A primeira vez que Hans ouviu falar de uma espada sagrada foi quando a sua avó leu um livro há muitos anos sobre um herói que derrotou o Lorde Demônio. Após receber a espada de um arcanjo, o herói perseverou em todos os tipos de provações para alcançar os seus objetivos e casar com uma linda princesa. Durante os seus dias jovens e ingênuos, Hans sonhava em se tornar um herói. Mas, à medida que envelhecia, percebeu a sua realidade.
Ele era um servo do conde; bem diferente de um herói. Servos existiam, porém, nunca eram mencionados. Ele era um personagem inexistente que nunca nem apareceu nas primeiras páginas de um livro. E como todos os adultos, descartou os sonhos para o canto mais profundo da mente. Agora, uma espada sagrada branca brilhava em sua mão.
Tendo assistido à luta de Zich, com admiração e inveja, sabia o básico da Estellade.
Seus inimigos foram envoltos por um fluxo de luz enquanto eram empurrados, iluminando a área.
“Fique calmo. Calmo.”
Ficar muito animado em uma luta seria prejudicial. Não importava vantagem ou desvantagem, tinha que manter sua compostura. Se fosse impossível, precisava se enganar para pensar que a situação estava indo bem para ele — isso era o que Zich havia lhe ensinado. Logo, a trajetória turbulenta da Estellade voltou ao normal.
Whoosh!
A luz continuou a ser atirada dela, ocupando os inimigos. Ele não podia lutar da mesma forma que Zich, que foi mortal, decapitando todos. Entretanto, ele não se sentiu desapontado, porque o mestre era inalcançável e não alguém com quem deveria se comparar.
Quatro dos assassinos ficaram perto dele, facilitando para Snoc.
Crash!
— Aaah!
Quando Estellade colidiu contra uma espada inimiga, o assassino voou para longe. A luz intensificou a mana de Hans, se infiltrando em seus músculos, veias, nervos e aumentando a sua capacidade.
“Funciona!”
Ele agora era capaz de usar habilidades que não podia por falta de força física e mana.
Swish!
Ele sentiu uma sensação macia, como se estivesse cortando a carne. Um de seus inimigos se agarrou ao pescoço cortado, o que não impediu a saída do sangue tanto da nuca quanto da boca.
“Mergulhe nos pontos fracos do seu oponente, derrote o mais fraco entre seus inimigos e tente não perder a chance depois de ferir gravemente um”, foi o que seu mestre disse.
“E matá-los na primeira oportunidade!”
A Estellade se encheu de luz, e ele cortou o ar com a luz repleta de mana voando feito luas crescentes, derrubando o assassino no chão e o dividindo em dois. A partir daí, começaram a ir mais para trás. Estavam com as mãos cheias com os ataques de luz os cortando. Um caiu, e outro logo o seguiu.
Snoc matou um esmagando uma pedra na sua cabeça enquanto lutava contra Hans. No fim, os únicos sobreviventes foram os dois servos.
— Haa! Sobrevivemos!
Mesmo com uma desvantagem no poder e números, venceram. Hans afrouxou seu aperto na Estellade e respirou aliviado.
— Sênior, esta é…! — Snoc logo correu para o seu lado — Uau, eu não sei o que dizer. Você tem as qualificações para empunhar uma espada sagrada!
— Parece que sim.
Emocionado, Hans sentiu que estava um passo mais perto de seu sonho. Então, Zich apareceu em sua cabeça. Queria mostrar a ele o que conquistou e, acima de tudo, agradecer. Embora tivessem começado o seu relacionamento da pior maneira possível — o que foi uma falha unilateral de Hans —, ele o ajudou de muitas maneiras e não riu de seu sonho. Pensou que só pôde cumprir as qualificações graças a Zich. Se nunca tivesse começado esta jornada, teria sido impossível.
Snoc olhou para a Estellade com inveja por um tempo, contudo, rapidamente deu de ombros.
— Eu tenho Nowem, de qualquer forma.
Koo!
E aí…
— Hugh…
Escutaram algo se movendo. De imediato olharam para a direção do barulho, sentindo calafrios pelas costas.
“Não abaixem a guarda e sempre se certifiquem que a batalha acabou de verdade”, dizia Zich. Todavia, esqueceram disso por causa da Estellade.
“Se o senhor Zich estivesse aqui, ele mesmo teria nos matado.”
Hans e Snoc tiveram o mesmo pensamento quando viram que um de seus inimigos ainda estava vivo.
Felizmente, o inimigo deles só podia se rastejar, e mal. Havia sangue vermelho por todo o seu rosto. A julgar pelos ferimentos, era improvável que sobrevivesse.
Enquanto baixava um pouco a guarda, Hans se moveu para matá-lo.
— Acha… que ganhou?
O homem riu, espalhando sangue por todo o rosto. Foi grotesco. Por terem todo tipo de experiências horríveis por aí, Hans e Snoc nem vacilaram.
— Vocês vão morrer. Muito em breve, esta cidade será virada do avesso, e todos vocês vão junto!
— O que quer dizer com isso?
O homem não respondeu; apenas riu. E foi decapitado.
— Não deveríamos ter interrogado ele?
— Não é como se fossemos o senhor Zich. Vai ser difícil descobrir algo com somente nossas palavras. E mesmo que consigamos, não temos como saber se é verdade ou não. E não acho que ele nos falaria qualquer coisa.
Snoc assentiu com a cabeça.
— Vamos voltar, por enquanto. Como o senhor Zich nos disse, devemos esperar por ele na hospedagem.
Porém, as últimas palavras do assassino permaneceram nos corações deles por um longo tempo.
Zich olhou para a Chave que Distorce o Destino em sua mão com uma expressão muito séria. Então, Lyla bateu nele algumas vezes.
— Ei, vamos curar isso primeiro.
— Ah, é.
Zich pegou a poção de maior qualidade que conseguiu com os karuwimans e derramou no seu dedo sangrando. Apesar de não poder regenerar membros inteiros, podia um dedo.
Depois que se certificou de que seu dedo estava se regenerando, olhou para a Chave que Distorce o Destino em sua mão de novo.
— Isso… — Ela apontou o dedo.
— Sabe algo sobre?
— Não sei.
— Sinto muito, Lyla, mas não estou com disposição para brincar com você.
— Eu realmente não sei. — Balançou a cabeça — Tem algo que meio que me vem à mente. Mas, agora, não sei.
— Você não sabe agora? Então sabia no passado?
— Eu… não tenho ideia também.
Ele olhou para ela, que, pela reação, não parecia estar brincando. Por um segundo, pensou que talvez devesse interrogá-la à força. Entretanto, mesmo sem o teleporte, era uma oponente formidável.
— Só me diz o que puder. Vai ser bom o suficiente.
— Tudo bem. — Levantou uns dedos — Três. Posso responder a três de suas perguntas.
— Não é muito pouco? Tem como aumentar aí?
Ela negou com a cabeça.
“Acho que é o jeito.”
Quando estava decidindo o que perguntar…
Sssk!
— Hã?
— O quê?
Ambos olharam para a Chave Que Distorce o Destino na palma da mão dele.
— Ela acabou de se mexer, não foi? Eu tenho certeza.
— Sim.
Ssssk!
Devagar, virou na mão dele. Feito uma bússola, as suas pontas afiadas apontaram para um caminho, o qual atraiu a atenção dos dois.
— Devemos seguir em frente enquanto conversamos?
— Aham.
Seguiram o caminho indicado, e sempre que chegavam a uma encruzilhada, a chave girava e os apontava para um novo. Era óbvio que estava os guiando a um caminho específico.
— Já decidiu o que me perguntar?
— Até que sim.
— Então pergunte.
— Mas vai conseguir me dar uma resposta? Pelo que me disse, parece ter algo de errado com as suas memórias.
— Sim, é verdade. Mas não se preocupe, não vou contar as perguntas que eu não consigo responder.
— Hmmm. — Ele olhou para a chave em sua mão.
“Parece que ela realmente não sabe sobre isso.”
Depois de sair com ela um pouco, descobriu que ela não era uma boa mentirosa. Claro, ela também poderia estar atuando, porém, se fosse verdade, ele não poderia confiar nela, porque ela tinha a capacidade perfeita de controlar seus menores comportamentos e reações para enganá-lo.
“Eu deveria, pelo menos, fazer umas perguntas. Talvez a confiança seja algo em que eu deva pensar mais tarde.”
— Beleza, Lyla. Primeiro, me diga o seu nome verdadeiro.
— O… quê?
“Entendi...”
Ele analisou com cuidado a resposta dela. Não pareceu surpresa pela pergunta inesperada, mas sim porque não sabia como responder. Isso foi ainda mais estranho.
“É verdade, ou ela acha que posso identificá-la pelo real?”
— É Lyla.
— É um pseudônimo.
— Não, não é.
— Você não inventou quando nos encontramos?
— É verdade…
— Mas está dizendo que esse é o seu nome?
Ela assentiu com a cabeça.
“Como devo interpretar esta resposta?”
Ao pensar melhor, ele lembrou dos assassinos a chamando de “Núcleo”.
“Mesmo que Núcleo pudesse ser o seu nome, ela disse que não era isso. Tem uma grande chance de ser uma coisa totalmente diferente.”