Capítulo 5
No momento em que SoYoon saiu da casa de Duke, ela baixou a máscara e bebeu o antídoto. Duke poderia ser um verme, mas ele nunca mexeria em uma poção pela qual um cliente pagou um preço justo. Resistindo à vontade de vomitar, ela jogou a garrafa vazia em uma lata de lixo próxima, colocou a máscara de volta no rosto e caminhou em direção à zona neutra. Ela esperava voltar para casa depois de parar na Central da zona neutra.
Na zona neutra, onde lutas eram proibidas, a atmosfera era muito mais alegre. Ela havia passado o dia todo estressada com a atenção que estava recebendo em relação à sua competência como o novo Coelho Branco, e a calma – e o desinteresse por ela – na zona neutra era como uma lufada de ar fresco.
A Central era incomparável dentro da zona neutra – uma área essencial do País das Maravilhas. Era o único lugar no País das Maravilhas onde você podia comprar utensílios domésticos. Tinha ruas largas cheias de lojas e vendedores que a lembravam de um mercado de fazendeiros. Mais no centro, havia restaurantes, cafés, pubs, etc.
Se passou tanto tempo desde que ela experimentara o ar externo que SoYoon sentiu uma onda de emoções. Durou cerca de cinco minutos. Quando ela entrou na primeira loja de roupas e viu a etiqueta com o preço, ela acordou de seu devaneio. Se fosse a Terra, a camiseta não teria custado US$10. Como poderia custar 500.000 canções de natal aqui?
SoYoon associou dólares a canções de natal, em termos de cálculo, parecidos e, portanto, pensando que não queria ser enganada por um mau negócio, ela foi a uma loja diferente. No entanto, a situação era a mesma. Esse lugar era realmente mais caro.
— Caro…
O proprietário, ouvindo SoYoon resmungar, falou.
— Do que está falando? Estes são os itens de Mundo Além do ano passado. Você sabe como foi difícil conseguir isso?!
Perceber que todos os itens precisavam ser importados para o País das Maravilhas porque não havia fábricas fez o preço parecer um pouco mais razoável. Sabonete, pasta de dente e outros produtos domésticos – o Coelho Branco anterior não tinha nenhuma dessas coisas – calças e roupas íntimas, sapatos, etc. Depois de comprar todas as coisas de que precisava e que não podia pegar emprestado na casa do Coelho Branco anterior, ela jantou em um restaurante próximo.
O primeiro dia no País das Maravilhas veio e se foi.
***
No dia seguinte, depois de comer um café da manhã com pão e café enlatado, Heart apresentou SoYoon a uma pessoa que poderia se livrar do feitiço de rastreamento lançado sobre ela. Seguindo o mapa que Heart deu a ela, ela não teve problemas em encontrar o seu caminho. Quanto mais perto chegava de seu destino, mais variedades de odores queimados e desagradáveis a saudavam.
Eles finalmente chegaram ao grande terreno de uma residência de dois andares, onde uma parede em ruínas que perdeu sua utilidade estava. SoYoon facilmente pulou sobre ele e encontrou a fonte do cheiro potente. Uma horda de homens estava perto da porta da frente e das janelas, espalhados para todos os lados. Cada um foi queimado – massas de pele derretidas sobre cadáveres.
SoYoon se lembrou do aviso de Heart de que ela não devia invadir sem a permissão do dono da casa. Ela caminhou até a porta da frente, movendo os cadáveres com a ponta dos pés, e bateu como Heart havia instruído. Depois de um tempo, ela ouviu a janela do andar de cima se abrindo. Ela olhou para a janela.
Logo, um homem de gorro branco colocou a cabeça para fora da janela. Sonolento, ele bocejou, encostou o braço na janela e colocou a cabeça sobre ela. Pensando que ele poderia adormecer a qualquer momento, ela chamou o nome dele.
— Chapeleiro Maluco.
Com o chamado de SoYoon, o rosto do Chapeleiro Maluco, que havia sido enterrado em seus braços, se ergueu. Então, como se estivesse com dor de cabeça, ele pressionou as têmporas ternamente e gemeu. Ele lentamente olhou para baixo e a viu.
— Nunca te vi antes. Quem é você?
— O Coelho Branco. Heart me disse para vir aqui.
— O Coelho Branco… Ah, verdade. Tivemos uma mudança. Se veio para se apresentar, já vi seu rosto agora. Já pode ir. Se tem outros negócios… eu ainda apreciaria se você pudesse ir…
Os olhos do Chapeleiro Maluco, que mal haviam aberto, agora estavam fechados. Seus longos cílios lançavam sombras sobre suas bochechas pálidas. Ela bateu na porta da frente novamente e disse: — Tenho negócios.
— Entre…
Tendo concedido seu acesso, Chapeleiro Maluco fechou a janela e voltou para dentro. Ao mesmo tempo, a porta da frente se abriu.
SoYoon entrou. Um cenário luxuoso adequado para a realeza a cumprimentou.
— Seja bem-vindo, convidado. Espero que da próxima vez venha à tarde.
Mesmo vestindo uma camisa amassada, calça comprida e um cardigã esticado, esse homem exalava uma aura de sofisticação. Mesmo o ridículo gorro de renda – amarrado com um laço rosa sob o queixo e apoiado no topo de seu rosto sonolento – não prejudicava sua boa aparência. Isso lembrou SoYoon de que a beleza realmente poderia ser desperdiçada.
O Chapeleiro Maluco acompanhou ela até o sofá da sala. Na verdade, havia tantas coisas espalhadas pela sala que o único lugar onde uma pessoa poderia se sentar era naquele sofá.
Caminhando em direção ao sofá, SoYoon disse: — Parecia haver cadáveres do lado de fora. Não precisa removê-los?
— Sim, é uma tentativa ousada de alguma criança. Em algum momento vou tirá-los. Então, vamos ouvir sobre esse seu negócio.
Em vez de responder, ela removeu a espada e desabotoou a camisa. Parecia ser mais fácil mostrar a ele do que explicar com palavras. O Chapeleiro Maluco a observou apaticamente e sorriu maliciosamente ao ver seu corpo nu por baixo da blusa.
— Você é uma garota? É tão magra. Achei que fosse um menino. Vai ser difícil me seduzir com isso…
— Não é uma sedução. — SoYoon imitou o sorriso malicioso do Chapeleiro Maluco e apontou para seu ombro esquerdo.
Acima da parte de seu ombro onde o osso se projetava, havia uma marca azul estampada nele. Tinha cerca de quatro centímetros, com símbolos complicados dentro de um círculo. Era o sinal da magia, bem como o marcador de identificação de um experimento de pesquisa. Essa marca enviava constantemente um sinal para garantir que os sujeitos experimentais nunca pudessem fugir sem que sua localização fosse comprometida.
Os olhos azuis do Chapeleiro Maluco brilharam de preocupação ao ver a marca. — Então o seu negócio é se livrar disso?
— É possível?
— Para colocar em termos leigos, essa marca está presa profundamente em seu ombro. Então, se quiser se livrar disso, temos que remover um pedaço do seu ombro. Mais ou menos… essa profundidade?
O Chapeleiro Maluco separou as mãos do comprimento de um dedo. Essencialmente, todo o braço teria que ser cortado.
Provocando SoYoon, ele estendeu os dedos. — Ou talvez desse tanto?
— Tem outro jeito?
— Bem… Se a única coisa com que temos que nos preocupar é a potência de retransmissão do sinal… Hmm. Mas esse não pode ser o único propósito…
Chapeleiro Maluco murmurou lentamente em voz baixa enquanto se inclinava para observar o símbolo. Ele estava perto o suficiente para ela sentir o calor de seu corpo. Seu olhar se concentrou na pele de SoYoon em um grau desconfortável. A respiração dela parou.
— Se já viu tudo o que precisa, pode afastar o rosto?
— Por quê? Está envergonhada?
— Faz cócegas.
Quando o Chapeleiro Maluco ergueu a cabeça, SoYoon coçou o braço. Uma menina com o peito descoberto, coçando o braço – a consciência dela voltou. O homem que a olhava ficou pasmo.
— Então, para ser claro, o seu motivo é se livrar da marca por completo ou só bloquear o sinal para que ele não possa fazer seu trabalho?
— O primeiro. Porém, realmente não importa se eu tiver que me contentar com o segundo. — Ela odiava ver a marca azul porque a fazia se sentir como se fosse uma porca no açougue, mas como ela se sentia sobre isso não era uma prioridade.
Em sua resposta, o Chapeleiro Maluco sugeriu um acordo. — Então acho que é melhor tentar bloquear o sinal. Vai demorar muito até que os itens adequados estejam disponíveis. Venha me ver uma vez a cada dois dias. Mesmo se não puder vir em um determinado dia, não há necessidade de me avisar.
É você que está com pressa, não eu, pensou o Chapeleiro Maluco.
Depois que o Chapeleiro Maluco terminou, ele parou de olhar para ela. Ele queria provocá-la, mas SoYoon se lembrou de outra coisa.
— Celular.
— Você pode usar o celular do Coelho Branco anterior. Como ele, você não parece ter um grama de poderes mágicos. Ou você tem algum problema sobre usar um item pessoal da pessoa que matou?
— Não mesmo. Não era isso que eu queria perguntar.
SoYoon tirou um pedaço de papel do bolso. Nele estava o esboço de um smartphone. Parecia só um retângulo em uma caixa fina, então o Chapeleiro Maluco olhou para ele sem muita reação.
— Você é a pessoa que mais sabe sobre o País das Maravilhas, não é? — disse SoYoon.
— Sim, sou. O que é isso?
— Smartphone. É a versão atualizada do celular.
Tela sensível ao toque, botão iniciar – depois que SoYoon explicou os componentes mais simples, o Chapeleiro Maluco roubou o papel das mãos dela e ficou olhando para ele com o nariz quase tocando o papel. Depois de examinar completamente todas as descrições que ela havia escrito em letras minúsculas, ele apareceu de volta com os olhos em chamas.
— Onde diabos você viu tal coisa? No centro de pesquisa? Quem é o criador? Vamos sequestrá-lo nesse exato momento e trazê-lo aqui! Preciso abrir sua cabeça e obter seu conhecimento…
— Pervertido.
— O quê? O que disse?! Espera! Onde pensa que está indo?!
— Te vejo depois de amanhã.
SoYoon fechou a porta da frente na cara do Chapeleiro Maluco enquanto ele tentava segui-la. Ela havia lhe contado sobre o smartphone para fazê-lo focar totalmente em se livrar da marca, mas isso só tornava as coisas incômodas. O Chapeleiro Maluco era um verdadeiro nerd da tecnologia.