The World After The End
Capítulo 235: O mundo após o fim (7)
Apenas mais duas semanas até o esperado aparecimento da torre. Jaehwan estava conversando com o médico. Eles não haviam mais falado sobre a Árvore das Miragens.
— Ah, Jaehwan. Por que você não participa de um concurso de redação? Acho que o grande concurso está prestes a começar.
O médico fez a sugestão, porque sabia que Jaehwan já frequentava aulas de redação na faculdade. Havia um concurso que logo terminaria de receber as histórias.
Jaehwan perguntou de volta aborrecido.
— Você está falando sério?
— Hã? O que tem de errado?
— Você está tirando sarro de mim, não está?
— Haha, não estou.
Jaehwan pensou enquanto olhava para o rosto do médico. “Esse médico, ele sabe tudo sobre a situação e ainda diz isso.”
Jaehwan respondeu:
— Concurso… Você não diria isso se tivesse ouvido minhas críticas. Escrevi essas histórias, porque você me mandou e…
— Haha. O que os outros disseram para você?
Jaehwan parou de falar. Ele não queria repetir o que tinha ouvido na aula, críticas impiedosas que eram demais.
— Você tem talento. Eu amo suas histórias.
— Que tal você escrever então? Tenho certeza que você é bom em escrever também.
— Bem, se me contar uma história, talvez eu tente algum dia.
Jaehwan então riu.
— Bem, que tal você usar todas as minhas histórias que coletou até agora?
Claro, Jaehwan não quis dizer o que disse. O médico também devia saber. Jaehwan sempre levou a sério suas histórias. Ilusão ou não, Jaehwan confiava em seu mundo, não importava o que as pessoas dissessem. Não havia como Jaehwan concordar em usar suas histórias para fins de entretenimento.
Mas por quê? O rosto do médico congelou por um segundo com as palavras de Jaehwan. Foi apenas por um segundo e Jaehwan não percebeu. O médico riu sem jeito.
— Haha…
O silêncio caiu. O médico olhou para a mesa e Jaehwan olhou pela janela.
— O dia está chegando, Jaehwan.
— …
— Você está pronto?
— Mais ou menos.
— Mais ou menos?
— É o que é. Parece mais ou menos.
A janela estava embaçada por causa do frio lá fora. Jaehwan se aproximou da janela e usou o dedo para desenhar uma torre em espiral. O desenho da torre parecia muito bom com a neve caindo além da janela.
Medo?
Jaehwan estava pensando nisso há algum tempo, mas não tinha tanta certeza. E se a torre não aparecesse? Ele estava vivendo a vida ali agora. Jaehwan sorriu. Talvez o médico finalmente tivesse vencido.
— Jaehwan.
— Sim.
— Já se passaram dez anos desde que te conheci.
Parte do cabelo do médico estava ficando branco. Jaehwan sentiu o fluxo do tempo enquanto olhava para aqueles fios de cabelo. Ele havia se esquecido disso depois de viver por milhões de anos, mas dez anos era muito tempo para humanos comuns.
— Posso dizer o que é irônico?
— O que é?
— Eu realmente acredito no seu mundo. Não é sobre a possibilidade. Eu realmente acredito que o mundo existe.
Jaehwan ficou atordoado por um segundo e zombou.
— Isso é uma piada nova?
O médico balançou a cabeça seriamente.
— Mesmo que a torre não apareça, acredito que seu mundo existiu– Não. Existe.
O médico estava falando sério. Ele estava olhando para gráficos de pilhas grossas em um armário perto da parede. Jaehwan também se virou para olhar na mesma direção. Havia inúmeros prontuários com vários nomes de pacientes.
— Recentemente, acho que meus tratamentos estavam todos errados, afinal. Tratar e consertar o mundo de outras pessoas… Só pensei que talvez fosse muito arrogante da minha parte. Como um homem pode consertar o mundo de outro?
— Você está brincando? Ou está falando sério?
— Estou falando sério.
Jaehwan estava sem palavras. O médico continuou:
— Talvez seja tudo graças a você.
— O que quer dizer?
— Talvez eu tenha sido persuadido por você durante nossos dez anos.
Por que agora? Por quê? Jaehwan sentiu-se tonto. Ele mal conseguiu se adaptar a este mundo, por que ele estava dizendo isso agora? Não era seu desejo que Jaehwan desistisse daquele mundo? Ele estava…
— Estou falando sério, Jaehwan. Eu acredito nesse mundo.
— Mas por quê…? A torre nem apareceu ainda.
— Só acho que não importa mais, se a torre aparecer ou não.
O médico estava sorrindo. E a partir desse sorriso, Jaehwan sentiu seus últimos dez anos sendo terrivelmente abalados.
“Não. Por favor, não. Não fale mais.”
O médico continuou.
— Enquanto eu registrava todas as suas histórias e as lia… Simplesmente me veio à mente. Talvez a torre que você está esperando seja…
Jaehwan então perdeu o equilíbrio e caiu, agarrando-se ao canto da mesa. O baque então balançou a mesa, derrubando pilhas de gráficos no chão. Eram os prontuários de Jaehwan. E com a tontura, Jaehwan caiu no chão. A voz do médico ficou turva como se Jaehwan estivesse debaixo d’água.
— Jaehwan! Você está bem?
Jaehwan jogou a mão do médico para longe. Ele estava olhando para os gráficos. Havia vários números mostrando a taxa de depressão. Havia gráficos que mostravam a quantidade potencial de suicídio e gráficos que mostravam a incapacidade de se adaptar à sociedade.
Jaehwan olhou para baixo perplexo.
Gráficos e números. Todas aquelas informações distorcidas começaram a girar em torno dele. Elas giraram e rodaram e continuaram falando com ele.
Jaehwan. Jaehwan. Jaehwan. Jaehwan.
Estava provando a si mesmo. Jaehwan, que não podia ser provado, agora só estava sendo provado por esses números. Isso o deixou enjoado. Ele sentiu como se fosse vomitar.
O que era esse sentimento?
Jaehwan então começou a vomitar. O médico continuou falando, mas Jaehwan não conseguia mais ouvir nada. E com o som de chamar uma enfermeira, Jaehwan pegou um dos prontuários e começou a rasgá-lo.
— Jaehwan!
Os gráficos foram rasgados. E das aberturas de vários números e gráficos, um certo vazio começou a girar. Havia um vazio que não poderia ser descrito por nenhum número ou gráfico. Enquanto Jaehwan rasgava esses gráficos, ele olhava para aqueles espaços vazios.
“Esse era eu. Eu estava lá.”
Era como uma ilusão. Jaehwan até esqueceu o nome daquele lugar.
Esse é… O mundo…
Mun…
Mu…