Era hora de Zich e cia deixarem o palácio, a luz do sol brilhante tornando o dia em um ótimo para viajar. Após se despedirem do rei e do príncipe, reuniram a bagagem e saíram. Os guardas da entrada prestaram homenagem. O incidente estava se espalhando de boca em boca. Como aquele que revelou o esquema e derrotou os conspiradores, Zich recebeu a admiração de todos.
“Não dá para me acostumar com essa merda. Chega arrepia.”
Uma vez fora do palácio, uma vista panorâmica de toda a cidade se mostrou. Considerando o caos que havia acontecido, parecia muito pacífica. A limpeza tinha corrido bem.
Eles ouviram os sons de cascos de cavalo, até que uma carruagem chique parou diante deles, revelando Evelyn.
— Por favor, entrem. Vou levá-los para fora da capital — falou ela.
— Sem problemas! Obrigado pela caro… Bom-dia, senhorita Lubella. Que surpresa — disse Zich ao entrar.
— A Evelyn disse que queria cumprimentá-los na saída, então implorei para que ela me deixasse participar — respondeu, indo para o lado da nobre.
Zich e Lyla se sentaram na frente das duas; Hans e Snoc, por outro lado, de bom grado foram ao banco do cocheiro — não tinham confiança para acabar a viagem sãos junto dos outros quatro —. Logo, a porta se fechou e o veículo partiu.
— Pelo visto, as duas se aproximaram bastante.
— Foi quando nos livrávamos do resto da energia de Bellu nela. — Sorriu.
Desde jovem, a santa sempre esteve ocupada com as responsabilidades e não podia fazer amizade com ninguém da idade dela. Por isso, ela e Evelyn se tornaram grandes amigas.
“Alguém como ela é mais do que suficiente para ser amiga da santa.”
A atual Evelyn Rouge era pura e gentil. Mesmo Weig a aprovou; caso contrário, ele já teria mandado ela para fora.
“Até o trabalho de guardião da Lubella é cansativo.”
Então, ele notou outra pequena carruagem os seguindo. Tinha certeza de que era Weig longe para que as duas pudessem aproveitar o tempo juntas.
— É uma pena que estejam indo embora tão cedo, ainda mais quando o meu pai e meu irmão estão a caminho daqui — falou a nobre.
Não havia necessidade de explicar em detalhes como o marquês era grato a Zich, o salvador da filha dele e de toda a sua família. Ele devia querer agradecê-lo com uma recompensa adequada. Porém, Zich não precisava de nada.
— Não é uma coisa bom para um viajante residir em um lugar por muito tempo. Além do mais, tenho outras coisas para fazer.
— Não pode fazer as suas demonstrações de bondade aqui?
— Mas o que eu quero é torturar gente ruim.
— É-é mesmo? — Ela tentou forçar um sorriso — Ah, sabe o problema com o Albus? Parece que ele agiu de forma independente e por conta própria.
— Deve ser verdade. Ouvi ele insultar o pai algumas vezes. E mesmo assim, o marquês Windpool não sairá isento de todas as responsabilidades.
— O marquês está em um estado grave de tão doente; tudo arquitetado por Albus também. Para ser mais específica, os seus cúmplices planejaram isso. Para resolver a situação, eles têm que encontrar um herdeiro, mas parece que não há ninguém adequado.
— Albus não tem irmãos?
— Todos morreram há pouco, até as outras pessoas qualificadas.
— Deve ter sido ele.
— Sim, ele confessou. Os cúmplices que fizeram isso, na verdade.
“Não sei por que foram tão teimosos com a Evelyn quando tinham um excelente candidato a demônio como o Albus.”
Entretanto, uma pessoa não poderia se tornar um demônio por ter somente uma personalidade ruim. Precisavam também de uma habilidade adequada.
“Bem, ele não tem cara de ser lá muito bom com lutas.”
Se alguém como Albus trilhasse o caminho demoníaco, não haveria necessidade de mobilizar combatentes qualificados que nem Weig. Um cavaleiro um pouco forte poderia decapitá-lo com facilidade, e ele seria lembrado apenas por ser ruim.
— O que foi, senhor? — Evelyn inclinou a cabeça ao notar Zich observando-a.
— Você parece ter superado ele.
— Ah, isso. — Ela deu um sorriso amargo — É graças a todos vocês. Você me mostrou que eu deveria me valorizar.
— Não mudei de ideia. Você é boa demais para um homem feito aquele. Viva uma vida muito mais legal batendo nos outros — disse, dando de ombros.
— Uhm… E Lyla me confortou.
Lyla tossiu, um pouco envergonhada.
— E Lubella orou por mim.
— Como uma karuwiman, espera-se de mim apenas as bênçãos de Karuna.
— Embora seja difícil para voltar ao completo normal, não quero continuar sofrendo por isso. Digo, por que eu me importaria com alguém que me acusou de um crime tão terrível? Então, não vou mais ficar presa a ele.
A carruagem chegou aos subúrbios da capital, o limite de onde Evelyn poderia levá-los. Mesmo que Zich planejasse deixar a cidade rápido, as três mulheres do grupo quiseram fazer um piquenique, que acabou sendo um ótimo para todos.
Hans e um criado foram arrumar as coisas, e Zich e Snoc saíram para encontrar um passatempo, deixando as três a sós na carruagem.
— Lyla, o seu relacionamento com o Zich continua o mesmo? — perguntou Evelyn.
— O quê? Vocês dois estão em um relacionamento? — Lubella olhou para ela, animada e expectante.
— Acho que o tratamento que ele dá a ela é bem incomum.
“Ah!”
Foi só então que Lyla percebeu o que estavam perguntando. Devido à ação de Zich ao se encontrarem para ficar perto dela, a nobre pensou que os dois se aproximaram.
— Sendo honesta, fiquei um pouco preocupada. Pensei que o aconteceu comigo e o Albus faria você perder o interesse no amor.
Em primeiro lugar, ela não tinha interesse no tópico, apenas em comer boa comida e ver coisas bonitas. Ela não sabia se deveria corrigir o mal-entendido. E Evelyn aparentou ter julgado mal o silêncio, porque ela assumiu uma voz suave.
— Tente amar o senhor Zich, Lyla. Mesmo que o meu tenha terminado em tragédia, acredito que é possível confiar em alguém de novo.
Lyla ficou um pouco aliviada, pois agora havia uma baixa possibilidade de que Evelyn se transformasse na Súcubo.
— Claro, vai ser difícil para mim agora, e pode levar muito tempo, mas vou trabalhar duro. Não vou desistir da minha felicidade por causa do Albus. Você não está aberta às emoções. A julgar pelo meu caso, você tem uma visão negativa do amor. Mas, estou falando com você como a sua amiga. Não precisa nem ser ele, só tente amar alguém — Ao dizer isso, deu um belo sorriso — Não precisa se forçar. Pode ser amanhã ou muito no futuro, mas tenho certeza de que há uma pessoa que vai atraí-la. Quando esse momento chegar, por favor, ouça atentamente o seu coração.
Após um dia, Zich e os outros três se separaram de Lubella e Evelyn. Como sempre, entraram na floresta, deixando Lyla com um pouco de desgosto.
— O que vai fazer de agora em diante, Lyla?
— Pretendo ficar com vocês por um tempo.
Ela ainda estava um pouco carente de juízo básico, e também compartilhavam um inimigo comum. Por serem muito qualificados, era vantajoso ficar com eles.
— Beleza.
Para ele, era vantajoso viajar com uma poderosa maga. Além disso, se ela se lembrasse das memórias perdidas, poderia ser útil.
Ao saírem do caminho, árvores densas surgiram. Nas costas de Zich, Windur continuou batendo nos galhos das árvores ao redor deles. Não atrapalhava os movimentos, porém, distraía. Por causa disso, a tirou das costas com o objetivo de remoldá-la.
— Hã? O que deu nisso?
— O que foi?
— É que isso aqui não está mudando. Será que quebrou? — Ele tentou bater numa árvore com ela e a chacoalhar. Entretanto, a forma não mudou nada.
— Ah, talvez… — sugeriu Lyla, vendo a irritação dele — Quando você foi à mansão Windpool, ela se transformou porque a situação exigia isso? Agora que ela sente que não precisa, não está mudando de forma.
— Tudo bem que ela é esquisitona, mas julgamento próprio? É sério? Essa porra tá me tirando!