Tokyo Ravens – Volume 5 – Capítulo 4 - Anime Center BR

Tokyo Ravens – Volume 5 – Capítulo 4

Capítulo 4: A Determinação da Garota

Tradução: Index Novel

 

PARTE 1

O céu ainda estava escuro quando Touji acordou.

Tenma, que estava ao seu lado ainda não tinha acordado, e a maioria dos estudantes ainda estava roncando. Raios fracos de luz atravessaram a abertura na porta, e ele podia ouvir fracamente o som da canção dos pássaros do lado de fora. Talvez tivesse acabado de amanhecer.

De qualquer forma, ele não conseguiria adormecer se voltasse a deitar. Julgando isso, Touji decidiu deixar sua cama um pouco mais cedo, fazendo o menor som possível e saindo silenciosamente do quarto.

Lavou o rosto no banheiro e saiu do auditório.

Atrás dele havia uma floresta. A neblina permeava o ambiente do auditório. Ele caminhou direto para o pátio, apreciando claramente a bela paisagem do Monte Fuji banhada pela luz do amanhecer. Touji não tinha muito interesse em paisagens naturais, mas a cena diante dele o fez inadvertidamente apertar os olhos e olhar em transe.

“Touji?” Só então, uma voz soou atrás dele. Era Natsume. Ela caminhou até o pátio da floresta atrás do auditório.

Ela já havia colocado o uniforme. Parecia que ela estava acordada há algum tempo.

“Não consegue dormir?”

“Sim… Eu dormi por um tempo, mas eu não dormi bem. Eu ficava acordando no meio da noite.” Natsume respondeu à pergunta de Touji, parecendo um pouco envergonhada.

Embora ela não tivesse dormido bem, ela não parecia tão ruim. Ela parecia ainda mais refrescada do que na noite anterior, logo depois de terminarem a discussão.

Touji olhou para a floresta atrás de Natsume. O armazém estava na direção de onde ela havia caminhado. Talvez ela não estivesse usando a manhã para sair, mas voltando ao local da noite anterior, voltando e repensando a conversa daquela vez, sozinha.

“… As coisas parecem esclarecidas…”

“Hã?”

“Mas, na verdade, não houve nenhum desenvolvimento. Em primeiro lugar, é muito fácil continuar quando todos se reúnem para conversar.” Touji se virou para o Monte Fuji, falando casualmente. Ele havia trazido aquela congregação para os bastidores, mas ainda dizia esse tipo de palavras. Era extremamente parecido com o seu estilo.

“Honestamente, ontem realmente não era como algo que você faria.” Natsume disse, sem compreender.

“Mesmo?”

“Sim, você sempre dá um sentimento independente e solitário.”

“Noções preconcebidas são verdadeiramente assustadoras.”

“Mas… Obrigada.”

“Você não precisa me agradecer, ainda é cedo… Mas desde que você agradeceu, eu vou aceitá-lo graciosamente.”

Ao ouvir a observação arrogante de Touji, Natsume riu levemente, seu corpo tremendo ligeiramente. Então, ela olhou para o distante e belo Monte Fuji junto a Touji.

O sol brilhava no cume, mostrando uma espécie de beleza misteriosa. A cena era refletida na superfície do lago da montanha, como uma pintura famosa.

“Você e Harutora… Quando vocês se deparam com momentos críticos, vocês sempre são extremamente leais às suas próprias maneiras de pensar. Eu realmente admiro vocês dois.” Natsume de repente falou.

Touji olhou para o rosto de Natsume, intrigado. Ele ficou em silêncio, sem dizer nada, percebendo que as palavras de Natsume não continham nenhuma intenção de querer que ele respondesse.

Natsume não percebera a expressão de Touji, olhando diretamente para o Monte Fuji.

Então, ela pareceu finalmente tomar sua decisão.

“… Touji, Dairenji-san me odeia.”

“… Eu imaginei algo assim.”

“Ela tem muitas razões para me odiar, e eu não sei como lidar com ela, então eu não posso… Encará-la abertamente. Mas isso não começou depois que ela soube que eu era uma garota, e eu não acho que é porque ela pegou meu ponto fraco… Claro, ela é uma General Divina, e talvez sua especialidade na pesquisa de Yakou seja uma razão. Mas… O fator principal é…”

“…”

O comentário de Natsume parecia uma confissão. Touji não respondeu a ela com palavras despreocupadas, muito claro quanto ao significado em suas palavras – Touji podia entender a implicação naquelas palavras.

“… Ela me odeia.” Natsume disse de novo. “Mas, eu espero que eu possa encará-la com uma atitude mais sincera e honesta. Acredito que tenho que fazer isso, e espero conseguir. É por isso que fiquei perturbada a noite toda, pensando em como poderia me tornar mais próxima a ela.”

“… Pelo seu tom, parece que você já chegou a uma conclusão.”

“Sim… Mas… Se eu pudesse, queria ouvir sua opinião.” Ela perguntou um pouco timidamente, suas bochechas avermelhadas pela tensão.

A resposta de Touji foi muito clara. Ele encolheu os ombros, dizendo com indiferença: “Vá, então, esclareça as coisas com Harutora”.

“…”

O rosto de Natsume ficou vermelho e Touji não pôde deixar de rir ao vê-la.

Suzuka sempre zombou de Harutora, que era a principal razão pela qual Natsume não era boa em lidar com Suzuka. Além disso, Natsume poderia vagamente sentir que tipo de atitude Suzuka realmente tinha em relação a Harutora – embora a própria Suzuka negasse isso. Afinal, ela não era tola. Suzuka sempre falava alto, mas ficava extremamente feliz quando falava com Harutora. Era muito difícil não notar esse comportamento.

É por isso que ela não sabia o que fazer quando enfrentasse Suzuka. Ela inadvertidamente… temia.

“Mas…” Touji falou lamentando. “… Então você finalmente pensou nisso.”

“Uh… Eu… Eu não quero… Me confessar… Não entenda mal. Enfim, eu só queria confirmar primeiro o que Harutora pensa, eu não estava pensando em mais nada… Eu não estava pensando em mais nada….”

Ela falou gaguejando ainda mais severamente do que Kon, também esquecendo de abaixar a voz. Ela rigidamente fez uma resistência sem sentido – apontando o que ela acreditava ser uma diferença extremamente importante e crucial – claro, Touji não considerava essas palavras como verdadeiras.

Mas, pensando nisso, a conclusão a que Natsume chegara era, na verdade, idêntica à opinião de Touji.

Não era fácil saber dos verdadeiros sentimentos de Suzuka, mas se ela pudesse entender os pensamentos de Harutora… Natsume poderia se aproximar e encarar Suzuka se ela compreendesse os sentimentos de Harutora até certo ponto. Natsume acreditava que ela não mudaria de ideia, independentemente do tipo de resposta que recebesse no final.

“Tudo bem, aproveite antes que mude de ideia. Vá acordá-lo.”

“Is… Isso não é tão urgente! Além disso, ir especialmente para acordá-lo… eu não posso fazer isso!”

“Não pense muito nisso. A conclusão não vai mudar, não importa quanto tempo você arraste isso de qualquer maneira.”

“Isso é modéstia!”

Natsume recusou com firmeza, incapaz de jogar fora sua modéstia de garota. Touji mostrou irritação em sua expressão, mas só então…

“Ah, encontrei vocês! Natsume! Touji!” A pessoa em questão – Harutora – saiu do auditório, surpreendendo Natsume a ponto dela pular.

“O que vocês estão fazendo aqui! Todo mundo está guardando seus futons.”

Harutora falou enquanto vinha pelo pátio. Natsume estava nervosa, e Touji deu um tapinha nas costas dela, mas ela gritou apressadamente: “Certo! Estou indo agora mesmo!” Correndo rapidamente em direção a Harutora, que caminhava em sua direção sem ao menos olhar para ele. Ela correu para a entrada do auditório. Atordoado ao vê-la reagir assim, Harutora ficou boquiaberto e parou os pés.

Touji estreitou os olhos, olhando na direção que Natsume deixou, e bruscamente xingando: “… Covarde.”

Harutora coçou a cabeça, caminhando em direção a Touji em confusão.

“O que há com Natsume?”

“Não é nada, ela é a mesma de sempre.”

“Uh… Touji, isso é muito diferente do habitual.”

“É aí que você se engana, Harutora. A diferença é se ela expressa isso ou não. Ela é na verdade a mesma de sempre.”

Harutora enfrentou Touji que parecia saber tudo, cheio de dúvidas.

“Wah! O Monte Fuji é tão bonito.” Então, ele notou a cena diante dele, lentamente abrindo um sorriso. Estes dois eram praticamente do mesmo molde… Touji parecia ter algo mais a dizer, lançando um olhar frio para o lado.

“Mas… Pobre Dairenji, ela perdeu completamente a largada.”

“O quê? O que isso significa?”

“Nada demais – Tudo bem, é hora do café da manhã. Vamos, Harutora.”

Touji deu um tapinha no ombro de seu bom amigo, caminhando em direção ao auditório. Harutora franziu a testa, e depois olhou novamente para o Monte Fuji, sorrindo ligeiramente e seguindo os passos de Touji.

PARTE 2

O segundo dia do campo de treinamento de habilidades práticas, onde eles teriam aula juntamente com o terceiro ano, finalmente chegou. A turma de Harutora moveu-se para o interior do santuário de Zokusho com os alunos do terceiro ano, mantendo algo próximo a uma competição mágica padrão em um canto da área.

Ohtomo e um professor dos alunos do terceiro ano eram responsáveis por supervisioná-los. Este professor era o examinador que administrou o exame de habilidades práticas do ano anterior – o instrutor que havia sido exorcista.

Seu nome era Fujiwara. Após o exame da última vez, ele ajudou a treinar Touji sobre como controlar o demônio dentro dele. Quando ele viu Touji, gritou de leve: “Estou ansioso para ver o seu desempenho, Ato.” Touji encolheu os ombros, levantando levemente a mão em consideração.

O conteúdo do currículo era muito simples. O segundo ano e o terceiro ano teriam uma competição mágica, onde três segundo-anistas enfrentariam um terceiro-anista em uma batalha mágica. Ferramentas mágicas não eram permitidas, a não ser os talismãs que haviam sido preparados de antemão, e nenhuma restrição fora imposta quanto ao uso de Shikigami. Se um lado perdesse ou um dos professores responsáveis pela supervisão reconhecesse um vencedor, a competição seria declarada terminada. Em outras palavras, se essa condição não fosse satisfeita, os dois teriam que continuar lutando até que um vencedor fosse decidido. Era uma regra bastante implacável.

De manhã, dentro do interior do santuário e dentro da barreira que os dois professores tinham montado, os estudantes realizaram uma competição. Naturalmente, do ponto de vista de pura energia mágica, o segundo ano tinha uma superioridade esmagadora em uma batalha de três contra uma – mas, o terceiro ano foram os vencedores em termos de taxas de vitória.

Da competição, podia-se ver por que Natsume havia avaliado o terceiro ano como Onmyouji semi-profissionais a princípio. Embora o nível de habilidade de cada aluno fosse diferente, os alunos do terceiro ano como um todo tinham um desempenho excepcional. Harutora tinha visto profissionais Onmyouji lançar magias várias vezes em primeira mão, e como ele viu, o terceiro ano tinha vários estudantes que estavam no nível onde não seria estranho pensar que eles já tinham obtido suas qualificações. De qualquer forma, como o segundo ano não havia estudado formalmente a magia de primeira classe por muito tempo, fora uma grande surpresa enfrentar o uso sucessivo de magias do terceiro ano.

No entanto, os colegas de classe de Harutora não eram ruins. Entre eles, as performances de Natsume e Kyouko foram especialmente atraentes.

Francamente falando, o terceiro-anista que lutou contra o grupo de Kyouko estava completamente condenado. Apenas lidar com os Shikigami defensivos de Kyouko, Hakuou e Kokfuu, já o exauriu – podia ser visto o quão forte o poder desse aluno era pelo fato dele ser capaz de lidar com dois Shikigami simultaneamente – no entanto, havia outros dois estudantes do segundo ano atacando. O vencedor fora decidido instantaneamente, e o rosto de Fujiwara-sensei afundou.

O desempenho de Natsume foi ainda mais notável. A batalha fora realizada especialmente em formato um-a-um, e ela nem precisou invocar Hokuto, vencendo sem esforço. Ela tinha sido originalmente uma excelente praticante com um poder forte e, recentemente, sua habilidade se tornara ainda mais sofisticada. Kyouko e outros aplaudiram ruidosamente Natsume.

Além disso, Suzuka não participou desta competição, talvez porque eles acreditavam que não poderiam deixar uma Onmyouji Nacional de Primeira Classe como Suzuka lutar contra os estudantes. É claro que ela e os outros alunos não tiveram nenhum problema com essa decisão.

Estranhamente, Suzuka estava inexplicavelmente bem comportada. Praticamente, ela se afastara no final da noite anterior, mas parecia se sentir um pouco desajeitada, naturalmente evitando Harutora e os outros, e estava ainda mais inexplicavelmente distante de Kyouko. Ela não parecia estar evitando Kyouko, mas mais como se estivesse fugindo dela. Kyouko queria encontrá-la para conversar uma vez, mas ela instantaneamente empalideceu e fugiu apressadamente. Harutora não pôde deixar de duvidar se ele estava vendo coisas.

“… Isso é estranho, o que aconteceu com aquelas duas?”

“Eu não sei… Elas deveriam ter dormido no mesmo quarto ontem. Kyouko provavelmente fez alguma coisa.”

O tom de Touji era provocativo. Parecia que Kyouko tinha secretamente tomado alguma ação para lidar com Suzuka… Natsume mostrou uma expressão complexa ao lado enquanto ouvia a discussão de Harutora e Touji.

No final, Touji não usou a força do seu Oni. Ele ganhou a luta, mas ele parecia não lutar seriamente. Fujiwara-sensei levantou uma sobrancelha em insatisfação, mas Touji ignorou deliberadamente.

“O que há de errado, Touji. Mesmo que você não tenha razão para se transformar, você acha que não pode usar a força do seu Oni durante as aulas?”

“Se eu não for prudente, não será surpresa quando eu realmente precisar usá-lo?” Touji encolheu os ombros com indiferença.

Então era isso. Pensou Harutora. Touji na verdade deliberadamente se conteve. Parecia que ele não tinha intenção de deixar que os outros o vissem se tornando um demônio além das pessoas que ele realmente confiava.

Em seguida, o terceiro-anista ganhou contra o grupo de Tenma. Embora os membros também tivessem problemas, o próprio Tenma não parecia ser bom em lutar contra outros. Depois que a competição terminou, ele afundou os ombros em desânimo.

Então, finalmente chegou a vez de Harutora.

“… Que nervosismo…” Harutora murmurou. Kon já havia se materializado sob seus pés, parecendo ansiosa para ir, esticanso os ombros ameaçadoramente.

Mas, assim que Harutora estava prestes a entrar na barreira…

“Ok, as competições da manhã terminarão aqui. Continuaremos à tarde, então todos comerão primeiro.” Ohtomo anunciou vagarosamente.

 

 

Os almoços no segundo dia eram bentos enviados de fora. Harutora procurou por Natsume, Touji e Tenma, comendo juntos no interior do santuário sob a sombra das árvores. Ele originalmente queria convidar Kyouko e Suzuka, mas as duas haviam escapado sem deixar vestígios em um piscar de olhos.

As outras três pessoas que comeram juntas estavam anormalmente quietas. Natsume manteve a cabeça abaixada por alguma razão, Touji silenciosamente apenas se concentrou em comer, e Tenma parecia ainda estar abatido sobre sua perda de agora – ele tinha recebido um grande choque, principalmente porque seu próprio poder não era suficientemente forte. Ele continuava suspirando pesadamente. Fora um bom almoço, mas a atmosfera era muito embaraçosa.

Harutora percebeu que algo estava errado.

“Algum outro dia, devemos chamar Kyouko e Suzuka e continuar o assunto de ontem.”

“Os terceiro-anistas são realmente incríveis. Podemos crescer para esse nível em apenas um ano?”

“É realmente bom comer ao ar livre. Há uma grande sensação de liberdade, é incrível!”

Ele tentou arduamente para animar a atmosfera, mas infelizmente seu trabalho fora em vão. Ele foi a primeira pessoa a terminar de comer seu bento. “Estou saindo.” Entediado, ele pediu licença e se levantou para ir embora.

“… Eu não suporto isso. Pelo menos eu preciso chamar Kyouko.”

Harutora coçou a cabeça, andando pelo santuário.

Assim como Harutora e seu grupo, os outros alunos estavam reunidos comendo em pares e trios. Kyouko deveria estar em outro grupo de pessoas, mas seria muito trabalhoso encontrar alguém no vasto interior do santuário de Zokusho. Ele também considerou ter Kon ajudando a procurar, mas ele não se decidiu, sentindo que não deveria despachar seu Shikigami.

“O que devo fazer?”

Harutora murmurou, pensando repentinamente no assunto de Suzuka.

Kyouko provavelmente poderia ser encontrada comendo com vários outros alunos, mas e Suzuka? Ela era uma aluna do primeiro ano, e ela ainda mantinha sua fachada de ídolo na frente dos outros alunos, e não se dava muito bem com os outros. Além do grupo de Harutora, provavelmente não haveria ninguém comendo com ela.

… Parando para pensar, aquela garota também tinha tomado o café da manhã sozinha pela manhã.

Talvez ela e Kyouko estivessem juntas. Mas considerando a personalidade de Suzuka, era realmente difícil imaginar que haveria uma terceira pessoa com eles. Talvez Kyouko estivesse preocupada com Suzuka comendo sozinha, e tinha ido até ela para manter sua companhia.

“… Eu vou dar uma olhada no auditório.”

O segundo e o terceiro ano estavam atualmente no interior do santuário, e o auditório deveria estar desprovido de pessoas. Se Suzuka, que estava preocupada com a atenção dos outros, estivesse sozinha – ou comendo seu bento com Kyouko – era muito possível que ela tivesse escolhido voltar para o auditório.

Para confirmar se seus pensamentos estavam corretos, Harutora voltou às pressas para o auditório do interior do santuário.

Ele foi primeiro ao pátio, sem perceber ninguém. Então, ele rapidamente deu a volta para a floresta atrás do auditório, procurando por um tempo ao redor do armazém. Essa área era vasta e, afinal, era difícil olhar em todos os cantos, mas isso porque ele não conseguia ouvir ninguém. Se houvesse alguém aqui, eles deveriam ter notado que ele estava correndo.

No entanto, ele não encontrou Suzuka ou Kyouko ali também. Ao contrário do interior do santuário, esta floresta era tranquila, parecendo ser um lugar sem pessoas.

Se isso continuasse, a hora do almoço acabaria, mesmo que ele as encontrasse com sucesso. Desamparado, Harutora só podia voltar para o santuário, mas antes de voltar, decidiu testar sua sorte ao entrar no auditório.

Ele deu a volta até a entrada do auditório, abrindo a grande porta.

Uma figura apareceu diante dele.

A pessoa sentou-se na entrada, atualmente amarrando seus cadarços. Abrindo a porta, Harutora entrou. Aquela pessoa levantou a cabeça em surpresa – mas não havia expressão em seu rosto, e não estava claro se estava realmente surpresa – parando as mãos.

Era uma garota de cabelos curtos e pequeno porte. Ela usava um uniforme de puro branco que era muito grande, com mangas excessivamente longas. Como seu corpo era pequeno, ela parecia mais jovem que Harutora, mas na verdade era a senpai de Harutora.

A garota olhou fixamente para Harutora com seu lindo rosto que essencialmente não tinha nenhuma mudança de expressão. Os instintos de Harutora estavam corretos. Sua expressão, com os olhos ligeiramente arregalados, poderia estar mostrando surpresa.

Claro, os dois não esperavam encontrar um ao outro, e Harutora ficou igualmente surpreso.

“Hã? Ah, senpai? Por que você está aqui?”

“Tch.”

“Esse tipo de atitude assim que nos encontramos, quando não nos vemos há tanto tempo?”

“Quem é você?”

“O que você quer dizer, quem sou eu? Depois de você me incomodar tanto antes, será que você está fingindo não me conhecer agora? Você estalou sua língua agora, é óbvio que é uma reação que você fez depois deme reconhecer!”

“Eu não reconheço nenhum filho da família secundária.”

“Você claramente sabe! De qualquer forma, até agora eu ainda não sei o nome da senpai!”

“Não aja tão familiar.”

“Hey, que tipo de atitude é essa? Eu não me importei em primeiro lugar, mas esse tipo de atitude ofensiva realmente me deixa irritado!”

Quando Harutora tinha acabado de chegar ao segundo ano, ele havia se encontrado com essa aluna do terceiro ano várias vezes. Antes, sempre estivera tomando a iniciativa de abordá-lo, mas agora ela estava fria e sem emoção, fingindo que se esquecera completamente disso.

“Vá embora.”

Ela falou sem expressão, continuando a amarrar seus cadarços. Harutora, na verdade, não tinha qualquer intenção de se relacionar bem com ela, mas ser tratado tão friamente ainda o deixava irritado e insatisfeito.

Harutora rangeu os dentes, abaixando a cabeça para olhar a senpai e gritando: “… Kon”.

Os dedos da senpai tremeram.

Kon, que havia sido convocada, imediatamente deixou sua discrição e se materializou. Um par de orelhas pontudas brotavam de sua cabeça, e uma cauda em forma de folha crescia atrás das costas. Ela flutuava na frente de Harutora como uma boneca japonesa na forma de uma jovem garota.

Harutora colocou as mãos nos ombros de Kon, empurrando levemente Kon para a frente para deixar a senpai vê-la claramente. Kon estava um pouco tímida, mas ela ainda ouvia e encarava a senpai.

O senpai ficou imóvel, seu olhar parando em seus cadarços. Não muito tempo depois, ela continuou a amarrar seus cadarços, teimosamente se recusando a levantar a cabeça. Harutora estreitou os olhos provocativamente.

Ele gentilmente tocou a cabeça da Shikigami, dizendo: “Kon, vamos fazer o nosso melhor à tarde.”

“Ha… Ha… Harutora-sama?”

“…”

“Eu não acariciava sua cauda há tempos. Deixe-me acariciá-la um pouquinho. Ora ora, seu pelo é tão confortável…”

“Ha… Harutora-sama, por que você está… repentinamente…!”

“…”

A senpai tornara-se cada vez menos capaz de mover os dedos com calma. Ela falhou em amarrar os cadarços várias vezes e depois desfez o nó.

No final, ela os puxou com força, terminando.

“… Eu pensei em quem você era. Já faz um tempo, Tsuchimikado Harutora.”

Ela falou friamente, mantendo a mesma expressão em seu rosto. Harutora soltou Kon, sorrindo maliciosamente e falando.

“Sim, eu espero que você esteja bem, Senpai… Tudo bem, como você queria, eu vou me apressar e sair…”

“Espere.”

“Huh, o que há de errado, Senpai? Você não odiava que os outros agissem de forma familiar?”

“Isso…. Não é isso.”

“Oh, então pode ser que queira falar comigo, Senpai?”

“… Sim…”

“Você quer falar comigo?”

“… Eu… Eu… Quero… Falar…”

Os ombros da senpai tremiam enquanto ela pronunciava essas palavras. Harutora acenou com a cabeça em satisfação. Kon observava os dois, seu rosto se contraindo levemente.

“… Desprezível, pensar que você usaria uma garotinha como isca…”

“A única que caiu na isca deveria pensar em si mesma.”

“Nesse caso, pelo menos deixe-me levá-la para casa…”

“Dá um tempo! Exatamente o quanto você gosta de garotinhas!?”

“Certo, então, ao menos deixe-me tocar sua cauda…”

“Ora ora, o que você está dizendo, senpai, eu não concordei em deixar você tocar…”

“…”

“… Ahh, eu não suporto você. Tudo bem, eu vou deixar você tocar, não me olhe assim. Deve ficar tudo bem se ela apenas tocar um pouco, certo, Kon?”

“Sim…”

Harutora voltou a olhar para aquele rosto inexpressivo, mas estranhamente urgente. Quando ele respondeu, Kon só podia oferecer sua cauda para a senpai.

“Ohh!” Tocada, o tom da senpai tremeu, e ela estendeu a mão para a cauda de Kon.

Ela tocou, constantemente e gentilmente esfregando a cauda para frente e para trás.

“…Tão bom.”

“… Obrigada pelo elogio.”

“… Dê ela para mim.”

“Nem pense nisso.”

Se ela continuasse tocando assim, a senpai poderia começar a esfregar seu rosto. Harutora viu a oportunidade, chamando – seu tom um pouco provocativo – “Kon”.

Kon imediatamente retraiu a cauda, indiferentemente se escondendo atrás das costas de Harutora. Uma Shikigami defensiva realmente não deveria usar seu mestre como escudo, mas era difícil culpá-la nesse tipo de situação. A senpai parecia satisfeita, não levantando nenhum outro pedido, apenas seguindo Kon com seu olhar quando ela escapou por trás das costas de Harutora.

Ela agira assim quando eles se conheceram também. Era assustador que ele não entendesse o quão séria era a senpai. Embora ele tivesse deliberadamente provocado a senpai, Harutora finalmente recuperou sua calma.

“Então a turma do terceiro ano que veio desta vez foi da classe da senpai, que coincidência.”

No dia anterior, quando Harutora e os outros chegaram ao acampamento, os alunos do terceiro ano estavam treinando na montanha atrás do santuário. Depois de voltaram à noite, haviam sido separados do segundo ano durante o jantar e a hora do banho e, portanto, o segundo ano não tivera nenhum contato com eles.

“Por que você fingiu que não me reconheceu agora? Você não me procurou antes?”

“… Eu não quero que ninguém saiba que estou aqui.”

“Por quê? Ah! Será que você está matando aula? Se você não estivesse matando aula, eu teria notado que você estava aqui de manhã!” Harutora riu, atordoado. “Você veio para participar do acampamento, mas você está matando aula. Senpai, você é muito original.”

“Não ache que sou como você.”

“O que há de errado com isso, não vou contar a ninguém.”

“Eu não estou matando aula.”

“Você não precisa mentir, por que mais você não estaria na aula da manhã?”

“Licença menstrual”.

“…”

“Estou de licença menstrual.”

“… Des… Desculpe, eu não quis…”

“Estou atualmente em licença menstrual…”

“Eu realmente sinto muito! Eu estava errado!”

Harutora imediatamente se rendeu sem dizer nada, abaixando a cabeça em desculpas com um rosto vermelho. Se fosse Touji, ele poderia revirar os olhos e dizer ‘ser garota é duro’, mas como um estudante do sexo masculino fisicamente e mentalmente inocente, Harutora não tinha como lidar com esse tipo de situação além de se desculpar e fugir apressadamente do local.

A expressão da senpai não mudou, encolhendo os ombros anormalmente. Ela instantaneamente inverteu a situação, ganhando uma vantagem esmagadora. Ela parecia satisfeita com Harutora abaixando a cabeça em desculpas.

“Você sabia? Uma vez por mês, garotas…”

“Eu, eu sei! Ah, não, na verdade não sei muito dos detalhes!”

“Eu estou apenas descansando…”

“Certo, está certo! Como poderia a senpai estar matando aula!”

“Eu não achei que alguém iria me enquadrar…”

“Desculpe! Desculpe!”

“E você até me difamou, que terrível!”

“Foi tudo um erro meu! Por favor, me perdoe!”

Harutora se desculpou de novo, quase se ajoelhando. Isso poderia – não, isso era definitivamente uma retaliação. Harutora sabia disso, mas não conseguia contra-atacar.

A senpai continuou perseguindo a vitória, enfrentando seu kouhai que levantou desesperadamente a bandeira branca da rendição.

Ela riu, dizendo:

“…Virgem…”

“Ugh! Urgh…!”

Harutora teve o desejo de bater nela, mas cerrou os dentes e suportou.

Mesmo que ele tivesse sido tratado com despeito desde o início, ele era estúpido por ter deliberadamente causado problemas. Ele não pôde deixar de se sentir extremamente arrependido por suas ações de um minuto atrás.

“Então, o que você precisa comigo?”

“… Uh, nada, na verdade…”

“Entendo, então vamos falar sobre corpos femininos…”

“Certo, eu preciso participar da competição mágica à tarde! Os alunos do terceiro ano parecem muito poderosos, então, por favor, me dê alguns conselhos, senpai!”

“Competição mágica? Você tem que usar magia de primeira classe para lutar, certo?”

“Sim! Por favor, fique à vontade para comentar e sugerir!” Ele endireitou as costas e perguntou.

A senpai soltou um ‘hmm’, colocando a mão na mandíbula delgada.

“Se o adversário for uma garota, você só precisa esperar até aquele dia…”

“Fazer isso é um pouco maligno!”

“Você é muito ingênuo, como se espera de um virgem…”

“Cale a boca! Essa é uma questão básica da ética humana!”

“Se é assim, você não será capaz de vencer contra um inimigo que usa as mulheres como arma…”

“Eu não quero brigar com esse tipo de pessoa também!”

Ele não aguentava. Harutora lamentou, praticamente chorando. Não, lágrimas já haviam brotado em seus olhos. Talvez percebendo que seu mestre estava caindo em uma situação difícil, a expressão de Kon se tornou séria. Apesar da intolerável humilhação, o mestre e o servo só podiam cerrar os dentes e resistir.

Mas a senpai parecia sentir que ela havia retaliado o suficiente – ou simplesmente estava cansada disso. “Deixe-me pensar.” Sua atitude mudou um pouco e ela pensou. “Eu recomendaria… apenas fazer o que quiser.”

“… Obrigado por suas valiosas palavras… eu sou grato…”

“Estou falando sério.” A expressão da senpai ainda era indiferente e seu tom não mudara. “Para dizer a verdade, a magia é apenas um padrão. A parte importante é a especificação, ou essencialmente a ordem das coisas.”

Surpreendentemente, a senpai trouxe um assunto sério. Harutora perguntou em incompreensão: “O que isso significa?”

“Shikigami é um bom exemplo”.

“Shikigami… hein?”

“Shikigami pode simplesmente ser chamado de padrão. Esses padrões significam o mesmo que uma fórmula matemática.”

“Huh? O mesmo?”

Harutora perguntou surpreso. A senpai calmamente disse: “Sim.” e acenou com a cabeça.

“Um mais um dá dois, dois menos um dá um. Os padrões de Shikigami estão enraizados em um raciocínio similar. Embora a teoria básica e as limitações sejam diferentes da matemática, as duas obedecem às especificações.”

“… Ho… Honestamente, isso é realmente muito difícil de entender…”

“Você tem um telefone?”

“Sim.”

“Você está familiarizado com a forma como o telefone é construído?”

“Não….”

“Mas você sabe que existem componentes no telefone, certo? Independentemente de saber se você está familiarizado ou não, os componentes realmente existem. Shikigami são os mesmos. Honestamente, isso também pode ser aplicado a humanos. Componentes essenciais também existem em humanos. Essa visão é a origem da magia, a magia é baseada nesses componentes, uma técnica que controla a fronteira entre conhecer e não saber.

“…”

Harutora ficou surpresa. Ele não achava que ouviria algo assim da senpai – da boca daquela senpai em particular.

Francamente, o atual Harutora quase não conseguia entender o significado das palavras da senpai. Ele apenas sabia vagamente que era uma teoria mágica extremamente profunda.

“Mas… Mas, Senpai, já que você está enfatizando a estrutura e a especificação da magia, isso não está em conflito com a sua proposta?”

“Há um conflito.”

“Então…”

“Mas é assim que magia é. A parte mais peculiar da especificação da magia é que seus componentes não excluem contradições. Como um todo, as contradições também são misturadas às especificações integradas e, portanto, é versátil. Isso poderia ser chamado de a área mais complicada, assim como a parte mais significativa.”

“…”

Harutora ficou atordoado e sem palavras. Essa conversa estava longe de seu alcance de compreensão.

Mas…

… Pensando bem…

Ohtomo certa vez dissera palavras semelhantes a essa senpai.

‘Talvez você sinta que é contraditório, mas as contradições são as raízes da magia’. Na época, ele achava que aquelas palavras eram apenas para enganar os estudantes, acreditando que esse era o objetivo real de Ohtomo, mas talvez ele não pudesse simplesmente levar sua observação na direção correta.

A senpai parecia ver que Harutora estava completamente desinformado e perdido. “Simplificando, o problema é como você o usa. Você não precisa ser muito limitado.” Embora fosse um pouco desviante de seu significado original, ela ofereceu sua sugestão, colocando-a em outro formato fácil de entender.

“… Eu sou extremamente grato por sua sugestão.” Harutora agradeceu-lhe de todo o coração.

… O terceiro ano realmente é incrível…

Ele sentia admiração do fundo do seu coração, mas infelizmente isso era completamente destruído pelas palavras extras da senpai. Ela acrescentou seriamente: “Elogie-me um pouco mais.”

“… Eu realmente gostaria de ter a oportunidade de ver alguma magia incrível da senpai.”

Ele originalmente poderia ter testemunhado o poder prático da senpai através da competição mágica com o terceiro ano. Agora que ele tinha perdido esta oportunidade, ele ainda tinha problemas em esconder seu arrependimento.

“Você já viu isso.” A senpai disse.

“O quê? Oh… Você está falando sobre a mágica furtiva que você lançou quando nos conhecemos?”

“Uma maldição.”

“Quando? Onde? Para quem?”

“Espere um pouco mais, o que nos obstrui desaparecerá em breve.”

“Não diga palavras tão fáceis de interpretar direcionadas a Kon! Parece que fui amaldiçoado!”

“Foi uma piada.”

“Isso é terrível!”

“Eu não faria a Kon-chan chorar.”

“… E pensar que você iria casualmente falar com ela tão intimamente.”

“Kon-chan, espere um pouco, eu vou amarrar essa pessoa e então podemos ficar juntas como iguais…”

“Eu definitivamente não a tomarei como Shikigami!”

No final, a senpai ainda era a mesma. Harutora não pôde deixar de sentir que ele tinha sido um idiota por a admirar. Ele também se sentia com medo de ter se acostumado, gradual e inconscientemente, a interagir com ela.

A senpai disse sem alterar a expressão: “Então eu vou para a aula”.

“Sim, sim. Obrigado novamente.”

“Adeus, Mest…”

“Vá! Vá! Corra se for preciso.”

A senpai levantou-se com esforço, dizendo ‘Adeus’ e caminhando rapidamente em direção ao auditório. Harutora e Kon suspiraram pesadamente em uníssono, observando as pequenas costas da senpai ao sair.

Isso é estranho, ela não foi dispensada da aula? Só depois de alguns minutos Harutora percebeu que as coisas estavam estranhas.

O grupo de Harutora venceu facilmente na competição mágica realizada à tarde. Ele lançou sua magia, desabafando toda a raiva por ser enganado mais cedo. Fora uma das razões cruciais que os fizeram vencer.

 

PARTE 3

O currículo do treinamento de habilidades práticas havia terminado. Já chegara perto das seis da tarde.

Como não havia muito tempo para descansar durante a aula, os alunos do segundo e terceiro anos estavam mental e fisicamente esgotados. Mas como o acampamento havia terminado, eles sentiram uma sensação de realização além de seu cansaço.

Agora, eles tinham menos de uma hora para fazer o que quisessem antes de voltar para Tóquio. Ao mesmo tempo, eles tinham que fazer os preparativos para a partida neste momento. Os estudantes desfrutavam da liberdade de sua libertação do curso, relembrando o acampamento. Como havia muitos alunos que se davam bem com os terceiro-anistas, havia estudantes em todos os lugares tirando seus telefones para tirar fotos comemorativas.

Este fora o primeiro tempo de lazer que as atividades escolares deveriam ter desde que chegaram ao acampamento.

Claro, também havia pessoas que não se encaixavam na atmosfera circundante. Natsume era uma delas. Ela não tinha nenhum interesse em relembrar o acampamento que já havia terminado, mas, em vez disso, preparava-se para que as coisas fossem resolvidas, procurando em toda parte extremamente ansiosa por Harutora.

Seja sua expressão ou atitude, tudo mostrava que ela estava tensa e irritada. Ela não havia encontrado Harutora, mas sua tensão já estava se aproximando de seu limite.

Ela caminhou até o quarto dos alunos do segundo ano, notando Touji.

“Tou… Touji!”

“Oh, Natsume, você está preparado para voltar…”

“Vo… Você viu Harutora?”

“Harutora? Parando para pensar, eu não sei onde ele está…” Touji respondeu casualmente. “Ah!” Um segundo depois, ele pareceu pensar em algo.

Ele sentou-se tranquilamente no tatame, olhando para Natsume.

“Certo, eu esqueci que você queria se confessar.”

“O que!? Eu, eu não vou me confessar, eu só quero confirmar…!”

“Eu não te disse para agir de manhã?”

“Isso não é colocar a carroça antes dos bois? Além disso, tivemos aula depois disso, então como eu poderia…!?”

O rosto de Natsume se avermelhou quando ela declarou com uma voz baixa. Touji colocou as mãos atrás das costas e recostou-se no chão, olhando friamente para Natsume, sua expressão como se ele estivesse perguntando: “Será que essa garota sabe que não há para onde ir depois de entrar no ônibus?”

Então, ele pensou em alguma coisa.

“Certo, eu vi Harutora agora a pouco.”

“Onde?”

“Parece que ele foi chamado por Kyouko.”

“Kurahashi-san?”

O rosto de Natsume afundou inconscientemente.

Ela tinha negócios com Harutora. Essa situação a fez se sentir perturbada. Desde a manhã do dia anterior, a atitude de Kyouko estava diferente do habitual.

Seu mal pressentimento tornou-se maior e maior como uma bola de neve rolando montanha abaixo. Ela até lembrou que no início, quando Harutora entrou na Academia Onmyou, Kyouko lhe perguntou se ele gostava dela. Ela ficou mais e mais confusa.

“Eu vou procurar por Harutora!”

“Sim, faça o seu melhor.”

“Você vem também!”

“O quê? Por que eu tenho que…”

“Não fale bobagem!”

Os colegas ao redor deles não entenderam o que havia acontecido, olhando para Touji e Natsume um por um. Natsume não prestou atenção em seus olhares, saindo urgentemente da sala enquanto puxava Touji.

 

 

Kyouko trouxera Harutora ao lado do armazém atrás do auditório.

Perplexo, Harutora perguntou novamente: “Kyouko, o que está acontecendo exatamente?”

Kyouko manteve a boca fechada na frente dos outros, dizendo apenas: “Apenas venha comigo.” Forçosamente trazendo Harutora junto.

Harutora achou que ela estava brava, mas não parecia ser isso. Sua atitude era séria, exalando um ar difícil de descrever. Este assunto estaria relacionado com Suzuka?

Kyouko não tinha entrado em contato com Harutora e os outros durante todo o dia, não apenas durante o almoço, e Suzuka estava evitando Kyouko. Harutora pensou no que Touji havia dito, que Kyouko poderia ter tomado alguma ação secretamente.

Kyouko não disse uma palavra, indo direto para o lugar que eles tiveram a conversa na noite anterior. Depois de chegar, ela finalmente se virou para olhar para Harutora. A atmosfera entre os dois era como uma repetição da noite anterior.

“Desculpe por chamar você tão de repente, Harutora.”

“Está tudo bem, é algo sobre Suzuka?”

“Ora ora, sua habilidade de observação desta vez foi precisa.”

“Obrigado… Aconteceu alguma coisa com você e aquela garota?” Harutora perguntou diretamente, e Kyouko acenou com a cabeça despreocupadamente.

“Depois da noite passada, nós duas conversamos por um tempo. Foi uma conversa secreta de garotas.”

“… Conversa de garotas?”

“Isso mesmo. É por isso que ela parece desconfiar de mim.” Kyouko brincava com a língua enquanto dizia isso.

Não importava Kyouko por hora, era muito difícil imaginar Suzuka conversando sobre algo como conversa de garotas. Talvez fosse realmente Kyouko unilateralmente puxando-a.

“Não admira que ela estivesse fugindo de você hoje. Isso não é pouco efetico?”

“Esse não é o caso. Eu também sabia que não teria sucesso facilmente. Além disso, haverá muitas oportunidades para reverter a situação mais tarde.”

Kyouko respondeu sem se importar e sem remorso pela expressão desamparada de Harutora.

“Além disso, aquela garota não deixa ninguém chegar perto se você não for um pouco forte.”

“O que você quer dizer com chegar perto?”

“Eu quis dizer que ela não vai abrir o coração dela.”

Kyouko colocou o dedo no lábio, olhando maliciosamente para baixo. Sua atitude era como se estivesse brincando, mas falava muito a sério.

Harutora sentiu admiração do fundo deste coração.

… A observação desta garota é verdadeiramente completa.

Harutora também sentia que brigar e manter uma guerra de palavras com Suzuka era a melhor maneira de se aproximar dela. A personalidade de Suzuka era distorcida e ela sempre escondia os sentimentos em seu coração. Kyouko também poderia ter chegado à mesma conclusão de Harutora não muito tempo depois de ver o lado verdadeiro de Suzuka.

“Além disso, eu percebi a personalidade de Suzuka-chan.”

“Suzuka… chan?”

“Ela mesma concordou em me deixar chamá-la assim.”

“Pensar que ela concordaria… Exatamente que métodos você usou…?”

“O segredo é começar aplicando forte pressão e suavizar lentamente sua atitude.”

“…”

Ela casualmente explicou em uma voz fofa, mas Harutora suou frio ao ouvir isso. Ele não sabia exatamente o que haviam feito na noite anterior, mas não pôde deixar de sentir simpatia por Suzuka.

“Nós conversamos ontem à noite, e eu acho que…” Kyouko mudou de tom, olhando para Harutora com olhos claros.

Harutora inadvertidamente endireitou as costas.

“Acredito que, se quisermos a ajuda de Suzuka-chan, a chave não é algo como ter Natsume ajudando em seus experimentos, como Touji propôs. Na verdade, é você. Você é a chave.” Kyouko falou claramente seus pensamentos.

“Eu?”

“Sim.” Kyouko acenou com a cabeça seriamente para Harutora.

“Honestamente, Suzuka-chan e Natsume-kun não se dão muito bem, e ela até deixou claro que ela odeia Natsume-kun… Embora não esteja claro se esses são seus verdadeiros sentimentos a julgar por sua personalidade, ela é tão teimosa que ela possivelmente não vai se comprometer com alguém que ela odeia. Também não é apenas a Suzuka-chan, Natsume-kun também é muito teimoso, e ele não vai aceitar facilmente os outros…”

“Is… Isso mesmo.”

“Eu acho que as personalidades deles são realmente muito puras. Não é impossível derrubar o muro, mas vai precisar de muito tempo. Se não tivermos muitas oportunidades de nos reunirmos como ontem, eles podem nunca se dar bem.”

“… Isso é verdade.”

Harutora acreditava que, mesmo que uma reunião como a de ontem fosse realizada mais vezes, não seria tão fácil desfazer o entrave entre Natsume e Suzuka. Mas ele também entendeu e concordou com o significado das palavras de Kyouko. Em primeiro lugar, era impossível que as duas construíssem uma relação amigável em pouco tempo. Elas não eram como Touji, elas não eram pessoas que agiam por seus próprios interesses.

Kyouko sorriu, envergonhada.

“Na verdade, eu realmente não gosto de fazer as coisas pelas costas e criticar os amigos por não se darem bem… Mas eu não quero ver Suzuka-chan continuar sozinha também. Especialmente depois de ouvir as coisas da noite passada, eu concordo com a opinião de Touji e acho que todos devem estabelecer bons relacionamentos uns com os outros.”

“… É ótimo que você pense assim.”

Em relação à informação que havia cruzado na noite passada, era tudo sobre a família Tsuchimikado. Mesmo que Kyouko fosse sua colega de classe, ela não tinha relação com o assunto inteiro. No entanto, ela tomou o assunto como algo que aconteceu com ela mesma, pensando seriamente em contramedidas. Harutora realmente se sentiu grato.

“Você quer dizer que nós vamos colocar a questão de Natsume e Suzuka de lado por enquanto e primeiro estabelecer um bom relacionamento com Suzuka, certo? Eu entendi. Embora ela ame mexer comigo, eu vou tentar tomar a iniciativa de conversar com ela.”

Harutora não tinha conseguido manter a cabeça erguida na frente de Suzuka desde que a verdadeira identidade de Natsume fora revelada. No entanto, a honestidade pura e simples não podia ganhar a confiança de Suzuka, e mesmo que o fato de que ela segurasse seu ponto fraco em sua mão não mudasse, ele deveria encurtar a distância entre eles tanto quanto pudesse.

… De qualquer forma, eu definitivamente vou ser jogado de novo.

Embora Suzuka estivesse ameaçando, ela ainda não revelara a identidade de Natsume. Talvez fosse simplesmente por um capricho… Ele também poderia seguir o exemplo de Kyouko e tentar confiar em Suzuka.

Embora fosse difícil desvendar sua inimizade com Suzuka, Harutora havia interagido com ela por um longo tempo, afinal de contas.

… Tudo bem.

Harutora tomou sua decisão.

No entanto, Kyouko usou uma espécie de expressão um tanto incomum para contemplar a resolução de Harutora, falando com uma calma incomparável:

“Quanto a isso… Eu quero aproveitar a oportunidade para perguntar claramente.”

“Sobre o que?”

“O que você acha de Suzuka-chan?”

“O que você quer dizer com o que eu acho?”

“Você gosta dela?”

Harutora ficou impressionantemente surpreso. “Que bobagem você está flaando!?”

“O que? Eu não estou dizendo nada que seja absurdo, é uma pergunta muito séria. A maioria dos alunos da turma pensa que vocês dois estão saindo. Ela não chama você de Darliing?”

“Is… Isso é verdade… Mas você viu a personalidade dela, certo? É tudo uma brincadeira, ela está apenas usando esse assunto para mexer comigo!”

“… Você realmente acredita nisso?”

“Eu não penso isso, ela mesma admitiu isso!” Harutora estava um pouco zangado.

Entre as brincadeiras de Suzuka, as mais sérias eram os rumores de que os dois supostamente estavam saindo. Começando com o anúncio do primeiro beijo, ele havia se cansado da provocação interminável de Suzuka.

Ao ouvir a refutada agitação de Harutora, Kyouko apenas franziu as sobrancelhas, preocupada, murmurando: “Sério…” Então, ela mergulhou no pensamento como um tutor que ouvira uma resposta estúpida de estudante.

“… Eu queria conhecer seus pensamentos excluindo essa parte… Eu não acho que encontraria um gargalo nisso.”

“O que isso significa? Do que exatamente você está falando?”

“Bakatora.”

“Ugh!”

Uma bronca extremamente familiar soou em seus ouvidos. Ele se sentiu um pouco emocionado por algum motivo.

Kyouko mudou para um formato mais fácil de entender e explicou em detalhes: “Harutora, você lembra como eu disse que você era a chave? Eu mencionei a personalidade de Suzuka-chan agora também. Ela fala daquele jeito, mas ela realmente…”

“Cale a boca, vaca leiteira!”

Um rugido zangado soou momentaneamente, interrompendo as palavras de Kyouko.

Harutora e Kyouko ficaram surpresas, olhando para trás às pressas e percebendo que Suzuka estava correndo até eles, com o rosto vermelho. Kon imediatamente apareceu, protegendo o corpo de Harutora, de pé entre eles, mas Suzuka não prestou nenhuma atenção a ela.

“Eu não posso mais ouvir! Não pense em si tão grandiosamente! Você está sempre vomitando bobagens e falando coisas inúteis!”

Ela correu na frente do par aturdido, sem palavras, vomitando abusos.

“Droga, droga! Morra! Morra! Sua… Sua vadia!”

Suzuka amaldiçoou descontroladamente. Seu comportamento normal e eloquente não era visível. Ficara claro que ela estava irritada, tão agitada que não se importava com o que estava amaldiçoando. Harutora e Kon olhavam inexpressivamente para o lado enquanto observavam a própria General Divina gritando.

Por outro lado, Kyouko mostrou um sorriso gentil como se lamentasse ver Suzuka xingando com o rosto vermelho. Ela honestamente admitiu: “Desculpe, eu simplesmente não conseguia sentar e assistir, Suzuka-chan, mas eu realmente não deveria ter ido em frente sozinha… Desculpe!” Depois de dizer isso, juntou as mãos, abaixando a cabeça pedindo desculpas a Suzuka.

Uma atitude assim – ela havia sido pega em flagrante, mas sua atitude era impassível. Parecia deixar Suzuka ainda mais aborrecida.

“Cale a boca! Você é tão chata! Se quer se desculpar, morra! Vá!”

Suzuka mostrou os dentes, amaldiçoando sem parar. Infelizmente, até mesmo Harutora também sentiu que sua aparência feroz não tinha vigor, como um filhote latindo para um cachorro grande. Ele não pôde deixar de sentir que Suzuka não era assustadora e que a presença digna de Kyouko era o verdadeiro terror.

“Certo, Suzuka, por que você está aqui?”

“É apenas coincidência! Eu estava passando por aqui!”

“Ora ora, mas você não disse ‘eu não posso mais ouvir’…”

“Eu não disse! Eu não disse uma coisa dessas!”

“Depois de apenas uma noite, vocês duas se tornaram próximas…”

“O quê? O seu cérebro fritou? Como isso é ser próxima?”

“Nós realmente temos um relacionamento íntimo.”

“Não chame de algo assim! O seu cérebro também apodreceu? Além disso, você me forçou a entrar no banho!”

“Entendo, é por isso que você estava falando sobre vaca leiteira…”

“Você não precisa se lembrar desse tipo de coisa tão claramente!”

“Me escutem! Vocês dois, me escutem!”

Kyouko acertou Harutora com força para parar seu comentário. A expressão de arrependimento de Kon parecia de que ela odiava a si mesma por ser incapaz de defendê-lo, mas era realmente culpa de Harutora receber esse golpe.

Suzuka ficou furiosa, pisando no chão de raiva.

“Eu disse tantas vezes, eu não quero me associar a vocês! Eu não me importo com suas vidas, eu não enfatizei isso? Mas por que você ainda faz isso? Você é mais velha que eu, você deve ser capaz de entender o que as pessoas dizem!”

Aquele rugido histérico e furioso soou como se fosse um rugido vindo diretamente de seu coração. Harutora e Kyouko não puderam deixar de se refletir profundamente após a intensa acusação da garota. O que Suzuka disse estava certo, eles eram de fato mais velhos do que ela.

“Além disso, quanto ao que você estava falando agora, é como esse idiota diz!” Ela se virou para Kyouko, apontando para Harutora e falando agitadamente. “Eu só estou brincando com ele! Eu estou brincando com esse idiota porque suas reações são realmente interessantes, entendeu? Mais importante, eu também disse ontem, esse bastardo idiota tem alguém que ele gosta! Eu mexi com ele de propósito porque eu sabia disso!”

Suzuka falou com firmeza. Quando a cautelosa Kon ouviu essas palavras, seus ouvidos tremeram profundamente.

“O que?” O homem em questão, Harutora, arregalou os olhos surpreso. As palavras de Suzuka soaram em seus ouvidos como um raio.

“Huh? Uh… umm…?” Harutora olhou para Suzuka e depois olhou para Kyouko. Finalmente, ele olhou para Suzuka, sua boca ficando cada vez mais rígida. A cauda de Kon sob seus pés balançava para frente e para trás ansiosamente.

Kyouko cruzou os braços, olhando ferozmente para Harutora.

“… Hmph, eu meio que duvidei quando ouvi ontem… Parece que não era mentira.”

“Uh… Não… Não é assim, Kyouko, eu não…”

Kyouko estreitou ainda mais os olhos, olhando para o perturbado Harutora.

“… Certo, eu lembro que você gostou de mim quando entrou na Academia. Você ainda não podia gostar de mim, certo?” Ela parecia uma delinquente deliberadamente escolhendo uma briga.

“… Hã!?” A originalmente furiosa Suzuka sofreu uma mudança dramática, sua atitude se tornando instantaneamente fria como se ela tivesse levado uma bala através de seu coração. A pele nas orelhas e na cauda de Kon também se arrepiou de repente.

“O que você disse?” Mas Harutora, o assunto em questão, não conseguia entender o que Kyouko queria dizer por um tempo, com o rosto atordoado.

“Eu não te rejeitei naquela época? Eu já tenho alguém que eu gosto. Desista.”

“Não… Não é isso, você está errada, o que você está dizendo, não é nada disso! Eu disse na época, você estava apenas enganada… Também, o que você quer dizer com ainda?”

Harutora finalmente caiu em si, negando totalmente a especulação de Kyouko. Mesmo que ele negasse o máximo que podia… “Sério?” A expressão de Kyouko ainda estava cheia de dúvidas.

“Então de quem você gosta?”

“Uh… Essa pergunta é um pouco repentina!”

“Eu sei! Poderia ser como Fujino-san imagina…”

“Cada palavra daquela pervertida é pura fantasia!”

“En… Então Kon-chan…?”

“Eu expliquei muitas vezes, aquilo no hotel foi um mal-entendido!”

“… A única que resta é a Kinoshita-senpai…”

“Não mencione ela na minha frente!”

Cicatrizes anteriores foram reabertas uma a uma, trazendo a Harutora um choque que superava suas expectativas e o fez lembrar dos dias miseráveis de sua juventude.

“Mais… Mais importante, Suzuka, por que você não diz de quem eu gosto? Você só está fingindo, certo?”

Ele fortaleceu seu tom anormalmente. “Quieto.” Kyouko olhou, falando para detê-lo.

Suzuka ouviu-o dizer isso e mordeu o lábio inferior. Então, ela sorriu friamente, fazendo-se parecer tão arrogante quanto possível, e disse: “… Não adianta esconder isso. No ano passado… Você disse que a garota no verão passado não era sua namorada… Mas você gosta dela, certo? Depois de nos encontrarmos novamente, você não disse alegremente que ela ainda estava viva? Que o praticante – a verdadeira Hokuto ainda estava vivendo neste mundo.”

Suzuka olhou ferozmente para Harutora, como se cuspisse a tristeza de seu coração. Seu olhar continha emoções complexas.

O coração de Harutora parou por um momento.

Ele não esperava ouvir o nome de Hokuto nesse lugar. Ele se sentiu ainda mais alarmado ao ouvir o nome de Hokuto, deixando-o perturbado.

Essa situação era como se um diário sorrateiramente oculto fosse lido em voz alta por outros. Um problema que ele deliberadamente ignorou e evitou pensar apareceu na frente dele em um momento que ele não esperava.

“Hokuto? Quem é Hokuto? O Shikigami de Natsume-kun também tem esse nome…”

Kyouko questionou Harutora, e Kon também se virou para Harutora, esquecendo-se de proteger seu mestre. Possivelmente preocupada porque ela ouviu a outra parte ser um Shikigami, Kon olhou para Harutora alarmada.

“… Honestamente.” Harutora riu com indiferença.

Ele ficou um pouco embaraçado e se sentiu um pouco desajeitado, sem vontade de deixar os outros aprenderem sobre seu passado sentimental. Ele se opôs e se recusou a deixar que outros entrassem nessa área.

Mas…

… Certo, eu já decidi ser honesto.

Ele desmantelou a parede em seu coração, explicando para Kyouko – e Kon, e também deixando Suzuka ouvir sua confissão desde o começo novamente.

Hokuto.

Ela fora sua primeira amiga insubstituível, que o encorajou a se tornar um Onmyouji.

Durante a explicação, as memórias de Hokuto foram despertadas uma após a outra. Todo dia comum e normal, brincando sem sentido, rindo e fazendo coisas estúpidas, as memórias únicas e preciosas deixadas para trás. Na época, Harutora não se importava com o futuro e não se preocupava com a sociedade. Ele simplesmente vivia uma vida cotidiana monótona um dia após o outro. Pensando agora, na época ele praticamente tinha sido o mesmo que uma criança – ele sabia que não tinha crescido muito, mas ele ainda não podia deixar de pensar assim.

O período áureo durante a transição da infância para a puberdade.

Hokuto fora o símbolo desses anos brilhantes. Harutora sentiu uma dor inexplicável quando falava sobre ela.

Uma memória fora especialmente brilhante. A noite do festival de verão.

Sua primeira vez vendo Hokuto vestindo um yukata.

Hokuto pisando em suas sandálias com sons de madeira, indo e voltando entre as cabines, inocente como uma criança.

Ela incitou Harutora a jogar um jogo de tiro, provocando-o com uma observação. O sorriso orgulhoso e alegre de Hokuto, em seguida, cruzou sua mente, sua confissão chorosa sob os fogos de artifício deslumbrantes e seu rosto chorando profundamente machucou seu coração.

Ele queria muito vê-la.

Ele queria conhecer e conversar muito com ela.

Aquele pensamento intenso e difícil de controlar assaltava Harutora, estimulando-o. Ele suprimiu-a desesperadamente, não deixando suas emoções explodirem.

Ele se forçou a suportar.

No início, Kyouko estava meio duvidosa, mas sabia que Harutora não tinha motivos para mentir. Mais importante, Suzuka viu a Shikigami – Hokuto – com seus próprios olhos, e viu que a Shikigami Hokuto realmente existiu. Assim, ela só podia ouvir silenciosamente a explicação de Harutora.

Kon ficou gravemente atenta para ouvir a explicação de Harutora. Ela parecia estar muito interessada no passado de seu mestre. Ela ficou em silêncio e imóvel, nunca interrompendo.

Claro, Suzuka também.

Harutora terminou de explicar os detalhes, sorrindo ligeiramente.

“Mesmo agora, eu realmente não tenho nenhuma ideia sobre a verdadeira identidade daquela garota. Eu não entendo por que ela apareceu diante mim ou qual era o objetivo dela. Mas eu acredito, não, eu sei, que há um laço entre nós muito mais importante do que essas razões.”

Harutora falou, olhando para Kyouko, Kon – e Suzuka.

“Então, eu ainda quero vê-la agora. Se ela não está disposta a dizer, eu não vou forçá-la a dizer o motivo. Eu só quero conhecê-la… E conversar com ela… E me divertir e rir com ela como antes… Eu quero vê-la sorrir.”

Ele se sentia um pouco solitário, mas ele ainda expressava sinceramente seus pensamentos internos.

Kon olhou para Harutora, ligeira e tristemente gritando: “Harutora-sama…” Por outro lado, Kyouko não disse nada, olhando diretamente para Harutora.

Suzuka virou o rosto como se não pudesse mais suportar, o rosto cheio de ansiedade e angústia que não tinham para onde ir.

“Eu não disse?” Ela falou com raiva e desorientada. “Eu disse… Eu sabia disso desde o início, e é por isso que eu brinquei com ele. Que cara imoral. Pensar que você gosta de uma Shikigami… Eu não suporto você…”

Ela falou ironicamente, encolhendo os ombros como se quisesse expressar ‘Este tópico acabou, podemos por favor terminar com isso?’. Harutora não refutou o insulto de Suzuka, era verdade depois de tudo.

A reação de Kyouko foi diferente da de Suzuka, que escolheu escapar. Ela não tinha intenção de comprometer a todos.

Ela revelou um olhar penetrante.

“Eu entendo agora… Mas, e daí? Você gosta da praticante – aquela que controlava Hokuto, certo? Você ama ela?”

“Hey hey, você está tão agressivo, eu já fui tão honesto”.

Harutora sorriu amargurado e desconfortável, mas Kyouko não o deixou ir, forçadamente pedindo-lhe para falar: “Apresse-se e diga.”

“Isso… Eu também não sei.” Harutora disse depois de ponderar por um tempo.

Suzuka levantou a cabeça para olhar para Harutora, surpresa depois de ouvir isso. Kon também olhou solenemente para Harutora.

“Honestamente, aquela garota é minha melhor amiga, e eu nunca pensei sobre isso. As coisas simplesmente aconteceram… É por isso que não pudemos nos encontrar de novo. De fato, não existe mais o relacionamento de melhores amigos entre nós, mas quanto a gostar ou odiar ela… Eu realmente não sinto nada como amor…” Harutora falou embaraçosamente.

Suzuka olhou para Harutora com foco total, como se não quisesse perder uma única palavra que ele dissera.

“… Então?” Kyouko acenou com a cabeça, continuando a questioná-lo. Harutora olhou para o céu e suspirou profundamente.

“Então… Eu… Eu provavelmente gosto dela. Mas mesmo que tenhamos um bom relacionamento, essa garota era basicamente um mistério. Haverá muitas mudanças se nos encontrarmos novamente. De qualquer forma, eu só quero vê-la novamente por enquanto! Quanto a que tipo de mudanças… Eu não sei até que eu a encontre!”

Harutora gritou seus pensamentos internos quase autodepreciativos. Ele também sabia que seu rosto estava vermelho. Ele não era bom em lidar com tais tópicos em primeiro lugar, e especialmente desde que o assunto era Hokuto, ele estava praticamente envergonhado.

Mas tudo o que ele disse era verdade. O amor de Harutora – ele mesmo não sabia se poderia chamar de amor – havia sido interrompido naquele dia de verão. O amor não poderia ser chamado de sucesso ou fracasso, tornou-se um mistério não resolvido.

Harutora também não podia fazer nada sobre isso.

… Além disso…

Além disso, mesmo se ele encontrasse Hokuto novamente… Mesmo que Hokuto se confessasse novamente, Harutora não acreditava que o ele atual teria a mesma resposta que ele teria naquela época. Depois que as coisas aconteceram, ele não era mais o seu eu do passado. Seus sentimentos daquela época agora eram memórias que dormiam profundamente dentro de seu coração e ele não podia mais colocá-las em palavras.

Mas mesmo assim, ele nunca fora capaz de realmente encarar seus próprios sentimentos. A questão de Hokuto havia amarrado suas pernas de alguma forma, fazendo com que ele não ousasse avançar, não ousasse pensar profundamente, não ousasse dar uma resposta.

Se ele não encontrasse Hokuto novamente, ele nunca poderia avançar.

“… Que romântico.”

Kyouko pareceu aceitar sua resposta, dando-lhe algumas palavras. Harutora, sentindo-se injustiçado, disse baixinho: “Cale-se.”

“Hmm…” Kyouko murmurou, franzindo as sobrancelhas e cruzando os braços, como se encontrasse um problema difícil fora de suas expectativas.

“O que exatamente é isso?”

“Eu teria tantos problemas se soubesse?”

“Se o que você disse agora é a verdade, significa que a habilidade do praticante é bem alta. Não apenas Suzuka-chan falhou em identificá-la imediatamente, ela e Harutora interagiram por vários anos. Mesmo que você não tivesse nenhuma capacidade de detecção no momento, você não percebeu nada de errado. Normalmente, isso seria impossível.”

“… Tenma também disse coisas semelhantes. Ele disse que essa pessoa é um poderoso profissional Onmyouji para que isso seja possível.” Harutora falou, pensando em sua conversa quando eles estavam fazendo curry, e Kyouko também afirmou a opinião de Tenma, balançando a cabeça e dizendo: “Eu também penso assim.”

“Essa pessoa não é necessária poderosa, um Onmyouji profissional, mas é inegável que ela é excepcionalmente hábil. Supondo que fosse alguém ao seu redor… Apenas Natsume-kun seria capaz de fazer uma coisa dessas.”

Suzuka cambaleou ao ouvir a conclusão casualmente mencionada de Kyouko, todo seu corpo rígido.

“O que?” Harutora inadvertidamente perguntou, então não pôde deixar de rir alto. “Hahahaha! Que absurdo você está dizendo, Kyouko. Como poderia Natsume fazer isso, isso é ridículo. Que razão Natsume teria que desperdiçar tanto esforço fazendo uma coisa dessas?”

“Você é estúpido, Harutora. Eu estava apenas trazendo uma possibilidade técnica. Será que você não me ouviu?”

“Oh, desculpe, desculpe, isso é verdade. Mas é muito sem sentido você pensar dessa maneira. Natsume e Hokuto? Hahaha, que combinação ridícula!”

Harutora pensou na diferença entre as duas e depois riu ainda mais como se uma piada tivesse atingido perfeitamente. Kyouko e até Kon não puderam deixar de olhar fixamente para a aparência de Harutora. Desde que eles estavam falando sobre um assunto sério e sensível até agora, ele instantaneamente relaxou.

Depois de rir por um tempo… “Uh… Desculpe, desculpe. Se você conhecesse Hokuto, você definitivamente teria pensado que a comparação agora era ridícula. É muito engraçado.” Harutora explicou, conseguindo reprimir seu impulso de rir.

Entre eles, apenas Suzuka encarava a reação de Harutora com uma expressão de incompreensão, como se uma suposição que já fizera tivesse sido completamente anulada e ela tivesse caído em confusão.

“… H…” Ela hesitou sobre o que dizer. “Hei?”

“Huh? O que foi?”

“Então isso significa… Se você soubesse, as coisas não seriam assim…?”

“Huh? Eu não posso realmente entender o que você quer dizer…?”

Essa pessoa provavelmente estava procurando problemas novamente. Harutora levantou a atenção.

No entanto, Suzuka fechou a boca de repente, sem falar mais nada. Sua cabeça parecia estar zumbindo rapidamente, mas ele não podia ver no que ela estava pensando. Harutora e Kyouko se entreolharam. Ela também ficou surpresa.

“Is… Isso não importa. De qualquer forma… O que estávamos falando agora?”

“… Seu relacionamento com Suzuka-chan.”

“Certo, você entendeu agora, Kyouko? Embora explicar isso de novo agora seria inútil.”

“Sim…”

Kyouko falou em um gaguejar, apenas capaz de acenar com a cabeça. De relance, ela olhou para Harutora e Suzuka, por sua vez.

Só então, Suzuka de repente virou as costas, caminhando em direção ao auditório e deixando os dois, fazendo Harutora e Kyouko entrarem em pânico.

“O que há de errado? Suzuka?”

Eles apressadamente chamaram Suzuka, mas ela não parou seus passos.

“… Eu vou considerar isso.”

“Hã?”

“Eu não gosto da sensação desse tipo de ação secreta… Eu vou considerar o que nós mencionamos ontem… Mas… Mas eu vou apenas considerar!”

Suzuka virou a cabeça ligeiramente, fixando o rosto para esconder sua timidez. Depois de arremessar essas palavras, ela balançou a cabeça para trás, se afastando em um ritmo acelerado. Harutora se perguntou se ele estaria sendo sensível demais.

Num instante, Suzuka já havia desaparecido na floresta.

“O… O que há com essa garota?”

“…”

Harutora perguntou a Kyouko. A própria Kyouko parecia estar sem noção, maravilhada em todo o rosto.

“Devemos ir atrás dela primeiro!”

“Atrás dela? Por quê?”

“Nós não chegamos a um consenso comum agora? Precisamos ir para a ofensiva! Por alguma razão, Suzuka-chan conseguiu relaxar e conversar. Esta é uma grande oportunidade para alcançar a vitória.”

*Slap* Kyouko bateu forte nas costas de Harutora, correndo atrás de Suzuka. Embora Harutora estivesse alarmado, ele ainda não podia ir contra Kyouko no final, saindo atrás dela.

No final, Kon, que fora deixada na área, naturalmente escolheu seguir os passos de Harutora. Mas antes de sair, ela olhou para a parede do armazém – um canto da parede branca – suspeitas aparecendo em seu olhar.

“…”

Mas, ela não tomou nenhuma outra ação, voltando-se para Harutora novamente e saltando. Quando ela desmaterializou seu corpo, sua figura desapareceu. O som de Kyouko chamando Suzuka podia ser ouvido da direção que Harutora e os outros deixaram.

Então…

 

 

Do outro lado do armazém, onde Kon olhara antes de sair, Natsume sentou-se no chão segurando os joelhos. Touji ficou parado com uma expressão amarga.

Eles haviam procurado por Harutora e Kyouko, que o haviam levado para todo lado, a fim de confirmar os sentimentos de Harutora. Quando eles o notaram, já era inconveniente para os dois se mostrarem. Embora eles não quisessem escutar, acabaram ouvindo até o final. Claro, eles poderiam ter interrompido no meio – mas os dois não tinham feito isso, caindo em um dilema que eles não podiam se retirar.

Natsume segurava os joelhos, deprimida, com a cabeça entre os joelhos.

Ela já estava imóvel por um tempo. Quando ela estava ouvindo o tópico de Hokuto, seu rosto ficou pálido e depois vermelho, e os desenvolvimentos finais fizeram o sangue escorrer de seu rosto, seu corpo ficando duro como um cadáver.

Touji não sabia o que dizer, esfregando a testa tristemente.

Natsume estava igualmente calada. Vendo sua aparência atual, até mesmo o Touji, normalmente de língua afiada e sarcástico, não poderia dizer ‘eu avisei’. Fazer isso não era apenas por causa de seus sentimentos como amigo, mas por simpatia como pessoa.

Na floresta com o sol afundando a oeste, uma atmosfera estranha e persistente permeava o espaço entre os dois.

Touji não pôde deixar de suspirar pesadamente.

“… Realmente, esse Bakatora…”

PARTE 4

Não foi barulhento dentro do ônibus de volta para Tóquio, muito diferente de quando eles tinham vindo.

O ônibus balançava para frente e para trás e os estudantes estavam afundados em seus sonhos. Não fazia dez minutos desde que eles deixaram o acampamento, mas todos no ônibus já estavam dormindo.

A partir disso, ficara evidente que todos os alunos já estavam muito cansados. Talvez ele tivesse sido afetado pela sonolência ao seu redor, mas até o professor supervisor Ohtomo começou a roncar.

Claro, Harutora e os outros não foram excluídos.

Seus assentos estavam posicionados de forma semelhante a quando eles chegaram, com Touji e Suzuka na primeira fila. Os dois se apoiaram na parte de trás de seus assentos enquanto dormiam profundamente. Kyouko e Tenma, que estavam sentados no meio, já começaram a roncar, e Harutora e Natsume ao lado deles também tinham os olhos fechados, seus corpos balançando com o ônibus.

Um tempo tranquilo e breve para descansar. Se alguém acordasse agora, talvez eles sentissem um vazio solitário como depois do fim de um festival.

De repente, o ônibus deu um pulo. “… Mmm.” Harutora acordou.

Ele originalmente planejara fechar os olhos novamente e voltar a dormir.

… Ah.

Um peso pressionou levemente o ombro dele e o fez acordar completamente.

“…”

Natsume, que estava sentada ao lado de Harutora, parecia já estar profundamente adormecida, com o corpo inclinado e a cabeça apoiada no ombro de Harutora.

Vários fios de cabelo preto roçaram o pescoço de Harutora, e o corpo de Harutora sentiu o ritmo de sua respiração suave. O corpo inteiro de Harutora endureceu, sua sonolência instantaneamente expulsa de sua mente.

… Es… Essa garota… Ela estava completamente deprimida.

Quando eles entraram no ônibus para a viagem de volta, Natsume estava pálida. Arrependimento, frustração, preocupação e desespero se misturavam, criando uma atmosfera difícil de descrever.

Harutora tinha agido por preocupação, mas Natsume não respondera, nem mesmo olhando para Harutora, olhando indiferente pela janela, sem qualquer reação, e se preocupando que ela pudesse torcer o pescoço. Ela parecia estar tentando encontrar sua alma perdida do lado de fora da janela – onde ficava o acampamento.

Harutora não podia fazer nada além de ignorá-la.

“… Ugh… Uh…” Mas, Natsume tinha rangido os dentes, gemendo baixinho de vez em quando, às vezes como se ela tivesse emoções difíceis de reprimir, às vezes como se ela fosse um balão desinflando. “… Uuu…” Ela até parecia estar segurando as lágrimas, às vezes soltando um som soluçante. Ela não disse nada, mas era uma incapaz de evitar se preocupar.

Harutora lembrou que ela não estava assim quando o curso terminou. O que exatamente aconteceu durante o breve período de tempo livre depois disso? Harutora não podia dizer – mas seu rosto adormecido parecia exatamente o mesmo que a normal Natsume.

… Na verdade, essa garota também pode ser considerada um mistério…

Talvez não fosse só Hokuto e Natsume, talvez todas as garotas fossem seres misteriosos. Exemplos surgiram em sua mente – deixando de lado Kyouko, por enquanto – quando ele pensou em Suzuka e na senpai.

Natsume manteve a cabeça no ombro de Harutora, respirando calmamente como uma criança indefesa. Harutora estava envergonhado e nervoso, mas não se atreveu a acordá-la precipitadamente.

Ele realmente não sabia o que fazer com ela.

Harutora pensou, olhando para a janela do ônibus atrás de Natsume. Ele notou a cena surpreendentemente linda do lado de fora da janela, seu olhar desenhando inconscientemente. Fora da janela, o céu estava tingido de belas cores índigo. O sol estava caindo no horizonte. Uma cena tão bonita só poderia ser vislumbrada durante o breve período em que a luz do sol não havia desaparecido completamente.

Dia e noite alternavam. Yin e yang trocavam de lugar.

Como a cena de um mundo de fantasia.

“… Mmm.”

Natsume de repente torceu o corpo como se ela estivesse com raiva, fazendo Harutora se encolher enquanto olhava para a paisagem do lado de fora da janela. Então, Natsume murmurou um ‘Nnn…’, soltando uma voz doce. Ela primeiro colocou a testa no ombro de Harutora, e então seu corpo se afastou reflexivamente, o pescoço também virando para o outro lado. Harutora obteve sua liberação, respirando levemente e finalmente relaxando.

Com o corpo dela virado, o longo cabelo de Natsume caiu pelos ombros. Seus cabelos negros dançavam levemente, agarrados ao peito do uniforme. A fita rosa que geralmente amarrava seu cabelo parecia afrouxada por causa disso, deslizando para baixo.

“Ah…”

Harutora, por reflexo, estendeu a mão, pegando a fita deslizante. Ele agarrou, mas não conseguiu amarrá-la para Natsume, então ele não sabia o que fazer.

… Eu vou devolver a ela quando ela acordar.

Ele havia se acostumado a ver a fita de Natsume. Por alguma razão, Natsume sempre usava essa fita para amarrar o cabelo. Quando Harutora tinha acabado de entrar na Academia, ele havia apontado que uma fita não era adequada para uma garota disfarçada de garoto – especialmente uma fita rosa. Natsume encontrou várias desculpas para contê-lo, e até agora ainda usava essa fita.

“…”

Ela adorava essa fita, então ficava claro que era um objeto bastante especial. Embora Harutora pensasse assim, olhando com cuidado, a fita não parecia tão cara, mas mais como um produto barato que podia ser visto em qualquer lugar. Além disso, porque era usado todos os dias, já estava dilapidada. Por que Natsume usava essa fita tão entusiasticamente? Harutora sentiu que havia outro mistério sobre Natsume.

… É como uma fita usada para embrulhar um presente…

“… Hã?” Pensando nisso, algo passou pela sua cabeça. “Não… Mas…” Ele subitamente associou-o a outro incidente.

Uma fita cor-de-rosa.

Uma fita cor-de-rosa usada para embrulhar um presente.

“…!”

A expressão de Harutora mudou inconscientemente e ele olhou para a fita. Mas não havia marcas memoráveis na fita, então é claro que ele não encontrou nenhuma ‘prova’ de que estava relacionado ao festival de verão do ano anterior. Ele tentou o seu melhor em recordar, recordando o presente que ele tinha dado a ela – o conjunto de sopra bolhas que ele ganhara no jogo de tiro, a fita amarrada na caixa de presente, e ela sorrindo enquanto amarrava a fita em seu cabelo.

Mas ele não conseguia pensar nisso, não importava qaunto tentasse.

Uma impressão ambígua e ilusória surgiu em sua mente. Não importava como ele tentasse agarrar a memória, não havia nada na ponta dos dedos.

 

 

Harutora moveu seu olhar da fita para o corpo de Natsume. Natsume estava dormindo profundamente, sem saber o que havia acontecido.

“… Não pode ser…”

Tal coisa não poderia ser. Ele até negou em voz alta. Tal coisa não poderia acontecer, não deveria ser possível.

Harutora colocou a fita na mão sobre os joelhos de Natsume, depois deu as costas para Natsume, fechando os olhos com força.

Ele sentiu seu próprio batimento cardíaco intenso, deixando seu corpo balançar com o ônibus e tentando voltar a dormir. Mas ele sentia vagamente que, mesmo se adormecesse, não dormiria profundamente.

O tempo passou e o céu azul se transformou em uma noite escura.

O ônibus dirigia-se suavemente para Tóquio, deixando o acampamento onde várias emoções haviam se misturado.

Santuário de Zokusho. Esse era o nome do santuário. Era um santuário dedicado ao culto das estrelas – chamado Santuário da Ursa Maior.

 

 

“Tudo bem, você trabalhou duro. Tenha cuidado no caminho de volta, eu estarei esperando você para voltar.”

A diretora Kurahashi calmamente terminou de falar estas palavras na Academia Onmyou, situada em Shibuya, Tóquio, desligando o telefone no escritório da diretoria.

O telefonema fora do professor do terceiro ano que tinha ido ao acampamento – Fujiwara-sensei – relatando que o ônibus dos estudantes estava prestes a chegar a Shibuya. O segundo ano também estava voltando com eles. O segundo ano não se feriu e o acampamento terminou pacificamente.

Quanto os alunos cresceram depois desse acampamento? As crianças dessa idade podem progredir rapidamente depois de apenas alguns dias. A diretora secretamente esperou eles voltarem para Tóquio, para poder testemunhar o crescimento desses estudantes com seus próprios olhos na Academia Onmyou.

Entre eles, os que ela mais esperava eram os dois Tsuchimikado e os alunos envolvidos com eles.

“… O que eles aprenderam neste acampamento?”

Ela murmurou, pensando no outro Tsuchimikado que havia visitado-a na noite anterior.

O Tsuchimikado disse isso a ela:

‘… Sua estrela está sombreada.’

A diretora fechou os olhos, um leve sorriso emergindo em seus lábios. Ela não se sentia ansiosa ou com medo do futuro, ela apenas tomava as coisas filosoficamente e deixava o destino decidir tudo.

“Chegou a hora… Eu prestarei assistência ativamente.”

Kurahashi Miyo era boa em adivinhação, chamada de Mestre das Estrelas da Família Kurahashi. Ela ainda possuía uma forte influência sobre os superiores nos círculos políticos e econômicos.

Mesmo se ela entendesse a adivinhação, ela não poderia mover as estrelas no final, nem poderia mudar sua direção ou controlar seu brilho.

Tudo o que ela podia fazer era observar silenciosamente e confiar na força das estrelas, continuando a fazer propostas.

“Eu estou esperando muito de você, Ohtomo-sensei. Eu… Eu tenho menos tempo do que o esperado…”

A voz baixa da diretora Kurahashi era fraca, mas destemida.

A noite caia fora da janela. Luzes iluminavam a grande cidade de Tóquio e a noite esperava ansiosamente que os jovens corvos abrissem suas asas e voassem.

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