Quando a mesa virou, tudo sobre ela caiu. Não parecendo satisfeito, Renu pisoteou a mesa caída.
— Porra, porra, caralho!
A mesa quebrou então. Após inutilizá-la até para servir de lenha, olhou em volta atrás de outra coisa. Seus olhos estavam vermelhos de tanta raiva.
Ela era o último móvel sobrando. Tudo o mais, como a cama, a cadeira e vários artigos decorativos, foi destruído por ele.
— Porra!
Depois que ele chutou uma peça de madeira próxima, soltou um grito:
— Alguém aí fora?! Troquem essas coisas daqui!
Seus elfos subordinados entraram. Não demonstraram muita coisa, porque já haviam se acostumado com ele destruindo a mobília, e somente limparam o chão em silêncio esperando que ele não direcionasse a raiva para eles e trocaram os móveis.
Renu se sentou na nova cadeira. Eram muitos porquês para a raiva dele: a guerra iniciada, a xamã da Tribo do Lago que se recusou a ouvi-lo, os humanos que de repente apareceram diante dele…
“Quem são eles, cacete?! Uns soldados afirmaram terem ouvido eles conversarem alto enquanto saqueavam as mercadorias em Mentis. Eu não aceito que seja isso. Será que eles têm conexão com as outras tribos?”
Era uma hipótese. Como elas não podiam fazer nenhum movimento por causa dos reis, poderiam ter empregado humanos para o papel. Mas eles poderiam reunir tantos em um prazo tão curto?
“É impossível.”
Esse era o problema. No dia, ele ouviu que aqueles humanos devastaram a cidade e desapareceram mais uma vez sem deixar nem um único para trás. Se fosse verdade, então eram um grupo assustador.
“Com a restrição de tempo, já é impossível para uma tribo empregar tantos, em especial se todos forem treinados. E ainda tem aqueles homens de preto também!”
Não importava o quão bem a organização operasse, ele não esperava que se agissem de forma tão astuta. Não fazia muito tempo desde que ele matou um dos colaborantes, e eles já enviaram outro para avisá-lo.
“E eu o perdi bem na minha frente. Pelo que ele disse, sabe um pouco do poder. Ele não parecia muito preocupado. Eles são mais fortes? Não, se acalme, Renu Ent Draus. Não existe poder mais forte do que aquele. De acordo com as lendas, ele podia queimar o mundo inteiro. Sim, vou queimar todas as outras tribos, humanos e tudo o que estiver em nosso caminho!”
Tum!
Ele bateu na mesa recém-colocada, que se dividiu em duas. Já era a segunda, porém ele sequer olhou.
“Para fazer isso, tenho que consegui-lo o mais rápido possível.”
Renu refletiu de novo. Ele pensou por um momento que a organização poderia controlar o grupo de humanos, mas logo descartou a possibilidadde.
“Não importa se fazem parte disso ou não, não muda o fato de que estamos em desvantagem… Não tenho outra escolha. Tentei seguir a ordem correta das coisas, mas não adiantou nada.”
Além disso, ele precisava ser paciente por apenas mais um dia. Todos os preparativos estariam completos no dia seguinte.
“Você trouxe isso para si mesma, Romanne Wensing Ju Draus!” Cerrou os dentes, pensando na xamã o xingando.
— Como foi? — perguntou Zich a Hans ao entrar no esconderijo subterrâneo.
— Não fomos descobertos, mas eles foram atrás de nós com mais intensidade. Não acho que podemos continuar por mais tempo.
— É, fazer o quê. Mas tudo bem. A única razão pela qual estamos agindo como terceiros é resgatar os reis. Não precisamos agir mais do que isso.
— Você deve ter os encontrado — disse Lyla. Em vez de responder, todavia, ele pediu a ela o mapa.
— Conseguem ver este prédio de dois andares? Todos eles estão aqui, totalizando oito.
— Tem alguém faltando. Onde está a xamã?
— Aqui, no castelo.
— Eles colocaram ela separada? Têm um uso específico para ela?
— Eles mencionaram algo sobre um “poder”.
Zich explicou tudo o que viu e ouviu para Lyla, incluindo a possibilidade de que o castelo poderia ser um remanescente do antigo império.
— Você não sabe o que é ele?
— Nem. Também não precisamos nos esforçar tanto para descobrir o que é essa surpresinha. Vamos descobrir hora ou outra se salvarmos os reféns e acabarmos com a Tribo do Ferro.
— Você vai salvá-los agora?
— Não precisamos gastar muito tempo em um assunto desses; se demorarmos muito, problemas vão vir. Também estou curioso a respeito do tal poder.
Ela engoliu em seco, prestando muitíssima atenção no olhar dele. Sem perceber, o seu rosto focado no mapa estava quase que escurecido por inteiro pela sombra do fogo da vela.
Uma obsessão por poder — basicamente a personificação do Lorde Demônio da Força, Zich Moore.
“É só uma coincidência?”
Até agora, ele não mostrou muita obsessão. Ele só fez coisas boas em cima de coisas boas e vira e mexe assustava os outros com as suas atitudes esquisitas dignas de um moleque estranho e retardado. Entretanto, agora, ele com certeza se interessou na força sob o castelo.
“Pode ser apenas curiosidade, não…? Afinal, é uma possível relíquia do antigo império. Mas ele disse que nem mesmo seu eu passado o deterá.”
Quando ela ouviu isso, achando que ele não seria amarrado pelo Lorde Demônio e seguiria um caminho novo, ficou aliviada. Porém, se ela pensasse o contrário, se tornaria uma ideia muito perigosa.
“Também pode significar que ele não vai se prender pelo desejo de fazer coisas boas e, no futuro, pode voltar a ser um Lorde Demônio.”
— Vou causar uma comoção perto da entrada e vou salvar os reféns amanhã. Hans e Snoc vão criá-la como hoje, e Lyla, você deve ficar para trás de reserva.
— Eu vou com você.
Todos os três tiraram os olhos do que faziam e o encararam.
— Se salvarmos os reféns, não seria melhor para nós teletransportá-los de imediato para o outro lado do lago?
Zich olhou para o rosto dela — ele também tinha pensado nisso. No entanto, era mais fácil andar sozinho, e ele planejava usar o poder de Snoc para levá-los para o porão. Por isso, não achava que precisava levá-la com ele à custa de incomodar seus movimentos.
— Tá, pode ir comigo.
“Que alívio. Ele não deve ter pensando muito sobre isso. De um jeito ou de outro, nunca vou deixar você se tornar o que era antes.”
Era para o bem do mundo e também para si mesma, já que ela gostava do Zich atual. Por mais que ele entrasse em brigas sem hesitar chapéu e a sua personalidade ainda fosse a de um lixo perturbado, todas as ações dele até o momento foram desajeitadamente justas.
“E ele me ajudou quando eu não tinha para onde ir.” Ela cerrou os punhos com força.
A noite seguinte logo chegou. Como nas duas noites anteriores, Kandis estava vagando por Mentis com seus olhos vermelhos.
— Procurem em cada esquina! Se encontrarem pelo menos uma formiga, envie um sinal na mesma hora! Não podem fazer pausas a menos que peguem aqueles malditos! Então, se concentrem e encontrem pelo menos um buraco que sirva de passagem! Temos que descobrir como eles estão entrando e saindo!
Os soldados, irritados junto ao general, examinaram com cuidado cada sombra em cada vão. Todavia, seus esforços foram inúteis.
A porta de uma casa grande em uma área menos protegida foi aberta, atraindo os olhares de todos os próximos. Um elfo que estava perto foi perfurado por uma lança. Antes que os outros percebessem o que aconteceu, soldados blindados saíram correndo pela porta.
— São os humanos!”
— Nossos inimigos! Aquelas armaduras apareceram de no… Ai, cacete!
Sons de batalha ecoaram por toda Mentis outra vez.
— Começou.
— É.
Lyla e Zich estavam espiando a cena da batalha de um prédio ao lado de onde os reféns eram mantidos. Os guardas que patrulhavam nas proximidades logo saíram para se juntar ao resto das tropas. Logo, haviam somente alguns na frente do lugar.
— Vamos.
Os dois saíram do prédio.