Capítulo 6
A casa do Chapeleiro Maluco ficava completamente do lado oposto da casa de SoYoon que era na zona neutra. Como resultado, ela teve que caminhar muito para voltar à zona neutra.
O sol agora estava diretamente acima dela. Comparado com o início da manhã, muito mais pessoas estavam nas ruas. E isso não era uma boa notícia para SoYoon.
Ela brandiu sua espada pingando sangue com facilidade. Com o som do vento, a gordura e a pele que grudavam na espada caíram. Os transeuntes recuaram quando as gotas de sangue espirraram na direção deles.
O boato de que o novo Coelho Branco apareceu deve ter se espalhado rapidamente. Muitos esperavam matá-la e tomar seu lugar.
Com a zona neutra à vista, SoYoon cortou a cabeça do quinto desafiante. Tirando um pedaço de pano, ela limpou a espada, colocou-a na bainha e pendurou-a nas costas. Ela estava completamente satisfeita com o peso, poder e precisão dessa espada, mas, quase tão larga quanto alta, seu tamanho era problemático. Cada vez que ela tirava a espada, ela tinha que segurar a bainha com a mão esquerda.
Quando ela saiu de cena, os pedestres saquearam os corpos. Os cadáveres frescos tinham muito valor, fosse nos itens que carregavam, nas roupas ou até mesmo nos órgãos. Sem prestar atenção à luta que se seguiu atrás dela, SoYoon entrou na zona neutra.
Embora o crime fosse proibido na zona neutra, ainda fazia parte do País das Maravilhas; as pessoas não fugiram de suas roupas manchadas de sangue. Em vez disso, foram ainda mais educados ao tentar vender a ela roupas novas. Mas ela não tinha intenção de comprar nada e, em vez disso, foi a um restaurante. O sanduíche que ela estava comendo agora não era tão apetitoso quanto ao macarrão que tinha comido no dia anterior.
Outro dia havia se passado no País das Maravilhas.
No segundo dia em que SoYoon iria se encontrar com o Chapeleiro Maluco, ela pensou muito se deveria marcar o encontro no meio da noite. Ela não sabia se o fato de ter derrotado todos os seus adversários ainda não tinha circulado ou que havia rumores equivocados circulando devido à sua pequena estatura ou que a posição de Coelho Branco era tão cobiçada, mas o fluxo de atacantes nunca terminou.
Nos trinta minutos para a casa do Chapeleiro Maluco, ela foi atacada mais de dez vezes. SoYoon considerou sua situação. ‘Se eu os matasse, não haveria rumores sobre mim fugindo e coisas assim.’ Resoluta, ela balançou a espada nas costas e correu.
— Oh…!
— Aquele é o Coelho Branco…!
No momento em que os desafiantes que estavam esperando por ela perceberam o que havia acontecido, ela já era um ponto no horizonte.
SoYoon parou na frente da casa do Chapeleiro Maluco para recuperar o fôlego. Dez segundos depois, ela levantou a mão para bater quando o Chapeleiro Maluco colocou a cabeça para fora da janela do segundo andar. Hoje, ele usava um chapéu de pele da cor do arco-íris.
— Você sabe que horas são? E se chegou, por que está perdendo seu tempo batendo?
— Você pediu que eu viesse à tarde.
O Chapeleiro Maluco estalou a língua para SoYoon e voltou para dentro. Ela bateu e, como se a porta estivesse esperando por ela, se abriu.
O Chapeleiro Maluco estava esperando por ela nos degraus que levavam ao segundo andar. Ao contrário da primeira vez, ele estava bem acordado e olhando para ela com uma frieza de um céu de inverno.
— Faremos os testes no segundo andar.
SoYoon seguiu o Chapeleiro Maluco escada acima. A cada passo que dava, as velhas escadas rangiam. O som penetrando no silêncio trouxe lembranças.
O segundo andar, como o primeiro, era extremamente desarrumado. O Chapeleiro Maluco escolheu as peças de que precisava em meio à bagunça e as colocou na cama: um pedaço de papel enrolado, um lápis, vários frascos e copos com misturas diferentes, um gráfico. SoYoon estava familiarizada com essas coisas. De outra sala, o Chapeleiro Maluco trouxe uma máquina do tamanho de sua mão e a instruiu.
— Tire tudo e sente-se lá. Não toque em nada.
SoYoon tirou sua espada e colocou-a na cama, tirou tudo, incluindo suas roupas íntimas, e sentou-se na beira da cama. Durante esse tempo, o Chapeleiro Maluco ensopou uma toalha em uma tigela cheia de água.
— Vamos fazer testes de duas horas por dia. Depois das duas horas, você vai me explicar os smartphones. Esse vai ser o meu pagamento para entender a situação da sua marca.
— Tudo bem.
Chapeleiro Maluco tirou um monóculo do bolso. Na borda prateada do monóculo estavam escritas palavras tão próximas umas das outras que eram indecifráveis. Chapeleiro Maluco o virou de um lado para o outro até que estivesse alinhado e, em seguida, o colocou sobre o olho esquerdo.
Ele apertou um botão em uma máquina e disse: — De agora em diante, você vai ficar de boca fechada.
Mesmo sem esse comando, SoYoon já havia fechado a boca. Ela tentou manter a calma, mas não conseguiu evitar cerrar a mandíbula.
O monóculo brilhou como um bisturi enquanto examinava a marca. O olho direito do Chapeleiro Maluco estava mudando entre o papel e a marca, e sua mão direita rabiscava os símbolos mágicos da marca e os copiava no papel. Bip, bip – um som rítmico continuou a sair da máquina.
Veio o som do arranhar da escrita, o ar frio, o olhar analisador, o zumbido mecânico da máquina.
Pesquisadores vestidos de brancos a cercaram enquanto injetavam várias drogas em seringas em seu corpo, uma por uma. Seus apelos, gritos e lágrimas não foram registrados como de um humano como eles. Essa parte dela estava isolada.
SoYoon cerrou os punhos.
Um líquido frio caiu em seu ombro, fazendo um som crepitante como carne pousando em uma grelha quente. Tinha um cheiro picante. ‘Uh-oh.’ Uma voz suave murmurou. Uma toalha encharcada de água fria passou por seu ombro.
Dessa vez, um líquido quente caiu em seu ombro. Como já havia sentido antes, ela sentiu a dor como se sua pele estivesse apodrecendo. ‘Também não é isso.’ A toalha enxugou seu ombro. Outro líquido veio, depois a dor. Logo a toalha não estava mais fria, mas quente.
Duas horas depois, o Chapeleiro Maluco tirou o monóculo e pressionou as têmporas latejantes.
— Vamos parar aqui por hoje. Agora me explique sobre smartphones…
Thud! Ao som de uma boneca caindo, o Chapeleiro Maluco olhou para a cama. Ela havia perdido a consciência. Estalando a língua, o Chapeleiro Maluco começou a colocar os itens experimentais de volta no lugar. Em poucos minutos, SoYoon abriu os olhos e sentiu uma dor latejante na palma da mão. Em seu punho fortemente cerrado havia uma ferida.
— Está acordada.
O Chapeleiro Maluco a cumprimentou quando voltou depois de guardar a tigela e a toalha. Ele pegou um caderno e o entregou a SoYoon. Dentro estava a imagem do smartphone que ela havia desenhado dois dias antes.
— Se pressionar isso, o celular liga? Então, como você envia mensagens? Faz chamadas? Onde você insere os números ou palavras?
SoYoon vestiu as roupas, prendeu a espada nas costas e respondeu sem entusiasmo. Com isso, o Chapeleiro Maluco a repreendeu com uma voz aguda.
— Você não sabe sobre reciprocidade? Me mostre um pouco de interesse.
— Desculpe. Estou um pouco cansada. Da próxima vez, acho que devo explicar sobre o celular antes de começarmos os testes.
— Sou eu quem está fazendo os experimentos, então por que você está cansada?
SoYoon não respondeu. O Chapeleiro Maluco não parecia interessado nela e não perguntou novamente.
Ela só teve permissão para sair depois de cumprir as duas horas inteiras. Ela pensou que poderia descrever tudo sobre um smartphone em um dia, mas estava errada. Por exemplo, este item foi feito para comunicação, então por que havia funções para ouvir música? Essas perguntas significavam que havia muito mais a explicar.
— Da próxima vez, venha de manhã — disse o Chapeleiro Maluco atrás de SoYoon quando ela saiu.
O Chapeleiro Maluco ouviu sua resposta através da porta. Ele tirou o chapéu e, com uma expressão satisfeita, foi para a cama. Em cima da cama havia um cabelo cinza-azulado.