The World After The End
Capítulo 232: O mundo após o fim (4)
O médico sorriu novamente quando Jaehwan ficou em silêncio.
— Hmmm. Então, você nunca se encontrou comigo no futuro?
— Há uma razão para isso. Eu era diferente de agora e…
Jaehwan ficou confuso e o médico levantou a mão para parar Jaehwan.
— Certo. Deixe-me fazer outra pergunta. Você se lembra de alguma coisa sobre sua escola ou faculdade, talvez?
Jaehwan ficou em silêncio novamente. Depois de muito tempo, admitiu.
— Não me lembro…
Jaehwan mordeu os lábios. Ele certamente frequentou todo o ensino médio e até foi para a faculdade. Ele também foi para o exército. Foi quando a Torre dos Pesadelos apareceu. Ele sabia que tudo naquela época era ‘realidade’.
Mas Jaehwan não conseguia se lembrar daquela época. Talvez tenha demorado muito, ou talvez porque suas memórias foram destruídas quando os Transcendidos o deixaram.
— Haha. Nem parece você. Você não lembra mesmo, hein…?
— Não. Mas eu realmente estava lá…
Jaehwan então fechou a boca. Suas palavras eram verdadeiras, mas não havia nenhuma prova para apoiar suas afirmações. Não lembrar provava que Jaehwan estava apenas mentindo. O médico ainda estava sorrindo.
Não havia mais jogo. Jaehwan não protegerá seu mundo. Ele não provará nada.
Por quê? Jaehwan, de dez anos de idade, ficou frustrado. Sentiu que ia chorar. Tinha provas de todas aquelas vezes, mas por que precisava provar tudo de novo? E como poderia provar isso de qualquer maneira?
Foi quando uma certa lembrança veio a ele. Foi quando ele chegou a uma certa ‘fortaleza’ quando acabara de chegar ao <Caos>. Essa fortaleza também forçou Jaehwan a provar seu valor.
—Prove-se. Prove quem você é.
O que Jaehwan respondeu então? Jaehwan olhou para o médico. Ele sentiu como se sua visão estivesse ficando embaçada. O jaleco branco parecia a muralha de uma poderosa fortaleza e os óculos prateados pareciam pináculos. Foi por causa disso? Jaehwan falou sem perceber.
— Não vou me provar.
Era a voz de um menino de dez anos, mas não era de um menino de dez anos. Era uma voz que um mundo respondia a outro mundo. O médico ficou sem fala com aquela voz. Ele então percebeu que fora superado mais uma vez e engasgou.
— Ugh…
Ele parecia estar muito frustrado.
“Esse garoto realmente é diferente. Mas não há como controlá-lo. Então o que podemos fazer?”
O médico suspirou depois de muito tempo.
— Certo. Talvez o mundo que você diz exista.
Os olhos de Jaehwan tremeram. O que ele acabou de dizer?
— Aceito a possibilidade.
Isso era algo que um médico de um instituto mental poderia dizer? Uma coisa fria, parecida com uma teoria, passou pela cabeça de Jaehwan então. Tudo o que ele havia enfrentado até agora tinha algum tipo de portão. Talvez esse médico fosse algum tipo de portão colocado pelo Pesadelo do Início. Mesmo com Jaehwan perdido em seus pensamentos, o médico continuou falando.
— Mas não importa as circunstâncias, você deve saber disso.
— O quê?
— Se você tentar proteger seu mundo, aqueles que te amam ficarão tristes.
Tristes? Por causa de seu mundo? Por quê? E no momento seguinte, Jaehwan sentiu arrepios em seu corpo.
Ele acabou de se perguntar ‘Por quê?’ Ele não estava em lugar de fazer tal pergunta. Tinha visto isso durante toda a sua vida. Em suas memórias vagas, rostos surgiram. Eram apenas rostos sem nomes.
Um velho que adorava cortar e tentou brigar com Jaehwan.
Um jovem loiro e bonito que sempre carregava um livro de leis.
Uma mulher que traiu sua própria espécie para confiar em Jaehwan.
Um menino que confiava em Jaehwan mais do que em qualquer pessoa no mundo.
Jaehwan relembrou sobre eles e foi dominado por uma pergunta. Eles estavam felizes então? Eles confiaram no mundo único de Jaehwan e ficaram ao seu lado o tempo todo, mas Jaehwan nunca pensou na felicidade deles nenhuma vez.
Eles devem ter ficado com medo no Fim. Medo de que o Sistema fosse destruído. Como Jaehwan poderia ter certeza de que o que ele queria era o que todo mundo queria?
Jaehwan então se lembrou do rosto de sua mãe, que deveria estar do outro lado da porta daquela sala. Ele se sentiu confuso.
— Jaehwan. Você disse que a torre aparecerá em dez anos.
Foi porque ele estava muito imerso em pensamentos? Demorou algum tempo para Jaehwan entender o que o Doutor disse.
— Por que não fazemos isso? Você continua vindo à minha clínica por esses dez anos.
Jaehwan respondeu aborrecido.
— E por que preciso fazer isso?
— Se a ‘Torre da Noite’ aparecer dez anos depois como você–
— Torre dos Pesadelos.
— Hmph, Torre dos Pesadelos. Se ela aparecer, confiarei em suas palavras. E farei o que você disser.
Foi uma oferta inesperada. O médico acrescentou rapidamente:
— Ah, e vou abrir mão de todas as taxas de consulta durante esses dez anos.
— E por que faria isso?
Jaehwan não conseguia entender. Parecia não haver razão para o médico fazer tal coisa por ele. Diante da suspeita de Jaehwan, o médico falou com uma voz calorosa.
— Devo dizer que não quero ver o futuro de um menino sendo destruído.
— …
— Além disso, não é totalmente gratuito. Eu tenho minhas próprias condições.
— Condições?
— Se a torre não aparecer depois de dez anos, você terá que desistir do seu mundo.
Isso também foi inesperado. Os olhos de Jaehwan tremeram.
— O que acha?
Jaehwan olhou nos olhos do médico. Eles pareciam não ter nenhuma hostilidade. O médico até parecia muito atencioso e preocupado com Jaehwan. Jaehwan ficou confuso. E isso o fez enfrentar uma certa pergunta que tentou não fazer até agora.
E se ele estivesse errado? E se esse homem estivesse certo?
E se a Árvore das Miragens nunca tivesse existido em primeiro lugar e todas as suas memórias fossem sua criação? E se houvesse uma ‘realidade’ e ele estivesse apenas fugindo dela? Se isso fosse verdade, então o que iria acontecer com ele agora?
Jaehwan se agachou. Como um rei tentando proteger seu reino caído, se agachou por um longo tempo. E depois de um tempo, uma pequena voz saiu do reino arruinado e caído.
— Tudo bem.
O médico sorriu.
— Bom. É uma promessa.
Dez anos se passaram rapidamente e Jaehwan fez mais algumas promessas ao médico.
Primeiro, Jaehwan nunca deveria falar sobre a Árvore das Miragens ou o Grande Irmão para mais ninguém durante esses dez anos.
Em segundo lugar, se Jaehwan queria muito falar sobre a Árvore das Miragens, ele só poderia falar sobre isso com o médico.
Em terceiro lugar, ele teve que visitar o médico pelo menos uma vez por mês durante esses dez anos.
Jaehwan então foi para o ensino fundamental e depois para o ensino médio. Ele também foi para a faculdade e viveu uma vida normal. Ele ouvia as aulas como se estivesse escalando a torre e buscava notas mais altas como se estivesse aumentando seus atributos.
Mas não importava quanto tempo tivesse passado, as memórias da Árvore das Miragens não foram embora. Por outro lado, pensar nisso o fazia perder a consciência, então Jaehwan se esforçou para não pensar. Ele continuou sem pensar nisso por pelo menos dez anos.
Sua mãe ficou feliz. E através disso, Jaehwan se sentia seguro. Ele sentia que estava vivendo ao máximo e, quando pensava nisso, também sentia um forte ódio por si mesmo. Quando não aguentava mais, ia ao médico para falar sobre a Árvore das Miragens. Isso o fazia se sentir um pouco melhor.
Aqueles dez anos que pareciam dez bilhões de anos se passaram.
Jaehwan era um estudante universitário. Ele tinha vinte anos agora.
Finalmente, era 2018.