Como Zich mencionou antes, Sunewick era chamada de terra sagrada dos magos. Por mais que fossem raros, eles estavam em toda esquina da cidade. Havia os típicos com cajados e mantos e os menos óbvios, sem características definidoras e andando feito pessoas normais.
No entanto, todos os magos da cidade possuíam uma semelhança: um pequeno broche no peito esquerdo. Ele indicava que a pessoa pertencia à Torre Mágica, e por ser um símbolo de orgulho, usavam o tempo inteiro.
Além de Sunewick, havia muitos lugares que estimulavam magos. Alguns países administravam academias de magia, continham Torres Mágicas e usavam uma cidade inteira como campo de treino de magos. Mas, sempre que alguém perguntava onde estava a cidade da Torre Mágica ou a terra sagrada dos magos, ela era a única resposta.
Era possível ver uma torre alta no centro como se fosse perfurar o céu. Até de onde a cidade não era tão visível, a torre revelava a sua existência majestosa, incorporando talvez uma estrutura indestrutível que nunca cairia. Era tanto o orgulho quanto o motivo de inveja de muitos magos em torno do mundo.
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— Má oi!
— Uau!
Hans nunca saíra da residência do conde, e Snoc basicamente morava nas minas antes, então não puderam deixar de expressar espanto.
— Acho que aquela é a Torre Mágica!
— É alta de verdade!
Koo! Nowem ficou em cima dos ombros de Snoc, e ele quase perdeu o equilíbrio e caiu. Já que continha um reflexo mítico, se pendurou nas roupas de Snoc a tempo.
Lyla, animada para experimentar tudo possível, também observou a construção, mas com os olhos brilhando de curiosidade. Aquela era a cidade mais amigável com os magos, e ela não pôde deixar de ficar encantada por estar lá. Embora conhecesse, visitar era diferente.
Por fim, Zich também olhou para a torre como os outros, mas as emoções sentidas contrastavam por inteiro com o que os três — quatro se incluísse Nowem — sentiam.
“Que nojento.” Antes de regredir, na guerra, ele lutou contra quase todas as grandes forças pelo menos uma vez; Sunewick não era uma exceção.
Magos eram lentos para atacar e fracos em combate corpo a corpo. Entretanto, eram reverenciados porque, enquanto essa fraqueza fosse coberta, se tornavam formidáveis oponentes. Também podiam se juntar e conjurar um feitiço grande ou usar um efeito sinérgico para aumentar o poder em várias vezes.
Zich quase morreu. Logo antes de se aproximar deles, ele sentiu mesmo como se tivesse uma passagem de ida para o inferno em mãos. Óbvio, ele foi o vencedor.
“Se eles tivessem se organizado melhor, eu teria me fodido.”
Apesar de que os magos podiam criar táticas boas com as mentes superiores, eram desajeitados em ordenar soldados no campo de batalha. Assim, ele usou essas fraquezas a seu favor.
— Recuperem os sentidos, pessoal. Vocês seriam um incômodo se ficassem distraídos.
— Incômodo…? Você está dizendo que seríamos incômodos? — indagou Lyla, descrente.
— Por quê? Sou uma pessoa gentil que não incomoda os outros. Os karuwimans até me deram o título de cavaleiro sagrado honorário.
— Quer dizer que você não incomoda ninguém, não é? Se o pessoal que você humilhou, envergonhou e matou ouvissem isso, eles se debateriam pelos seus membros decepados, dizimados ou apodrecidos para se levantar de novo.
— Você não entende, Lyla — ele estreitou os olhos —, que gente ruim deve ser usado como lixos que você pode bater, pisar, cuspir e fazer o que quiser com eles. O que quer que eu faça com eles, todos vão me elogiar por isso. Então, como eu poderia ser um incômodo?
— Eles não pensariam da mesma maneira.
— Eles não têm o direito de expressar as suas opiniões, já que são pessoas ruins.
— Você sabe o quão ridículo isso soa vindo de você, não sabe?
— Não, de jeito nenhum. Pensei nisso há muito tempo. Se o meu eu passado me ouvisse agora, diria que estou totalmente certo.
— Ah, pelo amor! — Ela balançou a cabeça como se não pudesse mais ouvi-lo e voltou a caminhar.
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O aborrecimento dela com as piadas dele não durou muito. Ao entrarem, ela ficou logo ansiosa. A cidade era o mesmo que os céus para um mago. Havia lojas vendendo todos os tipos de itens mágicos e outras vendiam grimórios de baixo nível. Além disso, era possível comprar vários livros de alta qualidade. Por essas razões, Zich, Hans e Snoc não conseguiram nem encontrar uma estalagem, arrastados por Lyla para lá e para cá.
— Olha aquilo! Como não vi antes? — Com essas palavras, ela se separou do grupo e foi a uma loja.
— Maria-vai-com-as-outras…
Eles mantiveram uma certa distância dela. Era para que as pessoas pudessem reconhecê-los como companheiros dela, mas apenas por pouco lá dentro.
— Isso é um artefato que permite o disparo de flechas de vento?
— Você tem um olho muito perspicaz, senhorita. Conseguiu descobrir o seu uso na hora.
O dono da loja era um homem de meia-idade sem características especiais. Mas, a julgar pelo broche no peito, deveria estar vendendo as suas invenções a fim de obter dinheiro para a sua pesquisa.
— Quanto custa? — perguntou ela, segurando a fina placa dourada com círculos mágicos complicados e uma sutil mana fluindo.
Quando o mago informou o preço, Hans e Snoc ficaram chocados.
— É tão caro assim?
— Isso não é um roubo?
Por mais que ambos recebessem uma quantia substancial de Zich, os seus instintos comuns ainda estavam gravados neles. E mesmo que tivessem dinheiro, não tinham tempo suficiente para usá-lo bem, então não estavam acostumados a gastar muito.
— Artefatos são geralmente em torno desse preço — falou Zich, os corrigindo. — Como ela fez um monte durante as nossas viagens sem dificuldade, vocês não devem ter percebido, mas eles são horríveis de se fazer. Magos de primeira linha fazem após muito tempo e em uma oficina bem equipada com ingredientes raros. O preço que ele falou é baratão, na verdade.
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“Mas muitas vezes também é calote. Ou esse vendedor é honesto demais, ou ele julgou que não dava pra enganá-la. Não é todo mundo que descobre a utilidade de algo só de ver os círculos.”
Depois de mais diálogo, ela comprou o objeto e voltou para o grupo, sorridente. — Parece estar de bom humor. É um produto bom?
— Nem, é horrível pra caralho.
Zich tropeçou de pé. Hans e Snoc também olharam para ela.
— O sistema e a apresentação são superantiquados e desatualizados, fora o fluxo de mana para todas as direções. É ineficiente e não tem como amplificar a potência disso. A força, distância e consumo de mana devem ser abaixo da média também. Fico espantada com a bravura dele pra vender uma merda dessas.
Hans e Snoc se entreolharam. A maneira de falar dela os fez pensar na hora em outra pessoa presente. Naturalmente, olharam para o tal.
— Por que estão olhando para mim? Não fui eu. Não é culpa minha, desgraça! Cacete, então por que você comprou isso?
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— É tão confuso que fiquei curiosa. Devo dizer, independentemente do quão humilde seja, não é interessante que essa coisa funcione? Por isso comprei. E coisas assim podem me ajudar também.
— Ah, é… Ele olhou para trás, avistando o vendedor com uma expressão feliz. O mago notou o olhar e ambos se cumprimentaram. Aí, Zich se virou e olhou para frente. Ele não olhou para a loja de novo.
— Bora achar um canto pra nós. O céu já tá ficando laranja.
— O tempo passou tão rápido assim? Vamos só dar uma olhada nesse trecho de carrinhos de venda rapidinho
— Acredito que era para você concordar comigo…
No entanto, ela já estava olhando as coisas do carrinho mais próximo. Ele soltou um profundo suspiro e contou o número no mesmo trecho que ela havia acabado de entrar.
“Ainda bem que não são tantos. E tem pouca gente aqui.”
Enquanto caminhavam por toda a cidade sem uma ordem específica, chegaram a uma rua deserta semelhante. Como os carrinhos estavam em uma área deserta, a qualidade dos objetos era menor. Mesmo Zich olhando por cima do ombro dela sabia disso.
“Mas ela parece estar mais interessada neles.”
Todavia, Lyla não saía comprando coisas aleatórias somente porque eram de má qualidade.
“Ela disse que tinha que distinguir entre lixo interessante e apenas lixo lixoso.”
Ao pararem no último carrinho, ele se sentiu aliviado por enfim ter a oportunidade de ir atrás de alojamento.
— Bem-vindos. — Uma voz aguda os cumprimentou.
“O quê?” Ele inclinou a cabeça. “Não parecem artefatos?”
Ele não sentia a mana, que geralmente saía de artefatos. Ou esses podiam escondê-la?
“Por que essa pessoa está vendendo artefatos de alta qualidade aqui? Não tem… É ela!”
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Não dava para esquecer a sua identidade. Ela possuía cabelos castanhos bagunçados, olhos verdes e usava um manto de aparência barata. Embora não se vestisse bem, poderia ser considerada bela por todos.
“Elena Dwayne!”
A maga do grupo de Glen estava de pé na frente dele.