Capítulo 45 – O Herói Desconta
(Hmmm… uma parte minha quer dizer que eu apenas esqueci como ela se parece pelo tanto de tempo que se passou, mas outra parte de mim tem certeza que os olhos dela eram verdes na primeira vez que eu a encontrei.)
Nem todas as pessoas com olhos vermelhos possuem a skill Olhos Escarlates, mas o oposto era verdade. Olhos Escarlates é uma habilidade inata, todo mundo que tem ela nasceu com isso. Em outras palavras, era impossível para qualquer um que tivesse ela ter olhos verdes.
Eu me lembrei muito claramente dos eventos que ocorreram aqui durante minha primeira passagem. Esta cidade foi aquela em que eu lutei minha primeira batalha contra um grupo de inimigos que numeravam bem mais do que só 10 ou 20. A irmãzinha de Yumis havia deixado uma impressão especialmente profunda por causa de sua aparência estilo de elfa, e logo, eu senti que eu poderia ter confirmado minhas suspeitas se eu tivesse avaliado ela da primeira vez que a encontrei, no que eu teria sido capaz de confirmar minhas notas sobre ela. Mas infelizmente, eu não havia desbloqueado a 【Eight Eyed Transparent Tome Sword】 até eu estar por volta da metade da minha jornada, significando que não haviam dados para eu checar em primeiro lugar. (NT: Mudaram o nome da espada em inglês, mas resolvi manter o antigo – nome novo é Lâmina-livro de Oito Olhos da Transparência… mas eu prefiro esse mesmo)
(Não parece que ela está planejando começar um auê, ao menos não imediatamente.)
Meu primeiro instinto era de imediatamente fugir, mas eu consegui me parar depois de perceber que não havia uma necessidade real para eu fazer isso.
Eu ao invés disso comecei a contemplar o fato que eu havia acabado de descobrir um dos segredos de Yumis. Eu cheguei à conclusão que eu havia finalmente achado um lado de Yumis que eu ainda tinha que ver, meio por intuição e meio por dedução lógica.
(O único problema é que eu não tenho realmente certeza do que eu deveria fazer em seguida…)
“Eu quero dizer algo como ‘não se preocupe, eu não sou ninguém suspeito’, mas eu duvido que você acreditaria em mim.”
Eu alterei minha forma para dar à ela substância. Especificamente, eu criei um tipo de pseudo-corpo para que eu pudesse falar. Isso vai sem dizer que meu corpo real ainda estava deitado na cama lá no hotel, eu não havia me teleportado nem nada. A forma que eu havia acabado de criar era uma composta completamente de energia mágica, então ela era um tanto mais fraca do que até o homem médio.
Minha aparência não havia realmente mudado. Nem ela me veria de qualquer forma diferente do que ela viu antes, mesmo com seus Olhos Escarlates.
A razão pela qual eu a chamei era porque eu estava confiante que ela não se sentiria assustada se eu falasse com ela ao invés de apenas silenciosamente ficar ao redor antes de finalmente sair. Eu precisava comprar tempo o suficiente para que eu possa investigar o quarto, para que eu pudesse determinar tanto seu propósito quanto a razão pela qual ela estava aqui.
“Você… não parece ser um fantasma. Isso significa que você é um espírito?”
“Huh? Uh, espera, se segura, se acalme.”
Eu parecia ter de algum modo agitado a garota, no que ela se levantou de sua cadeira e imediatamente se aproximou de mim. Sua expressão não havia mudado muito, mas ela radiou uma aura que parecia indicar que ela estava interessada em mim.
“Shuria viveu na floresta por quase toda sua vida, mas esta é a primeira vez na vida de Shuria vendo um espírito real.”
Eu podia ver estrelas nos olhos dela, o olhar em seu rosto era como de uma criancinha enquanto olhava direto para alguém que ela respeitava. (NT: O termo usado para falar de criança era “elementary schooler”, que é aluno do ensino fundamental, mas isso engloba a idade de 4~11 anos)
“Há tantas coisas que Shuria quer lhe perguntar! Onde espíritos normalmente vivem? Vocês vivem na floresta fora da cidade? O que vocês comem?”
“Uhhh, eu acho que você pode estar entendendo algo errado. Eu não sou um espírito.”
(Que diabos está acontecendo? Eu não lembro dela sendo nada assim. Minha memória é realmente tão ruim assim?)
Shuria era, ao menos em minhas memórias, uma garota quieta cuja expressão não realmente mudava independentemente de como ela era endereçada. Suas respostas sempre foram curtas, e pela maior parte, consistiam apenas de ‘sins’ ou ‘nãos’. Nós conversamos em múltiplas ocasiões, mas ela nunca foi quem iniciou qualquer de nossas interações. Eu sempre pensei que ela poderia logo ser apenas uma boneca.
Foi por isso que eu fiquei tão surpreso por ela como ela estava agora. Isso dito, ela de fato ainda tem um pouco de semelhança à como ela era durante minha primeira passagem. Nominadamente, sua voz era quieta, seu tom era plano, e suas emoções não podiam realmente ser percebidas pela expressão dela. Ela era um pouco mais estranha agora do que ela era antes. A diferença entre sua distintiva falta de emoção e as ideias que ela parecia estar tentando expressar trouxeram um senso de dissonância.
Eu não podia negar a possibilidade que eu estava saltando para conclusões, no que poderia muito bem ser apenas que ela por acaso realmente gostava de espíritos.
“Oh, uhmm… então… uh…”
“Que tal você tentar se acalmar antes de você continuar falan-”
“Hyah!”
A jovem dama exageradamente excitada acidentalmente segurou meu braço e o arrancou
Meu corpo não era mais forte do que um feito de isopor, para começo de converso, e minha falta de concentração fez ele ficar ainda mais fraco, então o resultado não devia ter me vindo como uma surpresa.
“Pi… pa… pyu…”
“Hey, uh, você está bem?”
Eu perguntei à garota uma questão.
Eu mesmo estava perfeitamente bem. Eu não senti qualquer dor real, e ajeitar o braço que foi arrancado era algo que eu podia fazer facilmente num instante. Ela, contudo, não parecia estar muito bem. Sua alma quase parecia estar lentamente deixando seu corpo através de sua boca.
Eu arrumei o braço e acenei com ele diante dela para demonstrar que eu estava bem, mas ela não se recuperou de qualquer forma.
“Po…”
“Bem, isso não funcionou.”
Eu suspirei antes de me resignar à esperar até a garota de algum modo conseguir arrumar sua mente.
☆
Levou alguns minutos para ela finalmente recobrar sua sanidade.
Ela se sentou assim que conseguiu. Desta vez, ela escolheu sentar na mesa no centro do quarto ao oposto de retornar à varanda. Eu fiz o mesmo; nós dois mais ou menos nos encontramos diante um do outro.
“Isso… foi vergonhoso. Desculpe Shuria por ter entrado em pânico. Shuria se sente muito melhor agora. Meu nome é Shuria. Seu braço está bem agora? (NT: Eu não sei como tacar o jeito dela falar para se apresentar, ainda menos quando em inglês eles deixaram ela falando que nem gente…)
“É, eu estou bem. Como você pode ver, meu corpo é basicamente composto completamente de energia mágica.”
“Wow… espíritos certamente são incríveis.”
“Eu te falei, eu nã-, ah, que se dane. Esquece.”
Parecia que seria mais fácil para eu fazer Shuria falar se eu apenas deixar as coisas como estão e ter ela pensando em mim como algum tipo de espírito. Para esse fim, eu decidi tentar imitar um padrão de fala que pertencia à um dos sacerdotes que eu conhecia lá trás, antes de eu ser transportado para outro mundo.
“Então, umm… por que você está aqui, Sr. Espírito? Você está fazendo algum tipo de tarefa?” (NT: A palavra é errand, o que pode significar sim tarefa, mas pode ser só algo que a pessoa tenha que fazer – como ir na padaria comprar pão, isso é uma errand…)
“Eu acredito que seu nome era…”
“Shuria, por favor me chame de Shuria.”
“Certo… Shuria, eu por acaso tenho algo que eu gostaria de lhe perguntar. Seus olhos lhe permitiram discernir que a magia conjurada neste quarto é uma que age em você?”
Eu foquei um pouco da minha energia mágica para poder avaliar o círculo mágico dentro deste quarto durante o tempo que Shuria passou encarando no espaço.
O resultado dessa avaliação foi um interessante.
Este círculo mágico permite que seu alvo conceda suas proficiências e aptidões em magia de fogo, água, vento, terra, luz e escuridão para seu alvo secundário através do ato de permanecer dentro dos confins do círculo mágico.A alma do alvo deve ser tão compatível à alma do alvo secundário como aquela de um parente de sangue. A transferência ocorrerá quando este feitiço progredir além do ponto de 50%.Alvo: Shuria
Alvo Secundário: Yumis Ermia《Progresso Atual》 96% (7 dias adicionais requeridos para 100% de completude)
SURPRESA!
O efeito do círculo mágico era um bem horrível. Ele levava tanto as afinidades e níveis de skill de alguém, então não era possível para a pessoa que teve seus stats tomados algum dia reganhar seu poder perdido.
Em outras palavras, isso basicamente fazia com que seu alvo nunca mais fosse capaz de usar magia de novo.
Eu mais uma vez usei avaliação, e desta vez eu examinei Shuria em mais detalhe. Ela deveria ter altas afinidades mágicas dado que ela tem sangue élfico, mas todas as seis afinidades elementais dela eram basicamente irrelevantes. As poucas skills remanescentes relacionadas com magia listadas na página dela claramente deviam ter um nível maior, dado o resto dos stats dela.
A habilidade do feitiço de roubar as skills e afinidades de alguém significava que ele tinha que ser capaz de operar na alma, algo que por sua vez significava que ele precisava de tempo, e muito disso. Shuria claramente não deixou seu quarto por uma duração bem extensa.
“O círculo mágico está ajudando Shuria dar para minha irmã meus talentos mágicos. Shuria ficou realmente surpresa ao aprender que algo assim podia realmente existir!”
(Bem, é, não diga. Isso é algo que apenas demônios deveriam ser capazes de usar e não é algo que uma pessoa normal deveria estar ciente disso.)
Seus Olhos Escarlates significavam que ela deve ter sido capaz de ver seus poderes sendo lentamente drenados de seu corpo.
Eu era capaz de ver isso também por causa da habilidade passiva que minha lâmina fantasma me deu, e honestamente, tudo que eu tinha para dizer era que não era realmente uma visão muito bonita mesmo. Não era algo que eu gostaria de assistir acontecer.
“Então por que exatamente você quer dar seus talentos mágicos para ela?”
“Shelmy, a irmã mais nova de Shuria, pegou uma doença que não podia ser tratada sem um elixir caro. Shuria não podia pagar por ele, então Shuria fez um acordo com Yumis, a irmã mais velha de Shuria, e deu para ela seus poderes mágicos em troca da cara.”
(A irmã mais nova dela? Elas tem outra irmã?)
“Ohhh. Espera, por que você tem que pagar? Yumis e Shelmy são irmãs, não são? Não deveria Yumis ter apenas comprado para ela a cura?”
“Shelmy e Shuria são apenas meio-irmãs de Yumis. Nós vivemos nossas vidas inteiras separadas uma da outra, então Shuria não podia apenas ir pedir para ela o dinheiro só porque todas nós somos parentes.”
“Você considera isso uma troca justa?”
“Yup. Shuria está um pouco desapontada que Shuria perderá sua habilidade de usar magia, mas, Yumis prometeu dar para a família de Shuria dinheiro o suficiente para viverem pelo resto de seus dias. Magia nunca foi nada além do que um meio para ganhar dinheiro para que nós pudéssemos sobreviver em primeiro lugar.”
Shuria pausou um pouco antes de continuar.
“Outra razão pela qual Shuria não liga de entregar suas habilidades mágicas é porque Yumis disse que ela seria capaz de usar os talentos mágicos de Shuria para poder realizar seu sonho. Shuria está feliz em poder ajudar ela.”
“Eu acho que isso deve significar que você realmente gosta da sua irmã mais velha?”
“Mhm! Shuria ama ela! Yumis é uma pessoa incrível. Ela trabalha super duro e é capaz de realizar os deveres do lorde feudal mesmo quando ela é apenas alguns anos mais velha do que Shuria.”
Um sorriso somente tão leve apareceu no rosto de Shuria no que ela tentou descrever apenas o quanto ela amava Yumis, a primeira mudança de expressão real que ela havia demonstrado desde o início da conversa.
Eu sorri de volta para ela no que eu me perdi em pensamento. Os cálculos exageradamente frios que eu tive passando por minha mente funcionaram para calar todas as palavras dela; tudo que ela disse entrou num ouvido e saiu pelo outro.
(Ela roubou os talentos mágicos que sua irmã mais nova herdou de seus antepassados para poder mover sua pesquisa adiante? E em troca, ela curou outra de suas irmãs e entregou para a família delas dinheiro o suficiente para sobreviverem…?)
Isso explicava porque as afinidades mágicas de Yumis haviam sido tão mais altas que aquelas de um humano normal.
Sabendo a fonte do talento de Yumis não ia realmente me ajudar de forma alguma, vendo como a maldição estava atualmente afligindo Shuria estava próxima de sua completude. Além do mais, suas ações não foram realmente notáveis de modo particular, no que ela havia aparentemente se envolvido numa troca justa.
Ou ao menos era assim que as coisas pareciam antes de você realmente começar a pensar sobre elas. Uma multidão de questões começaram a fluir pela minha mente no momento que eu olhei mesmo que um pouquinho mais fundo.
Como exatamente Yumis aprendeu sobre este círculo mágico, e como ela ativou ele? Por que a Shuria que eu havia diante de mim era tão obviamente diferente da Shuria que eu encontrei durante minha primeira passagem?
Era possível que eu havia meramente tido a impressão errada de Shuria, mas eu não conseguia acreditar que esse era o caso. Algo sobre essa coisa toda parece muito errado para isso ser verdade. Shuria, em sua forma atual, não parecia ser bem capaz de se expressar, mas ela claramente demonstrava sua habilidade de sentir fortes emoções. A Shuria que eu me recordo havia quase parecido morta por dentro. Suas emoções não eram nem de perto tão profundas.
Eu não conseguia deixar de me sentir incomodado pela estranha sensação de descontinuidade que continuava a me atacar. Algo estava errado, mas eu não conseguia colocar meu dedo nisso.
『Como você esteve recentemente, Shuria?』
“Espera, isso é…?”
Eu subitamente ouvi uma voz bem quando eu me achei preso num tipo de junção crítica.
(Hmmm… isso parece com uma.)
Eu olhei para a varanda para poder achar a fonte do som, uma carta que estava no topo da mesa. Seu estado parecia indicar que eu por acaso entrei no quarto bem quando Shuria quebrou seu selo.
A folha azul d’água carimbada com o selo da família Ermia era um aparelho que tocaria a voz pré-carregada nela toda vez que alguém passasse qualquer coisa em sua superfície.
“Oops. Parece que uma das flores caiu.”
Uma das flores de pétalas roxas e amarelas se desconectou de seu cabo, caiu na carta e fez ela começar a tocar o arquivo de voz que ela continha.
『A vila está parecendo incrível de novo este ano. Suas Flores do Pôr-do-Sol floresceram, os canteiros de flores estão parecendo realmente ótimas. Shelmy começou a cuidar delas depois que ela recuperou, então elas acabaram realmente bem.』
(Algo sobre isso só me deixa me sentindo… errado.)
“Essa é sua mãe?”
A voz feminina que eu ouvi vindo da carta era uma que eu não podia evitar de sentir sendo estranhamente familiar.
“Yup! E esta é a irmã de Shuria, Shelmy.”
『Hey, como você esteve ultimamente? Você está doente? Você tem dormido sem nada te incomodar a barriga? Eu, eu estou me sentindo muito melhor. Você sempre disse que você esteve bem, mas eu não consigo deixar de me preocupar. Você é realmente ruim em falar com as pessoas, então eu nunca posso ter certeza demais que voc~e está realmente se encaixando. Eu estive gastando um pouco do meu tempo cuidando do seu jardim. Eu ouvi que nós seremos capazes de nos ver logo! Eu não consigo esperar!』
“… Shelmy sempre tirou sarro de Shuria mesmo quando Shuria é mais velha que ela.”
“Ahaha, ela soa como uma pessoa bem interessante para se ter por perto.”
Eu não pude deixar de pensar na minha própria irmãzinha no que eu observei uma expressão tão leve de vergonha surgir no rosto de Shuria. Diferente de mim, minha irmã sempre teve suas merdas firmes. Ela iria sempre me criticar de um modo muito igual ao que a irmãzinha de Shuria fez com ela.
Várias emoções fortes surgiram dentro de mim, mas, apesar disso, eu não podia deixar de sentir que algo estava… errado.
A segunda voz era mais aguda do que a primeira, mas ela ainda passava esse senso de incongruência.
(… É isso! As vozes parecem… forçadas. Elas não tem emoção.)
Elas não eram monótonas, e elas não pareciam com alguém lendo de um script, mas elas falhavam em carregar as intonações que um discurso natural tendem a conter.
Suas vozes eram padronizadas, regulares e mecânicas demais.
Era como se elas soassem exatamente como a Shuria que eu conheci no passado.
Tudo clicou e caiu no lugar para formar uma única hipótese no momento que esse exato pensamento passou pela minha mente.
(Ahaha… é isso que está acontecendo aqui? Se for, faz totalmente sentido ela não ter percebido. Yumis poderia só ter dito para ela que é assim que essas cartas são.)
Shuria não teria suspeitado nada mesmo se ela tivesse pensado que algo estava estranho, enquanto Yumis, sua “gentil irmã” lhe contar que isso que ela estava experienciando não era nada fora do normal.
(A coisa com maldições contratuais é… É, ela deve ter ou usado aquilo ou teve isso vindo de um demônio que devorou as energias mágicas delas… o custo é definitivamente… é, tudo faz sentido se você apenas levar o que Yumis faz no futuro em consideração.)
Minha imaginação criou um roteiro bem abrangente tão horrendo que só de pensar sobre ele me deixou me sentindo todo tonto.
(Ugh… essa merda de novo não…)
O mundo começou a girar.
A situação dela era similar demais com a minha. Eu não podia deixar de querer simpatizar com ela. As emoções escuras que eu sempre tentei segurar começaram a acender comigo.
“Se importa se eu lhe perguntar algo?”
“…?”
Eu gentilmente chamei por Shuria algum tempo depois que a carta terminou de tocar o som que continha.
“Seria a flor que acabou de cair na carta do mesmo tipo que aquelas que você tinha crescendo em seu jardim?”
“Yup. Elas são um tipo de planta capaz de crescer sob quase qualquer tipo de condição. Elas crescem realmente bem, mas elas não parecem capazes de se multiplicar.”
“Elas parecem realmente bonitas.”
Eu me levantei da mesa enquanto eu falei.
“Eu tenho que ir. Você poderia por favor manter tudo sobre mim um segredo? A verdade é que eu não deveria realmente falar com você.”
“S-sério? O-okay! Shuria não dirá nada!”
Shuria fechou uma de suas mãos num punho e apertou ele no que ela fez uma promessa. Eu estava confiante que ela não contaria para ninguém sobre mim, nem mesmo Yumis, por causa do olhar no rosto dela era basicamente idêntico ao que era quando ela me encontrou pela primeira vez mais cedo.
“Hum, você poderia me dizer seu nome antes de você ir, Sr. Espírito?”
“Claro, por que não? Meu nome é Kaito.”
“Kaito… Okay! Você acha que nós iremos nos encontrar algum dia de novo?”
“É, eu tenho certeza que iremos.”
Eu transformei meu corpo de volta àquele de um fantasma e desfiz os efeitos trazidos pela 【Heart Flame Ghost Blade】 para poder retornar ao meu corpo.
☆
“Haah… o mundo com certeza está cheio de lixo, não?”
Eu retornei para meu corpo depois de experienciar uma sensação flutuante estranha não muito diferente do tipo que eu sinto quando me teleporto.
eu era atualmente o único presente, Minnalis ainda tinha que vir para casa.
“Tudo bem, eu acho que devo ir indo.”
Eu senti minha raiva arder de novo no que eu refleti no que eu havia acabado de descobrir. Eu senti que tinha chego a hora para eu descontar toda a fúria que eu havia acumulado. O plano original era para eu pegar Minnalis em dois ou três dias para que nós pudéssemos ter ela experienciando lutar com uma horda de inimigos enquanto também farmava exp, mas eu senti que eu tinha que mudar isso. Meu encontro com Shuria havia saído para mim como uma reviravolta do destino. (NT: Farmar = ficar fazendo a mesma tarefa para conseguir algo, termo de quem joga online e tal… apesar que acho difícil não ter alguém aqui que não conheça o termo, melhor explicar)
Eu estive planejando testar meu trunfo alguma hora em breve de qualquer jeito. Eu precisava saber apenas quão efetivo isso seria contra Yumis com meus stats como eles atualmente estavam antes de realmente colocar isso em prática.
Além do mais tem o fato que eu simplesmente não conseguia aguentar o que estava acontecendo.
Eu decidi parar de tentar me justificar. Eu estava completamente ciente que minha motivação não veio da razão, mas ao invés disso da emoção.
Eu queria apenas ir num surto e destruir tudo ao meu redor. Eu senti como se uma bola de chamas tivesse escapado de seu contêiner e não tinha mais qualquer lugar para direcioná-la.
“Gulp gulp gulp.”
Eu bebi uma poção para repor a mana que virar um fantasma havia drenado antes de deixar o hotel e seguir para o portão leste.
Eu me separei da multidão e segui pelo caminho que levava para a floresta sozinho.
Logicamente, eu entendi que eu estava apenas gastando meu tempo, e que eu deveria ao invés disso focar em conduzir investigações adicionais. Eu sabia que eu deveria estar focando em verificar minha hipótese, mas eu apenas não conseguia.
Eu não queria ver o rosto de Yumis. Eu não sinto que eu seria capaz de me segurar mais se eu visse.
“Oh, ótimo, lá estão elas. As coisas perfeitas para eu usar tanto para tirar um pouco do meu stress e testar meu trunfo.”
Haviam muito mais monstros aqui do que haviam lá quando nós matamos Barkas e seus companheiros. Isso me veio sem surpresas, já que minha impressão atual era que o lugar ia em breve ser tomado.
Meus lábios se curvaram num sorriso. Quanto mais coisas eu tivesse para acertar sem uma razão real, melhor.
Eu andei até a floresta com um andar casual, apenas para ser atacado por um par de goblins antes mesmo de dar dez passos. Eu cortei através de ambos, ossos e tudo, no que eu invoquei a 【Soulblade of Origin】 na minha mão direita e a 【Verdant Green Crystal Sword】 na esquerda.
“”Gugyarah!?””
“Desculpem, eu não tenho nada particularmente contra qualquer um de vocês. Vocês só acabaram por acaso estando no lugar errado na hora errada.”
Eu usei um fio decorativo para deixar a 【Verdant Green Crystal Sword】 no meu quadril, sacando a 【Holy Sword of Vengeance】 na minha mão esquerda, como que para substituí-la.
“Gugyoh!!” “Bubrah!?” “Kyupi!?” “Gogyaaah!” “Borouu” “Gyann!?”
“Isto não está indo para lugar algum. Eu não pareço conseguir me acalmar. Eu devo parecer realmente patético neste momento, eu tenho que ter certeza de nunca deixar Minnalis, minha cúmplice, me ver assim.”
Eu fui numa espreita de matança; eu aniquilei todos os monstros que se aproximaram de mim, e fui por aí correndo até aqueles que não vieram. Seus gritos morrendo preencheram meus ouvidos, não teve um momento em que eu não ouvi ao menos um monstro gritando em dor.
“De novo, realmente me desculpe.”
Só levou alguns minutos para mais ou menos exterminar completamente todos os monstros localizados dentro da parte mais rasa da floresta, então eu segui para uma clareira que por acaso tinha um enorme enxame dentro dela.
A clareira era cerca do tamanho de uma academia, e tinha tantos monstros presentes que quase parecia lembrar um tipo de acampamento.
Haviam todos os tipos de monstros, nomeadamente barretes vermelhos, javalis verdes, hobgoblins, goblins espada, garms cinzas, orcs e trolls. Em um olhar, parecia para mim que haviam na verdade monstros o suficiente para eu lutar o quanto meu coração quiser. Muitos dos cento e poucos indivíduos já haviam começado a colocar uma amostra de ou medo ou hostilidade.
“Gulp gulp gulp.”
Eu virei uma poção inteira de MP num único gole e joguei seu contêiner ao céu.
“Gugya!?” “Gugyu!!” “Gogyaa!!”
Eu não realmente pensei sobre minha aproximação e ao invés disso apenas me joguei direto nisso. Meu primeiro alvo era um grupo de três goblins que por acaso estavam apenas um pouquinho isolados de todos os outros monstros. Eu empalei todos eles, jorrando o sangue deles por toda parte enquanto eu extraía minhas lâminas de seus corpos. (NT: Goblin Slayer curtiu isso)
“Eu vou ter todos vocês morrendo para que eu possa descontar meu stress.”
Eu mudei de marcha, aumentei meu foco, removi os limitadores do meu corpo, e fui um passo completo além só usando a extensão total da minha força.
☆
“Kuhaaaah! Ahahahahahahaha!!”
Cabeças voaram e corações pararam no que minhas lâminas engajaram em um ato impiedoso de violência.
“Morram! Cara, isto é incrível! Eu não consigo ter o suficiente!”
O sangue que havia subido à minha cabeça atrapalhou minha habilidade para pensar. Eu quase senti como se eu tivesse virado alguns doses duras de licor; meus pensamentos estavam afogados tanto em intoxicação e euforia. Meus instintos me levaram à matar e não pensar nada além do ato de assassinato.
Eu estava feliz que existia algo que eu podia matar por diversão.
“Kuhaaaah! Ahahahahahahaha!!”
Uma risada aparentemente insana continuou a deixar minha garganta apesar do fato que eu não havia pretendido isso.
Eu continuei a me mover e pisotear tudo no meu caminho.
Eu não me incomodei a tentar matar meus inimigos da maneira mais eficiente possível. Eu não fui atrás dos pontos vitais deles ou mirei por pontos fracos. Eu simplesmente usei a força que eu obtive por remover meus limitadores para bater minhas armas neles no momento em que os vi.
Só me levou cinco minutos para terminar meu surto e empilhar os corpos dos monstros em um tipo de morro. O sangue que havia drenado de seus corpos encharcaram no chão e o transformaram num tipo de lama carmesim. A única coisa restando viva no meio de todo esse caos era eu.
“Hah… hah… whew.”
Eu suspirei profundamente depois de ter certeza que não haviam mais coisas vivas na área ao redor. Eu terminei de descontar. Eu ainda estava um pouco irritado, mas as chamas do ódio dentro de mim já haviam sido reduzidas à meras brasas. A única coisa que eu ainda estava realmente sentindo era uma sensação de vazio.
“Como pode eu nunca conseguir perceber nada até ser tarde demais para eu fazer algo sobre isso!?”
Palavras começaram a vazar de mim, uma a uma.
(Você estava certa, Leticia. Este mundo é… tão real quanto pode ser. Há partes boas nele, mas ele está repleto com todo tipo de lixo.)
Minhas unhas entraram nas minhas palmas; eu apertei minhas mãos tão forte que eu comecei a sangrar.
Eu me senti como lixo. Eu sabia que eu escolheria o caminho de ação que funcionaria melhor para os propósitos da minha vingança independentemente do que ultimamente acabaria acontecendo com Shuria. Eu só simpatizei com ela e egoistamente descontei minha raiva porque eu sabia que ela não seria capaz de ficar no meu caminho de vingança.
“… Por que as coisas não podem nunca serem desfeitas?”
Eu dei voz à uma reclamação que esteve passando por dentro de mim. Eu sabia, mas eu não queria reconhecer que isso era apenas um pretexto, algo que eu estava dizendo porque eu estava tendo uma birra estilo de criança.
… Por que eu tive que ser levado de volta ao momento em que eu fui invocado?
Era tarde demais.
Eu já havia perdido tudo naquela hora.
Por que o tempo não podia ter voltado ainda mais para trás?
“Ahaha… que patético de mim.”
O fato que eu fui dado uma chance para realizar minha vingança já era, nela e por si só, um milagre.
Eu sabia que o mundo não existia pelo meu bem. O tempo continuará a passar independentemente de como eu me sinta. Eu fui dado uma segunda chance, mas essa regra inquebrável ainda se aplica. Eu havia jurado vingança, mas isso não quer dizer que eu realmente queria uma segunda chance.
Mas de novo, meus sentimentos eram completamente irrelevantes. Eu acabei voltando no tempo independentemente porque isso era o que alguma Deusa havia ditado que aconteceria durante minha morte.
Eu sabia que eu não tinha nenhum dizer sobre isso, e que isso era algo que teria acontecido de qualquer forma, mas eu ainda queria pateticamente lamentar apenas quão irrazoável minhas circunstâncias eram.
Essa era a razão real pela qual eu joguei um surto de fúria, a razão real pela qual eu precisava descontar. Vendo Shuria e vindo a entender a situação dela foi o mesmo que um soco no saco. Me atingiu bem onde eu era mais fraco.
“Oh cara, eu estou sendo realmente tosco agora. Eu tenho que ter certeza que ninguém me verá assim.”
Eu queria tomar de volta tudo que eu perdi.
Meus afetos pairantes pelo passado, por tudo que eu havia tido querido antes de minha invocação, me fez quebrar, quase em lágrimas – uma vista que eu não queria que ninguém visse.
Porque não era assim que um vingador deveria ser.
“Eu matarei eles. Eu assassinarei todo e cada um deles em sangue frio, e pisotearei por cima das emoções deles pelo meu próprio prazer.”
Eu afiei meus pensamentos e concentrei eles na minha sede por sangue.
Eu já havia feito minha escolha, tudo que eu precisava agora era cumrpir ela.
Eu limpei meu coração de qualquer fraqueza restante e foquei a integridade de meu ser em realizar minha vingança. Eu queimei fora todas as impurezas que eu tinha dentro de mim e deixei nada além de uma suja, fria chama de vingança.
Eu renovei meu voto para matar todo e cada um dos cretinos que me traíram.
Não havia razão em gastar tempo sendo sentimental quando minha presa estava bem diante dos meus olhos.
… Eu ia torturar e atormentar ela de todas as formas antes de finalmente matar ela enquanto ela afundava em desespero.
Vingança era uma parceira distorcida, invejosa. Eu precisava focar nela e mais nada enquanto a realizava.
“Haah… Okay, parece que eu finalmente consegui me acalmar um pouco.”
Cuspindo todas minhas emoções excessivas havia me permitido imergir minha mente inteira em desprazer e fúria.
“Ahaha… aw merda. Isto… realmente não é uma matéria para se rir, é?”
Eu acabei de perceber que meu corpo estava coberto da cabeça aos pés em sangue de monstro. Eu não havia notado isso quando eu estava correndo balançando minha espada por aí, mas agora que eu me toquei, eu percebi que eu estava extremamente desconfortável.
Eu ainda tinha cerca de 30% de minha mana sobrando, eu estava me sentindo realmente intoxicado por mana por causa de quão alto meu ritmo de consumo havia sido. Eu normalmente odiava a sensação, mas hoje, eu meio que parecia gostar dela. Parecia que ela estava me esquentando.
(Me levou mais tempo para limpar eles do que eu havia esperado, mesmo quando eu usei meu trunfo. Eu acho que eu ainda estou longe, bem longe do que eu costumava ser.)
Eu decidi, depois de entreter a ideia, que eu queria me limpar imediatamente, então eu puxei um barriu que eu normalmente usava para guardar água que eu pudesse beber em uma emergência e ergue ele acima da cabeça para que eu pudesse me lavar limpo.
E no que eu fiz isso, eu recordei um pouco da conversa que eu tive com Shuria.
『Então, hum, Kaito… você acha que nós nos encontraremos de novo algum dia?』
“Sim, eu tenho certeza que iremos.”
Eu decidi, ali e naquela hora, que, se ela ao menos desejasse, eu levaria ela pelo meu caminho herético, muito como um demônio num conto de fadas.
“Okay…”
Eu me sacudi seco e espreguicei depois de me lavar antes de deixar meus ombros caírem de volta às posições usuais deles.
“Cara, eu estou faminto, cansado e eu me sinto meio lerdo.”
Eu esfreguei meu estômago no que eu vocalizei algumas reclamações.
Era cerca de 3 da tarde. Eu sabia que eu já havia almoçado, mas por alguma razão estranha, eu estava me sentindo faminto como se eu não tivesse comido nada o dia todo.
O método que eu havia emprego para limpar todos meus inimigos não só fez com que fosse fácil para eu ficar intoxicado em mana, mas também me deixou faminto para cacete.
Eu ignorei o cenário ensanguentado ao meu redor e imediatamente peguei um pedaço de carne seca de dentro do meu bolso redondo e imediatamente mordi nele. Eu sabia que eu não podia apenas deixar todos esses corpos aqui, então eu fiz Slortudo devorar eles. Ele não foi capaz de se livrar do cheiro de sangue que preencheu a área, mas isso não era realmente algo que eu podia fazer muito sobre.
Eu não realmente tinha qualquer razão para ficar por perto, então eu deixei a área para que eu não tivesse mais que sentir o cheiro de sangue enquanto eu continuava a mastigar um pedaço de carne seca.