Capítulo 10 – Mais e Menos.
Tradução: Tinky Winky
A Cidade dos Mortos não era apenas maior que a Vila do poço, provavelmente também era maior que Altana. Deve ter sido uma cidade bastante grande antes de ser reduzida a ruínas. Naturalmente, isso significava que muitas pessoas já viveram ali. Havia mais do que alguns milhares. Talvez uma ordem de magnitude maior do que isso, dezenas de milhares de pessoas, viveram ali.
Havia uma grande estrutura parecida com um castelo no centro da cidade. Haruhiro pensou que era como um castelo, mas, bem, provavelmente era um castelo. Pela aparência, o castelo era composto por uma torre principal cercada por outras oito torres, mas três dessas torres haviam desmoronado completamente e duas estavam meio destruídas. A torre principal quase não foi danificada, mas abrir seus portões de metal enferrujados e colocar os pés lá dentro exigiria muita coragem. Além disso, como eles iriam abrir aquelas portas quando não se moviam nem um pouco com um pequeno empurrão ou puxão?
Enquanto eles circulavam o castelo, eles encontraram duas entradas traseiras, mas ainda não conseguiram tentar entrar. Era simplesmente muito aterrorizante.
Havia três caminhos de pedra que levavam do castelo ao norte, ao sul e ao oeste. Cada caminho tinha um quadrado. Essas estradas e praças principais estavam estranhamente vazias, e os mortos raramente eram vistos nas proximidades. Dito de outra forma, as principais estradas e praças eram relativamente seguras.
No lado norte da cidade, havia muitos edifícios que foram meio destruídos ou quase completamente destruídos. Além disso, quanto mais perto eles estivessem do Rio Morno, mais pesados seriam os danos aos edifícios.
Ao sul do castelo, as ruas estavam praticamente intactas. Na Ala Sudoeste em particular, parecia que o lugar seria bastante habitável se os mortos não estivessem por perto. Embora, realisticamente falando, não houvesse nenhuma chance de que o grupo morasse lá. Se eles encontrassem um prédio relativamente sólido, era seguro presumir que havia uma pessoa morta dentro. Parecia que eles também precisavam descansar, e o grupo ocasionalmente via os mortos dormindo em becos ou atrás de escombros. No entanto, os mortos acordavam ao menor distúrbio, tornando difícil atacá-los enquanto dormiam.
O que os mortos estavam fazendo dentro daqueles prédios? Na verdade, eles não sabiam, mas mesmo que estivessem dormindo, o menor barulho os acordaria. Então eles atacariam violentamente os intrusos. Se o grupo não queria surpresas desagradáveis, era melhor ficar longe dos prédios da Cidade dos Mortos.
A névoa espessa do Rio Morno pairava sobre a metade leste da cidade, tornando a visibilidade incrivelmente ruim. Portanto, Haruhiro e os outros estavam perseguindo a metade leste da cidade procurando os mortos.
Em particular, os restos do mercado na ala Noroeste e o distrito dos armazéns, onde havia restos de uma fileira de grandes edifícios semelhantes a armazéns, eram bons alvos.
Também parecia que havia um sistema de classes, ou melhor, algum tipo de hierarquia entre os mortos. A Ala Nordeste não teve nada além de mortos fracos, sendo a Ala Noroeste o próximo passo, seguida pela Ala Sudeste e, finalmente, a Ala Sudoeste. Seus números seguiram a tendência oposta, sendo os mortos mais abundantes na Ala Sudoeste, com números decrescentes na Ala Sudeste, Na Ala Noroeste e, finalmente, na Ala Nordeste.
Para canibais como os mortos, áreas mais densamente povoadas tornaram mais fácil encontrar presas. Isso significava que havia muita competição para eles. Era a sobrevivência do mais apto, então isso poderia significar que apenas os mortos fortes sobreviveram.
No entanto, os fracos tinham suas próprias maneiras de lutar. Se eles conhecessem seus limites e fossem em busca de presas que pudessem derrotar, os mortos de nível mais baixo viriam para o Bairro Nordeste. Lá eles só encontrariam fracos como eles. À medida que comiam e devoravam os fracos, eles cresciam em confiança. Insatisfeitos com a falta de presas, eles se dirigiam para o Bairro Noroeste. Se eles sobrevivessem lá, eles se mudariam para a Ala Sudeste. Em última análise, eles iriam para a Ala Sudoeste, onde os mortos mais experientes se reuniam, lutavam e se alimentavam.
Haruhiro e os outros fizeram o possível para evitar a Ala Sudoeste. Estava cheio de mortos a ponto de ser ridículo, e a maneira como lutavam era feroz, ou melhor, extrema. Esses mortos usavam o que quer que estivesse à mão como arma de arremesso e adoravam ataques furtivos. Eles tentariam matá-los com um golpe e fugiriam se falhassem. Os mortos poderosos da Ala Sudoeste eram astutos como regra geral.
Claro, também havia mortos poderosos tão ferozes que se destacavam do resto.
Certa vez, eles viram um morto poderoso se alimentando de longe. Foi louco. Parecia um leão nas patas traseiras, com cerca de três a três metros e meio de altura. Ele atingiu um poderoso corpo morto parecido com um urso que era maior que ele, derrubando-o com uma série de dois chutes, e então o levantou facilmente por seu corpo enorme.
No momento seguinte, Haruhiro duvidou de sua própria visão. O poderoso leão morto facilmente dividiu o poderoso urso morto em dois. Quão forte era?
Como ele foi banhado em uma chuva de sangue, ele estremeceu com prazer inconfundível enquanto ria alto. Foi além de aterrorizante. Se eles chegassem perto, eles seriam mortos em um instante. Era bem provável que ele os matasse mesmo que não o fizessem.
Sendo esse o caso, a Ala Sudoeste da cidade era muito perigosa. Os do Bairro Sudeste também eram fortes. Eles se aproximavam de você no nevoeiro espesso, tornando-os bastante desagradáveis de lidar. E havia muito poucos mortos na Ala Nordeste. Portanto, foi decidido que a Ala Noroeste era a correta.
Honestamente, a Ala Noroeste da Cidade dos Mortos não poderia ter sido mais perfeita para Haruhiro e seu grupo. Seria justo chamá-lo de terreno de caça ideal.
Primeiro, ele eliminou sua presença com Hide. Segundo, ele se moveu com sua presença removida com Swing. Terceiro, ele usou todos os seus sentidos para detectar a presença de outros com Sense.
Usando a arte secreta dos Ladrões, Stealth, ao máximo, Haruhiro avançou como uma sombra.
Ao usar Stealth , os joelhos e cotovelos de Haruhiro nunca ficaram rígidos. Eles sempre se curvavam suavemente. Ele abaixou os quadris, arqueou as costas e não deixou o pescoço endurecer. Ele estava pronto para responder a qualquer tipo de choque a qualquer momento. Ele manteve uma postura que lhe permitiu respirar enquanto seus pés avançavam lentamente sem hesitação.
Em vez de focar sua atenção em um ponto, Haruhiro olhou para todo o quadro. Era como se seus olhos tivessem ido para a parte de trás de seu crânio. Na realidade, ele estava usando movimentos oculares e pequenas voltas de cabeça para expandir seu campo de visão. Se isso fosse feito corretamente, ele seria capaz de ver atrás dele, onde não deveria.
Ele não estava ouvindo apenas com os ouvidos. Ele sentiu o som com todo o seu corpo. Ele transformou seu corpo inteiro em um sensor, e com ele, ele captou não apenas som, mas também todo estímulo, todo tipo de mudança.
Ele viu um homem morto enfiando a cabeça para fora dos destroços de um prédio no Distrito dos Armazéns e olhando para a esquerda e para a direita.
Devemos todos atacá-lo juntos, Haruhiro se perguntou.
No entanto, era comum que um morto na Ala Noroeste fugisse assim que se sentisse em desvantagem. Especialmente um morto como este, que era próximo do tamanho de Ranta. Ele estava usando um capacete e uma armadura de aparência leve e carregava uma arma curta parecida com uma alabarda, mas havia algo nela que o fazia parecer assustado e hesitante. Não parecia tão forte.
Isso não garantia que ele fosse fraco, mas parecia que ele poderia fugir, então Haruhiro decidiu que iria contorná-lo. Se ele pudesse terminar, tudo bem. Se ele não parecesse capaz de fazê-lo, poderia atraí-lo para onde seus companheiros esperavam.
Ranta foi o único que foi contra esse plano. Isso significava que ele estava bem.
Então, neste momento, Haruhiro estava se aproximando das costas do morto.
Ele estava a menos de dez metros de distância. Oito metros. Não, mesmo pensando em tudo isso, Haruhiro ainda estava em movimento, então ele já estava a cerca de sete metros de distância. seis metros.
Se ele dissesse que não se sentia nem um pouco tenso, seria mentira. Mas quando ele tinha seu alvo à vista, era estranhamente reconfortante. Isso pode ter sido parte de sua natureza de ladrão. Ou talvez fosse apenas Haruhiro. Ele frequentemente lia as costas de criaturas vivas. Mesmo em situações mais tensas onde ele não podia se dar ao luxo de observá-los com calma, suas costas fornecem muitas informações para Haruhiro.
A coisa mais fácil de entender era se eles eram mentirosos ou não. Se eles eram honestos ou desonestos poderia ter sido outra maneira de colocar isso. Eles eram inocentes ou intrigantes? Eles eram confiáveis ou não?
Esse morto era um mentiroso desonesto, do tipo não confiável que tentava atrair seus oponentes para armadilhas. Haruhiro podia sentir isso pelo jeito que ele se inclinou, pelo jeito torto que ele ficou. Mas o morto também era superficial. Ele disse mentiras óbvias. Ele confiou em seu nariz para farejar a presa estúpida que cairia na armadilha. Se ele não achasse que poderia vencer, não hesitaria por um momento antes de fugir.
Sinto muito, pensou Haruhiro, mas não vou deixar você fazer isso.
Silenciosamente, ele desembainhou sua espada curta. Seu coldre estava bem lubrificado e mantido.
Foram mais três, dois, um passo de distância. Ele não podia se permitir pensar que qualquer um desses passos fosse especial. Se ele atribuísse muita importância especial a eles, seu alvo perceberia.
Aqui está o problema, Barbara-sensei disse a ele uma vez. Quando se trata de esconder, roubar ou matar, você faz da mesma maneira. Neste mundo e em qualquer mundo, nada é especial. Você não pode pensar que as coisas são interessantes ou chatas. Você deve fazer tudo da mesma forma, sem nenhuma motivação particular.
Não posso fazer isso, Barbara-sensei, ele reclamou, mas o mistério era que, quando tudo ia bem, às vezes ele conseguia fazer essas coisas como se fossem a mesma coisa.
Haruhiro se aproximou do morto por trás como se estivesse pairando sobre ele, então passou o braço esquerdo ao redor de sua cabeça. Com um aperto com as costas da mão, ele apunhalou sua espada curta em seu pescoço, então a girou, torcendo seu corpo inteiro para quebrar seu pescoço.
Se ele soltasse um suspiro de alívio, Barbara-sensei iria repreendê-lo. Não, ela não iria apenas repreendê-lo, fazê-lo tropeçar, colocar suas articulações em um bloqueio e depois fazê-lo desmaiar em agonia. “Faça tudo do mesmo jeito! Quantas vezes eu tenho que te dizer isso antes que você entenda, Gato Velho?!”
Essa estrada era precária. Era o tipo de colina íngreme onde, se ele baixasse a guarda, não chegaria ao topo, mas rolaria para baixo. Ele não sabia se veria Barbara-sensei novamente, mas os ensinamentos de sua professora ainda estavam vivos dentro dele.
Provavelmente. Não, definitivamente. Ele continuou perseverando naquele caminho íngreme e estreito.
Sim, o caminho do ladrão!
«Ei. Eu fiz!” Haruhiro os chamou.
Enquanto chamava seus companheiros, Haruhiro pensou que talvez estivesse agindo um pouco fora do personagem. Talvez eu esteja me deixando levar? Quero dizer, as coisas estão indo muito bem com o Bairro Noroeste. Este terreno de caça é muito lucrativo. Posso trabalhar duro como líder do grupo, enquanto continuo avançando no caminho do ladrão, embora só faça isso da mesma maneira. Eu posso ver assim também. Na verdade, estou fazendo tudo da mesma maneira. Mas de alguma forma… Sim. Isso me assusta. Tudo tem corrido muito bem. Não é isso que a vida é, não é?
“Ei, Parupirorinnosuke!” Ranta pulou e foi trabalhar no homem morto caído. “Matar um sozinho é demais para uma pulga insignificante como você!” (NT: Quando ele fala ‘Trabalhar ta se referindo a ‘Roubar.)
“Keh…” Zodíaco disse. “Falar como um humano é demais para você, Ranta… Keje…”
“Não, Zodíaco, eu sou um humano honesto, ok? Quero dizer, eu sou um homem humano respeitável, ok?”
Rapidamente seguindo os passos de Ranta e Zodiaco, Yume, Shihoru, Mary e Kuzaku chegaram. Todos pararam e depois recuaram.
“Ei?” Ranta olhou para Yume e os outros. “O que, gente? O que está acontecendo? Minha aura muito respeitável, especial e madura está intimidando-os?
“…Madura?” Shihoru zombou como se a ideia fosse ridícula. “…Quão?”
“Respeitável?” Yume franziu a testa, arrancou o lábio inferior e deu de ombros. “Quão?”
Mary balançou a cabeça. “Se você se chamasse de infantil, eu me sentiria mal por crianças de verdade.”
Elas estão todas em sincronia, hein? E perfeitamente! Elas são um trio! Que tipo de trio elas são, hein?!” Ranta gritou com elas enquanto vasculhava os pertences do morto. “Bom, bom para mim! Digam o que vocês quiserem! De qualquer forma eu tenho minha alma gêmea, Zodiaco! Ei…?”
“Justo agora.” Kuzaku apontou sobre a cabeça de Ranta. “Cara, ele desapareceu.”
Haruhiro ficou surpreso com isso. “… Uau, Zodíaco. Você aprendeu um truque assim só para assediar Ranta.”
“N-Não!” Ranta se levantou e se virou para Haruhiro. “N-Nenhum de vocês entendeu, ok? Zodiaco não está fazendo isso para me assediar ou algo assim! Ele faz isso como uma forma de mostrar seu amor!”
“O que você quer dizer com ‘amor’?” Haruhiro perguntou. “Honestamente, vocês dois parecem um pouco distantes.”
“N-Nós não somos! Não há distância entre nós. Eu e Zodiaco somos próximos. Estaremos sempre apaixonados. Idiota, idiota, idiota!”
“Eu entendo, eu entendo. Eu entendi, então continue, continue saqueando, ok? Você gosta disso, certo?
“Não! Eu odeio isso, eu odeio isso, eu odeio isso! Você faz isso, seu idiota estúpido!”
“Ah sim? Bem, então eu vou fazer isso.”
“Idiota! Eu obviamente vou fazer isso! Como se alguém fosse deixar você cuidar disso, Parupiro! Eu vou fazer tudo! Eu! Não se esqueça disso, Paruparu!”
“O que é Paruparu…?”
“Paaaaruparuparuparuuuu.” Ranta riu. “Hehehehe!”
Houve momentos em que Haruhiro queria legitimamente matar aquele pedaço de merda (e lixo). No entanto, ele não faria.
Ranta voltou ao trabalho e encontrou duas moedas médias e três pequenas. Havia também um anel na mão esquerda do morto. Eles pensaram que poderiam vendê-lo, então decidiram levá-lo também. Eventualmente, outro morto viria e limparia o corpo para eles, bem, comê-lo, na verdade.
“Vamos encontrar o próximo”, disse Haruhiro. Quando terminaram o trabalho, era melhor continuar.
Seus companheiros sabiam disso também, então até Ranta fez o que Haruhiro disse sem nenhum problema. Eles saíram rapidamente, indo encontrar seu próximo alvo. Eles tinham que voltar para a Vila do poço antes que a chama se apagasse, então não havia tempo a perder.
Não estamos perdendo tempo, pensou Haruhiro. Quando as coisas vão a nosso favor, honestamente, tudo parece estar indo bem. Os bons tempos não duram para sempre embora.
Não se empolgue, Haruhiro teve que se lembrar várias vezes ao dia. Fique em guarda. Deve haver armadilhas esperando por nós em todos os lugares. Isso é apenas uma coincidência. Não vai durar. Não sabemos como será o amanhã. Não, ainda hoje, neste momento, o infortúnio pode vir em nosso caminho. Alguém, talvez até eu, poderia cometer um erro terrível.
Seus olhos encontraram os de Mary.
Por alguma razão, Mary sorriu para ele.
Está tudo bem, hein?, Haruhiro pensou. Não não não. Estou pensando? Não não não. Eu não estou pensando em tudo. Não, não é que eu não esteja pensando, só não estou pensando isso ou aquilo, ou qualquer coisa em particular sobre Mary. Eu não finjo estar pensando nela.
Mas não posso deixar de estar ciente dela. A culpa é do Kuzaku. Claro, Kuzaku não fez nada de errado. Não é isso. É apenas Kuzaku se abrindo para mim é o que desencadeou, isso é tudo.
Haruhiro era, claro, o líder do grupo, então era ruim para ele ter sentimentos tão únicos ou especiais por um único membro do grupo como Mary. Provavelmente não foi uma coisa boa.
Ou é assim que se sente. Verdade? Isso tem que estar correto, certo?
Mas Akira-san e Miho eram casados, ele lembrou a si mesmo. Isso é um romance dentro do grupo. Havia também Gogh e Kayo. Esses dois até tinham um filho adotivo.
Quando ele pensou um pouco sobre isso, Haruhiro começou a sentir que depois de terem passado por tanto perigo juntos, era perfeitamente natural que esses tipos de sentimentos brotassem entre eles, e que eles formassem um vínculo forte. Além disso, quando pensava em um relacionamento com alguém de fora do grupo, sentia-se irreal. Na verdade, não parecia nada realista. Bem, havia pessoas como Mimorin, mas ele não tinha sentimentos românticos por ela, e talvez nunca mais se encontrassem.
Nesse caso… não, não, não, o que estou pensando? Nesse caso nada! Talvez eu esteja ficando um pouco empolgado demais? Preciso ser focado, diligente e sério em meu trabalho como líder. Porque eu sou desajeitado.
Sinceramente, não sou bom nisso. Fazer isso e fazer aquilo ao mesmo tempo está além de mim. Se eu não me concentrar em apenas uma coisa, minha cabeça embaralha tudo.
Haruhiro parou em um caminho estreito no Distrito dos Armazéns.
Haruhiro, o ladrão, assumiu a liderança. Kuzaku estava pronto para intervir se necessário. Atrás deles estava Yume. Mary estava em algum lugar que ela poderia proteger Shihoru, e Ranta ficou na retaguarda. Este foi seu treinamento básico para explorar a Cidade dos Mortos.
“…Haruhiro?” Kuzaku já tinha sua longa espada e escudo prontos.
“Nyan?” Yume soltou um barulho estranho, olhando ao redor da área.
“Huh? O que foi?” Ranta se virou para olhar atrás dele.
Shihoru respirou fundo e encolheu-se.
Mary imediatamente se posicionou para proteger Shihoru, abaixando sua postura. Mary era terrivelmente corajosa em momentos como este. Era um fato difícil de negar, mas ele não tinha tempo para admirá-la.
O sangue instantaneamente secou do rosto de Haruhiro. Ele nem tinha certeza de como conseguira reagir. Independentemente disso, ele se lançou para a frente. Antes que pudesse rolar, ele ouviu um objeto enorme atingir o chão logo atrás dele e sentiu uma onda de choque.
“Corre!” Haruhiro gritou sem verificar o que era. De onde tinha caído? Do ceu? Bem, os prédios por aqui estavam relativamente intactos. Deve ter estado à espreita em algum telhado próximo, visando Haruhiro e os outros.
Haruhiro e os outros, ou apenas Haruhiro?
Veio. Para ele, que medo!
Haruhiro correu. Ele se lançou a toda velocidade, dobrando uma curva. A única coisa que ele sabia sobre seu inimigo era que ele estava morto, e ele era bem grande, mas ele achava que com seu tamanho grande, talvez ele não pudesse fazer curvas fechadas? Essa era a esperança.
Assim como ele havia pensado, ele não podia mudar de direção abruptamente, e fez uma curva mais ampla. Isso colocou alguma distância entre eles, então Haruhiro conseguiu vislumbrar seu perseguidor, mesmo que não fosse muito bom.
Ah cara, ele pensou. Parece um leão. Tive a sensação de que sim, mas parece um leão. Como um leão em pé sobre as patas traseiras. Isso é o que parece.
Mas é um pouco, não, muito menor do que o leão que vimos naquela vez, certo? Talvez só pareça assim porque eu quero pensar assim? Não, realmente é menor, certo?
Se aquele fosse o poderoso morto que parecia um leão, Haruhiro já estaria morto há muito tempo. Foi definitivamente aterrorizante. Ele pensou que seu coração fosse pular de sua boca, porque era ridiculamente aterrorizante, mas ele não teria escapado se o que estava atrás dele fosse o verdadeiro leão morto. Se tivesse sido, Haruhiro provavelmente se encolheria de medo, incapaz de se mover até ser devorado. Isso era o quão louco o poderoso leão morto tinha sido. Este não era tão assustador.
Haruhiro entrou em um beco e pulou em um prédio através de uma parede em colapso. O que seus companheiros estavam fazendo? Será que eles escaparam? Haruhiro não achava que eles fossem insensíveis o suficiente para abandoná-lo.
Eles não escapariam, eu acho. Eles provavelmente não fugiriam. Eles não me abandonariam, tenho certeza disso.
O provavelmente não tão poderoso leão morto estava diligentemente perseguindo Haruhiro.
Haruhiro saiu do prédio pela entrada. O leão morto se lançou atrás dele. Haruhiro não podia correr mais rápido. Aquela coisa tinha que ser mais rápida que ele.
“Haruhiroooo…!” Ele ouviu a voz de Ranta.
Ainda assim, estou surpreso por ter conseguido desviar na primeira vez que aquela coisa pulou em mim, Haruhiro pensou enquanto rolava para outro grande prédio.
Tinha dois andares. Havia escadas. Ele correu em direção a eles. Eles eram de madeira. Escadas frágeis. A escada cedeu e seu pé quase ficou preso. Não se importando. Ele subiu as escadas de dois em dois e continuou subindo.
O leão morto destruiu as escadas enquanto tentava subir, então soltou um rugido.
Haruhiro chegou ao segundo andar. Havia uma janela. Ele podia ver lá fora. Ranta estava lá. Kuzaku estava lá. Yume, Shihoru e Mary também. Eles estavam correndo para baixo. Nenhum deles havia notado Haruhiro no segundo andar ainda.
Haruhiro olhou pela janela. “Fugir, Fugir! Vamos, fujam!”
“O que…?!” Ranta olhou para Haruhiro, então imediatamente o cumprimentou. “Cara, desce já aqui! Está dentro também, não é?!”
Haruhiro não conseguiu responder. O leão ainda tentava subir ao segundo andar. Mesmo que as escadas tivessem desmoronado completamente, ele acabaria por chegar até ali. Ranta estava certo. Por uma vez.
Haruhiro, você não pulou pela janela. Ele não tinha esse tipo de coragem. Ele escarranchou o batente da janela, agarrou-o firmemente em suas mãos, então se pendurou. A partir dessa posição, ele caiu. Ele não sentiu muito impacto quando pousou; suas pernas estavam um pouco dormentes.
“Vamos, vamos sair daqui, seu bando de idiotas!” Ranta já tinha começado a correr.
“Quem você está chamando de idiota?!” Yume gritou atrás dele enquanto corria.
“Eu não disse isso, sua aberração de tetas! Ei garotas, se você ficarem ao lado desse monstro, seus peitos vão murchar e se transformar em peitos miseráveis como os dela!”
“…Você é o pior, seu lixo, monstro vil,” Shihoru murmurou enquanto alcançava Yume.
“Sim, eu sou o pior, isso me torna o número um, hein! Viva! Viva! Gahahaha!”
“Eu o respeito…” Kuzaku correu com sua armadura chacoalhando.
“Não, me adore! Estou oferecendo uma grande ajuda! Eles podem se tornar mil vezes mais eróticos! Gwahehehehehe!”
“Isso não é uma ajuda, é algo negativo do qual elas nunca vão se recuperar…” Haruhiro forçou suas pernas ligeiramente dormentes a seguir e alcançar seus companheiros.
“Haru!” Mary gritou com ele.
“Sim?!”
“É por isso que antes!”
“A-antes?”
Mary fez uma pausa dramática. Não, talvez não tenha sido uma pausa dramática, mas ela não disse a próxima coisa por um tempo.
Enquanto eles brincavam, o leão enfiou a cabeça para fora da janela do segundo andar e rugiu.
Haruhiro se obrigou a acelerar, alcançar Mary e virar a esquina. Quase exatamente nesse momento, ela lhe deu um tapinha no ombro, surpreendendo-o.
“Você recebe um demérito!”
“O que…?!”
O que isso significava? Ele sentiu como se tivesse entendido, mas também como se não tivesse entendido.
Mary não encontrou seus olhos. Estava enjoada? Ou ela estava envergonhada?
Poderia ter sido os dois.
Fim do capítulo…
Nota: Faz tempo que vi Haruhiro sozinho em ação, bom demais ver ele melhorando, se ligaram que a vibe do cara ficou bem melhor após ele saber de Mary e Kuzaku?
