Vai comer com a gente hoje? — Quando Yoo-Jung perguntou, Gi-Gyu assentiu e respondeu: — Sim.
Ela brincou com os olhos estreitados: — Então, seu filho finalmente te ensinou a importância da família?
— Calada! — Gi-Gyu murmurou e bagunçou o cabelo de Yoo-Jung enquanto ela corria para alimentar Bi com um sorriso.
Gi-Gyu olhou para Min-Su novamente e suspirou: — Haa…
Depois que Min-Su acordou, sofreu amnésia. Ele não tinha lembranças de seu avô, o velho Hwang, ou de seu pai, Hwang Chae-il. Como Gi-Gyu foi a primeira pessoa que Min-Su viu, o menino o seguiu por aí e o chamou de “pai”.
Foi estranho no começo, mas como ele não podia fazer nada a respeito, decidiu deixar Min-Su ficar com sua família assim como Soo-Jung e Baal fizeram. Quando Gi-Gyu apresentou Min-Su pela primeira vez para sua família, a reação delas foi inesquecível.
— Eu sabia, oppa! Esse menino apareceu logo depois que Soo-Jung saiu, então… — Yoo-Jung sussurrou, insinuando que Min-Su era filho de Soo-Jung e Gi-Gyu.
— Estou tão feliz por ser avó, Gi-Gyu. Todos os meus sonhos se tornaram realidade. Agora posso morrer sem arrependimentos — Su-Jin murmurou com um sorriso.
— Mamãe! O que está falando? Você precisa me ver casar e ter meus filhos, também! Além disso, não vai morrer! Provavelmente vai viver mais do que eu! — Yoo-Jung resmungou.
Embora Yoo-Jung e sua mãe brincassem, eles não acreditavam que Min-Su fosse filho de Gi-Gyu. Não havia nenhuma semelhança e, mais importante, Min-Su era muito velho.
— Pai? Você precisa comer, também — Min-Su pediu a Gi-Gyu.
— Está tudo bem, Min-Su. Você pode comer primeiro. — Gi-Gyu deu um tapinha carinhoso na cabeça do menino. Parecia que o estado mental de Min-Su havia regredido um pouco, provavelmente pelo choque do que havia acontecido. Seu vocabulário se tornou limitado, e ele parecia atordoado.
‘O ritual provavelmente se tornará a parte mais traumática de sua vida.’
Segundo Baal, o efeito do ritual fracassado pode ter impactado negativamente no menino.
‘Min-Su provavelmente também viu seu pai atacar seu avô…’
Baal sugeriu que a luta brutal entre o pai e o avô do menino também deve ter traumatizado Min-Su. Baal supôs que o menino se recuperaria com o tempo, mas Gi-Gyu não pôde deixar de sentir triste por ele.
Quando Yoo-Jung voltou depois de colocar a comida de Bi, a refeição começou.
— Min-Su! Diga ahh…
Ao que Min-Su obedeceu ao comando de Yoo-Jung: — Ahhh…
— Bom menino — respondeu Yoo-Jung enquanto o alimentava com uma colher de arroz. Su-Jin também estava à mesa, comendo enquanto sorria para Min-Su.
O que quer que tenha acontecido no passado, não importava no momento. Gi-Gyu desfrutou de uma refeição tranquila com sua família.
***
— Min-Su, tem certeza que vai ficar bem? — Gi-Gyu olhou para Min-Su com óbvia preocupação.
— Sim! Vou ficar bem, pai! — Min-Su sorriu brilhantemente e respondeu.
Min-Su e Gi-Gyu estavam no porão. O portal de Brunheart estava gerando cristais no topo do círculo mágico de Baal em um canto. Além disso, Gi-Gyu havia criado uma oficina temporária que Min-Su pediu.
‘Tudo aqui é da oficina do Velho Hwang.’
A oficina improvisada de Min-Su estava cheia de ferramentas do local de trabalho de seu avô. Tudo isso agora pertencia a Min-Su como herança de família.
— Aqui. — Gi-Gyu entregou a Min-Su um pequeno martelo do bolso. Gi-Gyu tinha certeza de que também pertencia a Min-Su; o velho Hwang só deu isso a Gi-Gyu para que ele pudesse entrar na barreira. Ele não sabia se esse martelo poderia ser útil novamente no futuro, mas seu instinto lhe dizia que deveria entregá-lo a Min-Su.
— Uaaaau… — Min-Su exclamou maravilhado ao aceitar a ferramenta.
Se sentindo curioso, Gi-Gyu perguntou: — Por quê? Vê algo aí dentro?
— É tão bonito! Parece tão legal! — Min-Su olhou feliz para o pequeno martelo. Para Gi-Gyu, era um martelo de aparência estranha, pequeno demais para o trabalho de verdade, mas Min-Su viu algo muito diferente.
— Heeeein? — De repente, Gi-Gyu gritou em estado de choque. Até mesmo Lou pareceu impressionado enquanto murmurava:
“Ele é mesmo descendente de Paimon… Todas as armas abençoaram esse garoto.”
Min-Su gritou empolgado: — Uaaaaau! Está maior agora! Cresceu!
Assim que o martelo alcançou a mão de Min-Su, ele cresceu o suficiente para caber perfeitamente na mão do menino.
— Acho que era um item, também — murmurou Gi-Gyu. Ele presumiu que só era uma ferramenta incomum porque não conseguia abrir a tela de status. Mas agora que pensou sobre isso, o martelo tinha que ser um item influenciado pelo sistema da Torre. Gi-Gyu suspeitava que era um item mágico que poderia ser reconhecido apenas por aqueles dignos o suficiente para ver seu verdadeiro potencial.
Impressionado, Gi-Gyu observou Min-Su.
— Hm? — Gi-Gyu sussurrou enquanto Min-Su caminhava em direção ao caixão de pedra, agindo como um corvo seduzido por uma joia brilhante, mas Gi-Gyu não o impediu.
Gi-Gyu não jogou fora o caixão de pedra devido à sua poderosa energia. Não havia como saber que tipo de magia esse item continha. O caixão de pedra permaneceu um mistério para Gi-Gyu, então ele se sentiu estranhamente empolgado quando Min-Su se aproximou dele.
Lou ordenou:
“Assista com atenção. Você está prestes a testemunhar o segredo do método do Velho Hwang.”
— O quê?
“Esse menino é descendente de Paimon. Não sei os exatos detalhes, mas tenho certeza de que o velho também tinha uma ligação com Paimon. Paimon, mestre do mais alto Assento do Poder, é o guardião que protege a porta do inferno.”
Clank!
De repente, um som metálico claro soou dentro do porão. Quando Gi-Gyu se virou para o som, viu Min-Su batendo no caixão de pedra com seu novo martelo. Embora o martelo de metal estivesse atingindo uma superfície de pedra, ele gerou um som metálico claro.
Lou riu e continuou.
“E ele também é o maior ferreiro do inferno.”
