Foi apenas por um instante, mas Jaehwan viu a pedra. Com certeza era a [Pedra do Espírito Esquecido], mas com uma energia diferente. A energia começou a se expandir no corpo de JanYa e cresceu.
[HAHAHA! KAHAHAHA!]
A voz de JanYa distorceu e todas as suas veias escureceram enquanto seus músculos se expandiam. O poder dele de cerca de um Adaptado de quarto estágio foi aumentado quase duas vezes e superou o de um de quinto estágio. Em seguida, o corpo de JanYa se partiu do próprio tronco e uma boca gigante com dentes cruéis se abriu enquanto tentáculos começaram a se espalhar de dentro para fora.
[Então esse é o poder do Homem Morto!]
Homem morto.
Era isso que a pessoa virava quando a corrupção atingia o 100%. Era temido por todos que viviam no <Caos> e todo mundo considerava isso um destino pior do que a morte. Era a forma de um monstro que perdeu todas as memórias e ficou apenas com vontades.
[Minhas memórias…]
JanYa sentiu suas memórias sendo apagadas enquanto ele era deixado apenas com vontades simples. Ele agora estava livre de si mesmo. Agora estava livre para se jogar na tentação, na destruição. Ele agora estava no mundo.
[Então essa é a verdade do mundo!]
O mundo onde todos os humanos pareciam cadáveres. O mundo onde atributos e dados devoravam tudo como larvas. JanYa viu o próprio tentáculo e sentiu como se pudesse fazer qualquer coisa. Era engraçado que ele tivesse tanto medo de se tornar esse ser. Caso ele pudesse ver esse mundo, não importava se perdesse a humanidade dele.
— H-Homem Morto!
— CORRAM!
Os guardas começaram a fugir aterrorizados quando JanYa os pegou com os tentáculos e começou a se alimentar dos cadáveres. Ele então se virou para o homem.
JanYa riu e tentou estender seus tentáculos. Mas sentiu algo diferente.
Por que havia um “humano” nesse mundo?
JanYa olhou em volta, mas não havia humanos. Eram todos cadáveres. Entretanto, aquele homem ainda parecia humano. JanYa não conseguia acreditar. Aquele ser não deveria existir. Ele parecia um humano, apesar de dar a impressão de ser um homem, mas com uma presença muito mais forte do que a de JanYa.
JanYa tentou mover os tentáculos para matar o homem, mas eles não se mexeram.
Os tentáculos dele estavam tremendo. JanYa, estava tremendo. JanYa tentou atacar com toda sua vontade para aliviar seu medo e se libertar daquele ser.
O homem segurou a espada e apontou. Naquele momento, a visão de JanYa ficou distorcida. Uma energia poderosa passou na sua frente e ele sentiu o corpo inteiro sendo dilacerado enquanto o mundo virava de cabeça para baixo. Uma dor excruciante tomou conta dele e ele viu o próprio reflexo nos olhos do homem. Tentáculos rasgados choveram do céu.
“É como se o mundo tivesse acabado…”
E essa foi a última visão que JanYa foi capaz de ter.
[O que é você… Como conseguiu o poder dos Mortos…]
O espírito de JanYa permaneceu um pouco antes de se dispersar.
[Mas você não vai… Não sozinho…]
Então o espírito desapareceu em poeira. Jaehwan girou o ombro e franziu a testa.
“Eu não iria usar a ‘Estocada Normal” se possível.”
O rastro da estocada que penetrou JanYa distorceu o céu. Era como se o céu tivesse sido derrubado.
O que era ele?
Parecia que ele tinha se tornado um monstro chamado “Homem Morto” nesse mundo. O monstro que foi nascido de um espírito totalmente corrompido. Jaehwan estava surpreso. Todos os seres aqui mostraram a ele sua verdadeira identidade quando ele usava a [Suspeita] neles. Humanos se tornaram cadáveres enquanto monstros se tornaram objetos contaminados de emoções. Mas esse “Homem Morto” não mudou de forma. Isso significava que sua boca gigante e tentáculos eram parte de sua verdadeira forma.
Jaehwan decidiu voltar para a taberna. Ele não conseguiu nenhuma informação sobre o [Pesadelo], mas havia uma chance de que a taberna ainda tivesse aqueles que vieram com ele. Quando retornou, sentiu que algo estava errado. Carlton, Minora, e as outras funcionárias femininas ainda estavam no chão. Carlton parecia estar em uma condição especialmente ruim com sua asa de prata que agora havia desaparecido. Felizmente, ele ainda estava vivo, mas mal conseguia falar.
— Por favor… Alertem… O castelo…
A expressão de Jaehwan ficou sombria ao ver as veias escuras aparecerem no rosto de Carlton. Era semelhante ao sintoma que ele acabou de ver em JanYa. Parecia que Minora também estava na mesma situação. Jaehwan foi até Minora e perguntou:
— O que está acontecendo?
Minora mal abriu os olhos e falou:
— É a… Corrupção de espírito… A pior…
A respiração de Minora estava fraca. Jaehwan perguntou novamente:
— A corrupção não acontece por causa de não tomar o medicamento?
— Sim… Geralmente…
A Corrupção Espiritual era uma doença comum no <Caos>. Era fácil de lidar consumindo remédios feitos de bestas de chifres. Então Jaehwan achou estranho. Carlton tinha os mesmos sintomas e não havia como ele ter perdido o remédio. Só havia uma resposta. Algo havia corrompido a taberna inteira.
“Era por causa da fumaça preta?”
Minora já tinha desistido de tudo. Ela não podia mais usar o <Sistema de Interface>. Significava que o espírito dela estava corrompido e se tornar um “Homem Morto” era questão de tempo.
“Então, é assim que acaba…”
Ela então olhou atentamente para o rosto de Jaehwan. Suas feições distintas e o rosto desgastado da batalha refletiam quantas provações ele havia enfrentado até agora. Essa foi a primeira vez que Minora viu o rosto dele dessa forma.
— O que aconteceu com eles?
— Matei todos.
— Entendo.
Minora respondeu. Ela não aguentava mais abrir os olhos e sentiu sua energia se esvaindo.
— Não consigo enxergar bem.
— …
— Como estou?
— Suas veias estão pretas.
— Entendo…
Minora tentou falar. Não, na verdade, ela falou. Algo nela queria continuar falando com ele. Mas ela não conseguia entender o que estava realmente dizendo. Ela sentiu como se estivesse perdendo a cabeça, mas continuou falando. Suas veias escureceram ainda mais.
Jaehwan olhou para Minora.
— Pare. Não fale mais.
Jaehwan sabia o que Minora se tornaria. Essa mulher se tornaria o monstro que ele acabou de matar. E Jaehwan não sabia como salvá-la. A única coisa que ele praticou enquanto escalava a torre era matar. Minora então perguntou:
— Sei que não estou em posição de perguntar… Mas por favor, me faça um favor…
— Sim.
Minora sorriu amargamente.
— Me mate.