“Eles podem estar trabalhando juntos.”

A julgar pela situação atual, Zich não poderia apagar a possibilidade. Parecia muito provável que estavam colaborando juntos.

“Uma vez que o foco daqueles assassinos é criar demônios, Fest pode ser uma das criações deles.”

Era bom para ele, de qualquer maneira. A razão pela qual veio à aldeia enquanto pensava na possibilidade de ser uma armadilha era porque queria encontrar o grupo de novo.

“Apenas descobrir que os dois estão trabalhando juntos já é bom para mim.”

Claro, não ficaria satisfeito em apenas descobrir. Se pudesse, queria obter o máximo de informações possível. No entanto, seria muito difícil encontrar mais a respeito deles, considerando que se autodestruíam. Mas não ficou perturbado.

“Tenho que ser paciente ao lidar com gente que nem eles. Descobrir as coisas devagar, de pouco em pouco, e encontrar o momento perfeito.”

Era a extensão dos pensamentos dele. Não precisava pensar além disso, e os ataques de Clovey impediram que perdesse mais tempo, querendo ou não.

Crack!

Como esperado de um cavaleiro, os seus movimentos eram rápidos e os ataques tinham grande poder. Pelo que Zich sabia, ele era o mais forte entre os subordinados de Joaquim e de todo o território Dracul. Em comparação ao irmão mais novo dele, Greig, ou um cavaleiro iniciante, que nem o Byner, Clovey era experiente e poderoso.

— Hyaaat!

Zich desviou dos ataques de espada bem feitos. Visto que a lâmina do oponente era rápida e forte, as suas mãos estavam ficando um pouco doloridas. O cavaleiro não era o único foco, porém.

Fffffu!

Como se brotasse do chão, uma adaga saltou de repente em direção ao seu lado. Com os cotovelos, a empurrou para longe. Justo quando aparentou ter evitado uma, outra veio voando em sua direção. Fez o mesmo com essa, e Clovey realizou um balanço gigante para revidar.

Whish!

Apenas o som fez o ar tremer. Zich observou sem expressão a espada se mover à frente. Graças à grande magnitude do ataque, os assassinos precisaram de um momento para escapar. Assim, quando ele evitou o golpe, a batalha parou.

Isso só durou um momento, e logo depois, numerosos inimigos correram em sua direção de novo.

“Os movimentos deles são muito bons.”

Até ele se espantou com as habilidades de todos ali para coordenar ataques. Foi ainda mais incrível porque os assassinos não devem ter recebido treino profissional seguir um só fluxo com Clovey.

“Parecem ter sido treinados para coordenar seus ataques, mas tenho certeza de que não foi com ele.”

Com certeza havia partes onde os golpes deles não iam bem juntos. O problema era que eram pequenas ao extremo e muito difícil combatê-las. Entretanto, era eles contra Zich.

“Mesmo que seja a primeira vez que trabalham juntos, é incrível que façam isso tão bem. Só que não é perfeito.”

Existiam lacunas minúsculas entre os ataques, contudo ainda eram falhas. Ele acertou uma abertura em um intervalo de tempo no meio de ataques sincronizados. Tentaram revidar, todavia acabaram hesitando por um segundo. Depois, diminuíram a velocidade para deixar Clovey bloquear. Uma pessoa comum nunca seria capaz de perceber a leve desvantagem deles, mas era suficiente para Zich.

Clash!

— Ugh! — O cavaleiro soltou um grito de dor.

Por ter alterado o percurso de forma abrupta, perdeu um pouco do equilíbrio, e Zich usou isso a seu favor sem o objetivo de atacá-lo. Naquele momento, quando o assassino desacelerou e Clovey recuou, ele se apertou entre eles e encontrou os olhos arregalados do assassino.

Whish!

Ele balançou a espada. O inimigo tentou ganhar velocidade, porém acabou pulando em direção à lâmina no processo. Isso foi resultado do conhecimento de batalhas de uma vida de Zich.

Ele não recuou sem revidar; também havia preparado algo.

— Ack!

Ele estendeu a mão e agarrou alguém perto, fazendo a pessoa gritar. Entretanto, não prestou atenção aos gritos e puxou o aldeão.

Os aldeões foram chantageados e forçados a se deitarem no templo, contudo ficaram perto demais da batalha. Estavam paralisados pela intensa luta na frente deles e não possuíam força ou habilidades para intervir, sendo usados somente de escudos humanos para impedir pessoas sãs de avançarem.

Zich não era “normal” muito menos são, todavia desacelerou a espada por ter decidido que seria bom e não mataria inocentes. Se sua vida estivesse em jogo, faria sem hesitar, o que não era o caso. No entanto, não queria ser atingido feito idiota e ir tão longe assim, e esquivar não ajudava a acabar com a situação.

“E o rosto desse arrombado me irrita. Parece que tá tirando uma comigo.”

— Agh!

Com um som barulho de pancada, o aldeão gritou ao perder o senso de equilíbrio e cair. A canela direita dele estava dobrada devido ao pontapé que Zich deu. E a dor aumentaria mais.

Tuk! Tuk! Tuk!

Foi chutado mais três vezes, e os seus membros pareciam ter ganhado articulações anormais.

— Ah! Ahhhhh!

Quase todos os seus ossos quebraram de uma vez, e gritou de dor. Queria agarrar os ferimentos, porém, com os ossos dos braços quebrados, só conseguia gritar. Sem se importar, Zich o levantou e jogou para longe.

— F-filho da puta! Isso dói pra… Porra, socorro! — Sangue jorrou do corpo dele quando os ossos quebrados se projetaram além da pele.

O melhor curso de ação que Zich poderia tomar agora era imobilizar os escudos humanos e assustá-los para longe do campo de batalha, independentemente do sofrimento deles.

— Faço com o restante ou nem? — disse em voz alta. Então viu alguns dos aldeões perto fugirem desesperados depois de verem o estado do outro, e perdeu a atenção dos assuntos “triviais” de antes.

Clovey e os assassinos o atacaram mais uma vez; não houve contra-ataques. Ele apenas se esquivou e foi aos residentes. O cavaleiro gritou para que lutassem contra Zich, mas era impossível. Estavam bastante desmoralizados ao assistirem os ataques cruéis e gritos e só puderam gritar e se espalhar feito coelhos.

“Vai ser mais incômodo se saírem da frente.”

Zich calmamente estilhaçou outros e os jogou para longe.

— Ei, vocês aí! — gritou. Hans e Snoc perceberam de imediato que era com eles e se viraram — Faz isso com os escudos! — Demonstrou com mais um aldeão e o jogou.

Hans e Snoc também não gostavam de ter que lidar com a situação desse jeito e notaram que os inimigos eram gente comum. Ao contrário de Zich, porém, se contorceram por dentro para agredi-los. Por isso que o exemplo dado foi um pouco leve.

“T-temos que fazer a mesma coisa?” pensou Snoc, atordoado com a crueldade. Entretanto Hans era diferente, que embora não estivesse feliz em seguir as ordens, o que dava para ver pela feição, balançou a espada sem hesitar.

Swish!

— Ahhhh!

A lâmina roçou a canela de um, arrancando sangue e gritos doloridos. Uma pessoa sem experiência não conseguiria manter a compostura após ser cortado. Aproveitando o momento, Hans usou sua bainha para esmagar o homem e o chutou a uma distância considerável.

Ele sempre pareceu ser sensato, e aquela visão deixou Snoc sem palavras.

Soco!

O chão subiu abaixo do garoto e atingiu os estômagos dos assassinos. Nowem, antes distraída, se assustou.

Koo!

A toupeira gritou alto nos seus ombros, avisando-o de algo.

— Desculpe! Obrigado, Nowem!

“Sim, é verdade. Não posso ficar indo de um lado para o outro, e é melhor do que matá-los.”

Ele também se concentrou em imobilizar os presentes. Todavia, ao fazê-lo, lançava olhares furtivos para Hans. Ele meneou a cabeça quando viu ele destruindo sem compaixão o corpo dos aldeões.

“Até ele está ficando mais parecido com o senhor Zich.”

Ali, teve quase certeza de que acabaria igual.

Os três ignoraram os assassinos e Clovey para se concentrar nos aldeões, diminuindo rápido o número deles. Apenas Zich continuou a atacá-los vez ou outra. Uns até disparavam artefatos, mas ele os evitava ou interceptava.

— Como esperado, você sabe lutar um pouco — murmurou Clovey enquanto o observava.

— Bem mais que você. Parece que trouxe eles para compensar, mas não está mudando tanta coisa — retrucou.

Os assassinos não se mexeram, somente ficaram na sua posição e procuraram os pontos cegos.

— Desse jeito fica difícil acreditar que estão aqui para criar demônios, incluindo o Joaquim, no mundo todo.

— O que está dizendo? — Fez uma careta, contudo os assassinos responderam diferente. Treinaram para suprimir as expressões, mas não puderam ignorar o choque fugaz após terem o objetivo definido.

“É verdade!”

De fato, estavam tentando criar os chamados “demônios”.

Todos se moveram de uma vez. As técnicas não melhoraram e nem os ataques se tornaram mais perigosos, no entanto Zich sentia a mentalidade diferente deles. Aos seus olhos, ele foi de “variável irritante” para “capturar apenas morto”. Mas não o matariam só com isso.

Slice!

— Ouch!

Creck!

— Argh!

Pela espada de Zich, perderam a vida um por um, que nem os que Hans e Snoc estavam lutando.

Pop!

Desviaram das estalagmites saindo do chão, porém eram armadilhas. Hans esperava que evitassem, então avançou a lâmina contra eles.

— Urgh! — Um gemeu quando a espada abriu o peito.

Não foi o único a morrer dessa maneira; alguns foram decapitados. Embora o grupo tivesse montado uma armadilha, não foi tão eficaz, pois Zich descobriu no meio. Seu grande número também se tornou inútil graças aos escudos de carne imobilizados.

— Porra! — Percebendo a situação em que estava, Clovey cerrou os dentes.

“Eu não queria ter que usar isso…”

Ele mexeu nos pertences. Hesitou por um momento, mas ao ver outro assassino morrer, tomou a decisão final: beber todo o líquido de um pequeno frasco.

Deixe um comentário