Tokyo Ravens – Volume 11 – Capítulo 3 - Anime Center BR

Tokyo Ravens – Volume 11 – Capítulo 3

Capítulo 3: Hora da Caçada

Tradução: Index Novel

PARTE 1

“Vamos pensar no futuro.”

A diretora Kurahashi foi a primeira a falar depois que Amami anunciou isso.

“Eu voltarei.” Um tom calmo e composto que não parecia imponente. “Tenho que voltar à minha posição. Além disso, preciso conversar com meu filho.” A diretora explicou aos alunos como se ela já tivesse terminado de falar com Amami.

“… Perdoe minha grosseria.” Touji imediatamente falou: “Acho que você não terá espaço para respirar depois de conversar, sabe? Mesmo assim, você vai voltar?”

“Sim, você está certo, Touji-kun. Esse é o meu dever como mãe.” A diretora sorriu resolutamente.

“Avó…” Kyouko soltou uma voz triste.

“No final, não tenho outras opções. Afinal, não tenho chances de vencer, mesmo que resista abertamente. Os ‘Kurahashi’ são uma família famosa, mas meu filho atualmente tem toda a sua influência. Eu teria algumas pessoas em quem eu poderia confiar secretamente se fosse há dez anos… Mas agora, isso também é difícil. Com isso, sou essencialmente inútil.”

“… A adivinhação da diretora não é um valioso poder de combate?”

“Ora, ora, obrigada, Touji-kun. Mas, infelizmente, minha força como ‘adivinha’ já desapareceu em grande parte. A maior prova é que permiti que esses eventos acontecessem diante dos meus olhos. Sou realmente inútil.”

A diretora manteve sua postura adequada e falou honestamente.

A diretora era uma grande astróloga que havia sido chamada de ‘Mestre das Estrelas da Família Kurahashi’ no passado. Além da comunidade mágica, até havia muitas pessoas do setor financeiro com fé nela, e embora ela estivesse na posição politicamente neutra como diretora da Academia Onmyou, ela também ajudou no desenvolvimento da Agência Onmyou. Ela tinha esse tipo de passado. Seus relacionamentos daquela época poderiam ser chamados de sua maior ‘arma’.

Mas quando seu oponente era seu filho – Kurahashi Genji – a situação era muito desfavorável. Mesmo que ela pudesse usar suas conexões por um breve período de tempo, uma vez que ele as percebesse, interviria. E depois, a pressão de Kurahashi Genji seria esmagadoramente mais poderosa do que o apelo de Kurahashi Miyo. Se as ‘posições’ das duas pessoas fossem tornadas públicas, os relacionamentos da diretora sem dúvida se tornariam completamente impotentes.

Além disso, era fato que sua força de adivinha como ‘Mestre das Estrelas’ já estava gradualmente secando. Com isso, até a própria diretora teria dificuldade em se tornar um ‘poder de combate’.

“P-Por favor, espere! Se o Chefe Kurahashi era o mentor por trás do Sindicato dos Chifres Gêmeos e envolvido com os ataques terroristas com Desastres Espirituais, então por que não apenas denunciamos às autoridades? Talvez a polícia ou o governo… Deveríamos fazer isso, certo? Ele é um criminoso, afinal, não é?”

Foi Tenma quem disse isso.

Por que eles não estavam falando sobre isso? A expressão de Tenma estava confusa. Na verdade, isso era razoável – ou talvez até natural – se alguém pensasse normalmente.

Mas a situação não era tão simples.

“Infelizmente, não temos provas, jovem.” Amami falou novamente do sofá para responder à dúvida de Tenma. “Você é Tenma, acredito. Esse cara foi cuidadoso a esse respeito. Afinal, mesmo este Amami Daizen não o pegou. É claro, eu sou uma testemunha agora, mas o oponente já terá tomado contramedidas nesse tempo em que fugi.”

“Mas nem todo mundo está do lado do Chefe Kurahashi. Mesmo que não tenhamos provas, há pessoas que ouviriam as palavras de Amami-san…”

Amami lançou a Tenma um olhar que ele daria a um subordinado imaturo e agradável. Mas ele imediatamente voltou à sua expressão severa e disse:

“Por exemplo, Tenma. Supondo que eu estivesse na posição de Chefe e fosse denunciado às autoridades. Se eu imediatamente retratasse essa pessoa como líder do Sindicato dos Chifres Gêmeos, eu invalidaria sua credibilidade. Eu fabricaria montes de evidências e testemunhas. Além disso, eu usaria magia.”

“O que…!”

“É natural, já que esse homem é um ‘criminoso’, certo? Além disso, se a magia for usada para fabricar evidências e testemunhas, a polícia e as autoridades não conseguirão ver que são falsas. Apenas um colega praticante seria capaz de ver através. Em suma, os Investigadores Mágicos. E o Chefe Kurahashi é atualmente o chefe deles.”

Tenma perdeu as palavras por causa da proclamação impiedosa de Amami. Não apenas Tenma. Kyouko mostrou um olhar de choque quando ouviu, e os rostos de Touji e Suzuka ficaram amargos.

As coisas não eram tão simples que todo problema poderia ser resolvido por Amami dizendo a verdade. Afinal, o oponente era uma pessoa que manipulava os fanáticos em Yakou, as pessoas que usaram Desastres Espirituais para lançar ataques terroristas. Nesse ponto, ele não hesitaria em enquadrar seus adversários. Além disso, o oponente exercia a influência central na comunidade mágica. Não havia oportunidades para derrotá-lo cara a cara.

“Entendeu? É isso que é ‘opor-se à Agência Onmyou’.”

As palavras de Amami pareciam pesar. Tenma não disse mais nada, abaixando a cabeça em desânimo e afundando os ombros. A diretora sorriu amargamente.

“Enfim.” Ela puxou o assunto de volta. “Nesse tipo de circunstância, mesmo eu não tenho nenhum recurso. Por isso, vou voltar para o lado do meu filho por enquanto e esperar por uma oportunidade.”

Dessa vez, Touji não disse mais nada. Assim como a diretora havia dito a si mesma no início, ela não tinha outras opções.

“… Isso tudo está mesmo bem?”

Suzuka, que ficou em silêncio por um longo tempo, perguntou. A boca da diretora se curvou em um sorriso, nunca pensando que palavras de preocupação teriam vindo da boca dela.

“Obrigada, Suzuka-kun. Mas está tudo bem. Eu não serei morta mesmo se eu voltar. Sim. No máximo, eu serei forçada a reclusão, certo? Além disso, ele deve estar extremamente preocupado com a minha segurança. Pelo menos no momento… Não é, Amami-kun?”

“… Sim. Mesmo o Chefe provavelmente não pretende causar nada de mais. A coisa mais apropriada a fazer seria obrigar você a se retirar do mundo e obedientemente entrar em reclusão.”

Amami também expressou concordância com a opinião da diretora.

Embora ela tivesse dado o controle da família a seu filho, a diretora Kurahashi era a atual diretora da Academia Onmyou. Além disso, embora tivesse se retirado das linhas de frente, ainda era vista como uma autoridade na comunidade mágica. Sua posição na sociedade era algo que nem o Chefe podia ignorar.

Além disso, suscitaria facilmente suspeitas relevantes e desnecessárias em torno deles se a diretora desaparecesse imediatamente após se aposentar. No final, seria ideal que ela desaparecesse secretamente sem que ninguém soubesse. Com isso, o Chefe provavelmente ‘garantiria’ sua vida, desde que não resistisse precipitadamente. Apenas para manter as aparências.

“Mas nada será garantido depois de um ano. Primeiro, suas ações serão muito limitadas – ou melhor, você ficará incapaz de se mover livremente. Você terá que se preparar para isso.”

“Eu entendo. Meu filho não é ingênuo o suficiente para me permitir obedecer apenas superficialmente, mas secretamente cria estratégias. No entanto…”

Dizendo isso, a diretora de repente olhou para Kyouko. Kyouko encontrou seu olhar, completamente rígida.

“Definitivamente, me será permitido a pequena problemática de poder ver minha neta. Então farei a única coisa que posso a partir de agora. Kyouko-san, eu treinarei você.”

“Me treinará?”

A diretora assentiu para a surpresa Kyouko com uma expressão direta.

“Kyouko-san, você tem que voltar para casa comigo.”

“M-Mas…”

“Escute, Kyouko-san. Mesmo se você quiser fazer alguma coisa agora, não é uma situação em que você pode conseguir isso apenas pensando em algo. Até você entende algo desse nível, certo?”

Kyouko engoliu suas palavras, incapaz de refutar por causa da voz estrita da diretora.

“Mas você despertou sua habilidade como ‘adivinha’. Enquanto você aprimorar essa habilidade, ela se tornará uma força poderosa. Ela se tornará sua força para proteger todos e se proteger.”

“… Eu…”

Kyouko havia lido as estrelas poucas horas atrás. Essa fora a raiz de uma habilidade extremamente rara, mesmo considerando toda a comunidade mágica. As palavras da adivinhação de Kyouko afastaram Ohtomo de sua confusão e, como resultado, libertaram seus companheiros de um impasse.

Mas Kyouko imediatamente perdeu a consciência depois e já havia sido transportada para um local diferente quando acordou. Embora ela se lembrasse da estranha sensação da adivinhação, por outro lado, não parecia real para ela ter entrado em tal estado.

“Kyouko-san, você voltará comigo e continuará superficialmente sua vida ‘comum’ enquanto apreende a força da ‘adivinhação’. Essa será sua ‘batalha’.”

A diretora anunciou resolutamente. Como se essa fosse sua adivinhação final.

Kyouko olhou para a avó com um rosto pálido.

Então, ela cerrou os punhos na frente do peito e assentiu resolutamente.

 

PARTE 2

O sentimento durante a adivinhação parecia variar enormemente, dependendo da pessoa. É claro que, como havia poucas pessoas com o poder de adivinhação, isso era muito difícil de dizer, mas pelo menos havia grandes disparidades nas impressões que Miyo e Kyouko explicaram entre si.

Para Miyo era como a aparição de cores tomando conta do ambiente. Ela lia o significado de uma pintura brilhante e vibrante. Parecia ser esse tipo de sentimento.

Em contraste, com Kyouko era luz. Um universo diferente se sobrepunha à realidade diante dela. Deixando seu espírito flutuar naquele universo, ela ‘via’ a luz de seus alvos – as estrelas.

Primeiro, ela usou a tábua de Liu Ren para estimular sua consciência.

Era um sentimento inexplicável, como se sua alma estivesse flutuando para longe de seu corpo. Ela ouvia o vento rugir e era libertada de todos os seus apegos à terra, começando pela gravidade. Kyouko flutuava lentamente no mundo verdadeiramente vazio que parecia um universo se sobrepondo à realidade.

Um medo instintivo e uma explosão de libertação enquanto ela sozinha era empurrada para alto no céu. Excitação e calafrios se espalhavam por seu corpo enquanto ela era liberada da gaiola que a envolvia.

Mas Kyouko estava tão calmo como se estivesse acontecendo com outra pessoa – como se estivesse em transe assistindo a uma Kurahashi Kyouko cuja mente estava cheia das mesmas sensações que a dela. Tinha esse tipo de sentimento onírico e irreal. O quarto da residência e o vasto universo sem limites. Ofegava enquanto flutuava entre esses dois mundos, e os padrões, o bom senso e o conhecimento de Kyouko estavam distorcidos devido a essas enormes disparidades em larga escala. Yin e Yang se fundiam.

O que era verdade e o que não era? O que ela deveria fazer e o que ela deseja? Quem ela era exatamente? A consciência de Kyouko se expandia e contraia enquanto o som do vento do universo varria seu coração.

Mas…

“Kyouko-san.” Kurahashi Miyo falou.

Kurahashi Kyouko não respondeu. Mas Kyouko voltou sua atenção para a voz que a chamava. Ela ‘solidificou’ por causa dessa atenção.

“Concentre sua mente e mantenha firmemente sua consciência. Você não pode ser varrida. Ou você não será capaz de voltar.”

Kurahashi Kyouko e Kurahashi Miyo estavam sentadas em um quarto de estilo japonês no segundo piso do anexo. Kurahashi Kyouko estava sentada em seiza diante de uma pequena mesa de estilo japonês, lançando seu olhar na tábua de Liu Ren com uma expressão semi-acordada. Kurahashi Miyo sentou-se ao seu lado, falando pacientemente com a neta.

“Você não se coloca no fluxo, cria ele. Você não pode ser tragada pelas sensações que experimenta. Em contrapartida, você deve colocá-las sob seu controle. Você não pode apenas ver as coisas, você tem que conscientemente ‘olhar’ para elas.”

Kyouko tentou responder às instruções de Kurahashi Miyo. Manteve firmemente seu ‘senso de si’ enquanto se afastava ainda mais da realidade à sua frente, voltando o olhar para as profundezas do universo. Lacunas de espaço não tinham sentido lá, e até o conceito de tempo era diferente do normal. Tudo estava espalhado por toda parte.

Os pensamentos de Kyouko eram refletidos no universo, e ela permitia que uma sombra da realidade distante aparecesse diante dela. Talvez alguém pudesse dizer que ela condensou tudo do mundo real e mapeou uma miniatura dele. Kyouko gradualmente olhou ao redor do universo com uma sensação semelhante à clarividência.

Mas era um cenário que excedia a compreensão humana. Não importava as palavras, era até difícil percebê-las como imagens. Um turbilhão excessivamente vago de impressões fora do escopo de seu entendimento. Kyouko olhou para ele, desesperadamente tentando o seu melhor para ler o ‘significado’ disso.

Eles deveriam estar lá. Natsume. Harutora. As estrelas dos dois estavam misturadas em algum lugar com o universo rodopiante que Kyouko convocara. Mas para a atual Kyouko, encontrá-los parecia tão impossível quanto escolher grãos de areia.

O vento estridente do universo subitamente ganhou força.

Novamente. Ela fora enviada voando para longe. Kyouko resistiu reflexivamente, tentando parar, mas o vento forte açoitou impiedosamente e lentamente girou o universo circundante. Kyouko também foi facilmente captada pelo vento e sua consciência começou a desaparecer rapidamente.

“… Ah.”

Quando ela voltou a si, Kyouko estava em frente à mesa de estilo japonês, onde a tábua de Liu Ren foi colocada. Ela estava sentada em seiza com as mãos nos joelhos, inclinando-se levemente para a frente e olhando para a tábua de Liu Ren.

Ela estava tonta e gelada. Além disso, seu corpo estava surpreendentemente rígido. Mas parecia que ela só perdera a consciência por um momento. Um ano e meio atrás, quando ela adivinhou pela primeira vez, desmaiou e não acordou por um período de tempo. De qualquer forma, ela já estava ‘acostumada’ a isso.

Além disso, ela havia conseguido entrar conscientemente no estado de adivinhação. Era evidência de progresso em comparação com antes.

Dito isto, não havia atingido o nível em que ela poderia chamar de ‘poder de combate’.

“Você trabalhou duro, Kyouko-san. Eu vou fazer chá agora, então, por favor, relaxe por um tempo.”

Miyo bateu levemente no ombro de Kyouko, se levantando e saindo do quarto. A expressão de Kyouko ainda era atordoada quando ela começou a relaxar lentamente as pernas da postura de seiza.

Depois de um tempo, Miyo voltou do primeiro piso com uma bandeja. Kyouko finalmente recuperou a razão quando ouviu a avó suspirar depois de subir as escadas.

“Ah, desculpe. Eu deveria ter ido…”

“Está tudo bem, meu corpo rapidamente se tornará ruim se eu nem fizer atividades.”

Depois que Miyo respondeu brilhantemente, ela voltou para o lado de Kyouko e colocou a bandeja no tatami. Kyouko apressadamente empurrou a tábua Liu Ren para o lado da mesa de estilo japonês e derramou chá verde do bule nas xícaras que foram colocadas.

Kyouko cautelosamente apertou os lábios e soprou o vapor do chá verde.

O chá verde perfumado parecia penetrar em seu corpo. O corpo inteiro de Kyouko relaxou com uma expressão aliviada.

“Kyouko-san, como foi hoje?”

Embora Miyo tenha perguntado, ela parecia ter notado também. Kyouko balançou a cabeça apática com um sorriso amargo.

“Nada… É realmente difícil ver as estrelas de pessoas que não estão aqui.”

“Sim. Eu acho que ficará mais fácil no futuro quando você entender o sentimento… Mas isso por si só é algo que não pode ser ensinado por outros.”

Miyo falou com pesar, mas ela mostrou olhos serenos para a neta. Era para que ela não pressionasse Kyouko. Mas para Kyouko, não era muito útil. Já fazia um ano e meio desde que Miyo começou a lhe dar treinamento especial. Ela estava envergonhada por ainda ser incapaz de controlar livremente sua força de ‘adivinhação’.

“Talvez eu não tenha nenhum talento para astrologia.”

“Hoho, é assim? O jeito que você pensa e decide por si mesma não importando o quê, é a personalidade de um astrólogo.”

“Acreditar ou não acreditar em astrologia não tem nada a ver com adivinhação, certo?”

“Será? Embora você não possa ser fanática por astrologia, não é bem parecido com como você pode sentir certas coisas pelos resultados? Como um palpite sobre o quão bem-sucedido você será na loteria.”

“Bem, a astrologia de Segunda Classe só pode ser usada como tópico para conversas.”

“Ou, como poder ver à primeira vista, que tipo de pessoa um cara que você conhece é…?”

“… Isso também pode ser chamado de ‘instinto’.”

Os ombros de Kyouko caíram em mau humor. Miyo sorriu para a neta.

“Afinal, você é muito inteligente, Kyouko-san. Mas você não será capaz de dar o último passo se sempre disser apenas coisas pessimistas, sabia?”

Viu-se que Miyo ainda estava saudável e vigorosa pelo modo como ela dissera coisas tão duras com um sorriso inofensivo. Parecia que o chá verde que ela bebia rapidamente aumentava em adstringência.

“É sobre se você sempre pode manter sua intuição aprimorada. Sobre o quanto você pode confiar nessa intuição. Adivinhação não é racional, sabe?”

Kyouko respondeu com um ‘Sim, sim’ entediada às palavras da avó.

Mas a conversa íntima e sem reservas ainda aliviava seu coração. Mesmo que fosse trivial – não, talvez fosse surpreendentemente tocante porque era trivial.

… Honestamente, eu não estou preparada para isso…

Ela queria se apressar e falar assim com todo mundo. Com Harutora, Natsume, Touji, Tenma e Suzuka.

Para isso, ela esperava usar o poder da adivinhação para encontrar as estrelas de todos. Esse sentimento era tão forte, mas…

“Você não pode se desesperar, sabia?”

Sua avó a repreendeu como se estivesse vendo em seu coração. Kyouko recuperou a razão, o rosto com uma expressão estranha. Ao realizar a adivinhação, era ideal que o corpo e a mente se enriquecessem. Ser excessivamente pressionada ou não estar em equilíbrio emocional era contraproducente.

Suas emoções estavam instáveis recentemente. Era porque ela estava sentindo esse isolamento tão longo. Mesmo que entendesse que sentimentos instáveis só afetariam negativamente sua adivinhação, ela não conseguiria resolvê-la em um nível fundamental. Era difícil. Ela só podia lidar com isso sendo durona, alegre e voltada para o futuro, como pensara ao voltar para casa.

“Kyouko-san, você tem um bom sentimento de magia como um todo, então você será capaz de usá-la imediatamente depois de pegar o jeito. Você não precisa ser obstinada, nem precisa ser descuidada. Vamos continuar treinando.”

“… Certo.”

Miyo assentiu gentilmente para a neta, que estava um pouco envergonhada, mas respondeu sinceramente.

Mas talvez porque ela tivesse tocado a dureza da neta, desta vez fora a vez de Miyo escurecer sua expressão.

O humor que ela mantinha elevado se acalmou e ela inadvertidamente murmurou algumas palavras.

“… Me desculpe. Eu até envolvi você em tal situação.”

“Não é nada. O que você está dizendo neste momento, avó? Antes de tudo, eu estava completamente envolvida desde o início, quer você me envolvesse ou não.”

Essas eram palavras sem verdade, mas Kyouko também entendia que os problemas de Miyo não eram sobre isso.

Após esse incidente, Miyo trouxe Kyouko de volta para a residência, como ela havia dito a todos na villa. Depois, ela e o pai de Kyouko tiveram uma longa discussão individual. Embora ela tivesse resumido o conteúdo da conversa para Kyouko, provavelmente havia uma boa quantidade de coisas que ela não havia dito.

Por outro lado, Kyouko quase não tinha conseguido falar com o pai.

Claro, não era que ela não tivesse encontrado ele. Ela o viu diretamente após o incidente e lançou várias perguntas para lá. Isso foi natural. Provavelmente foi a primeira vez desde o nascimento que ela se sentiu tão conflituosa com o pai.

No entanto, seu pai não havia respondido seriamente às perguntas. Além disso, ele a forçara unilateralmente a esse estado de ‘reclusão’. Se ela não tivesse decidido se comportar obedientemente em relação ao pai para o treinamento especial, Kyouko poderia ter sido expulsa da casa ali mesmo. Claro, ela não acreditava que pudesse escapar das mãos de seu pai.

De qualquer forma, seu pai parecia planejar impedir completamente Kyouko de entrar em contato com os assuntos sobre Harutora e Natsume. Ele esperava que ela esquecesse tudo sobre a Academia Onmyou e continuasse vivendo como a ‘filha da família Kurahashi’. A hegemonia deveria ter um limite, mas era verdade que Kyouko não tinha como se opor a ele no momento. Além disso, ela não tinha oportunidades. O pai dela não pediu a compreensão da filha, nem fez uma boa expressão.

Essa era provavelmente a razão pela qual a expressão de Miyo estava sombria.

Miyo estava pensando em seu coração. Pensando que talvez as coisas tivessem sido mais felizes para a neta de outra maneira. Pensando que talvez ela devesse ter escutado o que o pai disse em vez de percorrer essa estrada espinhosa, isso poderia ter acabado trazendo-a para a felicidade no final, mesmo que estivesse agonizando no início.

Para Kyouko, isso era absolutamente ridículo. Ela rejeitaria categoricamente esse modo de vida.

Mas parecia que, do ponto de vista de uma ‘avó’, Miyo era repetidamente visitada por momentos de indecisão. Seu eu atual estava emitindo esse tipo de atmosfera patética. Se a situação em si fosse a magia de Segunda Classe que o pai lançara, poderia ser chamada de magia insidiosa.

Além disso, havia outro item relacionado ao pai para se preocupar. A adivinhação de Kyouko.

Desnecessário dizer que Kyouko não havia dito ao pai que sua ‘adivinhação’ havia despertado. A habilidade de ‘adivinhação’ era o maior e o único trunfo de Kyouko e dos outros. Era o que eles tinham para impedir que ele soubesse mais, o que eles não podiam deixar que outras pessoas soubessem. Além disso, a julgar pela observação da atitude do pai, o pai ainda não havia percebido o despertar da filha – foi o que Kyouko e Miyo julgaram.

Mas havia uma possibilidade. Amami os avisara disso quando discutiram na villa. Depois que Amami ouviu os detalhes das coisas pelos alunos, ele confirmou.

‘Em outras palavras, aquele Kogure testemunhou o momento da adivinhação de Kyouko-chan, certo?’

O Onmyouji Nacional de Primeira Classe, Kogure Zenjirou. Ele havia se transferido do Bureau de Exorcismo para o Departamento de Investigação de Crimes Mágicos da Agência Onmyou após o incidente. E o atual Chefe dos Investigadores Mágicos era o pai de Kyouko. Em outras palavras, a probabilidade de Kogure ter relatado a situação de Kyouko ao pai não era pequena. É claro, Kyouko e os outros apenas julgaram que seu pai ainda não havia percebido depois de considerar esse ponto…

‘Você tem que ser extremamente cuidadosa. Se a ‘adivinhação’ cair de alguma forma nas mãos do Chefe, seria difícil lidar com isso.’

Embora Kyouko tivesse sido restringida de várias maneiras, ela tinha permissão para se encontrar com Miyo todos os dias. Era por isso que ela fora capaz de continuar o treinamento especial para praticar sua ‘adivinhação’ todos os dias.

Mas e se… e se o pai dela soubesse sobre o treinamento especial? E se eles estivessem brincando na mão do pai dela? Esse pensamento era um terror que arrancava a pequena esperança.

Seu pai era um oponente muito poderoso.

“… Ah, certo. Eu tive um desejo raro por doces ontem, então comprei um pouco de yokan. Ainda há alguns, podemos tê-los para acompanhar o chá.”

Miyo sorriu e se levantou. Parando-a, Kyouko, que rapidamente se levantou dizendo ‘Deixe-me busca-los’, saiu da sala e desceu para o primeiro piso.

Ela queria mudar a atmosfera por causa das palavras repentinas de desânimo que soltou. Kyouko também deu um tapinha no rosto com as mãos, motivando-se novamente.

… Como posso me deixar perder…?

Não era só ela. Tenma, Touji, Suzuka, Harutora e Natsume definitivamente continuavam lutando à sua maneira. Pensando assim, Kyouko não podia sentir que ela era a única em uma situação ruim. Kyouko tinha que continuar lutando até os dias em que ela poderia conversar e sorrir com todos.

Mas…

Esse dia chegaria?

Se ela continuasse lutando, o desejo de Kyouko se tornaria realidade? Miyo vacilou agora porque não tinha certeza – porque não tinha confiança.

“…”

Kyouko largou a xícara, abaixando o rosto. Seu olhar caiu para o tatami, e ela olhou fixamente para a tábua de Liu Ren empurrado para o lado.

Normalmente ela ficaria bem.

Mas, ocasionalmente, ela esperava ‘ajuda’. Ela queria confiar em alguém que a apoiasse. Alguém em quem ela pudesse confiar e ter fé do fundo do coração.

Alguém que definitivamente não sucumbiria a qualquer tipo de dificuldade, que poderia sair com precisão de qualquer crise…

Além disso, alguém que não perdesse a calma, mesmo na situação mais difícil…

Alguém que poderia assistir e orientar seus egos imaturos…

“…”

Só então…

Naquele momento…

… Hã?

Ela de repente percebeu. Sua consciência estava flutuando ascendentemente. Um vasto universo foi gradualmente se sobrepondo ao cenário diante dela. Era adivinhação. Inconscientemente, ela entrara em seu estado de ler as estrelas.

 

 

Mas não tinha a sensação do mundo distorcido que ela sentia se dividir até agora. Além disso, foi muito rápido. Uma transição suave como se ela estivesse sendo absorvida pelo universo. Era como se ela estivesse sendo integrada a uma série de engrenagens complicadas e acontecesse por encaixar e girar de forma consistente. Ela podia ouvir o som do vento correndo pelo universo. Mas não era o barulho habitual de rugidos, mas uma brisa leve.

Além disso, ela ‘viu’ uma estrela.

Uma estrela que ela conhecia. Uma estrela que ela tinha visto uma vez. Uma das estrelas que estava lá quando Kyouko viu as estrelas pela primeira vez.

“… Ohtomo-sensei.” Kurahashi Kyouko murmurou. Kyouko desesperadamente focou. Lágrimas alegres e nostálgicas brotaram nos olhos de Kurahashi Kyouko.

Mas…

… Hã? O que?

Como nuvens obscurecendo a lua, a escuridão nebulosa cobria aquela estrela. Escuridão que seguia de perto a estrela de Ohtomo. Uma enorme escuridão que envolvia completamente a luz da estrela, mas ainda restava mais escuridão.

Uma escuridão antiga que Kyouko não conseguia ver.

… Espera, como…!?

Ela tentou olhar novamente, mas falhou. Ela sentiu que sua própria condição não era ruim. Era a melhor até agora. Mas Kyouko havia esgotado seu poder espiritual por causa de sua primeira adivinhação. Ela não podia parar ali novamente.

… Ugh…!

A estrela e o universo ficaram distantes. Sua consciência foi puxada para trás com força.

“Sensei!” Kyouko chamou. Mas a voz dela também se dissipou ao vento…

“Kyouko-san! Controle-se!”

Quando ela voltou a si, os ombros sem força de Kyouko estavam sendo segurados por Miyo.

Um sentimento sem precedentes de certeza permaneceu dentro de seu corpo.

Além disso, o sentimento ameaçador que ela havia observado da ‘outra parte’.

“… Agora, isso foi…”

Miyo revelou uma expressão aliviada, entendendo que a consciência de Kyouko havia retornado com sucesso.

Mas Kyouko desabou onde estava, incapaz de se mover por um período de tempo.

 

PARTE 3

Banquetas de bar estavam espalhadas por todo o edifício Roppongi.

Aquele homem torceu as costas, olhando para trás várias vezes com uma expressão inquieta.

Embora ele usasse um terno simples, ele não tinha gravata. Além disso, ele não tinha trocado de roupa há vários dias e estava em um estado geral desleixado e um pouco sujo.

Mas isso se adequava ainda mais à atmosfera do local.

O bar era vasto e estava lotado. Embora fosse chamado de bar, na verdade era mais como um boteco. Música de fundo baixa tocava no interior mal iluminado, e os risos dos clientes bêbados ressoavam sem parar. A base de clientes também parecia bastante delinquente. O cheiro de cigarro, gel de cabelo e vários outros odores enchiam a área, aquecidos pelo antigo sistema de aquecimento do edifício. Era um bar de classe baixa que se encaixava na palavra ‘pilha de lixo’.

O homem torceu o corpo várias vezes com um humor inquieto, bebendo lentamente a cerveja que ele havia pedido. O homem já havia entrado no bar há quinze minutos. Os trabalhadores do bar dispararam descaradamente olhares hostis para seu rosto apático, mas o homem não parecia estar prestes a sair.

Então, mais cinco minutos depois…

Um grupo de três clientes entrou. O homem no bar imediatamente virou o corpo e olhou para trás.

Os três do grupo eram todos do sexo masculino. Os da esquerda e da direita estavam vestidos de terno, e apenas o homem do centro usava um casaco lindo, vestindo roupas casuais para combinar com a atmosfera do bar. Depois de perceber o homem ali sentado, ele sorriu e se aproximou.

“…”

O homem no bar, com um olhar solene, olhou para os três que se aproximavam. Os três avançaram rapidamente entre as mesas, e os dois homens pararam quando chegaram perto. Apenas o homem de casaco sorriu novamente e sentou-se no banco ao lado dele.

“Ah, prazer em conhecê-lo, Sacerdote Kengyou. Eu sou o enviado do ‘Ajuntamento’. Me chame de Shimoda.”

“… O que isso significa?”

“Hah? Ahh, esses dois? Eles são apenas escoltas. Por favor, não fique muito nervoso.”

O homem de casaco – Shimoda – sorriu e falou com um tom irreverente. Mas era apenas um sorriso da boca para fora, pois uma luz fria surgiu em seus olhos.

“Tch.” Kengyou silenciosamente estalou a língua, lançando seu olhar para os dois homens de pé.

“… Eles são baseados em ‘Yaksha’?”

Depois que ele apontou isso, o sorriso malicioso de Shimoda momentaneamente saltou.

Mas ele imediatamente falou com admiração deliberada:

“Como esperado de um Sacerdote do Templo Sombrio. Assim como você diz, eles são ‘G2’. O exterior deles foi muito bem feito, certo? Mas eu não acho que eles seriam percebidos por olhares de relance. Talvez não pareça, mas admito que dediquei bastante esforço neles.”

“Eles são realmente excelentes. Mas qual o significado de colocar deliberadamente os seus Shikigami defensivos em formas humanas?”

“Hoho. É visível com apenas um olhar de relance com a visão espiritual, mas lidamos com muitas pessoas comuns. Se eles mantivessem suas aparências comuns, isso daria origem a alguns efeitos negativos… Eu deveria ter que explicar tudo para um praticante do Templo Sombrio, hein?”

Ele manteve o sorriso e o olhar frio que lançava, e sua voz também continha desdém.

Kengyou falou irritado:

“… Eu sou o emissário do Templo. Normalmente não entro em contato direto com o ‘trabalho’.”

“Ah, tudo bem então. Mas já que você quer se dedicar ao ‘Ajuntamento’, então terá que desistir disso.”

“Eu entendo essas coisas.”

Kengyou falou ressentido depois de estalar a língua novamente.

O Templo Sombrio ao qual Kengyou havia pertencido era formalmente chamado de Templo Seishuku. Era um templo Shingon que aceitava praticantes desde os tempos antigos, bem como uma das forças representativas no ‘interior’ da comunidade mágica. As pessoas que não eram aceitas na administração da Agência Onmyou e as pessoas que fugiam de seu alcance. Havia também aqueles que haviam caído no lado sombrio da magia e aqueles que usavam magia como foras da lei. Ou as pessoas que perderam o caminho devido ao karma mágico. Aquele templo era a sociedade onde se reuniam aquelas pessoas que viviam na escuridão da comunidade mágica.

No entanto, no ano anterior, no começo do inverno, o Templo Seishuku havia sido destruído por um único Onmyouji – ou assim foi dito. Ele não podia dizer com certeza porque Kengyou estava fora do Templo na época. A ocupação de Kengyou dentro do Templo era manter sua rede de conexões na sociedade. Assim, seu tempo fora, que era raro para alguém do mosteiro, era esmagadoramente abundante. Essa bênção lhe permitiu escapar da catástrofe.

O atual Templo Seishuku havia sido levado para a administração da Agência Onmyou após sua destruição. A maioria das pessoas do mosteiro havia sido presa ou detida. Então, um número escasso de pessoas escapou para o submundo e continuou fugindo das mãos da Agência Onmyou. Kengyou era um deles.

Felizmente, Kengyou tinha os contatos que cultivara através da manutenção de relacionamentos. Ele usara os canais do Templo e entrara em contato com outra organização. O enviado dessa organização era o Shimoda atualmente à sua frente.

A organização à qual Shimoda pertencia era simplesmente chamada de Ajuntamento. Em vez de ser uma organização, era mais como uma comunidade de praticantes que se ajudavam. As organizações secretas da comunidade mágica tinham poderosos sentidos de lealdade e, na maioria das vezes, não recebiam pessoas de fora. Mas, quanto a esse ponto, o Ajuntamento – que foi originalmente estabelecido por um único membro – era muito tolerante com a entrada de pessoas de fora. Por isso, ele estava disposto a correr o risco de entrar na jurisdição da Agência Onmyou de Tóquio e pedir-lhes ajuda.

“Bem, de qualquer maneira, os relacionamentos são fracos, e acontece que muitos caras inúteis são ‘cortados’ antes que percebam. Sacerdote, certifique-se de prestar atenção, está bem?”

Kengyou assentiu ressentidamente para Shimoda enquanto ele o aconselhava. Que homem agravante. Mas agora que ele havia perdido o apoio do Templo Seishuku, não era realista para Kengyou continuar sua fuga da Agência Onmyou sozinho. Mesmo que ele estivesse um pouco infeliz, tudo o que restava para ele era pedir ajuda ao Ajuntamento.

Kengyou terminou o resto da cerveja em seu copo para aliviar seu ressentimento.

Só então…

“Encontrei você.”

Uma voz feminina incongruente de repente soou dentro do bar.

Uma voz levemente nasal, doce – talvez até ‘açucarada’. Os clientes do bar inadvertidamente pararam suas conversas, virando a cabeça na direção em que a voz veio. Então, seus olhares congelaram.

Uma mulher sozinha estava na entrada da loja.

Para dizer bem, ela era ‘sedutora’. Mas a mulher era várias vezes mais ‘estranha’ do que poderia parecer.

Primeiro, ela era muito alta. Ela tinha, sem dúvida, mais de 1.8m – talvez ela tivesse cerca de 1.9m. Além disso, ela estava com roupas ridiculamente escassas, como se estivesse zombando da estação do início de janeiro. À primeira vista, ela parecia seminua.

Seu rosto era pequeno, mas sua cabeça, membros e tronco eram extremamente longos. Seu busto e quadril visíveis eram sedutoramente curvilíneos, mas sua cintura era surpreendentemente estreita e apertada. Seu top sem alças expunha seu abdômen. Embora ela estivesse com uma jaqueta de cor roxa agora, as mangas estavam enroladas até os pulsos e as mãos estavam presas nos bolsos. Abaixo, ela usava shorts incrivelmente curtos que grudavam nas curvas sensuais de seus quadris. Mais abaixo, havia os contornos de pernas saudáveis e bonitas. Aquelas pernas retas e delgadas eram combinadas com botas de cano alto.

Os clientes do bar – que eram essencialmente todos do sexo masculino – ficaram primeiro perplexos com a roupa dela e, finalmente, levantaram o olhar para o rosto da mulher. O cabelo da mulher estava levantado em um único rabo de cavalo e ela usava óculos escuros grandes que praticamente cobriam metade do rosto pequeno. Portanto, seu rosto não podia ser visto claramente, mas eles aprofundaram sua imagem glamourosa em conjunto com o batom que cobria seus lábios carnudos.

De qualquer forma, era uma mulher com um impacto muito forte.

Então, aquela mulher caminhou com suas longas pernas e começou a entrar nas profundezas do bar.

A cada passo, seu rabo de cavalo e o busto em seu top balançavam. Embora os olhares do interior do bar estivessem focados nela, ela parecia não se importar – ou mesmo como se não tivesse notado. A maioria dos clientes assistiu a mulher avançar, atordoados. Os olhos de Kengyou e Shimoda estavam igualmente arregalados.

Mas nem todos estavam assim.

“Ah, senhorita. Esse é um rosto desconhecido. Você está sozinha? De onde você é?”

Um grupo de dois rapazes sentados à mesa pisou em ambos os lados na frente da mulher para bloquear seu caminho.

Talvez eles já estivessem bêbados, pois os rostos dos dois estavam vermelhos até os ouvidos. Eles ocuparam o corpo da mulher com olhares que expunham completamente seus pensamentos.

“Você é muito fofa ~ quer tomar uma bebida conosco? Vou lhe dar uma coisa. Aqui, sente-se.”

Durante o período em que um deles estava em pé na frente dela, a outra pessoa a abraçou com força pela cintura e a puxou para uma mesa. Mas o homem que a abraçou cambaleou levemente por um momento. Embora ele tivesse tentado puxá-la com força, ela não se mexeu.

“Eh? O quê, senhorita? Ei – venha aqui…”

Embora ele tentasse fazê-la se sentar à mesa novamente, a mulher ainda não se mexia.

O homem que convidava a mulher tinha um bom físico. Embora ele não fosse tão alto quanto a mulher, o homem era sem dúvida mais pesado. Além disso, desde que ele estava bêbado, ele não conseguia se equilibrar. No entanto, foi inútil. Como se seu oponente fosse uma pedra esculpida.

Então, a mulher tirou a mão direita do bolso da jaqueta e lentamente a moveu para o rosto, empurrando os óculos de sol para a testa.

Apareceram olhos arredondados e infantis, com cílios longos.

“Você está no caminho.”

Ela falou com a mesma voz açucarada de antes.

“Eu tenho assuntos com aquele cara ali.”

Depois de dizer isso, a mulher estendeu o pulso, apontando para Kengyou. Kengyou não pôde deixar de se encolher ao ser subitamente escolhido, seu assento arranhando e fazendo barulho.

“Fora do caminho.”

“Hah? Você é tão barulhenta. Escute, sente-se. Droga, você…”

O homem ficou com raiva enquanto tentava puxar a mulher. Aqueles que olhavam ao seu lado podiam entender que ele estava usando toda sua força. No entanto, os pés da mulher estavam imóveis como se estivessem presos ao chão.

“Ei.” O companheiro notou a anormalidade e falou com ele. Mesmo assim, o homem ainda não parou.

A mulher olhou sem expressão para o homem tentando, com todas as suas forças, puxá-la para a mesa.

Então, ela lentamente levantou a mão direita e a girou lentamente.

Uma palma.

Uma palmada com força total da mão de uma mulher com esse tipo de corpo tinha um poder que não deveria ser menosprezado. Mas como o homem bêbado estava usando muita força, seu equilíbrio foi perturbado pelo movimento da mulher e ele caiu no chão com um baque. Graças a isso, ele evitou a morte.

*Boom.* O ar rugiu.

O movimento da mulher provocou um turbilhão, enviando os dois homens e a mesa que estavam tentando puxá-la aos ares. Juntamente com um barulho enorme, houve o som de vidros quebrados e assentos virados. A mesa virou em um círculo e quebrou no chão. Os gritos dos clientes no bar soaram antes que os sons de destruição desaparecessem.

Por outro lado, os rostos de Kengyou e Shimoda empalideceram e eles se levantaram de seus assentos. Eles ‘viram’ algo ainda mais perigoso da cena anormal que acontecera repentinamente.

“O que!?”

“Aura demoníaca!?”

No momento em que a mulher balançou o braço, a aura que ela havia suprimido até então explodiu em seu corpo. E não era uma aura humana.

Shimoda falou estupidamente para Kengyou:

“Ei! O que diabos está acontecendo com essa mulher!?”

“Eu não sei! Como eu poderia saber!?”

Embora Kengyou tenha rebatido em voz alta, a mulher realmente o destacou. Ela disse que tinha ‘assuntos’. Sua respiração e batimentos cardíacos aceleraram em um flash.

O interior do bar estava em tumulto. Os fregueses correram para a saída, e o som de mesas e cadeiras sendo derrubadas, quebrando vidros, e os gritos dos clientes ecoavam alto.

“Droga!” Shimoda amaldiçoou e, ao mesmo tempo, os dois homens de terno – os Shikigami defensivos de Shimoda – se levantaram ao lado dele e correram em direção à mulher. Eles jogaram fora as mesas entre eles, correndo em direção à mulher e rapidamente a agarrando com seu impulso.

Mas mesmo com a colisão total dos dois Shikigami defensivos, a mulher ainda não cambaleou.

“Droga! Por que você está no meu caminho!?”

Depois que ela rugiu, ela imediatamente levantou um dos dois Yaksha que haviam colidido com ela e o balançou longe. Atordoado, Shimoda duvidou de seus olhos e, em seguida, pegou talismãs em pânico. Ele planejava também usar magia. Kengyou também recuperou a razão, estendendo a mão para os talismãs que carregava.

Mas, no canto de sua visão, ele viu os trabalhadores do bar fugindo para o interior do estabelecimento. Ele teve um flash de epifania. Talvez houvesse um atalho. Kengyou, inconscientemente, perseguiu os trabalhadores do bar, tentando escapar da cena.

Só então…

“Ei, espere, garoto.”

Uma voz masculina profunda e baixa alcançou os ouvidos de Kengyou como se passasse pelo barulho. Ele imediatamente desviou o olhar e ficou surpreso novamente. O assento mais distante do bar. Um homem sentou-se lá em algum momento.

Ele poderia dizer que não sabia quando se sentou, porque ele definitivamente teria notado se esse homem estivesse sentado lá antes do tumulto. Ele era baixo, mas anormalmente atarracado. Como se ele fosse um daruma. Depois de tomar a garrafa de rum na mão em um único gole, ele a colocou no balcão e virou o banquinho na direção deles.

“Você ouviu? Temos assuntos com você.”

O homem atarracado riu bruscamente.

Seu cabelo era vermelho. Ele usava óculos escuros, o nariz estava perfurado e um colar de corrente grossa pendia do pescoço. Ele usava roupas no estilo hip-hop. Um casaco azul escuro cobria seu corpo pequeno e gordo, além de calças folgadas. Ele usava tênis azuis de basquete.

“Você é Kengyou do Templo Sombrio, certo? Por que você não vem conosco?”

O homem perguntou naturalmente. Ele pensou que era Linguagem Espiritual por um momento, mas não era. Mas ele podia sentir uma aura de alta pressão vinda da voz e, mais importante, do próprio homem, e isso o fez suspeitar se era uma Linguagem Espiritual de Primeira Classe.

“O-Order!?”

Ele imediatamente lançou um talismã. Embora fosse um talismã do elemento fogo, a magia não havia sido preparada adequadamente, e a magia do talismã só tinha poder. De qualquer forma, ele recorreu à cortina de fumaça e tentou aproveitar a oportunidade para escapar.

Mas…

O homem sorriu. Ao mesmo tempo, a aura de alta densidade foi liberada do corpo do homem e a energia mágica infundida no talismã foi levada pela pressão espiritual. A mente de Kengyou ficou em branco. Não importava o quão apressadamente ele usara a magia, era extremamente anormal que ela se tornasse ineficaz puramente pela aura do corpo de alguém. Além disso, a aura do homem não era humana. Era uma aura demoníaca.

“Eu não pretendo comer você ou algo assim. Acalme-se… Ou você quer que eu o coma?”

A boca abaixo dos óculos escuros do homem torceu e ele arreganhou os dentes enquanto falava. Os caninos que se estendiam de sua mandíbula eram estranhamente longos. Como se fossem presas.

“O-Oni…!?”

Um Desastre Espiritual móvel. Um Fase Três ‘Tipo Ogro’. Além disso, tinha uma consciência clara e controlava seu próprio poder, por isso era sem dúvida um ‘verdadeiro Oni’ que existiu por muito tempo.

“Ahh!? Gozu, que injusto! Fui eu quem o encontrou primeiro!”

“Você causou uma comoção, Mezu. A Agência Onmyou estará aqui em breve. Não continue brincando.”

A mulher que olhou na direção de Kengyou, que gritou com os olhos arregalados. O homem franziu o rosto para a mulher que jogara fora o Yaksha e bateu os pés. Como esperado, eles eram camaradas. Nesse caso, a aura demoníaca que ele tinha visto da mulher antes não tinha sido um erro.

Mas… Neste caso, havia dois Oni verdadeiros ali?

Escusado será dizer que Kengyou nunca tinha visto um verdadeiro Oni antes. A maioria dos veteranos do mosteiro provavelmente também não. Qual era a implicação de haver dois de uma vez e também por procurá-lo? Era como se ele estivesse em um pesadelo.

Então, de repente, ele voltou a si e verificou a aparência de Shimoda, gemendo inadvertidamente. Antes que ele notasse, Shimoda já havia corrido para a entrada. Ele não tinha usado os dois Yaksha para derrotar a mulher, mas puramente para ganhar tempo. Embora isso fosse irritante, tinha sido um julgamento situacional preciso. Parecia que ele já havia sido ‘abandonado’ após o encontro.

As costas de Shimoda desapareceram do lado de fora do bar, e os dois Yaksha também se desmaterializaram logo depois. Os clientes que haviam derrubado as mesas antes também se refugiaram. Os únicos que restaram no bar além de Kengyou eram o homem e mulher Oni.

O homem – Gozu – deixou o assento e bloqueou a rota que levava aos fundos do bar com seu corpo atarracado. Por outro lado, a mulher – Mezu – ficou ali com os braços cruzados, infeliz, fazendo beicinho como uma criança. Os dois não estavam mais tentando esconder sua aura demoníaca. O crescente miasma colidiu um contra o outro e praticamente o deixou tonto. A música de fundo que ainda continuava tocando ressoava alto em sua mente.

Só então…

“M-Maldição!!”

Ele ouviu o som de xingamentos na saída do bar. Era Shimoda. Kengyou virou-se para olhar, surpreso, e Shimoda, que originalmente planejara fugir, correu de volta para o bar.

Ele caiu.

E então ele ficou imóvel. O que tinha acontecido? Logo depois que ele pensou…

*Thunk.* Veio um som melodioso.

*Thunk, thunk, thunk.* Sons melodiosos se aproximavam com um padrão regular. Então…

Um homem entrou no bar.

 

 

Um homem vestindo um casaco simples. Mas no momento em que o homem entrou no bar, arrepios subiram na pele de Kengyou por algum motivo. Como se o ar condicionado do bar fizesse com que a temperatura diminuísse rapidamente.

O homem exalava a sensação de um veterano experiente, mas na verdade parecia ainda jovem. Seu rosto por trás dos óculos parecia ainda mais jovem que o Kengyou de 35 anos.

Mas o cabelo do homem já estava quase completamente branco. Além disso, o homem segurava uma bengala na mão. Sua perna direita era uma prótese de madeira. O som melodioso de antes tinha sido o som da bengala e da perna protética.

“A~hh. Eu baguncei as coisas.”

Depois que o homem de cabelos brancos entrou no bar, ele examinou a terrível situação e suspirou.

“Chefe!” Mezu foi a primeira a falar. “Eu fui o primeiro a encontrar esse cara! Eu o encontrei!”

Mezu acenou com os braços e fez todo o possível para afirmar isso enquanto se aproximava do homem de cabelos brancos. O homem respondeu brevemente, entrando nas profundezas do bar com um ritmo constante.

No meio do caminho, ele virou a cabeça para Gozu e disse:

“Desculpe pelo trabalho.”

“… Kah. Você deveria dizer ‘Bom trabalho’ neste tipo de situação. Que pirralho que não entende de boas maneiras.”

“Ahh~! Gozu! Você tem que chamar esse cara de ‘Chefe’. Você esqueceu as ordens de Doman-sama?”

“Cale a boca. Eu sei disso…! De qualquer forma, esse cara é Kengyou do Templo Sombrio. O cara que está deitado lá também o chamou assim, então não pode estar errado.”

“Sim. Obrigado.”

O homem que havia sido chamado de ‘Chefe’ sorriu ironicamente e agradeceu a Gozu, que apontou o queixo na direção de Shimoda. Então, ele finalmente moveu o olhar para Kengyou.

Para ser sincero, os olhos do homem eram calmos, mas não frios ou severos. Em vez disso, eles eram muito gentis.

Mas Kengyou engoliu inadvertidamente.

Ele lembrou. Ele lembrou que, antes que o Templo Sombrio fosse destruído, ouvia com frequência ‘certos rumores’ em seu posto, responsável por entrar em contato com outras organizações.

O boato era que havia um feroz Onmyouji nas profundezas da atual comunidade mágica. Esse Onmyouji usava três shikigami incomparavelmente poderosos e redesenhou o equilíbrio de poder na comunidade em um piscar de olhos.

Que esse Onmyouji tinha um apelido derivado dos três Shikigami que ele usava e das peculiaridades de seu corpo.

Três pernas.

Ou, por extensão, ‘Yatagarasu Branco’.

“Prazer em conhecê-lo, Sacerdote Kengyou. Lamento muito que as coisas de repente tenham se tornado assim. Apenas seguindo a sua expressão, parece que você entende… os meus assuntos.”

“… Poderia ser o… Yatagarasu Branco…?”

“Ahaha, que exagero. Três Pernas é suficiente. Enfim, é apenas um apelido simples.”

O homem – Três Pernas – sorriu casualmente.

“Em vez disso, eu tinha uma razão importante para visitá-lo, Sacerdote. Na verdade, tenho uma coisa que quero lhe perguntar. Sinto muito, mas poderia me emprestar um pouco do seu tempo?”

“E-Eu?”

“Sim. É sobre o Templo Sombrio.”

No momento em que ele disse isso, os olhos profundos sob os óculos do Três Pernas brilharam como a ponta de uma lâmina. Era arrepiante.

Um Onmyouji de uma perna e os dois verdadeiros Oni que ele liderava.

Mesmo sendo quem era, Kengyou era um Sacerdote do Templo Sombrio. Ele tinha visto uma ampla disseminação da comunidade mágica. Ele também conhecia vários praticantes monstruosos – por exemplo, o Sacerdote Jougen.

Mas o terror e a nitidez desse homem pareciam diferentes dos outros.

Um homem caloroso, descontraído e evasivo. Mas essa personalidade em si não emitia um sabor particularmente perigoso. Em vez disso, ele tinha uma atmosfera inexplicável e sincera que o fazia, sem saber, baixar a guarda, mesmo que desconfiado.

Mas no momento em que sentiu isso, o ar mudou. A personalidade do homem não mudou, mas a impressão que ele emitia se transformou em uma fria intenção assassina. Um ‘perigo’ caloroso, descontraído e evasivo. Ele se tornou um ceifeiro sem emoção.

Kengyou associou aquele homem ameaçador e desapegado a um deus da morte. Exato. Talvez os chamados deuses da morte fossem inesperadamente suscetíveis a aparecer sem motivo.

“Enfim, nossa missão de captura terminou. Vamos voltar e Doman-sama para ele nos elogiar.” Mezu orgulhosamente estava de pé atrás das costas de Três Pernas.

“Sim.” Gozu também assentiu em concordância pelas costas de Kengyou. “Não há sentido em ficar para trás por muito tempo, então vamos nos retirar com esse cara.”

*Thud* Gozu colocou a mão grossa no ombro de Kengyou. Parecia que ninguém presente planejava ouvir a opinião de Kengyou. Embora a outra parte dissesse que não o comeria, ele se sentia como um peixe no anzol. Ele não sentia que iria sobreviver.

Só então…

“Ah, Gozu! Você vai roubar ele? Esse cara é meu!”

Os olhos de Mezu se estreitaram quando viu Gozu colocar a mão no ombro de Kengyou. Sua expressão mudou e ela tentou se aproximar de Kengyou como uma criança cujo doce havia sido roubado por outra pessoa.

Antes que isso acontecesse…

“Ei.” A bengala do Três Pernas se levantou, parando em frente ao nariz de Mezu. Mezu parou o pé no ar.

“Espere, o que você está fazendo!?” Imediatamente depois, ela olhou para Três Pernas:

Um impacto que parecia dividir o mundo em dois passou pelo centro do bar.

Do chão ao teto.

Um corte.

Kengyou foi nocauteado sem ter ideia do que tinha acontecido. Embora Gozu imediatamente o tenha puxado por trás, até a expressão de Gozu mudou. Por outro lado, Mezu, que havia sido parada no último segundo, arregalou os olhos e olhou para a fissura que o corte havia aberto na sua frente. Seu rabo de cavalo tremulou para fora como se tivesse encontrado um vento repentino, e seu corpo comprido brilhou com Lag ao suportar a onda de choque da energia mágica.

Após uma pausa momentânea, o bar – todo o edifício – estremeceu e rangeu. O chão e o teto foram abertos em um flash e a poeira caiu. As mesas na linha do corte foram divididas em duas – além disso, foram quebradas em pedaços.

Em meio a tudo isso, o Três Pernas formou um selo com uma única mão e evitou o impacto.

“… O quê? Nós realmente estávamos sendo espionados. Mesmo assim, que ataque surpreendente.”

Ele sorriu amargamente e se virou na direção da estrada.

Então, Ohtomo Jin falou baixinho com uma expressão triste – mas destemida:

“Você está bastante ansioso pela batalha, Zenjirou.”

 

 

A data estava prestes a mudar.

Parecia inconcebível que estivesse tão frio, mas não estava nevando. Mais importante, ele estava em uma van parada em um parque. É claro que o aquecedor estava ligado, mas o ar frio de fora ainda se infiltrava lentamente no chão.

Yamashiro Hayato, que estava sentado no banco do motorista, verificou as horas com o relógio. Ele bateu levemente no volante com a ponta do dedo.

Ele era um jovem que dava uma forte impressão. Ele usava um casaco leve sobre seu traje simples. Embora sua aparência adequada parecesse racional, ela parecia um pouco arrogante, talvez por causa de sua juventude. Embora ele atualmente não estivesse mostrando nenhuma expressão, ele parecia acreditar que era extremamente estúpido perder tempo em modo de espera.

Yamashiro olhou para o espelho retrovisor. Ele não tinha certeza de quantas vezes isso acontecera, mas o cenário refletido lá não mudava, mesmo depois de suas múltiplas observações.

Dois homens estavam sentados na traseira da van.

O que estava sentado atrás dele era um homem que parecia ter cerca de quarenta anos e cujos cabelos estavam misturados com brancos. Seu corpo era longo e esbelto, e suas roupas de estilo antigo combinavam muito bem com ele. Só que seu rosto parecia muito pobre. Não parecia que seu corpo estava doente. Sua expressão também era escassa, e ele se sentou no banco de trás com uma expressão que faria as pessoas duvidarem se era um humano ou um cadáver, lendo um livro pela iluminação interior da van.

E sentado atrás dele, na fila mais traseira da van, estava um homem conciso e comovente, com cerca de vinte e cinco anos. Ele também estava vestido de terno. Embora ele não tivesse gravata, algo cavalheiresco podia ser sentido em sua atmosfera fria e composta. Mesmo em sua postura sentada na van, suas costas estavam retas e não parecia que seus músculos estavam relaxados. Ele estava cruzando os braços e fechando os olhos, meditando sem emitir nenhum som. Uma katana – sua lâmina de confiança – inclinava-se contra o assento ao lado dele.

Os dois eram Investigadores Mágicos pertencentes ao Departamento de Investigação de Crimes Mágicos – os colegas de trabalho de Yamashiro. Mas os dois tinham uma história mais longa no Bureau de Exorcismo do que nos Investigadores Mágicos. Além disso, ambos eram orgulhosos Onmyouji Nacionais de Primeira Classe da Agência Onmyou.

Ex-Sensitivo Especial, ‘Olho Divino’ dos Doze Generais Divinos, Miyoshi Tougo.

Ex-Oficial Independente, ‘Espada Celestial’ dos Doze Generais Divinos, Kogure Zenjirou.

Um era o homem que tinha sido avaliado como tendo a ‘habilidade mais preciosa da Agência Onmyou’ e um era o homem que todos concordavam que era o mais jovem membro da elite do Bureau de Exorcismo. Kogure havia se transferido do Bureau de Exorcismo para os Investigadores Mágicos por causa de assuntos do ano anterior, mas Miyoshi havia acabado de se transferir no mês último mês.

Exorcistas Independentes eram as elites das equipes de purificação de Desastres Espirituais. Yamashiro também ficou extremamente surpreso quando Kogure, admirado na linha de frente, foi repentinamente transferido para os Investigadores Mágicos. Mas toda a Agência Onmyou ficou poderosamente abalada quando o Sensitivo Especial Miyoshi, que era inestimável para a purificação de Desastres Espirituais, se transferiu para fora do Bureau de Exorcismo. Além disso, era completamente inesperado que esses dois estivessem se unindo a ele. O próprio Yamashiro também era um Onmyouji Nacional de Primeira Classe que havia obtido as qualificações de ‘Onmyou de Primeira Classe’. Uma equipe de Investigadores Mágicos formada por três Generais Divinos provavelmente era sem precedentes.

Mas certamente era verdade que os Investigadores Mágicos atualmente precisavam agir com ousadia, porque seu talento era insuficiente. Não era um problema no número de Investigadores Mágicos ou da baixa qualidade deles, mas os casos pelos quais os Investigadores Mágicos eram responsáveis eram muito difíceis e complexos. Yamashiro e os outros estavam em espera dentro da van esta noite por causa de um desses casos.

“… Oficial Miyoshi. Nenhum movimento?” Yamashiro perguntou, olhando através do espelho.

Miyoshi, que estava sentado atrás dele, disse: “Yamashiro-shi. Eu não sou mais um Sensitivo Especial. Sou apenas um Investigador Mágico agora.”

O novato em nome de Investigador Mágico descansou o olhar em seu livro, não planejando erguer o rosto. Yamashiro havia agido junto com Miyoshi uma vez antes de se transferir, quando eles foram visitar o Templo Seishuku. Ele também entendia sua personalidade problemática. Claro, não era o tipo de problema em que apenas relevar faria ser menos irritante.

“… Miyoshi-san. Movimento?”

“Nenhum.” Miyoshi respondeu categoricamente à mudança de tom de Yamashiro.

Yamashiro desviou o olhar de Miyoshi para Kogure através do espelho. Talvez confirmar especialmente tenha sido uma ação indelicada. Mas no final, ele ainda perguntou.

“… Kogure-san. As informações de que Kengyou está entrando em contato com o Ajuntamento estão corretas?”

Kogure não respondeu imediatamente. Ele permaneceu imóvel, ainda com os braços cruzados e os olhos fechados.

Após uma pausa de três segundos inteiros, ele disse:

“Quem sabe.”

Quem teria pensado que ele diria ‘quem sabe’? O rosto de Yamashiro ficou descontente. Kogure claramente deveria ser incapaz de ver sua expressão, mas um sorriso efêmero surgiu em sua boca.

“Infelizmente, não tenho certeza sobre que tipo de pessoa é o Sacerdote Kengyou. Não posso afirmar que ele não mudará de ideia no último segundo… Mas, nesse caso, ele não conseguirá confiar no Ajuntamento novamente. Enquanto os rumores se espalharem, outras organizações provavelmente abandonarão seus planos para levá-lo. É claro que ele provavelmente deveria entender esse ponto também.”

“… Mesmo assim, ele vai morder a isca?”

Yamashiro perguntou novamente.

Embora Kengyou fosse um alvo perseguido pelos Investigadores Mágicos, ele não era o alvo de caça do grupo de Yamashiro. O alvo deles era alguém maior. Kengyou era apenas uma isca que eles estavam usando para pescar seu verdadeiro alvo.

Mas Kogure respondeu indiferentemente com um: “Não tenho certeza.”

“Se você só vai falar sobre coisas triviais, aproveite a oportunidade para dormir um pouco.”

“Não é trivial…”

Yamashiro respondeu em um tom que não poderia ser chamado de nada além de trivial.

Pode-se dizer que ‘esperar’ era um trabalho importante para um Investigador Mágico. Só que, embora ele entendesse isso por dentro, ele ainda não podia evitar a não adequação da situação à sua personalidade.

Além disso, a outra coisa que desanimava era o silêncio que dominava a van.

Para ser sincero, ele pessoalmente não se importava mais com Miyoshi. Na verdade, simplificava as coisas se ele fechasse a boca e lesse seu livro. Mas ele queria conversar mais com Kogure.

Já fazia mais de um ano desde que Kogure havia chegado aos Investigadores Mágicos, mas nos primeiros um ou dois meses ele trabalhou com Investigadores Mágicos veteranos que estavam familiarizados com o trabalho e depois se moveu quase que sozinho. Ele nunca tinha entrado em contato com Yamashiro.

Yamashiro não acreditava que ele era inferior a Kogure como um Investigador Mágico.

Mas ele não podia se igualar Kogure como um Onmyouji.

Era como se entre os praticantes, a maioria dos exorcistas e Investigadores Mágicos fossem mais destacados do que outros Onmyouji. Mesmo entre os Onmyouji Nacionais de Primeira Classe, a força de Kogure que havia sido um Exorcista Independente também fazia com que se sentisse em um nível superior ao de outros Onmyouji Nacionais de Primeira Classe. Mais importante, Yamashiro, cuja experiência como General Divino ainda era superficial, estava interessado em exatamente que tipo de nível as habilidades dos outros Generais Divinos estavam e quão bem ele se sustentava a esse respeito. Isso não queria dizer que ele queria se aproximar deles, mas ele queria entendê-los.

Mas, ao contrário de como ele havia sido avaliado quando estava no Bureau de Exorcismo, Kogure estava taciturno e não deixava que as pessoas o abordassem depois de se transferir para os Investigadores Mágicos. Ele se comunicava suficientemente apenas quando o trabalho exigia. Na verdade, alguns Investigadores Mágicos que conheceram Kogure antes falaram sobre ele como se ele tivesse se tornado uma pessoa diferente. Até o próprio Yamashiro, que estava em sua equipe, não teve nenhuma conversa real com ele fora do serviço.

Ele definitivamente não estava tendo dificuldades com o trabalho.

Mas havia certamente algumas áreas imprevisíveis sobre ele.

“…”

*Tap.* Yamashiro olhou pelo espelho enquanto batia no volante com a ponta do dedo.

Só então…

“… Ah, aí está o movimento.”

De repente – embora ele ainda olhasse para o livro – Miyoshi falou. Yamashiro não pôde deixar de torcer o corpo e olhar de volta para o banco de trás, e Kogure também abriu os olhos.

Um olhar cintilante e afiado encarou Miyoshi, vindo do banco da frente.

“Kengyou?”

“Sim. Ele entrou naquele prédio. Assim como as informações diziam.”

“E o Ajuntamento?”

“Eles não vieram.”

“… E o outro?”

“Também não. Mas se praticantes do seu nível usarem magia furtiva, pode ser difícil notá-los.” Miyoshi declarou categoricamente a verdade.

Miyoshi era um ex-Sensitivo Especial. Ele era o Onmyouji com a visão espiritual mais proeminente na Agência Onmyou. Atualmente, ele não estava apenas lendo puramente para matar o tempo ocioso, ele estava usando ativamente sua capacidade de espírito vidente para ‘observar’ a área circundante.

Uma furtividade que ele, que via esse tipo de magia tão naturalmente quanto sentia sua respiração, seria incapaz de enxergar. Aquele que Yamashiro e os outros estavam perseguindo era um praticante com tanta habilidade.

“Devemos ir?” Yamashiro questionou Kogure novamente. Kogure era o responsável pela equipe.

“Ainda não é hora.” Kogure respondeu. “Mas mova a van. Vamos dar uma volta pela área e iremos quando houver atividade.”

Yamashiro assentiu, ligando a van. Então, ele começou a rodar pelas estradas circundantes, a fim de não ficar longe do edifício em que Kengyou havia entrado.

 

 

Mais vinte minutos se passaram desde então. Assim que Yamashiro estava prestes a começar a ficar impaciente:

“… Alguém está aqui.” Miyoshi abriu a boca. “Um praticante trazendo dois Shikigami defensivo. Eles são Yaksha.”

Kogure acenou com a cabeça para o relatório de Miyoshi:

“Alguém do Ajuntamento?”

“Provavelmente. Ele acabou de entrar no prédio.”

“Alguma mudança notável no ambiente?”

“Não há movimento óbvio…”

Miyoshi levantou os olhos do livro. Seus olhos estavam focados no ar vazio. As expressões de Kogure e Yamashiro se apertaram rapidamente.

“… Há uma presença suspeita… Não, há outra entrando no prédio pela porta dos fundos. Pelo menos, eles não são humanos.”

“Yamashiro.”

Kogure emitiu uma ordem e Yamashiro imediatamente dirigiu a van até o prédio em que Kengyou estava. Miyoshi inseriu um marcador e fechou o livro. Por outro lado, Kogure abriu a janela da van. Ele suportou o ar gelado da noite que rapidamente passou, estreitando os olhos e ‘observando’ a aura ao redor.

“… Kokuryuu. Dasai. Reisen. Hou’oubiden. Vão para as posições que mencionei antes. Não esqueçam sua furtividade até eu dar o sinal.”

Em um breve momento, quatro auras tremeram ao lado de Kogure, voaram pela janela e de repente desapareceram em furtividade. Os corvos Tengu que Kogure usava.

Então…

“… Ah, acabei de confirmar. A primeira presença é um ‘Tipo Ogro’. Aquele que entrou primeiro no prédio pela frente está emitindo uma aura demoníaca.”

“Qual?”

“Uma aura demoníaca diferente daquela que eu vi no ano passado no Templo Seishuku. Em outras palavras, não é Kakugyouki.”

A mão de Yamashiro, que segurava o volante, ficou rígida quando ouviu isso.

Não era Kakugyouki. Então, quem tinha mordido a isca era…

“… Shadow…!” Yamashiro murmurou bruscamente.

Shadow, ou Ohtomo Jin. Embora não tivessem se encontrado diretamente, ele ouvira rumores. Ele era o confidente do ‘Leque Celestial’, Amami Daizen, que havia sido o Chefe dos Investigadores Mágicos até o ano anterior à Yamashiro entrar na Agência, um Investigador Mágico que havia subjugado a escuridão da Agência Onmyou. Uma pessoa equivalente a um ‘senpai’ à posição de Yamashiro.

No momento, ele estava se movendo nas sombras da sociedade sob o nome ‘Três Pernas’. Ele era um dos nomes listados na lista negra dos Investigadores Mágicos como uma pessoa perigosa junto com Tsuchimikado Harutora que era vista como a reencarnação de Tsuchimikado Yakou.

Kogure pegou o telefone e discou.

“… Chefe. É Kogure. A probabilidade de Shadow aparecer aumentou. Solicitando assistência imediata.”

Parecia que aquele com quem ele estava conversando era o atual Chefe dos Investigadores Mágicos, o Chefe Kurahashi. Kogure desligou o telefone depois de mais duas ou três frases de diálogo.

Estendendo a mão para a lâmina de confiança inclinada ao lado dele, disse:

“Yamashiro, ainda não estamos lá?”

“Estamos chegando agpra…”

A frase de Yamashiro foi cortada.

Yamashiro – e Kogure – ambos ‘viram’ no destino para o qual a van se dirigia. A presença do Oni que Miyoshi havia sentido. Assim como Miyoshi havia relatado, havia dois.

Os dois Oni pararam de esconder a aura demoníaca. Por quê? O mais concebível era que uma batalha havia começado. Mas não importava Kengyou, mesmo supondo que os praticantes do Ajuntamento fossem bastante poderosos, eles não achariam que poderiam ser os oponentes desses dois Oni. Embora fosse uma batalha, o vencedor já havia sido decidido desde o início.

A voz de Kogure exalava urgência.

“Miyoshi-san! E a presença de Shadow?”

“Ainda nada. Ou ele enviou os Shikigami, ou ele está usando furtividade.”

“E D?”

“Também não está claro.”

As palavras de Miyoshi foram calmas do começo ao fim. Com um timing perfeito, o prédio que Kengyou e os outros estavam apareceu pelo para-brisa da van.

Um antigo prédio compartilhado que continha várias lojas. Mas vários clientes estavam correndo em pânico pela entrada do primeiro piso. Como esperado, uma batalha havia começado lá dentro. Yamashiro parou a van perto da calçada em frente ao prédio.

“O que nós fazemos?”

Ele conferiu com Kogure.

“Atacamos.” Kogure respondeu imediatamente.

“Nós não estamos esperando por apoio?”

Kogure já havia pego sua lâmina de confiança e se levantado da cadeira no momento em que Yamashiro se virou surpreso. Depois de abrir a porta deslizante da van, ele pulou para a calçada sem olhar para o veículo.

“… Merda.” Yamashiro não pôde deixar de praguejar quando parou o motor.

Era um assunto de conhecimento público entre os Investigadores Mágicos que Kogure e Ohtomo haviam sido colegas. Alegadamente, eles também tinham sido extremamente íntimos. Era por isso que ele parecia ter emoções complexas sobre Ohtomo, que era procurado pela Agência Onmyou. Ele não sentia exatamente que Ohtomo acomodaria o inimigo, mas ele tinha que ficar em guarda.

Ele abriu a porta do carro e correu atrás de Kogure, saltando do banco do motorista para a estrada. Quando ele fechou a porta atrás dele com um golpe, Miyoshi, em pânico, rolou pela janela da van e enfiou a cabeça para fora.

“Espere, Yamashiro-shi! Se você for também, quem vai me proteger?”

“Mesmo o ‘Espada Celestial’ estará em desvantagem contra dois Oni. Deixá-lo sozinho é perigoso.”

“Se deixar alguém sozinho é perigoso, é o mesmo para mim. Ou melhor, estou em muito mais perigo.”

“Então, por favor, espere na van.”

“Eu não consigo relaxar estando tão perto.”

“Então venha conosco.”

“Não seja ridículo!”

Miyoshi falou seriamente do começo ao fim. Embora não tenha sido a primeira vez que estava no mesmo grupo que ele – pensando nisso, Miyoshi tinha sido assim desde o início de sua viagem ao Templo Seishuku – mas isso diminuiu sua motivação. Ele já estava ‘em cena’, então realmente desejava que as coisas não tivessem que ser assim.

Mas, exatamente como Miyoshi se preocupava, o ex-Sensitivo Especial, com sua extraordinária capacidade de espírito vidente, era completamente inútil em uma batalha. Mais importante, era uma batalha contra um verdadeiro Oni, por isso era muito possível que ele fosse arrastado e perdesse a vida se estivesse por perto.

“Então vá se abrigar em um lugar que pareça seguro. Se o apoio chegar, entre em contato com eles!”

Yamashiro anunciou isso e então circulou a van para correr na calçada. Embora as reclamações de Miyoshi ainda estivessem vindo por trás dele, ele decidiu não prestar atenção.

Mas imediatamente depois que ele circulou para o outro lado da van, ele percebeu que Kogure ainda não havia entrado no prédio. Ele estava na calçada em frente ao prédio, olhando para o prédio alto com uma expressão afiada.

Yamashiro correu para o lado de Kogure e disse:

“Estamos aguardando o suporte conforme o esperado?”

“Os oponentes recuarão imediatamente quando pegarem Kengyou. Temos que mantê-los aqui até o apoio chegar.”

“Mas há uma grande lacuna no poder de combate. Além dos dois Oni, pode haver um ex-General Divino – também é bem possível que até um ara-mitama apareça. Quando um Onmyouji Nacional de Primeira Classe é complementado por três outros alto níveis como Fase Três, há um limite para quanto tempo podemos mantê-los aqui.”

Depois de repetir essas palavras, sentiu o quão imprudente era o conteúdo. Afinal, mesmo na ‘Grande Repurificação Hinamatsuri’ que estava a um passo de se transformar em uma declaração de estado de emergência, houve equipes de purificação de Desastres Espirituais posicionadas do lado de fora do Jardim Exterior Meiji e elas tinham como alvo apenas dois Fase Três ‘Tipo Chimera’ para serem purificados. Mesmo assim, o Bureau de Exorcismo da época tivesse enfrentado a situação com força total. Certamente, o perigo dos Oni antigos, que já eram espiritualmente estáveis, tinha que ser considerado diferente do Nue, que teve pouco tempo depois de se formarem, mas não eram menores ameaças como ‘oponentes de batalha’. Não, pelo contrário, eles eram muito mais perigosos.

Além disso, os Fase Três que eles iriam enfrentar eram os Shikigami de Shadow. A dificuldade de lidar com entidades espirituais sendo usadas por um excelente praticante não poderia ser comparada à de simples Desastres Espirituais.

Mas…

“Eu entendo. Primeiro, vou me livrar de um.” Kogure olhou para o prédio, preparando sua lâmina com um olhar imutável.

Ele colocou a mão esquerda na espada ainda embainhada pendurada na cintura e se inclinou um pouco para a frente, alcançando a mão direita até a empunhadura.

“Hah?” No momento em que Yamashiro soltou um som levemente bobo, a aura de Kogure desapareceu. Não, ele havia suprimido sua aura para não ser vista de antemão, condensando-a com ainda mais força.

Então explodiu.

Ao mesmo tempo em que a lâmina foi puxada, a mão direita de Kogure cortou rapidamente, e a lâmina – a lâmina divina ‘Segunda Norimune’ – piscou.

Em um instante, a enorme energia mágica refinada subiu ao horizonte junto com uma luz prateada. A lâmina representou um belo arco e a energia mágica liberada ao longo da trilha explodiu com uma força terrível.

Um golpe espetacular como se fosse rasgar o próprio mundo. Ele até teve a ilusão de que o prédio à sua frente estava dividido em dois. Yamashiro recuou um passo por causa da onda de choque e do impulso da pressão espiritual.

*BOOM* O prédio emitiu um som gigante de trituração e uma rachadura direta apareceu na parede externa.

Yamashiro ficou sem fala.

Em contraste, Kogure estalou sua língua silenciosamente.

“Mentira…”

Yamashiro voltou a si quando ouviu isso. Um ataque de uma posição tão distante sem aviso prévio. Kogure havia realizado um ataque surpresa antes mesmo de entrar em contato com o inimigo.

“Vamos lá.”

Depois que Kogure anunciou brevemente isso, carregando sua bainha e correndo para o interior do edifício, Yamashiro apressadamente o perseguiu.

Então, ele inadvertidamente gritou nas costas de Kogure: “Como você pode fazer isso!? Há pessoas comuns lá dentro!”

“Não se preocupe. Eu apenas cortei o piso em que os Oni estão.” Kogure disse indiferentemente.

Os dois usaram as escadas comuns em vez da escada rolante para entrar no piso de destino. Kogure assumiu a liderança, com Yamashiro logo atrás dele. O primeiro piso estava em uma comoção dentro do prédio. A lâmina de Kogure se seguiu logo após a Oni ter sido retida. Eles poderiam acreditar que fora um terremoto ou algo mais. Mas não havia tempo extra para levá-los à segurança. Yamashiro e Kogure subiram as escadas correndo, os pés fazendo barulho.

Só então…

“Foi você quem fez isso agora mesmo!?”

Nas escadas – ele imediatamente duvidou de seus ouvidos – soou uma voz que só poderia ser descrita como um ‘rugido sedutor’. Então, um tremendo som de destruição rugiu acima de sua cabeça, e do topo da escada – ele não pôde deixar de duvidar de seus olhos – desceu uma ‘alta mulher seminua’.

“Eu quase fui cortada! Tome isso, bastardo! Eu não vou te perdoar!”

*Smash* A mulher pisou com força na escada, bloqueando o caminho de Kogure. Ela era uma garota de rabo de cavalo – não, uma Oni. Uma aura demoníaca surpreendente estava surgindo em todo o seu corpo.

A Oni atacou furiosamente Kogure. Mas Kogure calmamente sacou sua lâmina de confiança, aparando de lado o salto com a energia mágica da lâmina, em vez de usar a própria lâmina.

A Oni, cujo impulso foi desviado, colidiu com força contra a parede. As escadas tremeram por causa do impacto e Yamashiro instantaneamente agarrou o corrimão.

“Kogure-san!?”

“Vamos lá. Nosso alvo é Shadow.”

Kogure subiu correndo as escadas depois de desviar a Oni. Yamashiro também tentou seguir, mas…

“… Não me subestime!”

A Oni que havia colidido com a parede voltou para as escadas, entrando entre Kogure e Yamashiro e atacando Kogure por trás.

“Tch! Order!”

Yamashiro lançou imediatamente um talismã. Um do elemento fogo que incendiou, queimando a Oni. Mas a Oni não estava preocupada. Talvez seu sangue estivesse fervendo demais, pois ela nem olhou para o ataque de Yamashiro.

Kogure torceu o corpo, virando a cabeça e golpeando com a lâmina. Mas desta vez, a Oni evitou a lâmina. Ela virou o corpo para evitar a lâmina enquanto estendia uma perna longa, chutando as escadas sob os pés de Kogure com um estrondo.

Um grande buraco foi aberto nas escadas por causa daquele golpe. Mas Kogure já havia saltado para o degrau acima um momento antes.

“Momo, o Shabin, se prende como remédio do Imperador, Shabang…”

Kogure entoou um encantamento, mantendo sua postura de segurar a espada. Magia do Reino do Fogo. A chama da energia mágica desceu em direção à Oni, que se defenderam com os braços.

“Quente!!” O corpo da Oni gritando brilhou com Lag. Yamashiro também mudou rapidamente sua magia do talismã para uma do elemento madeira. A madeira gera fogo. A aura de madeira gerou aura de fogo e ajudou a magia do Reino de Fogo de Kogure.

Contudo…

“Daaah!? Morra!!!”

O corpo da Oni inchou. Depois que ela abriu os braços defensivamente, uma aura demoníaca explodiu em seu corpo. A magia do Reino do Fogo de Kogure foi destruída por causa dessa força. Yamashiro, nas costas, imediatamente colocou uma barreira para se proteger da magia do Reino do Fogo e da aura demoníaca. Mas, ao mesmo tempo em que se protegeu, foi atingido pela poderosa pressão espiritual.

“Graah!”

A Oni arreganhou os dentes e berrou depois de jogar fora a magia do Reino do Fogo. O ar vibrou como se tivesse sido rasgado e as escadas pareciam desmoronar. Yamashiro não pôde deixar de tremer enquanto amaldiçoava a si mesmo.

Era um Desastre Espiritual móvel extremamente próximo neste espaço estreito. Uma presença avassaladora.

“Isso é… um Oni…!?”

Yamashiro era um Investigador Mágico. Sua experiência no combate a Desastres Espirituais era quase zero. O Oni chamado Kakugyouki também exerceu sua força quando o Templo Seishuku foi destruído, mas Yamashiro estava preso em uma batalha mágica com Tsuchimikado Natsume em um local distante. Era a primeira vez que ele enfrentava o poder de um ‘verdadeiro Oni’.

Além disso, ele temia que ela ainda estivesse se contendo. Talvez ela tivesse se restringindo pelas ordens de seu mestre, mas, embora tivesse se emocionado, ainda não tinha usado todo o seu poder. Ele conseguia entender isso apenas ‘vendo’.

Kogure rapidamente subiu as escadas para se afastar da Oni. A Oni o perseguiu. Yamashiro se preparou às pressas para seguir, mas cada passo da Oni tinha força suficiente para destruir a escada. Rachaduras apareceram em massa na escada, e já havia se transformado em algo que poderia desmoronar a qualquer momento.

“Yamashiro, circule para o atalho!”

Kogure subiu as escadas enquanto emitia uma instrução de cima. Yamashiro imediatamente obedeceu, se separando de Kogure e chegando em um corredor. Era no quarto piso.

Ele havia memorizado a estrutura do edifício de antemão. Havia um salão de mahjong no quarto piso. Foi uma comoção quando ele entrou no salão, e as pessoas perto da entrada gritaram e olharam para Yamashiro.

“Agência Onmyou! Um Desastre Espiritual aconteceu. Evacuem imediatamente!” Ele gritou alto enquanto corria para o atalho dentro do salão.

Mas…

“Seria melhor recuar se você for tão barulhento.”

Um homem apareceu pela porta aberta dos fundos do salão – um homem ruivo cujo corpo estava anormalmente atarracado. Yamashiro estalou a língua e parou. Aura demoníaca também apareceu no corpo do homem. Ele era outro Oni.

“Bem, aquela garota selvagem está se revoltando. Ela ficou com raiva porque você estava tomando liberdades? Vivemos na escuridão por cem anos para evitar problemas com os outros. Não vá perguntando ou pedindo nada, garoto.”

O Oni usava óculos escuros no rosto e sorriu ferozmente. Ele mostrou suas presas, pingando uma densa aura demoníaca que evocava um terror instintivo.

Mas ele não poderia se chamar um General Divino se vacilasse ali.

“Order!”

Um elemento de madeira e um elemento de fogo. Mas eles não se geraram. O vento agitado pelo talismã do elemento madeira soprou a chama produzida pelo talismã elemento do fogo, girando-o em frente ao Oni. Uma cortina de fumaça. Ele fez um substituto com um talismã Shikigami enquanto a chama dispersa obscurecia a visão do oponente.

Os clientes gritaram e deixaram suas mesas para fugir. Ele se moveu, misturando-se à comoção. Enfrentar um Desastre Espiritual de frente não era obra de um Investigador Mágico. Além disso, a missão que fora solicitada a Yamashiro e aos outros era reter Shadow até o apoio chegar. Ganhar um combate contra esse Oni não faria sentido se Shadow fugisse.

O Shikigami simples substituto constantemente usava magia de talismãs. Realizaria ataques finos até que a energia mágica que ele havia lhe dado antes fosse esgotada. Yamashiro planejava aproveitar essa abertura e circular pelas costas do Oni.

Mas sua tentativa foi facilmente vista.

“Ei, garoto, é melhor você recuar se não for atacar.”

O Oni o avisou em voz baixa. Ao mesmo tempo, seu cabelo ruivo tremulou e ficou bagunçado quando sua aura demoníaca inchou em um flash. O Oni deixou sua aura demoníaca irromper em todos os lugares na frente de Yamashiro, que havia tomado uma posição defensiva reflexivamente.

“Ugh!?”

Um ataque inesperado. Yamashiro gemeu e cambaleou ao suportar a aura demoníaca, e a magia furtiva que ele estava usando foi liberada. Mas ele não teve tempo para se importar com isso.

“O-Order!”

Mesmo que ele tivesse perdido o equilíbrio e estivesse prestes a entrar em colapso, Yamashiro lançou desesperadamente um talismã atrás dele. Um talismã protetor. Ele colocou uma barreira mágica no último momento na frente dos clientes saindo pela entrada do salão, conseguindo bloquear a aura demoníaca. O Oni assobiou.

“Você imediatamente ‘protegeu’ as pessoas, mesmo nesse momento. Embora seja admirável a seriedade com que você cumpre sua responsabilidade como funcionário público, não acho que você tenha poder suficiente para se preocupar com os outros.”

O Oni sorriu para Yamashiro, que não estava furtivo, e falou. Yamashiro imediatamente se endireitou, mas o Shikigami simples que ele havia criado como seu substituto já havia desaparecido na aura demoníaca.

Ele estava completamente familiarizado com as batalhas contra os praticantes, mas, por outro lado, sua intuição desapareceu por seu oponente ser um Desastre Espiritual. Não importava que ele tivesse forma humana.

Ele deveria tentar avançar de novo ou pensar em outros métodos?

O Oni não planejava agir primeiro. Os dois lados começaram a olhar inconscientemente um para o outro.

O que quebrou esse impasse foi um enorme som de destruição que ecoou acima de suas cabeças, juntamente com um tremor que sacudiu o prédio.

Um impacto que fez pensar se o prédio estava prestes a entrar em colapso. Como se uma bomba tivesse explodido no andar de cima. Mas é claro que não era uma bomba. Era uma onda de choque de energia mágica que descia pelo teto. Era Kogure.

“Merda! De novo!”

O Oni estalou a língua, erguendo o queixo e encarando o teto.

Mas Yamashiro não desviou sua atenção do Oni naquele momento.

“Amarre-o! Order!”

Com as mãos, ele rapidamente amassou os talismãs Shikigami que ele tirou de suas roupas. Então, a névoa negra jorrava das fendas em seu punho fechado, contorceram-se e correram em direção ao Oni desatento, como se estivesse viva. A névoa negra possuía uma sensação de peso como metal liquefeito. O Oni gritou, pego de surpresa e rodeado pela névoa.

“Kodoku!?”

Exato. Magia proibida que havia sido chamada de maldição. O Investigador Mágico Yamashiro, que possuía as qualificações de ‘Onmyou de Primeira Classe’, usara um pedaço de magia proibida de acordo com seu próprio julgamento. Ele admitiu isso.

Yamashiro entrou em furtividade novamente. O Oni amaldiçoou e tentou se livrar do Kodoku, mas a névoa negra mudou de forma, dissipando-se e reformando para impedir os movimentos de seu corpo.

“Merda! Pensar que você usaria algo tão irritante!”

Ele ficou furioso – no momento em que viu isso, o Oni de repente abriu a boca, revelando suas presas, e mordeu o Kodoku com força. Mordeu, e mordeu. Ele mordeu a névoa negra, franzindo a boca enquanto o movimento ficava lento e sugando-a com um assobio.

Ei, ei, não seja ridículo!! Yamashiro amaldiçoou por dentro. Ele não tinha pensado que era possível ‘devorar magia proibida’. Isso foi inesperado.

O Oni comeu completamente o Kodoku em alguns breves segundos. Mas foi tempo suficiente. Durante o período em que o Oni estava comendo o Kodoku, Yamashiro manteve sua furtividade e passou correndo pelo Oni, alcançando a porta atrás dele.

“Order!” Ele lançou outro Kodoku como seguro, deixando-o como uma obstrução e saindo. O lugar em que ele saiu foi uma escada de emergência ao longo da parede externa.

O vento estava forte, uma vez no beco. Seu suor esfriou rapidamente ao ser exposto ao ar externo. Yamashiro lançou magia furtiva novamente. Ele subiu correndo as escadas com o último piso como alvo. A julgar pelo que ele tinha visto antes, o segundo Kodoku não compraria muito tempo. Ele tinha que aproveitar a oportunidade para se afastar – exatamente quando ele pensou nisso…

*Thunk.* Um som melodioso soou…

Um homem apareceu, descendo as escadas na frente dele.

Cabelo branco e óculos. Ele usava um casaco e segurava uma bengala, e uma de suas pernas era uma perna protética de madeira.

“Oh, céus.” Shadow falou com uma voz incongruentemente calma. “Então você passou por Gozu. Desta vez, o recém-chegado é excelente.”

 

 

“Em outras palavras, Sacerdote. Você saiu alguns dias antes do ataque de Tsuchimikado Harutora e, portanto, você não estava no mosteiro no dia do ataque?”

“… Sim. Em primeiro lugar, eu geralmente ficava mais do lado de fora do que… no mosteiro…”

O bar vazio.

Kengyou, que estava sentado no chão, com as costas apoiadas no balcão, respondeu à pergunta de Ohtomo com um olhar vazio e sem foco. Ohtomo se agachou no chão ao lado de Kengyou, continuando o murmúrio em seu ouvido com uma voz contendo energia mágica.

“Não houve nenhuma situação incomum nos dias antes de você sair também?”

“… Não tenho certeza… Na época, houve apenas uma recém-chegada a montanha… Depois, voltei imediatamente à cidade…”

“Essa é a garota chamada ‘Hokuto’ que você mencionou antes?”

“… Sim…”

Depois de Ohtomo suspirar, ele se levantou com um esforço, apoiado em sua bengala.

Ele coçou a cabeça com um rosto descontente, dizendo:

“Eu acho que acabou fracassando, embora eu não esperasse muito. Não admira que os Investigadores Mágicos o tenham deixado em paz sem se importar.”

Enquanto Ohtomo falava consigo mesmo, Kengyou, que estava sentado no chão, ainda não se mexia, parecendo distraído. Ele usara repetidamente Correntes de Ouro Imóveis, Linguagem Espiritual de Primeira Classe e magia de ilusão, fazendo todos os esforços para extrair informações. Ele havia planejado usar meios mais gentis, mas infelizmente não tinha esse tempo.

“Parece que os Investigadores Mágicos me pegaram dessa vez.”

Não, mais precisamente, era ‘Kogure’ e não os Investigadores Mágicos. Ohtomo murmurou e sorriu, depois espetou o chão com a bengala. Então, como se uma linha tivesse sido cortada, Kengyou perdeu a consciência e caiu no chão.

No entanto, não tinha sido completamente infrutífero.

A garota ‘Hokuto’ que Kengyou guiou era provavelmente Natsume. Havia uma ‘garota possuída por um dragão’ presente quando Harutora atacou o Templo Seishuku. Ohtomo recebeu o relatório de seu Shikigami. A dragão Hokuto era a besta guardiã da família Tsuchimikado, além de ser a Shikigami servo que Natsume usava. Como os verdadeiros dragões não podiam estar em toda parte, era razoável pensar que Hokuto estava possuindo Natsume.

Além disso, Natsume não tinha ido ao Templo Seishuku atrás de Harutora, ela havia chegado no dia anterior. Em outras palavras, ela sabia de antemão que Harutora apareceria no Templo Seishuku e esperara. Mas Harutora agiu enquanto apagava completamente seus rastros. Na verdade, mesmo que Ohtomo usasse todos os seus meios, ele não conseguiria farejar nenhuma informação. Mas então, como Natsume soube de antemão que Harutora iria ao Templo Seishuku?

A maior possibilidade era através da adivinhação. E Kurahashi Miyo e Kyouko estavam atualmente sob a vigilância estrita de Kurahashi Genji. Era impossível para Natsume entrar em contato com elas. Com isso, ele só sabia de um ‘adivinho’ restante. Tsuchimikado Yasuzumi, o chefe da família Tsuchimikado.

O paradeiro de Natsume tornou-se obscuro, além do de Harutora, desde o incidente no verão passado. No começo, ele acreditava que ela estava se movendo com Harutora, mas depois de perceber que ele estava errado, continuou perseguindo o paradeiro dela. Agora estava claro. Embora ele tivesse antecipado isso, ele ganhou a certeza.

Natsume estava atualmente se movendo com Tsuchimikado Yasuzumi. Talvez ela também estivesse junto com a família secundária Tsuchimikado, Tsuchimikado Takahiro e Chizuru.

“… Essas são boas notícias.”

Natsume não era descendente direta de Yasuzumi, mas parecia que ela não havia sido simplesmente abandonada por se tornar ‘substituta de Harutora’. Ohtomo poderia descansar um pouco mais sabendo que o clã Tsuchimikado estava ao lado de Natsume.

Mas, por outro lado, isso aprofundava os mistérios de Harutora. Natsume havia ressuscitado. Mas por que Natsume estava se movendo com Yasuzumi e os outros e não com Harutora?

Mas agora…

“Acabou o tempo.”

*Crash* O chão tremeu e o prédio emitiu um som desagradável.

O impacto intenso que veio de um andar abaixo se aproximou em um piscar de olhos. Havia também a aura demoníaca que Mezu liberava, junto com a aura de Kogure. Kogure chegaria ali muito em breve.

Seu objetivo nessa noite tinha sido apenas recolher informações de Kengyou. Ele não tinha planos de lutar contra Kogure – ou com os Investigadores Mágicos. Ohtomo começou a andar para a saída de emergência, sua perna protética fazendo barulho.

Mas…

“… Oh”

Os olhos de Ohtomo mantinham uma luz gelada. Imediatamente depois, atrás dele – a área na direção de Kogure – explodiu com uma poderosa energia mágica.

Ele imediatamente ergueu uma barreira firme, caindo no chão com um giro do casaco. A lâmina de Kogure – a lâmina de energia mágica – cortou como se fosse roçar o topo da cabeça de Ohtomo.

O primeiro ataque furtivo que ele usara teve uma trajetória ascendente e seu poder foi suprimido para impactar apenas aquele piso. Mas desta vez foi uma trajetória que viera de lado e de baixo. Um corte com poder total do início ao fim. A energia mágica aguda cortou instantaneamente o interior do bar como uma guilhotina. As portas automáticas na entrada foram esmagadas em fragmentos e rachaduras retas se estenderam pelas paredes de ambos os lados. O impacto atingiu a cabeça de Ohtomo enquanto ele estava deitado no chão.

“… Aquele idiota, ele está planejando cortar todo o edifício em pedaços.”

Ele provavelmente alcançara um ângulo em que poderia cortar esse piso porque subira as escadas. Então, ele cortou sem hesitar. Que ‘espírito de luta’. Então, seria difícil evitar completamente esse amplo ataque se ele confiasse em furtividade. Ohtomo levantou-se rapidamente, com a perna protética e a bengala batendo forte no chão.

“… Om marici sowaka.”

O segundo golpe de Kogure sobrevoou enquanto ele entoava o mantra de Marici e terminava de colocar um tipo diferente de barreira. Depois houve um terceiro golpe. Um corte incomparavelmente poderoso que nem se importava com paredes mágicas comuns. Mas como o interior do bar foi destruído novamente, Ohtomo ‘desviou’ os cortes em vez de ‘defender-se’ deles. Era a barreira que ele havia usado uma vez antes contra Kagami Reiji. A perna protética de Ohtomo bateu no meio da tempestade feroz de energia mágica e ele foi para a saída novamente.

A porta da saída de emergência estava na área mais profunda do bar, por isso estava fora do alcance da destruição. Ohtomo agarrou a maçaneta da porta. Ao mesmo tempo, ele viu a aura de Kogure chegar completamente ao chão.

Ohtomo girou a maçaneta da porta. Kogure correu para o corredor. Ohtomo abriu a porta. Kogure chegou em frente ao bar.

“Ohtomo!” Kogure entrou no bar pela porta automática destruída.

Ohtomo não se virou.

Ele saiu para a escada de emergência, fechando a porta. Nesse momento, a armadilha mágica preparada no bar foi ativada. A magia cobriu o interior do bar e obscureceu a aura de Kogure.

Uma barreira oculta de oito pontos. Embora fosse algo que havia sido preparado ‘no local’, não podia ser quebrada apenas pela força. Isso lhe daria tempo enquanto se retirava. Ohtomo ficou novamente furtivo, aproveitando a oportunidade para descer a escada de emergência.

Mas quando ele chegou ao patamar.

*Thunk*

Sua perna protética ecoou. Porque um jovem de terno tinha corrido para o próximo patamar. Depois que ele percebeu, ele parou em choque.

“Oh, céus.” Ohtomo murmurou amargamente. Embora ambos estivessem usando furtividade, era realmente um fracasso para os Investigadores Mágicos não perceberem que estavam por perto até que se encontrarem.

“Então você passou por Gozu. Desta vez, o recém-chegado é excelente.”

“Shadow!?”

No momento seguinte, uma magia voou para ele rapidamente, sem um encantamento ou um selo manual. Correntes de Ouro Imóveis. Embora fosse algo parecido com uma agressão padrão, não era uma má escolha, pois estavam tão perto e acabaram de se encontrar. Na verdade, o jovem imediatamente formou um selo de mão depois que lançou as Correntes de Ouro Imóveis. Ele estava se preparando para a próxima magia. Ele tomaria a iniciativa e seguiria para sua verdadeira magia de combate quando estivesse abalado.

Infelizmente, Ohtomo ainda estava cercado pela barreira de Marici. Os olhos do jovem se arregalaram quando viu Ohtomo desviar a magia. Dessa vez, Ohtomo lançou Correntes de Ouro Imóveis, sem se segurar, como se quisesse retribuir o favor. O jovem viu que não podia evitar completamente e imediatamente estendeu a mão esquerda.

“… Ugh!?”

Ele expôs sua mão esquerda à magia e usou uma única mão para enfraquecer seus efeitos. Depois de determinar que as Correntes de Ouro Imóveis de Ohtomo eram do mesmo tipo que as dele, ele se protegeu contra isso para manter o dano no mínimo. Nesse momento, sua mão direita rapidamente alcançou seu terno. Ele estava tentando atacar. Embora essa coragem não fosse ruim, parecia que ele era incapaz de determinar o motivo pelo qual seus ataques mágicos estavam se tornando ineficazes. Mesmo se ele lançasse as Correntes de Ouro Imóveis através de um encantamento, a barreira de Ohtomo não quebraria.

Mas os olhos de Ohtomo se arregalaram um pouco. O que o jovem sacou não foi um talismã, era uma pistola.

Além disso, ele atirou. A bala atingiu bem ao lado de Ohtomo, na parede externa do edifício.

“Não se mexa!” O jovem gritou. “Esse foi um tiro de aviso. O próximo vai acertar. Vou atirar para matar, dependendo da situação.”

Ohtomo sentiu um grande elogio. Este era realmente um excelente ‘Investigador Mágico’. Objetivamente, compreendendo a situação, entendendo a base de seu dever e movendo-se com precisão.

Quanto mais fortes eram os praticantes, mais eles se apegavam ao uso da magia e a usavam como um meio para resolver seus problemas. Um ara-mitama que se prendeu a competições de magia em vez de negociar provavelmente poderia ser listado como um exemplo representativo.

Mas o dever de um Investigador Mágico era ‘resolver’ problemas mágicos. A magia era certamente um meio eficaz, mas no final era apenas um meio – uma opção. Era mais importante ter a capacidade de responder com flexibilidade. Em certo sentido, uma bala poderia contar como ‘magia’ se o praticante a usasse para seu objetivo.

“… Você é bastante competente.” Ohtomo o elogiou diretamente.

Claro, ele conhecia esse jovem. Embora fosse a primeira vez que eles se encontrassem, ele ouvira rumores dele através de suas conexões. O novo Onmyouji Nacional de Primeira Classe que obteve as qualificações de ‘Onmyou de Primeira Classe’ no ano passado. O nome dele era Yamashiro, pelo que ele se lembrava.

“Não fale. Escute. Eu não pretendo ser misericordioso com um ex-General Divino como meu oponente. Eu atirarei imediatamente se você fizer a menor ação de resistência. Primeiro, solte essa barreira. Em seguida, desmaterialize os dois Shikigami.”

“Oh, céus, lamento…”

Yamashiro atirou.

“Não fale.”

“…”

Yamashiro ‘assistiu’ Ohtomo sem desistir. Mas mesmo que ele ‘assistisse’, ele não encarava seus olhos, a fim de focar na aura de Ohtomo. Ele estava em guarda contra ilusões mediadas pela visão ou aura. Embora ele ainda fosse jovem, ele tinha uma noção do básico.

Ohtomo encolheu os ombros e levantou as mãos, liberando a barreira. Yamashiro imediatamente usou a mão esquerda – embora seus movimentos não fossem fluidos – para tirar um talismã.

“Confunda, sele, feche! Om mori sawari! Ore!”

“…!?”

O talismã que Yamashiro jogou grudou no peito de Ohtomo. Magia imediatamente amarrou Ohtomo e a bengala caiu de suas mãos.

“… Este é… um método defensivo…”

“Hmph. Você ainda pode conversar. Muito bom.”

Yamashiro sorriu friamente.

O talismã preso a Ohtomo parecia ser uma criação de Yamashiro. Era formado a partir de dois feitiços, um dos quais era um feitiço que restringia espiritualmente Ohtomo. Mas do lado de fora, era combinado com um método de proteção de barreira que pertencia a Acala, assim como a Correntes de Ouro Imóveis. Era originalmente um feitiço que um praticante usaria em si mesmo, uma magia que bloqueava completamente os efeitos mágicos. Em outras palavras, Yamashiro havia adicionado uma barreira para fechar Ohtomo por dentro depois de prendê-lo com magia.

Nesse caso…

“Em outras palavras, eu não consigo me comunicar com os Shikigami. Que pena.”

Embora ele tenha ordenado a Ohtomo que desmaterializasse os Shikigami, seu verdadeiro objetivo parecia ser separá-los dele. Ele ordenou deliberadamente que Ohtomo o impedisse de tomar qualquer outro meio de resistência, fazendo seus pensamentos se moverem em direção aos Shikigami. Ele fez Ohtomo pensar em como usar os Shikigami e abriu essa abertura para dar o primeiro passo e selar sua conexão espiritual com eles. Embora fosse um truque com as palavras, parecia que ele entendia muito bem os métodos de dominar o passar de uma batalha mágica.

Ele tinha boas perspectivas.

Mas… Ohtomo sorriu ironicamente para si mesmo que, inadvertidamente, pensou em mencionar isso.

Já fazia um ano e meio, mas ele ainda não havia se livrado de seus hábitos desde quando era professor. Ele tentaria treinar alguém, desde que achasse que a pessoa era aceitável. Até ele ficou muito surpreso.

Mas no final, Kogure estava atualmente muito perto dele.

Além disso, Yamashiro era um ‘inimigo’.

“… Lamento…” Ohtomo disse as palavras que haviam sido interrompidas anteriormente. “Desmaterializar é impossível… Aliás, não há sentido em perturbações espirituais…”

“Bobagem. Não há necessidade de pensar no Shikigami quando o mestre é pego.”

Primeiro pegue o praticante quando enfrentar um poderoso Shikigami. Essa era uma teoria da batalha mágica.

Mas…

“… É por isso.” Ohtomo sorriu friamente dentro de sua prisão. “Esses dois Oni… não são realmente meus Shikigami…”

“O quê…?”

Do que diabos você está falando? Yamashiro tentou continuar com isso, mas ele não conseguiu.

Aura demoníaca.

Veio de dentro do prédio. Mas era dirigida a ele. E muito perto. Quando ele saltou reflexivamente para o lado, a aura demoníaca reprimida explodiu e, ao mesmo tempo, a parede entre Yamashiro e Shadow foi lançada para fora do prédio. Era o Oni de antes. Parecia que ele havia trocado de piso e perseguido Yamashiro.

É claro que, ao mesmo tempo em que Yamashiro pulou para o lado, ele puxou o gatilho da arma na mão. Tragicamente, a ordem estava errada. Ele deveria ter puxado o gatilho primeiro e depois pulado, mas seu corpo reagiu mais rápido que sua mente.

Tiros agudos foram misturados com o som estrondoso do prédio em ruínas.

A figura de Shadow tremeu, sua expressão rígida.

Acertou. Mas não adiantou. Seu antebraço esquerdo levantado foi atingido. Muito longe de ser fatal.

Como ele ainda estava magicamente preso, Shadow caiu por causa do choque do tiro antes do segundo disparo. Então, uma cabeça de cabelos ruivos espetados passou no buraco aberto na parede.

O Oni virou o rosto na direção de Shadow e disse:

“… A bala acertou?”

“… Não é nada para se preocupar…”

“Hmph. Bem, desde que você não está morto, você conta como ‘seguro’ de acordo com as ordens do meu mestre.”

“… Isso não importa, você pode se apressar e cortar esse feitiço…”

Depois que o Oni encolheu os ombros, ele deslizou pelo buraco que havia aberto com o corpo e chegou à escada de emergência, aproximando-se irritadamente de Shadow e tirando o talismã de Yamashiro. Yamashiro rangeu os dentes.

Um Shikigami tinha absolutamente um mestre. Essencialmente, nada faria se o mestre fosse feito refém. Mas se não tivesse um vínculo espiritual com seu mestre, eles não seriam capazes de se comunicar, não importando o quê – ele aperfeiçoou sua estratégia antecipando isso. Mas ele não esperava que os Oni atacassem com força, sem se preocupar com o perigo que isso representava para seu ‘mestre’. O que houve com Shadow dizendo que não eram seus Shikigami? De qualquer forma, era certo que a estratégia de Yamashiro havia sido lançada em ordem errada.

Shadow que foi libertado da prisão mágica usou um feitiço de cura para impedir seu sangramento. Ele pegou emprestado o ombro do Oni, conseguindo se levantar. Nesse período, Yamashiro trocou sua pistola para talismãs. A pistola não tinha sentido porque o Oni era seu oponente. Mas era discutível se mesmo usar talismãs teria ‘significado’. Pensando com calma, a chance de vitória de Yamashiro havia desaparecido completamente.

“Então, e aquele cara?”

“Nossos negócios acabaram. Vamos nos retirar.”

Shadow respondeu friamente à confirmação do Oni.

Logo depois.

“Nós não vamos matá-lo?”

O Oni olhou por cima do ombro para olhar para Yamashiro enquanto falava. Uma atitude frívola como se ele estivesse perguntando sobre o almoço. A tensão atravessou o corpo inteiro de Yamashiro.

Mas Shadow falou friamente novamente:

“Está tudo bem.”

“Ele é um inimigo, sabe? Você pode se arrepender disso.”

“Está tudo bem. Por enquanto, não é uma situação em que temos que matá-lo.”

Um tom calmo e composto que dificultava acreditar que ele havia levado um tiro. Mas os olhos atrás de seus óculos pareciam frios, de aço.

No momento, não era uma situação em que eles tinham que matá-lo, então não o fizeram. Suas palavras não sugeriram raiva ou ressentimento por quem acabou de atirar nele. Por outro lado, ele naturalmente mencionou que não mataria se não houvesse necessidade. Um julgamento calmo do ex-Investigador Mágico, assim como Yamashiro puxando sua pistola.

Mas… Yamashiro pensou.

Supondo que ele estivesse em uma situação em que ele tinha que matar, ele temia que Shadow emitisse a ordem com o mesmo ‘tom calmo e composto’ que ele tinha agora. Por outro lado, mesmo que as balas de Yamashiro o tivessem ferido criticamente, Shadow teria indubitavelmente ordenado uma retirada em um ‘tom calmo e composto’. Ele não mostrou nenhuma emoção vacilante.

Seus cabelos estavam arrepiados. Esse era Shadow. O Onmyouji que possuía a identidade da ‘Sombra dos Investigadores Mágicos’ no passado, cujo nome era falado com medo no interior da comunidade mágica. Ele ainda não havia chegado àquele território. Yamashiro tinha que admitir isso.

“Além disso…”

Shadow pegou emprestado o ombro do Oni, seu olhar caindo na bengala aos pés dele. Depois de pisar na ponta da bengala com o pé, a bengala saltou e voltou à mão direita de Shadow.

“Não temos mais tempo livre para lidar com esse garoto. O poder daquele cara aumentou quando não estávamos olhando.”

Um baque surdo soou acima das cabeças de Yamashiro e dos outros como se isso fosse um sinal.

O som pesado e destrutivo de um bloco de metal sendo aberto. Yamashiro imediatamente olhou na direção em que o som viera. Foi logo acima. Embora Yamashiro não pudesse vê-lo de sua posição, ele podia ver a aura.

Kogure.

“Haah!”

Kogure, que abriu a porta do bar e pulou na escada de emergência, lançou um corte. Imediatamente antes de acertar, o Oni carregou Shadow e saltou no ar. O local que Shadow e os outros estavam foi facilmente fragmentada pelo corte de Kogure.

“Yamashiro!” Depois que Kogure desceu as escadas num instante, ele gritou e saltou sobre a parte que havia destruído. Ele aterrissou em um patamar abaixo e continuou correndo pelas escadas em direção ao piso. Yamashiro, acordado pela voz de Kogure, correu atrás dele.

Por outro lado, o Oni que saltou no ar desceu carregando Shadow.

“… Humm.”

Ele torceu o corpo no ar e chutou o corrimão da escada de emergência. Ele compensou o momento de sua queda enquanto mudava sua trajetória, indo em direção ao beco dos fundos que dava para a escada de emergência.

“Haah!”

Kogure balançou a espada com uma mão enquanto descia a escada correndo. Uma lâmina de energia mágica atacou o Oni que não podia se esquivar no ar. Mas desta vez Shadow se defendeu contra isso com um feitiço protetor. O Oni, que foi repelido ainda mais pela força da lâmina, aterrissou no centro do beco com Shadow.

Kogure, confirmando a posição do Oni e Ohtomo, gritou alto.

“Agora! Implante!”

Um grito do céu noturno distante respondeu a ele.

Os Shikigami corvos Tengu de Kogure. Os quatro corvos Tengu, que estavam esperando o sinal de seu mestre, deslizaram de cima para fechar o beco. Gritos cheios de energia mágica ressoavam de um lado para o outro no beco.

“Ugh!?” O rosto de Yamashiro inadvertidamente se contorceu. Não era apenas um som estridente aos ouvidos. As ondas estridentes de energia mágica interromperam outros feitiços, perturbaram o fluxo de energia mágica e reduziram severamente a precisão da magia. Em outras palavras, era um distúrbio mágico.

O Oni colocou Shadow na estrada e inalou fortemente. Sua aura demoníaca inchou instantaneamente e a pressão espiritual circundante subitamente subiu.

“YAAAHHH…!” Ele rugiu.

A parede externa do prédio rachou e tremeu. Um Oni estava abaixo, o som contendo energia mágica. Em termos de poder, parecia comparável à lâmina de Kogure.

Mas, mesmo assim, os gritos dos corvos Tengu não parou.

Os Shikigami pareciam ter conseguido bastante poder espiritual de seu mestre Kogure de antemão. Seus resultados eram incomumente altos. Além disso, os corvos Tengu lutavam de acordo com as ordens de seu mestre Kogure e, em comparação, os Oni não eram Shikigami de Shadow. Ele era incapaz de liberar todo o seu potencial. Após a observação, notava-se que um pequeno Lag começara a piscar sobre o corpo do Oni. O Oni em si também era uma entidade espiritual. O efeito da interferência estava se mostrando.

A interferência do grito dos Tengu não era uma magia que derrotaria Shadow e os Oni e alcançaria instantaneamente a vitória. Mas, como ele havia anunciado no início, era extremamente eficaz se usado para segurá-los até o apoio chegar. Além disso, esse tipo de interferência poderosa era útil contra os feitiços mágicos poderosos e muito complexos de Shadow, enquanto, por outro lado, quase não afetava as lâminas cheias de energia mágica da espada divina de Kogure. Era uma estratégia razoável contra um oponente que usava técnicas precisas.

Kogure pulou vários degraus, descendo as escadas com toda a força. Yamashiro suportou a interferência enquanto perseguia Kogure desesperadamente.

Isso funcionaria? Assim que Yamashiro encontrou esperança…

“Arrgh! O que é isso, é tão barulhento!”

Uma voz familiar veio de um andar acima. Em certo sentido, era uma voz ainda mais dolorosa do que os gritos dos corvos Tengu. Provavelmente a Oni de rabo de cavalo que estava perseguindo Kogure. Parecia que ela aparecera.

“Mezu! Destrua essa coisa por fora!” O Oni ruivo olhou para cima e gritou alto.

“Ohh, uma chance de me exibir!” A Oni de rabo de cavalo respondeu em voz alta. Então, a aura demoníaca inchou acima de suas cabeças neste momento. Depois que a Oni de rabo de cavalo começou a correr um pouco, ela pulou no ar. “Yah!”

Então, ela soltou um grito inacreditável que o Oni ruivo não podia igualar. Yamashiro não pôde deixar de parar e tapar os ouvidos com esse grito assustador.

“Ugh!?” Até Kogure não pode deixar de sentir o impacto. Claro, esse grito também continha uma poderosa energia mágica. Era como uma bomba de maldições.

A Oni de rabo de cavalo desceu para o beco atrás dela depois de gritar. A interferência dos corvos Tengu foi interrompida, como se oprimida por sua pressão.

*Smash* A Oni de rabo de cavalo abriu a estrada de asfalto. O Oni ruivo, olhando para trás, deu uma encarada leve para Shadow.

Shadow pressionou seu antebraço esquerdo com a mão direita que segurava sua bengala. Depois de receber o sinal do Oni ruivo, ele entrou em um padrão estranho que parecia estar dançando lentamente enquanto mantinha essa postura. Yamashiro recuperou a razão e olhou chocado.

“Far Step!?”

Uma magia de alto nível do Onmyoudou Imperial. Ele planejou entrar no fluxo espiritual e escapar deste lugar. Mesmo assim, ele não podia acreditar que ele poderia executar Far Step ferido e com uma perna protética.

“Merda…!”

Quando Yamashiro rangeu os dentes.

“Om feishiwo funaye suopo he sowaka!!”

Kogure claramente entoou o mantra de Bishamonten. Depois de mudar a maneira como ele segurava sua lâmina de confiança, ele a jogou no chão como se fosse esfaquear o piso sob seus olhos.

A lâmina divina infundida com toda sua energia mágica se transformou em uma flecha dos céus que perfurou a estrada de asfalto. Uma grande parte da estrada de asfalto cedeu e rachou radialmente.

Além disso, a energia mágica transportada pela lâmina continuou deslizando no subsolo, explodindo a terra. A estrada de asfalto ao redor se abriu, erguendo-se como um terremoto. Shadow perdeu o equilíbrio enquanto executava Far Step e a Oni de rabo de cavalo caiu de bunda no chão. Yamashiro também quase caiu da escada por causa do tremor que assaltou o prédio.

“… Diretamente para o fluxo espiritual!?”

Far Step era uma técnica de movimento instantâneo de longa distância que usava o fluxo espiritual. Kogure repentinamente jogou o fluxo espiritual no caos, impedindo o uso do Far Step.

Mas era uma ação bastante grosseira.

“Reagrupe a formação!”

Kogure deu uma ordem para seus Shikigami enquanto descia as escadas novamente. Então, os corvos Tengu começaram sua interferência novamente. Kogure iria segurá-los, não importando como. Yamashiro inadvertidamente ficou sem fôlego de surpresa com aquela vontade e emoções resolutas.

Então, quando chegou ao segundo piso do edifício, Kogure pulou o corrimão e aterrissou diretamente na estrada.

Ele sacou a espada que havia jogado e apontou a lâmina diretamente para Shadow.

“… Entregue-se!” Ele declarou.

Mesmo que ele continuasse correndo com todas as suas forças e usasse vários grandes movimentos, ele ainda parecia composto.

“…” Shadow não respondeu. Ele ainda segurava o antebraço, confrontando silenciosamente Kogure com um rosto inexpressivo.

“Esse cara é tão irritante.” A Oni de rabo de cavalo que caíra de bunda se levantou, e o Oni de cabelos ruivos também se adiantou aborrecido, como se quisesse proteger Shadow. No entanto, a lâmina de Kogure não tremeu um centímetro diante desses dois verdadeiros Oni.

Yamashiro parou, preparando talismãs do outro lado do corrimão da parte do segundo piso da escada de emergência. Ele poderia obstruir Kogure em uma luta de perto. Ele julgou que só podia apoiar por trás.

Embora Shadow estivesse ferido, os oponentes deviam ter a vantagem no poder de combate geral. Mas se eles estavam apenas tentando segurá-los…

A expressão de Shadow mudou.

“Desculpe, Zenjirou. Embora eu ache isso um pouco astuto, também estamos falando sério.”

O que ele estava falando? Assim Yamashiro pensou nisso:

“Hoh. Você está falando sobre esse velho, meu senhor?” A voz de uma criança soou.

Os gritos dos corvos ecoavam ruidosamente no beco noturno. Essa voz era calma e composta no meio da aura e energia mágica agitadas. Isso por si só era arrepiante.

A voz que ecoou veio do telhado do prédio em frente a eles. Yamashiro olhou para cima, seu corpo inteiro ficando rígido. Uma pequena figura estava olhando dali. Ele não conseguia enxergar com muita clareza por causa da escuridão e da distância; era um garoto que, no máximo, estudava no ensino fundamental. Ele usava terno. Além disso, ele usava óculos de sol vermelho-sangue, mesmo na noite escura.

Embora fosse a primeira vez que o encontrara, ele naturalmente ouvira informações sobre essa aparência externa. Mesmo supondo que não tivesse ouvido, ele seria capaz de conjeturar ao ver aquela aura sinistra.

O praticante D que os Investigadores Mágicos continuaram a perseguir. O ara-mitama que se chamava o lendário Onmyouji Ashiya Doman.

“Aah~! Doman-sama~! Que entrada encantadora~”

O rosto da Oni rabo de cavalo iluminou-se e ela aplaudiu e acenou com os braços para D. Até o Oni ruivo gritou ‘Mestre!’ com felicidade em sua voz. Se alguém estivesse olhando, podia-se ver que a força dos dois Oni claramente aumentou no momento em que notaram D aparecer. Aqueles Oni eram os Shikigami de D, e não de Shadow.

“…”

Kogure olhou para D. Mas ele não planejava abaixar a lâmina que ainda apontava para Shadow. Sua expressão era perigosamente composta e seus olhos continham uma luz intensa.

“Hoho”. D sorriu alegremente com a atitude de Kogure. “Isso é incrível. Você, Onmyouji Kogure Zenjirou. Parece que eu vim em um bom momento. Meu senhor. Nós vamos ‘brincar’ aqui, certo?”

“… Sacerdote. O fluxo espiritual foi interrompido. Por favor, me empreste seu poder. Nós vamos ‘atravessar’ usando um pouco de força.”

“O quê? Acabei de chegar e você planeja recuar?”

“Sim… Por enquanto, não é uma situação em que temos que lutar.”

Shadow olhou para Kogure enquanto falava calmamente.

Essas foram as palavras que Yamashiro acabara de ouvir.

“Espere, Chefe.”

“Você se atreve a se opor ao Mestre?” Os dois Oni se aproximaram de Shadow ameaçadoramente. Mas Shadow ignorou completamente os Oni, olhando atentamente para Kogure. Kogure também aceitou o olhar de Shadow de frente, sem mover o próprio olhar.

Então, em direção aos comportamentos de Shadow e Kogure.

“… Hmph.” D disse calmamente. “… Tudo bem. Vou me divertir mais tarde. Ah. Então, pelo menos, devemos fazer uma saída magnífica, certo?”

D começou lentamente a entoar um encantamento ao anunciar isso. Paralelamente, um vento negro como tinta com uma sensação viscosa de peso começou a agitar-se em torno de D.

O vento negro se espalhou pela noite escura, ganhando força em um piscar de olhos. Intensamente. Intensamente. O vento girou em uma rajada poderosa. Então, em instantes, transformou-se em um tornado gigante. O beco dos fundos estremeceu por causa da tempestade fora de estação, semáforos e outras coisas dançando no ar como papel. Os Tengu que inicialmente se esforçaram ao máximo para resistir acabaram sendo levados pelo vento.

“Ugh!”

O corpo de Yamashiro também quase flutuou, e ele agarrou o corrimão com força. Até Kogure parecia ter ficado incapaz de suportar. Ele estava de joelhos, enfiando a espada no chão no meio dos pés, em busca de apoio.

Em contraste, os dois Oni rapidamente expuseram seus corpos ao vento forte, deixando seus cabelos voarem enquanto aplaudiam ferozmente. Shadow também não foi afetado pelo vento e ele começou a dançar lentamente o padrão que havia sido interrompido antes.

O tornado preto encheu o ambiente com escuridão. Pequenos trechos da dança de Sombra podiam ser vistos através das brechas do vento violento.

“Jin!” Kogure gritou agitado. Mas os passos de Shadow não mostraram vestígios de confusão.

Então…

De repente, tudo foi sugado para o chão.

O vento parou e o cenário se iluminou. A grande energia mágica que preenchia o espaço se dissipou.

Yamashiro examinou o beco. Então, ele olhou para o telhado do edifício. Ele não podia ver Shadow, D ou os dois Oni lá. Eles se retiraram após obter suas informações, exatamente como haviam planejado desde o início.

Kogure se levantou, puxando a espada presa no chão.

Kogure silenciosamente olhou perto de onde Shadow desaparecera por apenas alguns breves segundos.

Então, ele se virou e ordenou a Yamashiro:

“Yamashiro. Vamos buscar Miyoshi-san e retornar à Agência.”

Sua voz e expressão eram indistinguíveis de quando ele estava em espera na van. Yamashiro ficou atordoado por um momento.

De repente, ele se animou. Então, ele amaldiçoou, acenando de volta para Kogure.

A operação desta noite terminou em fracasso. Mas a missão deles ainda continuava.

 

PARTE 4

Todos haviam se retirado do prédio compartilhado que se tornara o ponto focal. Mas, embora estivesse na calada da noite, ainda era Roppongi. Após o término da ‘purificação de Desastres Espirituais’ realizada pela Agência Onmyou, um grande número de pedestres se reuniu ruidosamente em volta do edifício.

Um jovem misturado com esse grupo de pessoas deixou o prédio.

Ele já havia decidido o local da reunião com antecedência. Ele passou por um semáforo, passou por um cruzamento e entrou em um pequeno beco. Ele escolhera uma estrada pela qual o menor número possível de pessoas passasse. O ritmo do jovem parecia indiferente à primeira vista, mas ele estava realmente examinando as presenças ao redor sem baixar a guarda. Ele olhou para olhares indiscretos e prestou atenção ao ambiente enquanto caminhava com cautela.

Mas, mesmo assim, ele não parecia tímido. Em vez disso, ele parecia inexplicavelmente imponente e destemido, porque essa era sua natureza. Ele usava uma jaqueta de couro com uma blusa com decote em V. Ele usava botas compridas sobre as calças finas.

Além disso, o lenço amarrado à testa livremente prendia seu cabelo um pouco comprido.

Só então…

“Touji, aqui.” Ele parou por causa daquela voz repentina.

Veio de uma estrada estreita. Mas não havia ninguém lá, mesmo quando ele virou a cabeça. Além disso, ele não tinha visto nenhuma aura particularmente suspeita.

Mas um poste de luz ficava em frente à estrada lateral. Algo pequeno caiu silenciosamente na frente dessa luz.

Aquela coisa pequena parou no ar ao nível dos olhos. Era uma aranha do tamanho de um polegar pendurada em um fio fino. Além disso, o pequeno corpo iluminado pela luz do poste era azul claro.

O jovem – Touji – entrou na calçada. No meio do caminho, a aranha azul deixou seu fio e pulou no ombro de Touji. Mas Touji não se importou, deixando a aranha azul subir no ombro enquanto passava pela estrada lateral.

“Você conseguiu?”

“Não.”

“Por que você não conseguiu?”

“Não, eu consegui no final. Mas não era uma situação que eu pudesse me descuidar. Observar de longe era o limite. Mesmo assim, foi preciso muito trabalho para não ser exposto ao me aproximar.”

Touji respondeu sinceramente à voz que vinha da aranha cavalgando em seu ombro.

Na verdade, teria sido impossível abordar se o General Divino Sensitivo Especial não tivesse deixado a cena. Mesmo assim, os Onmyouji presentes ainda eram Onmyouji Nacionais de Primeira Classe. Suas habilidades de espírito vidente não eram coisas que Onmyouji comuns pudessem comparar. Foi por isso que Touji só foi capaz de se aproximar de uma distância onde ele podia ver enquanto passava despercebido em meio a uma batalha tão intensa.

“Eu estava pensando em tentar a sorte e entrar em contato com ele se fosse apenas o Sensei… Mas os Investigadores Mágicos também apareceram. Ser notado por Kogure-san seria um pouco…”

“Esse cara está seriamente fazendo um trabalho de Investigador Mágico?”

“Não é tão simples. Como devo descrever… Ele parece possuído.”

“Hehe. Uma coisa inteligente para um espírito vivo dizer.”

“Me dá um tempo.”

Touji franziu as sobrancelhas por causa da voz alegre da aranha. Mas embora sua linguagem fosse cortês, esse tom era completamente brusco e indisciplinado, assim como o estilo de Touji.

Dito isto, a batalha anterior havia sido de fato em um nível sem precedentes. Ohtomo e Kogure. Yamashiro, que era um recém-chegado aos Doze Generais Divinos. Dois verdadeiros Oni e, finalmente, até Ashiya Doman apareceu. Não seria estranho que um ou dois edifícios tivessem sido derrubados. Era incrível ter sido contido apenas com tão poucos danos.

“Mas parece que Tóquio também se tornou insegura, com uma batalha mágica subitamente surgindo nas ruas.” Touji disse sarcasticamente para si mesmo.

Mas Touji, que disse isso, estava fugindo dos olhos dos Investigadores Mágicos e se escondendo no submundo. Talvez fosse descarado criticar outras pessoas.

“Oh. É o segundo piso dali. A sala de canto à direita da escada.”

Touji entrou no prédio, seguindo as palavras da aranha. Parecia ser um apartamento antigo, pois não havia fechaduras e portas automáticas. Ele passou pelo corredor cheio de caixas e subiu as escadas para o segundo piso.

A sala mencionada não estava trancada. Ele abriu a sala e entrou. Ele tirou os sapatos e passou pelo corredor.

Parecia haver uma sala de estar no final. Touji abriu a porta, erguendo uma sobrancelha levemente. Sem se importar com o corredor, nem a sala estava iluminada. Mas as cortinas não estavam fechadas sobre as janelas de vidro que mostravam a varanda, e a luz do lado de fora do apartamento iluminava fracamente a sala de estar.

Não parecia vivido – era claramente uma sala vazia. Não havia móveis ou eletrodomésticos. Mas havia uma pessoa no centro da sala.

Ela estava olhando a paisagem noturna através das janelas de vidro. Uma mulher vestindo um quimono. Touji deu de ombros e falou de costas:

“Que tal acender as luzes?”

“Há coisas que só podem ser vistas na escuridão – embora pareça bom dizer isso, o disjuntor ainda está invertido. Voltar o medidor de eletricidade também é problemático, então deixe-o assim.”

Não foi a mulher que respondeu.

A mulher vestindo quimono – uma bela jovem e delicada – inclinou-se um pouco e virou a coisa na frente dela em direção a Touji. Era uma cadeira de rodas. Um velho estava sentado na cadeira de rodas que a mulher empurrava.

Ele usava um terno Armani de três peças. Um lenço de seda estava enrolado no pescoço. Seu corpo originalmente magro havia se tornado ainda mais emaciado desde aquele incidente, mas um zelo e uma intelectualidade que nunca haviam retrocedido emergiram nos olhos aparecendo por baixo da aba do chapéu.

Ele bateu alto o leque que segurava na mão…

Os lábios de Amami se curvaram em um sorriso.

“Como foi? Você conseguiu alguma coisa?”

“Infelizmente, nada de novo.”

“O quê. Você viu Ohtomo e Kogure em combate diretamente, certo? Você não conseguiu nada?”

“Sim…” Touji agarrou a intenção de Amami pelo seu tom provocador, sorrindo de volta rudemente. “Esse tipo de coisa realmente me estimulou. Para ser honesto, meu sangue estava fervendo. Estava fervendo tanto que eu queria pular e tentar ver até onde cheguei.”

“Hehe. Espere. Você ainda não pode nem chamar de disputa no seu nível.”

Embora ele o tivesse repreendido depreciativamente, o olhar que Amami deu a Touji parecia muito satisfeito.

“Como está o tempo?”

“Se você está pensando em se mover, está na hora.”

“Tudo bem. Então vamos ‘reportar’ um pouco. Esse cara deve ter ouvido falar sobre os negócios de hoje à noite.”

Amami sorriu com uma expressão levemente travessa.

“Esse bastardo provavelmente está esperando impacientemente agora.”

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