The World After The End

Capítulo 199: Um mundo solitário (8)

Foi uma luta de tirar o fôlego de se ver. Karlton não conseguia encontrar uma palavra melhor para descrevê-la enquanto observava a cena que se desenrolava à sua frente. No entanto, enquanto Karlton assistia, percebeu que nem isso era suficiente para descrever a luta.

“Não tenho certeza se alguma palavra é suficiente para descrever isso…”

Ele não conseguia tirar os olhos da luta entre o humano e o Gigantes. Um único golpe que vazasse de uma dessas trocas era poderoso o suficiente para matar Karlton instantaneamente. Era perigoso para Karlton ficar tão perto do local, mas ele simplesmente não conseguia fugir.

[Fim]

A onda escura do Fim saiu da espada de Jaehwan e…

[Mar de Sangue, Montanha de Cadáveres]

Uma onda vermelha escura foi expelida do Gigantes de Myad. As duas ondas colidiram uma contra a outra, explodindo quando se atingiram. O ar explodiu e a paisagem ficou com crateras por toda parte. Entre essas crateras, a maior era a das estocadas de Jaehwan contra Myad. Dentro do buraco, uma voz amplificada saiu.

-Esplêndido.

— …

-Se eu soubesse que você ficaria tão forte, teria mudado meus planos para focar em recrutar você.

Machina, que foi enterrada no chão pelo ataque de Jaehwan, levantou-se novamente. Seu movimento para limpar a sujeira de seu corpo lembrava as ações de um humano.

-Eu sei que é inútil perguntar isso de novo agora…

— Então não pergunte.

-Mas ainda tenho que te perguntar.

— …

-Jaehwan. Você ainda pode entrar na Ruptura e começar um novo mundo.

E no momento seguinte, Myad começou a gargalhar com suas próprias palavras.

-Hah, parece que me tornei um vilão maligno. Isso é o que eles costumam dizer no final.

— Talvez seja porque você está nesse lugar agora.

-Haha. Estou mesmo?

Myad caiu na gargalhada. Um gigante de metal rindo alto com a mão na barriga parecia muito amigável. Jaehwan pensou que talvez Myad estivesse levando isso em consideração. É por isso que sua armadura de metal parecia tão amigável. Myad van Deklan, como Jaehwan o conhecia, era um desses homens.

— No meu velho mundo, existe uma palavra para descrever aqueles que são como você. Um sonhador.

-Sonhador? Hum. Isso é um elogio?

— Você pode entender assim.

Jaehwan respondeu friamente.

-Hah, mas não é irônico? Ouvir isso de você? Logo você, cujo mundo único é semelhante ao meu?

Machina se endireitou do riso. Sua cabeça com dois grandes chifres então olhou para o céu. Um gigante de metal olhando para o céu? Jaehwan achou que era muito dramático.

-Você foi enganado, Jaehwan. Deve saber disso, já que é um Despertado. Sua resistência não tem nenhum efeito no início do novo mundo.

Talvez fosse porque o Gigantes não tinha olhos físicos, mas o Machina olhando para o céu com sua espada gigante plantada no chão fazia com que parecesse um guerreiro que havia terminado sua tarefa após muitas provações e dificuldades. Jaehwan sorriu amargamente.

“Que emocionante.”

-Olhe para o céu. Ele não suporta mais o ser arrogante que costumava nos olhar de cima. O velho mundo agora está acabado. É a era de um novo mundo. A era dos Deuses ou Monarcas acabou. Está acontecendo. Em breve, tudo vai mudar.

Era uma voz que tremia de empolgação. Era a voz de um revolucionário à beira do sucesso. Alguém choraria de alegria se também trilhasse o caminho de uma visão tão grandiosa como Myad. Não era só pelo conteúdo. A voz, como era falada e como era retratada — tudo sobre Myad fez dele a pessoa que era agora. Foi ele quem liderou a Ruptura todo esse tempo, e Jaehwan percebeu. Foi isso que tornou tudo possível.

Só um pouco mais. Mais um pouco e…

A voz era tentadora para quem a ouvia, especialmente para quem exibia ódio contra este mundo. Jaehwan estreitou os olhos.

“Um pouco mais?”

Jaehwan era do mundo onde o perigo de ‘um pouco mais’ era amplamente conhecido.

Só um pouco mais.

Esse ‘pouco’ às vezes era uma quantia que não tinha fim. Nenhum novo mundo estava chegando. O mundo que estava por vir estava para sempre adormecido. As pessoas sonhavam com uma realidade ‘pouco’ depois. E algumas das pessoas que estavam acima de todas as outras em seus sonhos controlavam o ‘presente’. Esse também era o Sistema.

— Myad, pare com essa encenação agora.

-Encenação? O que quer dizer?

— O Grande Irmão não está morto. Quer mentir para mim também?

-O Grande Irmão está morto.

— Não, ele não está. Consigo ver ele.

Jaehwan olhou para o céu enquanto falava. Ainda estava lá com os horríveis olhos vermelhos com corvos voando ao redor — o olho gigante que estava sempre olhando para Jaehwan. Desde que Jaehwan encontrou o olho, o Grande Irmão nunca desapareceu de seu mundo. Mesmo depois que Myad derrubou a estrela do céu, ele ainda estava lá. Myad riu.

-Ah, é? Então deixe-me reformular. O Grande Irmão pereceu em todos os mundos, exceto no seu.

— …

-Ou se você não gosta disso, que tal se eu reformular dessa forma? Não havia tal coisa como ‘Grande Irmão’ desde o início.

Jaehwan então falou incrédulo.

— Você realmente quer dizer o que está dizendo?

-Sim, é exatamente isso.

Jaehwan ficou até desapontado com a palavra.

— Você sabe que eu consigo ver o Grande Irmão.

-Claro, você provavelmente vê o Grande Irmão. Mas mesmo que consiga ver, isso é ‘prova’ de que ele existe? Você pode ter certeza de que o olho que vê é realmente o Grande Irmão?

— Vamos parar com esse absurdo.

-Absurdo? Não. É uma conclusão lógica. O mundo único é um mundo cheio de ‘teorias’. É um mundo fictício onde nada pode ser considerado como ‘realidade’, ainda hoje.

Jaehwan ficou em silêncio. Falar sobre filosofias ou crenças como essa não era o que Jaehwan gostava de fazer entre as lutas. Mas não conseguia parar. Foi porque ele se sentiu compelido a derrotar Myad logicamente? Ou porque queria defender a vida das pessoas que Myad matou com suas blasfêmias? Jaehwan não conseguia descobrir suas intenções.

— Certo. Digamos que o que você disse é verdade. Mas suas palavras contêm contradições.

-E quais são?

— Se o Grande Irmão que vejo é falso, então por que você espalhou palavras sobre ele todo esse tempo? Você chegou ao ponto de fazer todo o <Abismo> testemunhar que o derrotou. Se ele não existe, então por que fez isso? Pelo quê?

Myad ficou em silêncio. Não era silêncio devido a estar sem palavras. Era mais como se o silêncio estivesse ali para adicionar suspense para responder à pergunta que estava esperando.

-Às vezes, as coisas que não existem têm mais poder.

— O quê?

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