Tokyo Ravens – Volume 1 – Capítulo 4 - Anime Center BR

Tokyo Ravens – Volume 1 – Capítulo 4

Capítulo 4: Progênie dos Tsuchimikado

Tradução: Index Novel

 

PARTE 1

Harutora e Hokuto tinham se conhecido na primeira férias de verão após o começo do ensino médio.

Foi em um pequeno parque perto de uma estação de trem, sob um céu azul sem nuvens, ensolarado, e as folhas verdes brilhavam como esmeraldas na luz solar.

A primeira vez que ele viu Hokuto, ele fora incapaz de parar de olhar para ela. Ela se parecia com uma ídolo que ele gostava na época, e era quase da mesma idade que ele. Harutora observava à distância por um longo tempo, pensando em qual escola a menina ia.

A menina estava sentada sozinha em um banco do parque, e uma vez que ela percebeu o olhar de Harutora, se corpo se levantou repentinamente como uma mola. Ela arregalou os olhos na direção de Harutora e sua boca estava fazendo uma reação muito estranha. Afinal de contas, ele não sabia quem era essa menina.

Harutora sentiu que era muito estranho, e tentou se aproximar da garota. Percebendo, a menina rapidamente fugiu do parque, desaparecendo instantaneamente e sem deixar vestígios, deixando para trás o atordoado Harutora, fixadamente parado ~ esta fora a primeira vez que Harutora e Hokuto se viram.

Harutora acabou encontrando Hokuto novamente ~ Na verdade, “esbarrando” seria mais apropriado ~ dois dias após se verem pela primeira vez.

A partir de então Harutora sempre sentiu que havia uma pessoa o espionando. Ele não tinha esse sentimento quando estava em casa, mas quando saia pela rua, ele se sentia observado por trás. Mas cada vez que se virava, ninguém estava lá.

Ele virava-se com frequência, se perguntando se estava sendo seguido. Mas ele não esperava que estivesse sendo seguido. Ele notou a outra pessoa ao acaso. Na época, ele estava andando ao lado de um carro estacionado, e ele viu a figura de seu seguidor pelo espelho retrovisor do carro.

Era a garota que ele tinha encontrado no parque.

Ele virou-se reflexivamente, encontrando os olhos de Hokuto, que fora pega de surpresa. Hokuto fugiu, e ele correu atrás dela. Infelizmente, a velocidade de Hokuto era chocante, e sua figura desapareceu em momentos… Naquela época, uma coisa semelhante poderia acontecer a cada três dias, e não muito tempo depois, tornou-se a cada dois dias, e no final, isto se repetia todos os dias. Era o mais estranho relacionamento que Harutora tivera em sua vida.

Harutora perseguindo, Hokuto fugindo, e nos dias de hoje, juntos por períodos de tempo.

Por que ela me segue? Por que ela corre? Harutora ponderava, mas não podia entender, e só se sentia perplexo.

Mas em vez disso, esse sentimento desconcertante inflamava o espírito de luta de Harutora.

Pensou em vários planos, mas Hokuto via através deles. Antes que ele percebesse, ele já estava profundamente envolvido neste jogo de pegar. Ele nunca tinha passado uma férias de verão como essa, onde ele usava tanto seu cérebro, corria por aí, e suava tanto.

Dias sem sentindo, quentes, excitantes e cheios de mistério.

Ele absorveu-se na perseguição em que a luz solar do verão era nostálgica.

Mas no final, Harutora não pegou Hokuto nenhuma vez.

No último dia de férias do verão, ele decidiu mudar seus métodos. No início do dia, ele foi até o parque onde se conheceram, e esperou ali o dia todo. Ele não fez nada, só ficou no parque e esperou idiotamente, e ao fazê-lo, se perguntava se tinha enlouquecido. Ele suportou o tormento do calor, suando até que estava quase desidratado, mas o pensamento de ir para algum lugar para se esfriar nunca passou pela sua mente.

Hokuto apareceu ao anoitecer.

No instante em que o sol caiu sob o horizonte, no momento curto, quando a luz não tinha desaparecido completamente, quando o céu estava tingindo de um mágico índigo ~ A aparência determinada de Hokuto caminhou até Harutora, e ela abriu a boca como se estivesse indo para falar com ele.

Mas Harutora falou primeiro, antes que ela fizesse qualquer som. “Você não precisa dizer nada, a vitória é sua.”

Ela fechou a boca, os olhos dimensionando Harutora, como se estivesse especulando o significado de suas palavras.

“Eu não vou te pegar, mesmo no final, então eu acho que você provavelmente não quer que as pessoas saibam sobre você, certo?”

Hokuto ficou em silêncio com um rosto estranho, mas Harutora estava radiante com um sorriso.

“Você é loucamente rápida para uma menina. Mas deixe-me dizer-lhe, pelo menos o meu nome. Eu sou Harutora.”

Levantou-se do banco, estendendo a mão.

Hokuto olhou fixamente para a mão de Harutora como um pequeno animal olhando a comida, e então seus olhos ~ seus ligeiramente abaixados e grandes olhos ~ gradualmente brilharam.

Ela silenciosamente estendeu a mão, tocando timidamente a mão de Harutora, e então balançou a mão com firmeza.

Depois, um sorriso ingênuo floresceu em seu rosto ~ que fez Harutora desejar ver mais vezes no futuro.

Harutora mal entendia Hokuto. Uma menina misteriosa ~ Touji tinha chamado Hokuto disso, mas Harutora não se importava, desde que, no final, Hokuto estivesse ao seu lado.

Naquele dia de final de verão, com o outono dando as boas- vindas, e após chegando o inverno, um ano se passou. O segundo ano se passou, e os dois ficaram como estavam. Touji se juntou durante o terceiro ano, e os arredores de Harutora ficaram ainda mais animados.

A menina misteriosa e o delinquente juvenil ~ Todos pareciam se dar muito bem, e Harutora estava satisfeito.

Assim, ele não queria destruir a relação dos três. Então ele queria que ficasse sempre assim.

Isso seria muito bom. Ele pensou.

PARTE 2

Harutora correu na reta estrada, á noite.

A forte chuva não parou, e trovões começavam a estrondar, e relâmpagos cortavam a noite.

Sem se importar com o tempo horrível, Harutora tinha corrido sozinho da área de construção que havia se transformado em um campo de batalha mágica.

Ele correu para perseguir Suzuka.

Ao mesmo tempo, ele corria para parar Suzuka.

Sua mente estava em branco e ele não podia pensar em nada, só correndo para frente. Sua respiração era irregular, e seu coração parecia que estava rasgado, uma dor intensa arruinava todo seu corpo.

Ele havia entorpecido a dor com um talismã de cura para o tratamento de feridas e fadiga, e cada vez que ele falhava, ele mudava para um talismã novo, mas nunca parava sua corrida.

Estava escuro ao redor, as luzes da rua de ambos os lados brilhavam fracamente. Ele quase não podia ver a estrada sob seus pés nesta chuva torrencial. A estrada estendia-se na escuridão, e ele só podia ver vagamente a parte à sua frente. Ele tinha esquecido há muito tempo quanto tempo já havia passado, e ele não sabia o quão longe tinha corrido, e tudo que ouvia ela os estrondosos trovões e o som de seus suspiros ofegantes. Ele constantemente corria, corria pela chuva, que atravessava a noite, passando por relâmpagos, movendo-se para frente em uma estrada desconhecida.

Ele não parou de correr.

Sua mão agarrou o talismã que Hokuto deixara cair após desaparecer.

Ele fez um esforço para não pensar em Hokuto, e talvez isso poderia ser a razão de continuar correndo, para manter sua mente longe dela, para fazer esses pensamentos irem embora.

Seus pensamentos, inadvertidamente, desapareceram junto com a sua respiração caótica, mas quando ele tropeçou, caindo na estrada, suas memórias retornaram, uma por uma, como gêiseres, tornando-o incapaz de deixar de recordar os velhos tempos.

A aparência de Hokuto nunca tinha mudado desde a primeira vez que se encontraram. Seu corpo era magro, mas tinha um corpo e braços incrivelmente fortes, em contrapartida. Ela era rápida com os pés, e ela podia até vencer Touji em uma corrida. Ela não gostava de falar de si mesma ~ Nunca tinha ouvido falar de sua família ou amigos.

Só então, quando ela tinha sido ferida, mas não vazara uma única gota de sangue, ela tinha bloqueado a perna de aço da aranha e ao mesmo tempo lançado uma magia. Ela havia desaparecido como fumaça quando estava deitada nos braços de Harutora, deixando para trás suas palavras para que Harutora fugisse. Ela não tinha se tornado um cadáver, mas um talismã Shikigami.

E pensar que poderia acontecer tal coisa.

…Droga.

Harutora estava fora de si, gritando “Sua idiota” com seu coração.

…Por que ela era um Shikigami?

O pensamento “Aquela era uma Hokuto falsa, e a verdadeira está em outro lugar” surgiu mais de uma vez, mas ele não podia se enganar assim. “Eu menti para você… me desculpe por sempre ter enganado você.” Hokuto tinha dito.

Será que tudo tinha sido falso? Sua existência havia sido falsa, e suas memórias também eram falsas?

Toda vez que ele estava com ela, cada palavra que dissera, tudo tinha sido uma mentira ~ Será que ele havia mentido?

Se eu tenho mentido para…

Se a existência de Hokuto tinha sido uma mentira desde o começo, se ela nunca existiu…

Talvez ela não esteja morta?

“…Harutora, eu te amo.”

Um raio brilhou, e um trovão rugiu.

Ele queria gritar o mais alto que podia, mas sem fôlego, como estava, ele não conseguia nem gritar as palavras de seu coração. Então, ele caminhou em frente, apenas correndo, correndo adiante ~ Correndo desesperadamente, pensando em correr até os confins da Terra.

Chuva. Noite. Relâmpagos. Trovões.

Sua visão ficou embaçada, sua consciência desapareceu, e ele não podia mais sentir o movimento de suas pernas, como se seu corpo há muito tivesse gasto sua energia e só continuava funcionando devido ao apoio de sua alma.

O apoio de sua alma…

Um relâmpago dividiu a atmosfera, seguido por um trovão, e o ar balançou intensamente.

Certo, onde a alma de Hokuto está? Ela também tinha uma alma, certo? Se ela tinha ~ Se o Shikigami também tem alma, ele queria vê-la novamente, mesmo que fosse uma farsa. Tudo ficará bem se eu a ver, eu quero perguntá-la claramente e compreender. Se sua alma estiver vagando por algum lugar agora~

Então…

Harutora parou.

Ele não sabia quanto tempo ele tinha corrido. Quando ele voltou a si, ele não via mais as luzes dos lados da estrada, já que apenas a chuva continuava caindo no mundo que parecia que as luzes tinham desaparecido.

No final da escuridão, pelo outro lado, havia um distorcido e fraco ponto de luz que brilhava fracamente.

Parecia uma alma. “…Hokuto?”

A voz rouca veio de sua boca. Mas não era uma alma.

Era a luz de uma lanterna. Harutora sabia que tinha chegado a seu destino.

Havia uma estrada secundária para frente, o que o levou até uma rampa suavemente inclinada que acessava o morro atrás dele. Havia degraus de pedra na direção oposta a encosta ao lado da estrada, e lá estava o telhado de um santuário de madeira de aparência antiga ao lado dos degraus de pedra, com uma lanterna pendurada no telhado, emitindo uma luz enevoada.

Um raio brilhou, iluminando a lanterna sob o telhado.

O brasão de pentagrama da família estava impresso na bandeira ~ Junto com a palavra “Tsuchimikado”.

Harutora levantou no meio da noite, recuperando o fôlego e olhando para a luz. Em seguida, ele se aproximou como se para afastar a escuridão.

Ele estava ao lado da lanterna, olhando para os degraus de pedra. Os passos precipitados deram a impressão de uma subida eterna na escuridão. Misturando-se as árvores escuras e densas de cada lado. Dois pontos de luz brilhavam como uma miragem no topo, a luz de lanternas.

Harutora subiu os degraus de pedra.

A força da chuva enfraquecera, o som das folhas das árvores tremendo cresciam cada vez mais ruidosas.

Ele deu um passo até as escadas de pedra, um após o outro, subindo passo a passo. Ele se aproximava mais do céu noturno a cada passo.

Ao redor, nuvens escuras e ofuscantes relâmpagos. Ele alcançou o topo da colina.

Havia uma porta exterior no final da escada de pedra, com lanternas similares em cada um dos lados.

Ele abriu a grande porta externa.

Do outro lado da porta estava a mansão da família principal da família Tsuchimikado, como se escondida da noite escura.

“…”

Ele não vinha aqui há um longo tempo. Não havia luz elétrica no interior, e não parecia que havia alguém em casa, mas havia uma presença viva, como se a própria mansão estivesse discretamente respirando.

Teria Natsume chegado em casa com segurança? Assim, uma ligeira ansiedade cresceu no coração de Harutora…

“…Feche a porta, estou no quarto Bellflower…”

Por um momento, ele pensou que tinha ouvido errado. Mas, ele não havia se enganado. Uma borboleta voou para o nariz de Harutora que olhava a mansão, e uma voz pura levou Harutora através desta atmosfera assustadora.

A borboleta era um Shikigami, e a voz de agora fora de Natsume.

Ela realmente tinha feito isso em casa.

Harutora segurava firmemente o talismã Shikigami em mãos, seguindo a borboleta dançante pela mansão.

PARTE 3

Ele caminhou para a entrada, passando pelo corredor.

Ele estava um pouco preocupado sobre entrar todo molhado na mansão, mas os arredores eram escuros, e seria difícil para ele acender uma luz, e muito menos então encontrar uma toalha para secar-se. Apenas a borboleta que liderava Harutora brilhava na escuridão. Ele seguiu a borboleta, confiando em suas memórias de como era dentro da mansão.

Depois de caminhar por um tempo, ele viu uma luz fraca que brilhava através da abertura de uma porta de correr no final do corredor.

Era uma sala de piso de madeira, camada “Sala Bellflower” pela família Tsuchimikado. A borboleta flutuava na frente da porta deslizante, e a porta de correr foi aberta por Harutora.

A luz que derramava para fora da sala era a luz de velas.

O quarto tinha cerca de doze tatames, e havia um altar dentro, criado com um Yorishiro, Sakaki, e Gohei para a adoração. Havia também vários instrumentos à sua volta, os rolos pendurados com encantamentos escritos neles, e várias velas no altar com suas chamas balançando suavemente, produzindo a pouca luz da sala.

O interior do quarto exalava um odor de mofo misturado com o cheiro do calor e de chuva, mas, ao mesmo tempo, ele podia sentir o elegante cheiro derivado de incenso.

Natsume estava sentada no centro da sala.

Harutora estava um pouco surpreso. Natsume tinha tirado suas roupas casuais, mudando para o hakama japonês, branco e vermelho, como uma pura donzela de um santuário, ajoelhando-se e preparando um talismã que havia sido colocado no chão. A borboleta voou até Natsume, parando no chão e voltando para o pequeno talismã Shikigami.

“…Natsume.”

Natsume levantou levemente a cabeça, ouvindo Harutora chamando de fora. Seu cabelo preto deslizou silenciosamente à luz alaranjada das velas piscantes.

O Shikigami borboleta parecia um simples Shikigami manipulado por Natsume, em outras palavras…

“Seu poder espiritual foi recuperado?”

“Sim. Não deve haver problemas para esta noite, embora não tenha recuperado completamente.”

“Então você quer dizer que você vai guardar o altar?”

“…”

Natsume não tinha resposta. Essa resposta mostrou ainda mais claramente sua determinação em ir.

Ele ficou em silêncio dentro do quarto, embora o som da chuva do lado de fora fosse fracamente audível. O quarto foi permeado por uma atmosfera de isolamento do mundo exterior.

A área parecia como se estivesse coberta por uma barreira de tranquilidade, e dentro desta barreira, o passar do tempo só era mostrado pela oscilação da luz das velas e o som da queima do incenso.

“…Harutora-kun, você foi ferido? Você parece machucado…”

“Ah, eu estou bem, eu só estou assim porque vim correndo para cá.”

Natsume parecia surpresa ao ouvir essas palavras. Ela mostrou sua surpresa, balançando a cabeça e tomando uma toalha, colocada de lado para dar a Harutora. Harutora pegou a toalha, infinitamente grato.

“…Desculpe-me por tê-la feito voltar para casa sozinha nesse tipo de situação.”

Harutora coçou a cabeça com a toalha, pedindo desculpas a Natsume.

Natsume rapidamente falou com um tom firme, como se censurando-lhe: “Eu sei.”

“O motorista me contou sobre a situação daquele momento. Quando acordei no carro, eu estava realmente com medo… eu não poderia me acalmar depois de ouvir a explicação do motorista. Falei com você no café, assim por que você veio aqui?”

Ela parecia realmente brava, suas palavras farparam como de costume.

Agora, Harutora estava grato, do fundo do coração, pelo sermão de Natsume. Ele tinha acabado de ouvi-la no café, mas se sentia anormalmente diferente agora.

Um sentimento amargo de autodepreciarão atravessou seu peito, mesmo que pouco.

Se ele não tivesse vindo aqui, Hokuto não teria morrido, e os dias que foram agora para sempre perdidos poderiam ter continuado.

“…Eu sou realmente inútil.”

“…”

Harutora murmurou impotente, e Natsume apertou os lábios inadvertidamente, com raiva.

Então, seu semblante relaxou um pouco.

“Você não ficou para trás para saber quem ganharia, se a ‘Prodígio’ ou os Investigadores Mágicos? Julgando por sua aparência, parece que não foi um bom resultado.”

“…Sim …”

Harutora respondeu estupidamente, sentando pesadamente no chão.

Ele não estava com vontade de olhar para Natsume, deixando a toalha em sua cabeça lhe cobrir o rosto, e recontou a batalha mágica que acabara de presenciar.

A derrota dos Investigadores Mágicos. Suzuka convocar o “Soldado Encouraçado Demoníaco”. O conteúdo de sua conversa com Suzuka, e toda a história que ele havia tido, tentando persuadir Suzuka.

Embora ele estivesse hesitante, ele ainda falou sobre o evento com Hokuto.

Para evitar uma longa história, ele falou de tudo que ele tinha testemunhado de verdade.

Assim como o que acontecera com um de seus importantes amigos. Harutora.

Natsume escutou em silêncio, sem interromper as palavras de A vela queimava atrás, e as sombras caíram em seu rosto.

Sombras obscuras balançavam em seu lindo rosto, e seus olhos brilhavam com um misterioso brilho.

O olhar de Natsume não se alterou desde o início, e ela calmamente ouvia tudo, acenando apenas quando Harutora terminou de falar.

“…Entendo, ela convocou um ‘Soldado Encouraçado Demoníaco’…”

“Você sabe sobre isso?”

“Só o nome. Ela provavelmente tomou o Shikigami que estava sob custódia para fins de pesquisa. Ele originalmente não era um Shikigami que apenas uma pessoa pudesse manipular… Digna da ‘Prodígio’.”

Natsume falou baixinho, e seu tom de voz era extraordinariamente gentil, talvez preocupada com os sentimentos de Harutora.

“Existe uma maneira de derrotá-lo?”

“Eu não sei, tudo que sei é que seria extremamente difícil.”

“…Mesmo assim, você está indo para exercer sua ‘responsabilidade’?”

“…Certo.”

Natsume respondeu com um tom claro, breve, sem um traço de hesitação.

A similaridade da idade de Natsume o irritava por isso. Por que Natsume era tão diferente dele? Quando eles eram pequenos, Harutora sempre tinha assumido a liderança, mas agora ela já estava tão forte.

Sua responsabilidade como um membro da família Tsuchimikado. Seu dever como a herdeira.

Mas, era isso?

Por que Natsume era tão forte, e por que ela firmemente mantinha sua “responsabilidade”??

Poderia ser porque ela era a reencarnação…?

…Tsc.

Harutora fechou os olhos com força, balançando a cabeça, jogando fora a sua confusão.

Ele nunca tinha sido alguém para manter as coisas em segredo. Ele fez sua decisão, tirando a toalha sobre a cabeça e olhando para Natsume. Natsume piscou surpresa com o brusco movimento de Harutora.

“O-O que foi? Deixe-me começar a dizer que o que você disse, seja o que for, não me impedirá de defender meu dever como herdeira. Esta é minha responsabilidade, já que eu sou um membro da família Tsuchimikado.”

“…É isso?”

“Huh? Ó, é claro, porque o ritual Taizan Fukun é uma cerimônia perigosa, e-eu não posso permitir…”

A voz de Natsume tornou-se cada vez mais fraca, sob a pressão do firme olhar de Harutora.

“Natsume, você é presa sobre essa ‘responsabilidade’ porque você é a reencarnação de Yakou, certo?”

Harutora perguntou, com ambos os olhos fixos em Natsume. “Ha…”

A reação de Natsume foi intensa.

Seus grandes olhos amendoados piscaram, e seu choque momentâneo rapidamente desapareceu, seu corpo inteiro mostrando uma presença firme, mas não afetada.

Ela endireitou as costas, um olhar sincero surgiu em seu rosto. Talvez ela sempre tivesse temido, mas há muito conhecido que seria feito a ela esta pergunta.

Ela olhou para o rosto de Harutora, lhe respondendo.

“…Harutora-kun, eu também não sei se sou a reencarnação de Yakou.”

Harutora acenou com a cabeça ao ouvir a resposta de Natsume. Harutora estava sério. Desde que sua amiga de infância tinha escolhido responder aquela pergunta presunçosa de forma sincera, ele tinha que mostrar a mesma sinceridade.

“Você não tem lembranças relacionadas com Yakou?”

“Exato. Além do mais, a magia atual não pode provar se Yakou foi verdadeiramente reencarnado ou não, nem pode saber se sou a sua reencarnação… Você ouviu os rumores sobre mim?”

Natsume estava marcada. Harutora balançou a cabeça, fazendo um som “Nnn”.

“Na verdade, eu só soube do boato hoje, então não sei muito sobre isso.”

“Eu não sei sobre quantas pessoas sabem sobre isso ou quantas pessoas realmente acreditam. Perguntei ao meu pai, mas ele se recusou a me dizer. Mas, esse boato já estava por perto no momento em que eu nasci.”

“No momento em que você nasceu? Não se espalhou depois das pessoas presenciarem seu incrível talento?”

“Exato, meu talento não é muito. Não se engane, eu considero o meu esforço como extraordinário, e sou uma pequena celebridade. Honestamente, o boato se espalhou em um alvoroço por causa disso… Pelo menos,  pelo  que   eu   sei,   existem  apenas  rumores  sobre  eu   ser   a reencarnação de Yakou.”

“…Entendo …Então é assim.”

Harutora murmurou, respondendo de forma ambígua.

Ele só havia aprendido sobre o segredo se sua amiga de infância agora. Natsume não era simplesmente uma sucessora da família principal, o peso da “reencarnação de Yakou” tinha a acompanhado desde o dia em que nascera.

Lembrou-se das palavras que ela tinha dito para Suzuka. “Toda sociedade vai levantar a voz para condenar o seu irmão ~ e não apenas a Agência Onmyo, e ele terá que viver lamentavelmente assim…” O que lhe doía era, que aquelas palavras também não poderiam ser aplicadas para Natsume?

“…Nascida na família principal Tsuchimikado, eleita a herdeira da família, a possível reencarnação de Yakou~. Então é por isso que eu não posso deixá-la ir. Se eu deixá-la ter o que deseja, seria basicamente negar minha própria existência e minha posição.”

Natsume deu um sorriso vazio depois de dizer isso. Ela sorriu como se soltasse o peso dos ombros, com franqueza e sinceridade.

Mas, foi um sorriso auto-zombeteiro em seu rosto.

“…Você poderia dizer que eu não tenho um ‘eu’. Minha posição é complicada, e eu não tenho nenhuma vontade ou desejos de minha autoria, e talvez eu seja uma forma cruel de um Shikigami.”

“Natsume…”

O sorriso vazio no rosto de sua amiga de infância picava profundamente o coração de Harutora.

Um Shikigami sem alma, apenas com corpo. Essas palavras convocavam a imagem de Hokuto no cérebro de Harutora.

Hokuto era um Shikigami. Mas ele nunca teria acreditado que Hokuto não tinha uma alma.

Uma pessoa como um Shikigami, um Shikigami como uma pessoa.

No entanto ~

“Eu realmente não entendo.”

“…Huh?”

Natsume estremeceu de surpresa ~ porque o olhar de Harutora estava ferozmente fixado nela.

“Eu realmente não entendo, qual a grande diferença entre Shikigamis e seres humanos? Hokuto que mencionei há pouco, na verdade, era um Shikigami. Mesmo assim, Hokuto é Hokuto. Com você é o mesmo, certo, Natsume? Você é você mesma. Ou você está dizendo que todo esse tempo que eu te conheço foi uma mentira? É tudo imaginário?”

“Há-Harutora-kun…”

Harutora ficou irritado com a língua presa de Natsume ~ “Não.” Ele continuou a falar.

“Se tudo era uma mentira, então qualquer coisa, desde que eu sou um idiota e não entendo a verdade, seria mentira ~ Mais importante, verdadeiro ou falso, falso ou verdadeiro, a parte mais importante é que você existe, não é?”

Harutora colocou esforço em falar seus verdadeiros pensamentos, e metade dessas palavras foram ditas para si mesmo.

Enquanto ele corria, uma dúvida o atormentara infinitamente. Ele havia finalmente escolhido olhar para esta dúvida de frente, pensando com cuidado, e aceitando a resposta que ele tinha.

Antes que ele percebesse, ele próprio estava com os olhos úmidos.

Desde que Hokuto tinha desaparecido, esta era a primeira vez que ele tinha chorado. Algo queimava saindo de seu corpo congelado, deslizando por seu rosto.

“Harutora-kun…”

Mesmo que Natsume não soubesse o que estava errado, seu olhar ainda apontava firmemente para Harutora.

Ela não desviou o olhar de preocupação para os sentimentos de Harutora. Ela olhava para ele hesitante, tropeçando, mas comovendo seu amigo de infância confuso, como se estivesse dizendo a si mesma que não poderia evitar seu olhar.

Harutora tinha feito essa garota se preocupar. Obrigou-se a sorrir, enxugando as lágrimas.

“Eu, em todo caso, como você, posso dizer que não tem um ‘eu’. Você é teimosa e sempre fica zangada, e você sempre faz sermões ~ Você vai negar isso por causa de sua posição, então? Você estaria mentindo, e quanto você pode mentir para si mesma?”

“Eu… Eu não estou…!”

Natsume abriu a boca para negar. Suas bochechas estavam coradas, mas ela não refutaria fortemente, de modo que parecia que ela realmente tinha alguma autoconsciência.

Harutora sorriu sem esconder que se sentia um pouco bem humorado. Natsume, cujo olhar cruzou com o dele, também foi infectada pelo seu sorriso, mostrando um leve.

Ele percebeu a distância entre ele e Natsume diminuindo.

Quando os dois estavam juntos ~ Ela sempre fora a menina que seguia Harutora, ouvindo cada palavra sua.

Depois de entender muitas coisas, aquela menina de antes, a menina na frente dele se sobrepôs na mente de Harutora. O passado e o presente se fundiram em um só, e a amiga de infância originalmente esquecida agora estava mais clara do que nunca em seus olhos.

“…Mas, eu tenho que dizer. Nascer na família principal Tsuchimikado, eleita a próxima herdeira, a provável reencarnação de Yakou ~ isso não é tudo, mas apenas uma parte de você. Você está incomodada por não ter um ‘eu’, teimosa, sempre ficando zangada, sempre dando sermões… Esses são todas facetas de você, e há definitivamente muitas outras que eu ainda não conheço, e vão continuar a aumentar no futuro. A completa Natsume só é feita somando todas as partes em um conjunto.”

Harutora falou, balançando a cabeça para Natsume.

Natsume encarou sem piscar, fazendo um sincero barulho suave de “Nn…”

Harutora originalmente não sabia que Hokuto era um Shikigami, mas mesmo se ele soubesse sua identidade, a ex-Hokuto não iria simplesmente desaparecer assim.

Natsume era o mesmo. Mesmo que ele soubesse sobre os rumores com ela, sua amiga de infância era irritável e obstinada. Natsume não iria simplesmente desaparecer. Além disso, não era Natsume que estava agora na sua frente?

O incenso dez um barulho sutil à luz das velas. Harutora exalou profundamente.

Ele fechou os olhos, endireitou as costas e ficou rente. “Natsume, eu tenho uma coisa que quero lhe pedir.”

O tom de Harutora era sério, e Natsume entrou em alerta, com o rosto voltando a se tornar tenso.

“…Não adiante, mesmo que você me pare, eu ainda irei ao altar, porque esta sou ‘eu’.”

“Eu entendo isso, e não vou te parar. Isso não é o que quero pedir.”

“? Eu… Eu também não vou permitir que você venha comigo para o altar, para persuadi-la. Eu sou grata por você estar preocupada comigo, mas trazê-lo ~”

“Natsume.”

Harutora interrompeu Natsume, dizendo seu pedido. “Me torne seu Shikigami.”

 

Natsume estava sem palavras, chocada.

O olhar de Harutora era sério, e repetiu-o novamente. Ele afirmou claramente as palavras que tinha acreditado nunca dizer ~ as palavras que ele tinha contemplado por muitos anos.

“Por favor. Me torne seu Shikigami agora.”

Ele só podia fazer isso, Harutora repetia dentro de seu coração.

Natsume não planejava trazer alguém de fora para o local de uma batalha mágica, mas desde que ela tinha resolvido se sacrificar por sua responsabilidade com a família Tsuchimikado, era impossível ela ignorar Harutora enquanto trazia à tona a tradição da família secundária. Harutora queria atuar em conjunto com Natsume, essa era a única opção.

Natsume congelou, com a voz presa.

Seu pescoço estava rígido, e seus olhos arregalados, olhando o rosto de Harutora. Ela ficou atordoada por um tempo antes de se forçar a mover seu olhar em direção ao chão.

“…Você ainda se lembras?”

“? …Huh. Claro. Você também me chamou de mentiroso~”

“…Em outras palavras, você entendeu o significado por trás dessas palavras?”

“Claro…”

Só então, Natsume se levantou ferozmente com um barulho. Harutora quase saltou de surpresa, levantando a cabeça para olhar sua amiga de infância.”

O cabelo preto de Natsume estava confuso, e seus olhos encaravam ferozmente Harutora como se fossem expelir chamas.

“…Nesse caso, por que, por que você agora…!”

Por causa da sua agitação excessiva, ela não conseguia nem falar claramente.

Seus lábios se apertaram, com as mãos fechadas em punhos, os dedos clareando de tanta força. Ela virou-se de costas para Harutora, como se estivesse com medo de continuar olhando, como se ela não seria mais capaz de controlar suas emoções.

A luz das velas iluminava maciamente o perfil de sua amiga de infância.

Suas costas vestidas de branco balançavam intensamente. Harutora não conseguiu dizer nada por um tempo, já que ele não esperava Natsume ter uma reação tão intensa.

Mas…

Natsume, você…

“Por que você só diz isso agora?”

Essas palavras esfaquearam dolorosamente o coração de Harutora.

Natsume sempre tinha tido a responsabilidade de uma herdeira da família Tsuchimikado, e não só isso, como os rumores de reencarnação de Yakou sempre importunaram ela. Nesse tipo de situação, Harutora tinha concordado em se tornar Shikigami de Natsume, mas, em seguida, tinha quebrado o acordo por sua própria vontade.

De qualquer forma, eram apenas crianças brincando… Ele não pôde deixar de reconhecer que a sua atitude em relação ao assunto tinha sido muito irresponsável.

Mas, Natsume era diferente. Ela suportou a pressão em torno dela, firme em suas crenças, continuando a esperar.

A reprovação de “Mentiroso” que Natsume tinha feito era para Harutora se sentir culpado, mas ele nunca tinha pensado sobre que tipos de sentimentos Natsume estava levando indomavelmente enquanto derramava lágrimas e o chamava de mentiroso.

Então… É por isso que ela me criticou…

Talvez ela tivesse falado a verdade, e ele realmente estava fazendo-o tarde demais.

Mas, mesmo que fosse tarde~

Mesmo que fosse tarde, ele não podia voltar atrás. “…Ouça-me, Natsume.”

Harutora endireitou as costas, prometendo.

“Eu realmente gosto da minha vida atual. Vou para escola todos os dias e passo meus dias de forma normal e ociosa, e eu gosto disso. Desde que eu não sou um espírito-vidente, meus pais não se queixaram tanto, e desde que eu tinha amigos que estavam relaxados como eu, eu pensei que seria bom continuar desta forma.”

Ele falou calmamente para as costas de Natsume. Ele reorganizou as palavras que havia dito a Hokuto enquanto falavam disso.

“Agora, eu finalmente entendo isso, eu acho que finalmente chegou a hora.”

Quero vingar Hokuto. Eu quero parar Suzuka.

Eu quero fazer o que eu puder ~ mesmo que eu tenha pouca força ~ para proteger Natsume.

O coração de Harutora só realizava estes pensamentos.

“Então, Natsume, me torne seu Shikigami, e eu vou tomar a responsabilidade que eu deveria.”

Por favor. Harutora solicitava para as costas de sua amiga de infância. corrija-o.

Ao fazer o que se acredita estar certo, se cometer um erro,

Neste mundo complicado, isso poderia ser infinitamente difícil, mesmo que parecesse simples. Mas no final, não havia outros que não o enfrentassem com trabalho duro.

Experimente e tente novamente, e continue a falhar.

E depois de pensar sobre isso novamente, encontre sua própria resposta.

Depois de um longo tempo…

As costas de Natsume já não tremiam, e seu corpo gradualmente relaxou.

Ela calmamente gritou. “…Bakatora.”

“Huh?”

Natsume tinha chamado silenciosamente e furtivamente, e ao ouvir Harutora perguntar sobre isso, ela simplesmente respondeu.

“…Nada.” Lentamente se virando para encarar Harutora.

Cabelos negros. A vestimenta da donzela vestida de branco balançou quando ela se ajoelhou diante de Harutora.

“…Tem certeza?”

“Sim.”

“Você vai se tonar um Shikigami ~ meu ~ Tsuchimikado não só agora, mas para toda vida, você entende?”

“Sim.”

Seja humano ou Shikigami, Tsuchimikado Harutora era Tsuchimikado Harutora, e os dias que ele desfrutara no passado não desapareceriam.

“Eu não vou mentir de novo.” Harutora disse. Natsume fechou os olhos ao ouvir essas palavras.

Após um período de silêncio, os cantos de sua boca subiram em um leve sorriso, e seus olhos se abriram.

“…É claro que um Shikigami será punido, se desobedecer a seu mestre, depois de tudo.”

Enquanto Natsume disse isso, ela olhou para Harutora para mostrar um olhar que transmitia ternura e ferocidade. Harutora nunca tinha visto aquela expressão antes, e seu coração acelerou.

Então, seu olhar ficou sério.

“Compreendo então~. Harutora-kun, eu vou nomeá-lo agora como meu Shikigami.”

Natsume declarou solenemente, atingindo-lhe a mão em sua roupa e tirando uma pequena faca. Harutora recuou, surpreso com este movimento repentino.

A luz das velas dançava sobre o aço.

Natsume trouxe a pequena faca aos seus lábios, beijando levemente a faca e deixando a lâmina ao longo de seus lábios.

“Na-Natsume?”

“…Feche os olhos.”

O tom de Natsume era sério, e sangue molhou seus lábios cor de rosa. Mesmo com sua ansiedade incrível, Harutora seguiu suas ordens e fechou os olhos.

O som da faca sendo colocada no chão chegou aos seus ouvidos juntamente ao som suave de roupa esfregando contra si mesma, e então sentiu Natsume avançar. Seus batimentos cardíacos aumentaram ainda mais, e ele segurou os olhos, fechando-os fortemente.

Em seguida, ele ouviu Natsume murmurando.

Um encantamento.

A voz clara de sua amiga de infância, parecia nítida como lendo uma oração, trazendo uma melodia antiga. Era uma melodia estranha que fez sua cabeça girar, mas sentindo sua cabeça cristalina. Sua voz tornou-se dedos de desenhos no corpo de Harutora e entraram nele.

“…Até o nome do antepassado Abe No Seimei, você, Tsuchimikado Harutora, torna-se Shikigami meu, Tsuchimikado Natsume…”

Natsume terminou o encantamento com um tom extremamente grave.

Era isso? Harutora se perguntou, mas na verdade não tinha terminado. Sentiu dedos finos levemente segurando suas bochechas, e estes eram dedos reais, e não apenas os que sentira antes. Então, ele sentiu rapidamente a abordagem de Natsume.

Os lábios delicados tingidos de sangue se aproximaram dele.

Eles estavam bem na frente do seu olho esquerdo. Natsume segurou o rosto de Harutora no lugar com as duas mãos, beijando o olho esquerdo fechado de Harutora. O corpo de Harutora enrijeceu ao perceber isso.

A partir de uma distância de menos de 10 centímetros de Harutora, um sorriso silencioso floresceu nos lábios de Natsume, sua língua lambendo o corte feito pela faca.

Sua língua sangrenta chegou timidamente perto, tocando a bochecha de Harutora bem abaixo do olho esquerdo.

Sentia arrepios brotarem de seu corpo.

Sua mente focou completamente naquela pequena, úmida e macia sensação. Natsume lentamente moveu a levemente a língua, traçando um padrão.

Um pentagrama.

Era um padrão mágico que representava os cinco elementos do Yin e Yang, conhecido no Onmyodo como “marca da estrela”, “A flor de Marcos Seimei”, ou “Marcos Seimei”. Depois de seu usado por Abe No Seimei, que mais tarde se tornou o originário da família Tsuchimikado.

Sua presença ficou em seu rosto. Ela não tirava a língua do rosto, enquanto traçando lentamente e cautelosamente o pentagrama, e ela só puxou a língua se seu rosto quanto tinha verdadeiramente desenhado todo o padrão do pentagrama.

Um pouco de saliva misturava-se ao sangue que se estendeu entre eles, e o rosto de Natsume avermelhou instantaneamente quando percebeu, apressadamente removendo-o. Harutora quase parou de respirar durante esse tempo.

A bochecha esquerda de Harutora tinha um pentágono recém- criado, logo abaixo do olho esquerdo.

“…Está feito.”

“…O-Obrigado…”

Sem nunca ter pensado que este tipo de cerimônia era necessário para se tornar um Shikigami, o coração saltitante de Harutora não podia se acalmar, e ele não se atreveu a olhar diretamente para o rosto de Natsume.

Natsume voltou, gritando. “…Harutora-kun.”

“S-Sim.”

“Com isso, você é meu Shikigami.”

A luz da vela cintilou enquanto brilhava no escuro ligeiramente úmido.

Seu rosto ainda estava vermelho, com a cabeça olhando para cima. Ela falou essas palavras como se estivesse saboreando uma fruta que finalmente tinha posse.

De repente, Harutora pensou em sua infância há muito tempo, e se sentia inquieto, como se tivesse engolido um doce do tamanho de um punho.

Pesado, doloroso, e incapaz de cuspi-lo.

Uma sensação doce e perigosa.

Harutora estava em um torpor distraído, e Natsume tossiu. “Bem… Harutora-kun, você pode ver?”

Natsume escondeu sua timidez, mudando de assunto. Harutora estava profundamente intrigado, e ele não percebeu a mudança até que estava prestes a perguntar.

Ele viu.

Ele saltou de surpresa. Ele viu a aura clara irradiando de todo o corpo de Natsume. Não, não estava certo dizer que ele podia vê-lo, mas ele podia sentir a aura.

A cena refletida nos seus olhos era diferente de antes, e seus olhos ainda não conseguiam ver a cor ou forma da aura de Natsume, mas ele sabia. Ele podia perceber com um sentimento diferente da visão que havia aura lá.

“Isso, isso seria…?”

“Certo, eu usei uma magia para te fazer um espírito-vidente. Você pode vê-lo, certo? Então foi um sucesso.”

Harutora não podia deixar de ficar chocado, boquiaberto.

Ele olhou estupefato com sua amiga de infância que ainda estava um pouco envergonhada como se fosse a primeira vez vendo-a. Natsume se encolheu ainda mais por estar sendo observada de forma tão aberta.

“Isso é ser um espírito-vidente?”

O processo era muito mais simples do que pensava. Ou deveria dizer que o poder de Natsume era marcante? O talento tinha perturbado Harutora por muitos anos e agora ele estava alojado em seu olho esquerdo.

“…Linda.” “L-Linda?”

“Essa aura… é linda.”

“…Ah …Ah, é isso…”

Ele não sabia por que Natsume disse essas palavras letargicamente e com um pouco de raiva, mas Harutora não prestou atenção. Ele primeiro estava surpreso, mas agora sentia-se comovido.

A aparência da sala Bellflower estava muito diferente de antes. Ele notou que a sala inteira se encheu com uma aura sagrada, uma aura harmoniosa, estável e solene. O mundo que ele tinha ouvido falar, mas nunca havia sentido estava agora claramente diante dele.

Este era o mundo dos espíritos-videntes. Este era o mundo dos Onmyouji.

Então… é assim, eu…

Ele inadvertidamente pensou sobre o desejo que Hokuto tinha escrito no ema na noite anterior.

“Espero que Harutora se torne um Onmyouji.”

Ninguém sabia se o desejo de Hokuto viria a ser verdade ou não, mas pelo menos ele estava no ponto de partida.

Ele só tinha dado o primeiro passo agora, depois de Hokuto desaparecer.

…Sinto muito, Hokuto.

Ele sentiu seus olhos umedecerem, mas ele apertou a mandíbula, dizendo a si mesmo para não chorar de novo.

Só então, o espelho redondo, colocado sobre o altar atrás de Natsume, rachou, fazendo um som.

O rosto de Natsume ficou tenso novamente, e Harutora olhou para o altar com surpresa. Havia três espelhos no altar, e sem ser o de agora, um outro espelho já estava rachado.

“O que está acontecendo?”

“…Essas são as barreiras que eu coloquei para guardar o altar antes de encontrá-lo no café hoje. dois dos espelhos estão rachados, o que significa que há apenas uma barreira restando. Devemos ir o mais rapidamente possível.”

Suzuka se aproximava do santuário. Harutora se preparou. Os dois se entreolharam, levantando-se ao mesmo tempo. “…Vamos.”

Natsume falou, e Harutora assentiu em silêncio.

Em algum momento, o som da chuva tinha acabado em silêncio.

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