The World After The End

Capítulo 210: Grande Irmão (4)

Surha não tinha certeza do que aconteceu no momento seguinte. Ela só lembrava que a escuridão caiu do céu e o chão tremeu. No entanto, não tinha certeza de por que ela e todos os outros caíram de joelhos. Não, talvez fosse errado dizer que ela não tinha certeza.

Ela sabia. Sabia que era impossível parar Jaehwan. E que esse dia chegaria.

“Este é o poder de um Despertado no estágio de [Prova]…”

Mas saber não significava que tinha que desistir.

— Você vai encontrar o <Grande Irmão>, não é?

Surha mal se levantou do chão enquanto falava.

— RESPONDA-ME!

— Sim.

Jaehwan respondeu pela primeira vez. Foi sua declaração de que partiria e iria até o fim da Árvore das Miragens. Algumas pessoas ficaram sombrias com a declaração, enquanto outras pareciam desapontadas. As pessoas que foram até ali confiaram e seguiram Jaehwan.

Jaehwan acenou com a mão e desativou seu mundo único, pois estava pressionando demais as pessoas. Quando o ar voltou ao normal, Surha ofegou:

— Você não sabe se o Grande Irmão realmente existe ou não. O que está tentando fazer pode ser inútil.

— O Grande Irmão existe. Você sabe.

— Mesmo que ele exista!

Surha ficou parada no lugar enquanto gritava com raiva.

— O Grande Irmão não apareceu quando Myad tentou criar seu novo Sistema. O Grande Irmão não apareceu quando todos os Monarcas foram mortos!

— Eu sei.

— ‘Eu sei’? Você realmente sabe do que estou falando?! Você não sabe o que isso significa?

— …

— Significa que mesmo que o Grande Irmão exista, ele não interfere neste mundo!

Havia um ponto no que Surha estava dizendo. Se o Grande Irmão estivesse interessado nos assuntos do <Abismo>, o que aconteceu entre Myad ou Jaehwan nunca teria sido permitido. Não havia Deus que permitisse que seu vice-gerente fosse morto. O Grande Irmão ignorou tudo isso.

— Temos um novo mundo agora. O <Abismo> agora é mais forte que as <Grandes Terras>.

Surha raciocinou enquanto olhava para os membros do Conselho.

— O <Abismo> não oprime ninguém agora! Não competimos pela força dos Deuses! Você sabe o que isso significa? Podemos começar um novo mundo aqui! Podemos começar a viver em paz e harmonia! Não precisamos destruir o Grande Irmão para…

Surha continuou, ela afirmou que a esperança poderia ser encontrada e que o caminho de Jaehwan não era o único. Ainda havia histórias a serem reveladas e caminhos a serem encontrados. E…

A voz de Surha tornou-se cada vez mais silenciosa. Os olhos de todos se voltaram para ela com tristeza. Todos, incluindo Surha, sabiam que tudo isso não fazia sentido. Tudo o que disseram não era suficiente. Eles não podiam ficar ali e se orgulhar do que diziam contra a justiça daquele homem.

E depois de um tempo, Jaehwan finalmente disse:

— O [Cultivo] continuará.

Era uma voz calma, mas alguns tremeram ao ouvi-la. Jaehwan continuou:

— As pessoas das [regiões remotas] continuarão subindo na Árvore das Miragens passando pela Torre dos Pesadelos. Elas virão para o <Abismo> se tiverem sorte, mas a maioria irá para as <Grandes Terras>. E aqueles que morrerem serão presos no <Caos>.

— Isso…!

— Não podemos impedir que isso aconteça.

Jaehwan sempre falou tão logicamente? Surha não conseguia responder às palavras de Jaehwan.

— Não importa o quão forte o Conselho ou o <Abismo> se torne, ele não pode ser parado. O <Abismo> não pode parar o [Cultivo]. Se o [Cultivo] desaparecer, o <Abismo> também perecerá no futuro.

Era verdade. Mesmo que o <Abismo> se tornasse poderoso e o Conselho implementasse as políticas corretas, eles não poderiam resolver o problema central. Surha sabia disso. Mas também sabia que havia coisas que tinham que acontecer.

— Eu posso. Eu vou parar com isso.

Surha ficou com raiva das palavras de Jaehwan.

— Isso é fácil para você dizer! Você…

Mas Surha não pôde continuar.

—Você está tentando destruir o mundo! Você quer destruir tudo, todas as partes deste mundo sem exceção!

Ela sabia que sua ação, expressão e todas as outras linguagens possíveis haviam sido lidas por Jaehwan, o suficiente para entender o que ela queria dizer.

Ela tinha vergonha de seu medo, mas tinha que fazer isso. Sua vida e a vida de todos os outros seres estavam em jogo dependendo de suas ações ali. Considerando que o Grande Irmão realmente existia e Jaehwan estava indo encontrá-lo, tudo bem. Mas e se Jaehwan tentasse lutar contra o Grande Irmão? E se o Grande Irmão ficasse com raiva, matasse Jaehwan e descesse para o <Abismo> para destruí-lo?

Surha balançou a cabeça. Talvez não fosse isso que ela mais temia. O que ela realmente temia era…

— Surha, deixe-o ir.

Era a voz de Chunghuh.

— Você terá que passar por mim se quiser detê-lo.

Chunghuh saiu do lado do Conselho e se opôs a eles. Karlton também saiu.

— Devemos deixá-lo ir.

Eles não eram os únicos. Runald, Yoonhwan e até mesmo Sirwen, que estava ao lado de Jaehwan, saíram para bloquear o caminho até ele. Surha sentiu que estava perdendo a vontade de lutar.

Por quê? Por que todo mundo estava…

— Eu sei o que você está pensando. Mas devemos deixá-lo ir.

Chunghuh disse sem olhar para Jaehwan.

— Vá, Jaehwan. Faça o que você precisa fazer. Mate o Grande Irmão, destrua o Sistema… Seja o que for. Faça o que você quiser.

— …

— Estou satisfeito por ter chegado até aqui, já devo muito a você. Por sua causa, estou aqui.

Todos concordavam com isso. Eles tinham pensamentos e ideias diferentes, mas todos concordavam em um ponto.

— Obrigado, Jaehwan.

Todos ao redor ficaram em silêncio. Jaehwan também ficou em silêncio. Alguns fecharam os olhos e outros morderam os lábios. Todos eles sentiram a profundidade do silêncio que havia caído.

O céu ficou completamente escuro. O olho gigante no mundo de Jaehwan estava se fechando completamente. Quando o olho de ‘Deus’ parou de olhar para baixo, Jaehwan estendeu a mão para o céu com suas espadas. Então, o céu do <Abismo> se abriu. Era como uma boca gigante, com uma energia sinistra vindo de dentro.

Passo a passo. Passos foram ouvidos subindo as escadas criadas pelo poder mundial. As pessoas que estavam de costas para Jaehwan não olharam em volta, mas ouviram. O som estava ficando mais distante. E depois de um tempo, olharam para trás e para o céu.

— Ele nem se despediu.

— Pois é.

Os membros do conselho e os outros agora estavam olhando para as costas de Jaehwan, entrando em uma boca gigante no céu. Talvez fosse a última vez que o veriam. Alguns estavam chorosos, e Yoonhwan era um deles. Ele esteve correndo todo esse tempo, seguindo aquelas costas.

A boca começou a fechar e Jaehwan desapareceu.

O olho se abriu novamente quando o céu começou a clarear. Logo, o céu voltou ao normal como se nada tivesse acontecido. Karlton perguntou:

— Fizemos a coisa certa?

— Não sei.

— Eu esperava que o Mestre parasse. Achei até que ele tinha desistido, pois passou um ano aqui.

— Haha, eu esperava por isso também. — Chunghuh respondeu com uma risada.

— O que acontecerá se ele derrotar o Grande Irmão e destruir o Sistema? Será que algo vai mudar?

— Tudo pode mudar, ou talvez tudo continue igual.

Runald também acrescentou:

— Ou o mundo realmente terá seu fim desta vez.

As pessoas riram e Sirwen disse:

— Acho que a piada se tornará real então. Nós realmente nos tornamos Portadores do Fim. Eu deveria dizer aos Pesadelos para pararem de criar torres agora.

— Haha, com certeza será se o fim vier mesmo. Então direi isso de antemão — foi uma honra conhecer todos vocês.

— Bom. Que tal fazermos um brinde à chegada do outono?

— Isso é uma boa ideia. Você vai pagar?

— Conte comigo!

— Crianças não são permitidas, garoto.

— Sou criança por fora, mas sou adulto por dentro!

As pessoas riram quando começaram a se afastar. Chunghuh olhou para as pessoas ajudando umas às outras a caminhar de volta para o lugar de onde vieram enquanto pensava. Eles eram fracos, mas também muito fortes.

“Sim, Jaehwan. Isso é o que você criou.”

Chunghuh acenou para as pessoas enquanto o chamavam. Chunghuh então olhou para Surha, ainda caída no chão, em silêncio.

— Para de chorar e levanta, garota.

Chunghuh a puxou do chão e limpou a sujeira dela. Surha se limpou com o rosto avermelhado enquanto Chunghuh lhe dava tapinhas nas costas. O céu claro estava acima deles agora. Chunghuh falou com um sorriso.

— É um bom dia para o fim.

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