Mawin não conseguia esquecer aquele dia. Como o próximo sucessor de sua família de elite e o gênio da torre, sempre trilhou o caminho perfeito e robusto de um mago. Mesmo quando seus colegas escorregaram da dureza do campo chamado aprendizado mágico, ele nunca parou de progredir. Antes que percebesse, deixou seus pares comendo poeira e conseguiu alcançar as pessoas que haviam trilhado o caminho do mago muito antes dele.
Naturalmente, a confiança brotou dele. E tudo estaria bem se as coisas parassem por aí, mas sua confiança aumentou até chegar à arrogância. Tal arrogância teria sido a causa da queda de alguém, porém o talento excepcional e seu histórico familiar dominaram tudo e deram a ele o poder de ignorar as críticas das pessoas.
Havia pessoas que não gostavam dele, mas, devido aos olhares desdenhosos, muitos faziam o possível para bajulá-lo. Assim, um tipo específico de ambiente surgiu, onde pensaria que todos que o odiavam eram perdedores ciumentos. Graças a todos esses fatores, ele manteve sua natureza arrogante… até dias atrás.
Rumores de um mago ensinando Elena Dwayne estavam circulando dentro da torre. Esses rumores logo se provaram verdadeiros, e quando ele soube disso, não conseguiu conter o riso. Afinal, Elena era de uma família ainda mais estimada do que ele e também já foi considerada um gênio que possuía maior talento. Contudo, uma vez que foi descoberto que ela não tinha mana, o que poderia ser considerado mais importante pra vida de um mago, foi proibida de estudar magia na torre.
Para ele, que a invejava quando jovem, a queda dela foi pura diversão. Houve momentos em que a viu, mas agiu como se não a conhecesse, pois viviam em mundos opostos. O prazer de vê-la tão caída durou apenas um tempo, e logo a existência dela desapareceu de sua mente com o tempo. Foi nessa época que ele ouviu os rumores.
Quando soube que a neta do mestre da torre mágica estava recebendo educação de uma errante aleatória, riu. Todavia, à medida que pensava nisso cada vez mais, Mawin começou a ficar irritado. Ele se sentiu irritado por Elena ainda estar sonhando em desespero em se tornar uma maga sem ao menos ter mana. Foi por isso que ele decidiu provoca-la e repreender quem ousou se intitular instrutora em uma idade tão jovem.
A sua confiança desmoronou por completo. Duas pessoas se atreveram a desafiá-lo para um duelo: a maga errante que não sabia o seu valor e seu amigo, o imbecil que nem sabia como usar o cérebro e que insultou Mawin. Quando aceitou o duelo, planejou lembrá-los da honra e a dificuldade daquilo chamado de magia. Foi ele quem perdeu o duelo.
Embora não tenha perdido a vida, sentiu como se tivesse perdido muito mais. Toda a magia que ele sempre exibiu na torre explodiu contra a de Lyla. Quando correu em direção a ela com os punhos cerrados porque não queria admitir sua perda, foi espancado. Para piorar as coisas, foi muito ignorante.
Depois desse incidente, ele foi bombardeado com desprezo. Poucas pessoas riram na sua cara, mas ele não pôde deixar de notar a maneira como o olhavam: do mesmo jeito que ele olhou para os perdedores abaixo dele. Alguns, como aqueles com origens familiares e talentos semelhantes aos dele, que tentaram provocá-lo diretamente.
Não podia perdoá-los. Mawin pensou que deveria seguir suavemente o caminho do mago e se tornar o mestre da torre um dia. Não podia perdoar Lyla e o desgraçado das lâminas por fazerem dele um tolo, ainda mais na frente de tantas pessoas. Assim, tendo seu rancor como principal motivador, planejou sua vingança.
Ao mesmo tempo, não poderia decretar sua vingança com facilidade. A melhor forma seria pedir outro duelo, mas não tinha confiança em derrotar Lyla. No entanto, os céus não o rejeitaram. Enquanto seu ressentimento crescia, alguém lhe deu a informação de que sua oponente havia usado um truque.
Ao ouvir isso, pensou: “eu sabia disso!”. Não havia como uma garota que parecia ter a idade dele o derrotar sem truques. Nesse ponto, se perguntou por que não pensara nisso desde o início.
Como agora sabia que seu oponente havia usado truques, sabia que tinha que deveria decretar sua vingança. Planejava enviar de imediato uma carta de desafio, mas seu corpo não se mexeu. Então continuou pensando sobre o último ataque mágico que Lyla havia mostrado e os punhos que vieram voando em sua direção.
Ele não conseguia reunir coragem e não achava que era um covarde por fazer isso.
“Como fui enganado, é natural que eu me preocupe em ser enganado novamente.”
Essa foi sua desculpa para o porquê de seu corpo não se mover.
Ele desistiu de se vingar por meio de um duelo, mas não desistiu da vingança em si. Depois de pensar em todos os tipos de métodos, decidiu-se por uma ideia muito simples.
— Eu deveria emboscá-los.
Seus oponentes ousaram usar truques no campo de duelo sagrado. Não havia razão para ele usar um método justo para bater nessas pessoas.
— Mesmo que ela ensine Elena Dwayne, não ficará do seu lado por centenas e milhares de dias. Eu deveria focar em seus dias de descanso.
Assim, ele se planejou devagar e pediu ajuda ao seu informante. Também trouxe algumas pessoas sob seu pai que ouviriam seu pedido. Eventualmente, terminou seus preparativos até que a única coisa que restava a fazer era decidir o momento da emboscada.
Foi difícil para ele encontrar a oportunidade, já que Lyla estava com Elena o tempo todo. Era desconcertante como uma trapaceira tinha tantas coisas para ensinar, mas no final sua perseverança valeu a pena. Ela enfim teve um dia de descanso e foram para dentro de uma floresta por algum motivo, apenas aqueles dois que o haviam feito de bobo. Foi como uma oportunidade enviada pelos deuses. Se perdesse essa chance, pensou que nunca mais teria uma chance tão perfeita.
Ele moveu suas tropas com pressa e cercou os dois com sucesso.
“Eu venci!”
Ele estava confiante em sua vitória. A única coisa que restava era como ele iria puni-los. Houve muitas boas escolhas: ele poderia matá-los de forma limpa, espancá-los até ficar satisfeito ou deixá-los viver com humilhação e dor. Ele ficou absorto em tantas deliciosas ideias.
Claro, no meio de seu plano, sua identidade foi revelada por acidente, porém ele usava um manto apenas por precaução. Não importava se sabiam quem era, na verdade. o que importava era os pôr de joelhos.
Por quê? Por que aquela mulher, uma mentirosa, estava emitindo uma quantidade tão poderosa de mana?
— Matem aqueles dois! — gritou.
Os mercenários contratados correram em direção a Zich e Lyla, e os magos recitaram seus cânticos. Como todos perceberam que a aura vinda dela não parecia extraordinária, todos ficaram em guarda e focados em suas tarefas. Eles pareciam quase desesperados.
No entanto, o feitiço da moça já estava completo. Mesmo que ela não tenha usado redução de encantamento ou encantamento silencioso, completou o lançamento rapidíssimo.
— Willa! Fil!
Gotículas de água começaram a aparecer no topo da cabeça dela, se reunindo para uma grande massa de água. A água girava como um redemoinho e espalhava gotas de água em todas as direções.
— Ugh!
— Agh!
— Kuah!
Mesmo que as gotas de água fossem do tamanho de unhas, elas perfuravam a pele humana como espadas rasgando a lama. Gritos explodiram em todos os lugares. No entanto, havia alguns que não conseguiam nem gritar.
Bang! Bang!
Cabeças humanas explodiram como melancias se abrindo. As pessoas que foram atingidas na cabeça por gotas de água não conseguiram nem emitir um som. Os mercenários contratados tentaram proteger seus corpos de todas as maneiras que puderam. Alguns tentaram atacar as gotas de água, e alguns tentaram atacar Lyla jogando suas espadas nela. Uma pessoa até fugiu e se escondeu atrás de uma árvore, mas todos os seus esforços foram inúteis.
Boom! Boom! Boom!
— Blergh!
Os mercenários que tentavam acertar as gotas de água não conseguiam acertar todas as que vinham em sua direção, e seus corpos estavam cobertos de buracos.
Bam!
— Ack!
O mercenário escondido atrás de uma árvore foi perfurado no estômago por uma gota que passou pela árvore à sua frente.
— Argh!
Aqueles que jogaram suas espadas em Lyla foram perfurados com buracos como colmeias, assim como o resto de sua equipe. No entanto, um dos s que jogou a espada manteve os olhos abertos. Mesmo se morresse, ele estava determinado a pelo menos ver sua espada acertar seu alvo. No entanto, mesmo sua determinação desesperada foi logo quebrada por um mero movimento do dedo.
Clang!
As espadas que vieram voando em direção a Lyla foram facilmente interceptadas por um vento penetrante que ela fez.
— Foda-se…!
Incapaz de terminar seu xingamento, o mercenário deu seu último suspiro.
As gotas de água caindo do céu também cobriram uma ampla área. Era largo o suficiente para cobrir todos os emboscadores que Mawin trouxe. Então, naturalmente, todos os magos na parte de trás também foram atingidos pelas gotas de água.
— Ack!
— Agh!
Os magos que pensaram que não seriam atacados diretamente não conseguiram se proteger contra a magia de Lyla. Eles não tinham habilidades físicas incríveis e também não eram capazes de lançar encantamentos silenciosos com rapidez. Em um instante, seus corpos foram rasgados como trapos gastos. No entanto, não era como se ninguém conseguisse sobreviver.
— Huff! Huff!
Zich apareceu de repente na frente de um mercenário atacando ferozmente gotas de água para sobreviver. O mercenário arregalou os olhos surpreso, mas Zich não prestou atenção ao estado mental dele.
— Parece que você sabe de alguma coisa.
Zich deu um soco na cabeça do mercenário, fazendo-o com os olhos revirados sem ao menos soltar um grito, o arrastou e seguiu em frente.
— Você também parece útil.
Depois de socar outro, Zich os arrastou juntos. Enquanto isso acontecia, gotículas de água continuavam caindo.
— Hmph!
Zich acenou com a mão. Mana girava ao seu redor.
Bang!
Apesar do poder mortal do feitiço, Zich estourou com facilidade as gotas, e as demais na frente dele caíram como água normal. Ele atravessou esta zona segura e voltou para onde Lyla estava. Como esperado, por mais que a magia transformasse seus arredores em um inferno, nenhuma gota caía na área em que ela estava.
Zich colocou os mercenários que bateu sob os pés de Lyla antes de começou a se mover de novo. Desta vez, trouxe alguns dos magos parados na parte de trás. Os colocou perto dos demais e começou a se mover outra vez. Ele foi e voltou assim várias vezes.
“Isso provavelmente é o suficiente.”
Zich acenou com a cabeça.
Então ele começou a se mover em direção à última pessoa que queria pegar.
— Ei!
Zich apareceu na frente de Mawin Jaewick, cujo rosto inteiro estava agora distorcido de medo e desespero. Comparada com Mawin, a voz de Zich era muito despreocupada.
— Tenha uma boa soneca.
Zich acertou a nuca de Mawin como fez com todos os outros. Ele o colocou de costas e voltou para o lado de Lyla.
Depois de colocá-lo no chão, cruzou os braços e olhou para o campo de batalha. A maioria das pessoas estava morta e restavam muito poucas pessoas. Então Zich olhou para cima.
— Vai acabar logo.
Ele bocejou de tédio e cruzou os braços novamente.
Fiel às palavras de Zich, todas as gotas de água no ar desapareceram e o feitiço de Lyla acabou. As únicas coisas que sobraram foram pedaços horríveis de carne humana, sangue misturado com água por todo o chão e a floresta destruída por completo.