Tradução: Eudarda
Volume 1
Capítulo 4 – Encontro Destinado
I
A unidade de deslocamento completou maravilhosamente sua missão de matar o comandante-chefe inimigo Osborne e prosseguiu com a missão dizimando os cavaleiros de ferro pleno.
Olivia, que recebeu novas ordens, seguiu para oeste enquanto varria o resto das forças inimigas. Mars, que assassinou Minits, estava entre as forças inimigas em retirada mas Olivia não tinha como saber isso.
E agora a unidade de deslocamento tinha passado pelas planícies Iris e chegado às terras altas atrás do Castelo Kaspar. A unidade de deslocamento se juntou à unidade de abastecimento de Otto e reabasteceu sua comida, medicamentos e fornecimento de armas.
— Então vamos ser a vanguarda para atacar o Castelo Kaspar. Que honra.
Claudia se agachou no chão e falou enquanto olhava para o céu. Seus pais ficariam orgulhosos. O pensamento disso a enchia de uma incrível sensação de realização.
— Realmente é uma grande honra…? Não sinto nada disso. Prefiro livros e comida boa do que fama.
Olivia, deitada sobre a grama, falou com as sobrancelhas franzidas. Ashton, que estava preparando suas refeições, reclamou:
— A propósito, porque parece que me tornei o cozinheiro da Olivia?
— É porque a mostarda especial de Ashton é muito boa. Por isso não posso evitar pedir para me fazer sanduíches.
Olivia tinha um grande sorriso. Ashton parou ao ver isso.
— Hm, bom, preparar duas porções em vez de uma não é muito incômodo, então tudo bem.
A expressão de Ashton relaxou e ele começou a cortar o pão preto. Esse jovem era de boa índole e bem fácil de ler. Com isso em mente, Claudia levantou o dedo indicador e falou:
— Ei, Ashton. Pode me fazer um também?
— Eh…? Gostou daquele que fiz para você da última vez?
— Sim, é delicioso. Sua mostarda é tão incrível que quero muito aprender a como fazer com você.
— É verdade! Então a Claudia pensa assim, huh!
Olivia descobriu um espírito afim, se tornando barulhenta e Claudia sorriu para ela. Em contraste, Ashton parecia surpreso.
— Hm? Eu falei algo estranho?
— Nada disso. Desculpa mas a senhorita Claudia é uma cavaleira, certo?
— Tenho um título de cavaleira mas o que isso tem a ver com a nossa conversa?
O título de cavaleiro é dado a nobres com grandes marcos marciais. Claudia não entendeu como isso importaria e inclinou levemente a cabeça.
— Bom, pensei que os cavaleiros tinham muitas chances de comer comida boa…
— Sim, é verdade que tenha mais chances de comer comida melhor em comparação aos plebeus. Mas a mostarda do Ashton é ainda melhor, sabe.
— Ehehe. Então é isso…? Espera aí, vou fazer alguns para você.
O rosto de Ashton relaxou ainda mais depois disso. Ele tirou uma garrafa de mostarda da sua mochila. Esse jovem era muito fácil de ler.
Depois de colocar o pão que recebeu na boca, Claudia pensou nas ordens de Paul. Foram encarregados de ser a vanguarda, mas a unidade de deslocamento só contava com 2.000 homens. Comparado aos 5.000 estimados no Castelo Kaspar, não tinha como tomá-lo. Normalmente seria preciso três vezes mais homens do que aquilo para derrotar os protetores de um castelo.
Porém a missão da unidade de deslocamento não era tomar o castelo, mas sim cansar os protetores com ataques constantes. Então tinham que acabar com as defesas do inimigo antes que a força principal chegasse. Paul não tinha nenhuma expectativa de que a unidade de deslocamento tomasse o Castelo Kaspar.
— A propósito, o que acha do ataque ao Castelo Kaspar, segunda tenente Olivia?
— Enem? Tac ta gnimareacs ydai?
— Toma um pouco de água primeiro. Depois pode falar.
Ashton respondeu e Olivia assentiu.
— …Ufa. Mas não tenho nenhuma ideia. Vou pensar no assunto depois de ver o inimigo. E você, Claudio?
— Não tenho nada a dizer… Temos a honra de ser a vanguarda mas a nossa missão é enfraquecer ao máximo as forças inimigas antes da chegada da força principal. Por isso a missão é minimizar nossas perdas.
Claudia falou enquanto observava os soldados almoçando tranquilamente. Ashton assentiu firmemente em acordo.
— Hm, isso parece passivo demais… Oh, certo! Tenho uma ideia. por que não tomamos o Castelo Kasper sozinhos?
Olivia sorriu brilhante ao dizer algo chocante. Claudia achou que ela estava brincando mas como de costume, os olhos de Olivia não mostravam sinais que indicassem que estava brincando. Claudia suspirou e falou num tom cauteloso:
— Mesmo para a segunda tenente Olivia, isso seria uma missão impossível. Nós nem temos armas militares.
Sem um aríete, não tinha como destruir os portões do castelo que estavam fechados fortemente. E mesmo que tivessem um, não tinham soldados treinados para usá-lo. O inimigo não ficaria assistindo em silênci, tomaria medidas para resistir. COm isso em mente, suas chances de sucesso era, na melhor das hipóteses, de 50%.
— Só isso? Acho que tem muitos métodos que podemos usar mesmo sem armas militares… Ashton, tem alguma tática que possamos usar para tomar o Castelo Kaspar?
— Eh!? Por que está me perguntando isso de repente?
Ele estava surpreso mas Ashton ainda cruzou os braços e pensou profundamente. Claudia sorriu ironicamente, pois isso era um conhecimento muito acima para um mero soldado.
— Hm… Se me lembro bem, o Castelo Kaspar foi erguido durante o início da era da guerra, certo?
— E daí? Só sei que tem uma longa história.
— Se eu estiver certo, essa tática pode funcionar…
Claudia ficou chocada com o que Ashton propôs. Olivia, que estava ouvindo Ashton em silêncio, abriu um sorriso brilhante e falou orgulhosa com o peito inchado:
— Bom. Não disse que Ashton é adequado para ser um estrategista?
Exército Imperial, Castelo Kaspar
O comandante das defesas do Castelo Kaspar, coronel Bloom, recebeu a notícia de que o exército real estava marchando até eles.
— É verdade?
— Não há dúvida, temos a confirmação dos guardas de vários postos de sentinela.
O oficial não-comissionado (ONC) respondeu sem hesitar, o que fez Bloom se desesperasse em suor frio. A implicação dessa má notícia passou pela sua cabeça.
— Quais são os números do inimigo?
— Cerca de 2.000.
— Dois mil – ? Provavelmente são a vanguarda. E as unidades de acompanhamento?
— A-Acompanhamento?
O rosto do ONC ficou pálido.
— Peço desculpas, isso é muito repentino então minha investigação não é tão detalhada…
A voz do ONC ficou cada vez mais fraca. Bloom ficou furioso e bateu na mesa com um grito:
— Imbecil! Acha que essa desculpa é aceitável!? Ande e descubra, agora!
— S-Sim, senhor! Vou trabalhar nisso agora mesmo!
Bloom olhou de relance para o ONC que saiu da sala em pânico e tocou o sino na sua mesa. Uma porta próxima se abriu e seu adjunto, o major Lanchester, apareceu.
— Coronel, me chamou?
— Sim. Informe as tropas de que o exército real invadiu e faça preparativos para o ataque.
Lanchester franziu o cenho e repondeu imediatamente:
— Sim, senhor… A nossa força principal no teatro de guerra sudeste perdeu em apenas uma semana? Isso é inacreditável.
— Não faço a menor ideia. Mas não acho que o lorde Osborne ia…
Osborne tinha a elite de cavaleiros de metal pleno sob seu comando. O que Lanchester disse fazia sentido e Bloom também gostaria muito de negar as notícias que tinha acabado de receber.
— Quais os números deles?
— Por enquanto, pelo menos 2.000 deles tinham sido avistados.
O olhar de Lanchester ficou afiado quando ouviu isso.
— Dois mil, huh… Vou fazer os preparativos imediatemente.
Lanchester se endireitou em seus sapatos com uma saudação e saiu da sala rapidamente.
Um tempo depois, a informação que Bloom recebeu o confundiu. Os batedores não encontraram quaisquer sinais de forças de acompanhamento para apoiar os 2.000 homens iniciais que detectaram na primeira vez.
“O que está acontecendo? Estão planejanto tomar o Castelo Kaspar com apenas 2.000 soldados? Talvez o exército real tenha sido dizimado e os restantes estejam fazendo uma última tentativa de atacar o castelo – ? Há muita pouca informação.”
Duas horas depois disso.
As forças de guarda do Castelo Kaspar atacaram a unidade de deslocamento de Olivia.
II
A batalha entre os soldados do Castelo Kaspar e a unidade de deslocamento tinha começado.
Enquanto os tambores e as cornetas de guerra ecoavam, a unidade de deslocamento lançava um ataque à distância com seus arqueiros. Contudo –
— Ei, eles nem sequer saber o alcance dos seus arcos? Eles podem estar assustados mas será que estão atirando na gente de tão longe?
— É verdade, eles talvez sejam um grupo de novos recrutas?
— Hahaha, mas são bons em soprar suas cornetas e bater seus tambores.
— Não tem nada que possa ser feito. Eu, um habilidoso veterano, vou dá-los uma boa lição!
— Que lição você poderia dar!?
Os soldados riram alto. Seus rostos estavam tensos antes do início da batalha mas o nervosismo tinha desaparecido quando testemunharam o ataque horrível do exército real. O seu comandante, o segundo tenente Shisiru, sentiu o mesmo mas não riu como seus homens.
— Chega. Eles estão no alcance da nossa balista, se apressem com o contra-ataque!
Depois de Shisiru ter gritado para eles, as tropas correram até a balista montada nas muralhas do castelo.
Por outro lado, para a unidade de deslocamento que estava sendo ridicularizada pelos seus inimigos.
— Todas unidades, recuar!
A unidade se defendeu contra a balista de grandes escudos e recuou lentamente. Pouco tempo depois, avançaram de novo atacando com flechas apesar de estarem fora de alcance. Fizeram isso repetidamente.
— Ei, Ashton, será que isso vai mesmo funcionar? Não estamos sofrendo qualquer perda mas o exército imperial não vai nos tratar como burros?
Claudia perguntou á Ashton enquanto observava a situação através de seu binóculo.
— Bom, é verdade que devem estar rindo de nós mas quem ri por último ri melhor. Então é de boa zoarem a gente por agora, não é?
Ashton não deu atenção à zombaria do inimigo. Ashton, que foi temporariamente elevado ao posto de estrategista por Olivia, teve que comandar as linhas da frente junto com Claudia.
— Você pode ter razão mas para um cavaleiro, essa batalha é muito… Estou impressionada por ter pensado num plano assim!
A tática de Ashton era a seguinte:
Durante os primeiros dias da era de guerra, os castelos erguidos tinham definitivamente uma rota de fuda escondida. A entrada estava sempre num poço seco perto do castelo. Isso tambpem significava que o poço era um atalho para se infiltrar no Castelo Kaspar. Assim, podiam se dividir em duas equipes de infiltração, uma se infiltraria para perturbaar o inimigo a partir de dentro enquanto a outra aproveitaria essa oportunidade para atacar os portões da cidade e remover os bloqueios. Após a abertura do portão, a maior parta da unidade de deslocamento poderia entrar no castelo.
E nesse momento a unidade de deslocamento estava apenas chamando a atençã do inimigo.
— Isso não é um grande plano. Na melhor das hipóteses, isso é apenas uma tentativa descuidada baseada nas habilidades marcias esmagadoras da Olivia.
Olivia já tinha desaparecido. Depois de acenar com a mão como se dissesse “vou estar fora por um tempo”, conduziu uma centena de soldados de elite em direção ao poço seco num ritmo semelhante ao de um passeio.
— Mesmo que diga isso, o plano decorre do seu conhecimento sobre a estrutura do castelo. O Império que capturou o Castelo Kaspar nunca imaginaria que tem uma passagem tão escondidas. Nós também esquecemos dela.
— Apesar da minha aparência, li todos os livros de história. Será ótimo se isso aumentar as chances de sobrevivermos. Afinal, não quero morrer.
Ashton falou de forma desajeirada. Claudia ficou um pouco tensa quando viu o rosto dele. Adinal de contas, a morte era inevitável na guerra. As pessoas que hoje lutam ao seu lado podiam estar mortas amanhã. Ashton compreendia e isso o motivou a pensar na melhor maneira de minimizar suas perdas. Pensou nisso apesar do medo que pairava sobre ele.
— …É verdade. Chegamos até aqui, não podemos simplesmente morrer tão facilmente.
Claudia gesticulou suavemente, ordenando a retirada.
Enquanto a unidade de deslocamento chamava a atenção do exército imperial, o grupo de Olivia encontrou facilmente o poço seco e se infiltraram no Castelo Kaspar.
— Comandante Olivia, falanco sinceramente, nunca pensei que realemente nos infiltrariamos tão facilmente.
Um homem de um só olho, com braços musculos – o vice-comandante dessa missão de infiltração, Gauss, comentou para Olivia.
— Sim, é graças ao Ashton ter previsto o local com tanta precisão.
Olivia assentiu de forma satisfatória e pisou numa ratazana que passava ali. Os soldados atrás dela cochicharam e ofegaram com isso.
O grupo de Olivia segurava tochas e caminhava por uma passagem escura feita de pedras. Era uma rota de fuga, por isso era apertado e o ar era abafado. O caminho estava repleto de imensas teias de aranha, o que significava que o exército imperial ainda não tinha descoberto essa passagem escondida.
— Então, como devemos nos dividir? Para ficarmos seguros, temos que nos dividir igualmente?
Gauss perguntou enquanto tirava uma teia de aranha. Olivia negou com a cabeça imediatamente.
— Eu já decidi. Vou criar uma distração sozinha, todos os outros devem tomar o portão e deixar o grupo de Claudia entrar.
— Só você!? Comandante, sei que você é formidável, mas que tal levar dez homens consigo?
Os soldados à sua volta concordaram com Gauss. Olivia sorriu para eles e deu uma palmadinha nas costas de Gauss.
— Ahaha, não se preocupem comigo. Também vai ser mais fácil eu usar minha espada sem me conter. Acho que não vou machucar vocês sem querer, mas é melhor estarem em segurança.
Olivia tocou a bainha na sua cintura com um sorriso. Gauss pode apenas sorrir desejeitadamente em troca, então assentiu. Depois de testemunhar as habilidades de Olivia nas planícies, Gauss sabia muito bem o quão forte ela era.
Uma hora depois do grupo de Olivia ter se infiltrado no Castelo Kaspar.
— Comandante, chegamos ao nosso objetivo.
Gauss apontou sua tocha para a frente, onde estava uma porta. A escoura passagem terminava ali, o que significa que o grupo tinha chegado ao seu destino.
— Gauss, vocês esperem aqui por 30 minutos. Continuem com a nossa missão depois disso.
— Entendido – Comandante, por favor tenha cuidado.
— Sim, obrigada. Vou sair por um tempo.
Olivia acenou e empurrou a porta. Com um jato de ar quente, apareceu um pequeno caminho. Era estreiro, largo o suficiente para apenas uma pessoa passar. Olhando para a frente, ela podia ver uma luz fraca mais a diante. Depois de chegar até a parede no finial, ela empurrou a parede de pedra com força e ela girou, levando Olivia para fora.
— Isso é como uma câmara secreta mencionada nos livros, que interessante!
Olivia olhou à sua volta e pôde ver que se tratava de um armazém abandonado que estava coberto de poeira. Ela saiu rapidamente da sala e encontrou um soldado imperial no corredor.
— Ei, onde está o comandante-chefe?
Olivia perguntou calmamente. O soldado parecia confuso.
— Hah? Do que está falando? Lorde Osborne está nas planícies Iris lutando contra o exército real. Você está bem da cabeça?
— Você que está confuso. O Sr. Osborne está morto. Estou perguntando pelo comandante superior desse castelo agora.
— Lorde Osborne está morto? Como se atreve – espera, de que unidade você é?
Mudando seu tom, o soldado lançou um olhar afiado para Olivia.
— Bom, eu sou da unidade de deslocamento.
— Deslocamento… Espera!
O soldado olhou para a dragona de Olivia. Nela estava o emblema de um graal e dois leões.
— O quê!? Você é do Reino –
— Ahaha, não, ainda não posso te deixar fazer uma cena.
Olivia esmagou a mandíbula daquele soldado e o apunhalou no peito com sua espada. Depois de atirar o soldado desfalecido para o lado, ele bateu na parede, fazendo barulho.
— Pare de brincar por aqui… O-O que está fazendo!?
Os soldado que apareceram ao virar o corredor ficaram chocados. Olivia suspirou profundamente com isso.
— Eu queria começar matando o oficial mais importante mas isso parece que não é para ser.
Com isso, Oliva andou casualmente em direção aos soldados inimigos que inundavam seu caminho, enquanto uma névoa escura cobra a espada em sua mão.
Meia hora depois, Olivia tinha destruído o castelo sozinha.
A equipe de Gauss saiu do armazém para abrir o portão. Ouvindo gritos vindo de longe, eles avançaram cautelosamente.
— I-Isso é…
Diante dos olhos de Gauss havia sangue e mais sangue espalhados por toda a parede, além de montes de cadáveres pela passagem. Nenhum dos cadáveres estava inteiro, todos tinham pelo menos uma parte do corpo faltando. Alguns até foram divididos ao meio. O grupo de Gauss era formado por veteranos de elite mas ainda arfavam nessa cena horrível.
Gauss se sentiu aliviado com isso. Ele ficou muito feliz por Olivia ser uma aliada.
— Vice-comandante Gauss, os gritos ao longe são…
— A comandante deve estar causando o caos por lá. Vamos usar essa oportunidade para irmos até o portão principal!
— Sim, senhor!
O grupo assentiu de acordo e seguiu em direção ao portão principal.
O rugido de Bloom ecoou pelo seu gabinete.
— É apenas um soldado, de quanto tempo precisa!?
— Não é um mero soldado! Coronel Bloom, já ouviu falar dela, não? Sobre o monstro empunhando uma espada negra!?
O major Paduin argumentou com um rosto pálido e Bloom ficou estático quando ouviu isso. Os rumores sobre a garota monstruosa chegaram até Bloom mas ele desacreditou deles com uma gargalhada. Se uma garota podia matar Samuel, então porcos podiam voar.
— Que absurdo. Não me interessa se ela é um monstro, tem muitos jeitos de matá-la. Basta fazer com que os arqueiros lancem um ataque à distância.
Ao trazer a batalha do campo aberto para um espaço limitado, fecharam a rota de retirada e dispararam flechas de fogo em massa contra ela. Quando Bloom declarou sua ideia, Paduin a ridicularizou:
— Não precisa me dizer, eu já tentei isso. Mas antes mesmo de podermos disparar, ela se aproximou e cortou as cabeças de três aliados. Isso é o quão horrível ela é, esse monstro!
Paduin bateu na mesa com raiva e Bloom falou com um suspiro:
— Acha que vou acreditar nesse absurdo? Isso é um personagem de um romance?
— Você é livre para acreditar no que quiser, coronel Bloom. Já te dei meu relatório e lavo minhas mãos desse assunto…
Depois de dizer isso, Paduin tentou sair do gabinete rapidamente. Mas é claro que Bloom não toleraria tal insolência do seu subordinado.
— Seu idiota, vai desistir de suas funções nessa altura? Major, você entende as consequências, certo?
— Haha, quer me matar por desafiar ordens? Tanto faz, estou morto de qualquer maneira.
O pálido Paduin resmungou ao sair da sala.
— …Lanchester. Trataremos dele mais tarde, mas o que pensa sobre o que ele disse?
Lanchester, que tinha ouvido calmamente ao lado de Bloom, falou lentamente:
— É difícil acreditar mas na minha humilde opinião, devemos agir partindo do princípio de que seu relatório é verdadeiro.
— Você realmente pensa assim?
A resposta inesperada fez Bloom olhar fixamente para Lanchester. Bloom pensou que ele iria ridicularizar esse relatório, mas em vez disso, estava o tratando com seriedade.
— Sim, ela provavelmente é algo como uma catástrofe ambulante, impossível de ser enfrentada por meros mortais. Um bom exemplo seriam os feiticeiros.
— O quê!? Está dizendo que o soldado solitário qualquer é próximo de um feiticeiro…? Como isso é possível… Se isso for verdade, o que devemos fazer?
— Bom… Por favor, espere um momento.
Lanchester então foi para a sala ao lado e colocou um arco parecido com uma arma em cima da mesa.
— O que é isso?
Isso é um protótipo que o departamento de investigação do exército imperial nos enviou. Simplificando, é uma versão mais simples de uma balista. Dizem que sua velocidade e potência é muito melhor do que as flechas de um arqueiro.
Depois de ouvir a introdução de Lanchester, Bloom pegou a arma. Tinha uma forma semelhante a uma balista mas em vez de puxar um cordão de arremesso, usa um mecanismo metálico. Não era tão pesada quanto parecia e era fácil de usar.
— Está dizendo que eu devo matar aquele monstro com isso?
— Exatamente. O exército real está fora do castelo, se esse problema persistir, a nossa unidade entrará em colapso a partir de dentro.
— É verdade que estamos sendo pressionados pelo tempo – hm?
Bloom podia ouvir passos frenéticos fora do seu gabinete. Os passos pararam do lado de fora e um soldado ofegante entrou pela porta.
— Bata antes de entrar!
Lanchester gritou.
— P-Peço desculpas! Mas é uma emergência!
— Não importa, fale.
— Sim, senhor! As forças do exército real atravessaram o portão principal e estão invadindo o castelo!
— O que você disse!?
Bloom se levantou da sua cadeira e olhou para Lanchester que ficou tenso de surpresa.
— O que aconteceu!? O exército real usou armas de cerco!?
Essa fortaleza podia ser antigo mas ainda era um castelo. A menos que o inimigo tivesse armas de cerco, o portão principal não cederia tão facilmente. Mas o que o soldado disse estava além das expectativas de Bloom.
— Não usavam armas de cerco! Um grupo de soldados reais apareceu do nada e tirou o trinco antes mesmo que percebecemos!
Bloom ficou chocado. Ele então percebeu que a garota monstro era apenas uma distração e o verdadeiro objetivo do inimigo era abrir o portão principal no meio de toda aquela confusão. Ao mesmo tempo, uma pergunta lhe ocorreu. Como que aquela garota monstro e os soldados reais se infiltraram no castelo?
Os agentes da Miragem podiam passar pelas sentinelas mas seu número era limitado. Pelo que tinham ouvido, um número bem grande de soldados reais tinha se infiltrado no castelo. A rede de segurança do Castelo Kaspar não era tão relaxado ao ponto de que tantas pessoas pudessem passar despercebidas.
Com seus problemas se acumulando, Bloom segurou sua cabeça.
— Coronel, ainda não perdemos. Temos uma vantagem esmagadora em questão de número. Eu também vou comandar a linha de frente.
— Lanchester…
Lanchester, que nunca demonstrou seus sentimentos no rosto, parecia sombrio e conformado. Esse fato mostrou à Bloom quanto a situação era desesperadora.
Um terrível monstro brincava dentro do castelo, o portão principal caia sem qualquer resistência e a moral era inexistente. Os números agora eram um fato pouco decisivo.
Vendo que o portão principal estava aberto, Claudia deu a ordem:
— Primeira, segunda e terceira companhia avancem! Acabem com as instalações chave dentro do castelo!
— Muito bem! Está na hora do capitão da guarda pessoa de Olivia, o grande Guile, brilhar! Pessoal, não manchem o nome da nossa valquíria!
— Entendido!
A vanguarda da primeira companhia falava coisas estranhas.
— …Ashton, quando que esse homem se tornou o capirão da guarda pessoal da segunda tenente Olivia?
Claudia olhou para Ashton com olhos interrogativos.
— Q-Quem sabe. Provavelmente foi autoproclado… Não tenho certeza mas peço desculpas.
Ashton pediu desculpas com um rosto encabulado. Era um exagero se chamarem de guardas pessoais, mas os ânimos estavam nas alturas por causa disso, então Claudia fingiu não ter ouvido nada.
Uma hora depois disso.
A unidade de deslocamento eliminou com sucesso as instalações chave dentro do Castelo Kaspar. Quando a unidade chegou, o castelo já estava em caos e os soldados imperiais baixaram as armas, se rendendo sem oferecer resistência. O estranho era que pareciam aliviados depois de se tornarem prisioneiros. O segundo tenente Shisiru ficou tão emocionado que até chorou.
— Parece que o plano de Ashton funcionou.
Claudia falou com um leve humor, já que lhe foi tirada um grande peso dos ombros. Quando Ashton ouviu isso, falou com um sorriso irônico:
— Nao é assim que vejo as coisas. Pela forma como os soldados imperiais estão se comportando, o mérito pertence ao que quer que a Olivia tenha feito.
Eles derrubaram o portão principal mas o Império ainda tinha uma grande vantagem em números e normalmente não se renderiam tão facilmente. As coisas ocorreram assim porque o espírito de luta deles tinha sido completamente esmagada.
Ashton podia adivinhar o que tinha acontecido mas não conseguia dizer isso. Claudia também não perguntou, apenas tirou o capacete e jogou o cabelo.
— Bom, está quase acabando. Isso deve ser obra da segunda tenente Olivia.
Com isso, os dois olharam para o Castelo Kaspar.
— …Então você é aquele monstro dos rumores?
Bloom se sentou calmamente em sua cadeira e perguntou à garota que tinha na mão a cabeça de Paduin.
— Não sou um monstro, sou Olivia. Você é o Sr. Bloom, o comandante daqui, certo? Esse humano gentilmente me disse a sua localização.
Nisso, Olivia jogou a cabeça na mesa, onde aterrisou e rolou. Assim como Paduin disso, ele morreu nas mãos do monstro.
— Hmph. Você destrói o castelo inteiro sozinha, o que mais pode ser senão um monstro?
Bloom lamentou imediatamente ter dito isso. Ele zombou de Paduin que disse essas mesmas palavras e Bloom agora estava as repetindo.
— Bom, Sr. Bloom é um inimigo, por isso pode me chamar do que quiser. Deixando isso de lado, o que planeja fazer? O castelo ficou com o grupo de Claudia, toda sua base nos pertence. Não tem chance de sobreviver, então tome seu tempo.
— Na verdade, é nossa derrota total. Porém –
Bloom tirou a besta de baixo de sua mesa num instante e puxou o gatilho, mirando em Olivia.
— Hahaha, você é mesmo um monstro.
No instante seguinte, Bloom viu Olivia agarrar a flecha com a mão esquerda. Olivia quebrou o projétil e o jogou par ao lado, então olhou para a besta de Bloom com olhos curiosos.
— Eh, essa coisa é muito mais poderosa que um arco. Isso me surpreendeu. Ei, posso ficar com ele?
— É inútil para mim agora. Pode levar se quiser.
Bloom atirou a besta para Olivia e ao mesmo tempo desembainhou sua espada e pulou num salto.
— …Ugh, eu esperei tanto…
— Obrigada por me dar isso, vou cuidar dele.
Olivia tirou sua espada do peito de Bloom enquanto lhe agradecia. No entanto, Bloom não conseguiu ouvir a última parte das suas palavras.
— Ehehe. Depois de ganhar o relógio de volto, consegui algo bom de novo. Eu devia me apressar e mostrar isso para Ashton e Claudia.
Olivia segurou a beste em seus braços preciosamente e saiu da sala num salto.
III
A batalha nas planícies Iris tinha chegado ao fim. O major general Heit Bonner, que comandou o flanco esquerdo das forças do Império montou uma resistência persistente após a morte do comandante-chefe Osborne, George, Minits e outros. Ele organizou o resto das forças imperiais para salvar o maior número de soldados que pudesse.
Paul deixou a limpeza com Lambert e liderou o ataque ao Castelo Kaspar. No caminho até lá, chegou um mensageiro da unidade de deslocamento com um relatório chocante.
— Como isso é possível!? Está dizendo que o Castelo Kaspar já foi derrotado!?
— Sim, senhor. Nossa unidade tomou o controle do Castelo Kaspar.
Otto parecia agitado enquanto o mensageiro parecia orgulhoso. Paul pediu por mais detalhes e o mensageiro revelou fatos ainda mais espantosos. Durante a batalha para omar o Castelo Kaspar, eles tiveram apenas oito baixas. A maioria dos soldados imperiais se renderam sem qualquer resistência.
Atacar um castelo e sofrer uma baixa de apenas um dígito era algo inédito. Paul designou Olivia para ser a vanguarda porque pensava que ela podia diminuir os números do inimigo apesar de ter um pessoal menor. Mas ele nunca imaginou que ela tomaria o Castelo Kaspar em um dia.
Até Paul que costumava ser chamado de deus demoníaco, sentiu um arrepio quando ouviu essa notícia.
— Agora entendo. Informe a segunda tenente Olivia para manter a guarda alta.
— Sim, senhor!
O mensageiro montou no seu cavalo com bom humor e cavalgou para o Castelo Kaspar. Enquanto assistia o mensageiro partir, Paul falou para Otto, alegremente:
— A atuação da segunda tenente Olivia é incrível. O devemos fazer, Otto? Não podemos dispensá-la apenas com bolo dessa vez.
— Você só pode estar brincando… em vez disso…
— Está mais interessado no recruta Ashton que formulou o plano como estrategista temporário? Otto, esse nome te diz alguma coisa?
— É a primeira vez que eu… Espera um minuto, por favor.
Otto acariciou o queixo enquanto olhava para cima e falava:
— Me lembro agora. Eu ouvi a segunda tenente mencionar esse nome na sala de interrogatório.
Não era uma memória agradável, por isso o rosto de Otto se tornou sério. O termo “sala de interrogatório” lembrou Paul desse incidente com o espião. Ele também estava lá e depois de remexer sua memória degradante, Paul finalmentese recordou do que aconteceu.
— Oh, me lembro agora. A segunda tenente Olivia mencionou esse nome quando disse que queria comer o pão delicioso da capital.
— Isso me lembra das palavras desagradáveis da segunda tenente. Não quero mesmo lembrar delas.
Otto ralhou e Paul riu alto.
Quando chegaram no Castelo Kaspar, Otto estava cheio de trabalho. Capturaram o Castelo Kaspar mas não conseguiam relaxar até descobrir o que o Frote Kiel faria. Foram enviados soldados para vigiar os pontos vitais e foi criada uma rede de vigilância. Precisavam também recuperar o controle das cidades e aldeias em torno do Castelo Kaspar e lidar com os 4.000 prisioneiros. Tinha uma série de problemas.
Especialmente problemas com os prisioneiros que foi uma dor de cabeça para Otto. Eles nunca tinham capturado tantos prisioneiros antes. 4.000 deles consumiam muita comida todos os dias. Havia muita comida armazenada no armazém do castelo, mas esses alimento seriam melhor servidos para alimentar seus soldados.
Mas não conseguiam matar prisioneiros e mesmo que Otto quisesse colocá-los para trabalhar penalmente, não havia minas em volta do Castelo Kaspar. Otto queria reclamar com Olivia que criou esse problema mas ele sabia que isso seria irracional.
E assim, se passaram suas semanas sem incidentes. Olivia, Claudia e Ashton chegaram na porta do gabinete do comandante.
— Ei, Olivia, por que está olhando seu relógio de bolsto esse tempo todo?
— Não sabe, Ashton? O adjunto Otto é realmente severo em relação à pontualidade. Ele vai fazer uma cara demoníaca mesmo que chege bem pouco atrasado.
— Não, essa é a primeira vez que ouço isso. E não é de se esperar ser pontual no exército?
— Segunda tenente Olivia e Ashton, fazçam menos barulho. Estamos em frente ao gabinete do comandante.
Claudia advertiu e Ashton calou a boca. Olivia bateu na porta despreocupada.
— Segunda tenente Olivia, subtenente Claudia, Ashton… Ei, Ashton, qual sua patente?
— Raso, sou um soldado raso.
Ashton respondou suavemente e Olivia respondeu “certo, você é um soldado raso”. Ela então bateu de novo.
— Segunda tenente Olivia, subtenente Claudia e soldado raso Ashton, reportando na hora –
— Chega, já ouvi vocês. Entrem.
A voz irritada de Otto veio de dentro e Olivia abriu a porta conforme as instruções. Diante deles estava o sorridente Paul, sentado confortavelmente na sua cadeira, e Otto que balançava sua cabeça. O grupo de Olivia saudou e Paul retribuiu a saudação com olhos estreitos. Ashton, que estava encarando o comandante de perto, estava tenso.
— Muit bem. Chamamos vocês aqui hoje para –
— Entregar o bolo que preparou para mim como recompensa?
Otto, que foi cortado por Olivia, olhou para ela. Ele sabia que aquele brilho não era para si mas Ashton não pode evitar sentir um suor frio.
— Segunda tenente, bolo é a única coisa que te vem à cabeça?
— Isso não é verdade, também gosto de livros.
Olivia não deu atenção ao olhar de Otto e respondeu de forma despreocupada. Ashton pensou “por favor, leia o humor”.
— Oh, ler livros e expandir seus conhecimentos é uma coisa boa mas eu não te convoquei para aprender sobre seus passatempos.
Claudia manteve sua cabeça baixa educadamente durante todo esse tempo mas Paul apenas riu vivamente.
— Você ainda é a mesma de sempre, segunda tenente Olivia. Infelizmente o bolo vai ter que esperar até retornamos para o Forte Gallia. Te chamamos aqui por um assunto diferente.
— Sim, senhor, entendido…
Olivia relaxou os ombros, mostrando claramente sua tristeza. Paul abriu um sorriso preocupado com isso e então mirou o olhar em Ashton.
— Soldado raso Ashton Senefelder.
— S-Sim!
Ashton estava muito nervoso por ser chamado tão subitamente que nem conseguia falar corretamente. Paul relaxou o rosto e falou:
— Relaxa, não precisa ficar tão tenso. Eu soube pela subtenente Claudia que contribuiu muito para a tomada do Castelo Kaspar.
— S-Sim, senhor! Muito obrigado! Mas isso só foi possível porque a segunda tenente Olivia estava lá, por isso eu não –
Ashton começou a divagar sem parar. A visão do seu rosto em pânico fez Paul sorrir de forma embaraçosa. Ele ergueu a mão para parar Ashton.
— É verdade que sem a segunda tenente Olivia não poderíamos ter tomado o Castelo Kaspar tão facilmente. Mas ouvi que o soldado Ashton formulou o plano – Isso é verdade, segunda tenente Olivia?
— Sim. Foi graças à Ashton que conquistamos o Castelo Kaspar tão facilemente.
Olivia estufou o peito e falou com orgulho.
— E-Ei! Segunda tenente Olivia!
— Eh? Mas essa é a verdade. Oh, certo, melhor vocês usarem os honoríficos comigo quando o adjunto Otto estiver presente. Se não ele vai repreender vocês.
— Espera, está me dizendo isso agora?
— Chega, os dois. Lorde Paul ainda não terminou!
A advertência de Otto fez Ashton tossir terrivelmente.
— Peço desculpas, Lorde Paul!
— Não, está tudo bem. Deixando isso de lado, você foi designado pela segunda tenente Olivia para ser seu estrategista, como foi? Gostaria de continuar a servir a segunda tenente Olivia como seu estrategista?
Ashton ficou chocado com a inesperada proposta de Paul. Ele só assumiu o cargo de estrategista porque Olivia o forçou a isso. Nunca pensou que seria oficialmente promovido ao cargo de estrategista.
“Uma piada… Não parece ser uma piada.”
Paul parecia sério, o que tornou ainda mais difícil a resposta de Ashton. Ele só deu a sugestão porque por acaso leu sobre as guerras históricas. Ashton não estava confiante o suficiente para formular um plano adequado sob qualquer situação.
Com isso em mente, Ashton olhou para Olivia ao seu lado. Ela mostrou-lhe um sorriso encantador.
“Ah, droga! Esse sorriso é jogo sujo.”
Ashton sentiu suas bochechas esquentarem e olhou para Paul de novo.
— Não sei se consigo corresponder às vossas expectativas mas vou dar tudo de mim.
— Bem dito – Muito bem, então sem mais delongas, quero pedir emprestada a vossa sabedoria sobre um determinado assunto.
— S-Sim, senhor…! Posso saber o que é?
Ashton gritou mentalmente “Isso é muito rápido!”. Mas tentou não deixar transparecer e perguntou com uma atitude calma. Porém não enganou ninguém. Ficou claro para Paul e Otto sorriu ironicamente pensando que Ashton não parecia nada calmo.
— Não fique tão tenso. Vou deixar o tenente coronel Otto explicar o problema.
Otto caminhou até a grente do grupo de Olivia e explicou o problema do alojamento dos 4.000 prisioneiros e da sua respectiva destinação à trabalhar. Olivia becejou de tédio no meio da conversa, o que fez Claudia se curvar pedindo desculpas profundamente.
— Que tal, soldado Ashton? Se tiver uma boa solução, sou todo ouvidos. Não precisa se preocupar.
O rosto de Otto parecia sugerir que Ashton não conseguia levar com calma. Ashton quebrou a cabeça e encontrou uma resposta:
— Que tal propor uma troca de prisioneiros com o exército imperial? Conseguimos duas vantagens com isso.
— Oh… Conte-me mais.
Otto olhou para ele com olhos afiados, o que fez Ashton recuar. Ele não estava acostumado à aura intimidante dos soldados.
— S-Sim, senhor. Se as negociações forem adiante, podemos resolver os problemas de comida que enfrentamos e os soldados que recebemos em troca podem reforçar as nossas forças.
— …Entendi o que quer dizer. Concordo com você sobre o abastecimento alimentar, mas o Império também vai reforçar suas forças com isso, correto?
Otto o pressionou. Ele entendia a questão da comida mas não conseguia ver como que a recuperação dos seus soldados lhes dava uma vantagem sobre o Império. Para Ashton isso seria uma vitória para eles.
— Tem razão, mas se considerarmos o exército real inteiro como um todo, essa troca vai nos beneficiar mais. Afinal, fomos forçados a recrutar alguém como eu que nem sequer consegue usar armas corretamente.
Paul e Otto fizeram caretas quando Ashton apontou esse fato.
— Tendo em conta os fatores humanitários, o exército imperial vai ter que aceitar nossa proposta. Se eles recusarem, vão perder o apoio dos seus cidadãos.
Ashton acrescentou que a fama do Imperador Benevolente Ramza era conhecida em todo continente, então ele não faria nada que prejudicasse sua reputação.
— Entendo… Soldado Ashton, talvez não saiba, mas a troca de prisioneiros é normalmente limitada aos de alto nível, como os que estão relacionados à família real. Não tem havdo precedentes de troca de prisioneiros envolvendo soldados comuns. Mas vale a pena considerar a sua opinião.
Otto acariciou seu queixo e olhou para Paul.
— Sim, vamos precisar realizar uma reunião de emergência para discutir esse plano. Se trata de um esforço valioso. També vou esperar mais de você no futuro, soldado Ashton.
— S-Sim, senhor!
Depois do trio sair, Paul tirou um charuto do bolso no peito e começou a fumar.
— Então? Acho queele vai ser útil.
— Concordo. Parece que sua perspicácia estratégica que tomou o Castelo Kaspar não é um acaso. Eu nunca teria pensado numa troca de prisioneiros com soldados de infantaria.
— Se um desempenho tão incrível é apenas uma coicidência, nossas posições estariam precárias. Além disso, ele é apenas um mero soldado.
— De fato – Vou trabalhar duro num projeto.
— Sim, por favor.
Depois de ver Otto sair, Paul soprou a fumaça do charuto de sua boca.
IV
Capital Imperial Orsted, Castelo Listerine, Gabinete de Felixus
— Sua Excelência, posso incomodá-lo um momento?
A segunta tenente Theresa colocou uma xícara de chá em cima da mesa e soou um pouco hesitante. Felixus pousou sua caneca e ergueu o olhar.
— Pela sua expressão não parece ter boas notícias.
— …Sim, senhor.
Theresa lhe deu um relatório. Felixus o pegou calmamente e começou a lê-lo. Se tratava da queda do Castelo Kaspar e da morte do general Osborne e dos comandantes sob seu comando. Além disso, 45.000 tinham perdido suas vidas.
Essa era a derrota mais devastadora desde a batalha de Berkeley. A morte de Osborne, um grande nobre do Império, tornou essa derrota ainda mais amarga.
— Segunda tenente Theresa. Eu devia ter pressionado mais para que Sua Majestade aprovasse o ataque ao Forte Gallia. Mesmo que ele me repreendesse.
O rosto de Theresa ficou amargo quando ouviu Felixus dizer isso. Osborne perdeu uma grande oportunidade de pressionar sua vantagem e perdeu para o exército real, a quem foi dado tempo para se recuperar. De certa forma, o Império ajudou o Reino a vencer essa batalha.
Era inútil chorar pelo leite derramado mas se o imperador tivesse dado sua aprovação à tempo, eles teriam ganhado facilmente. Os planos de Osborne pareciam perfeitos para Felixus.
Felixus tomou um gole de chá, então suspirou e se levantou. Colocou sua capa azul que tinha a insígnia das espada cruzadas e falou para Theresa:
— Vou relatar isso ao lorde chanceler. Temos que fazer planos para o futuro.
— Sinto muito, mas vai haver uma reunião tri-general para tratar dessa questão em breve.
Theresa falou rapidamente.
— Reunião tri-general?
— Sim, senhor. O lorde chanceler pediu que você se junte na segunda sala de conferências daqui duas horas.
Quando ele ouviu o termo reunião tri-general, Felixus franziu o cenho. Não fazia sentido realizar uma reunião trienal se os outros dois generais não estivessem presentes. Theresa podia adivinhar o que preocupava Felixus e acrescentou:
— Lorde Graden e lady Rosenmarie voltaram ontem para a capital para fazerem seus relatórios.
— Compreendo… Entendido.
Felixus voltou para sua poltrona e continuou lendo os relatórios.
Duas horas depois.
Os três generais convocados por Dalmes se reuniram na segunda sala de conferência. Eles se sentaram ao redor de uma mesa de ébano que podia acomodar 30 pessoas.
— Bom, é verdade que o general Osborne foi morto em batalha?
No momento em que a reunião começou, a general Rosenmarie empurrou todos os relatórios para fora da mesa. O marechal Graden olhou para ela e respondeu:
— Osborne com certeza está morto. Os soldados que fugiram para o Forte Kiel confirmaram.
— Estou perguntando se eles não cometeram um erro!
Rosenmaria recusava aceitar que Osborne estava morto. Infeliz com o tom dela, Graden franziu o cenho.
— Cuidado com a língua. Tem muitos soldados que viram a cabeça de Osborne presa no topo de uma lança. Isso é um fato inegável.
Depois de Graden ter a avisado, as bochechas de Rosenmarie ficaram coradas. Ela estava tão persistente pois era subordinada de Osborne.
A atmosfera da sala de conferência ficou tensa e Rosenmarie murmurou:
— …Quero ir para a frente de guerra do sul.
— Hah? Desculpa mas o que acabou de dizer?
Felixus não pôde deixar de perguntar. Rosenmarie se levantou com raiva e gritou:
— Eu disse que queria ir para a frente de guerra do sul! Não quero saber se é o sétimo ou qualquer outro exército, vou destruílos com meus cavaleiros carmesim!
— Se você for para a linha de frente no sul, o que vai acontecer com o teatro de guerra nordeste? Eles ficaram perdidos sem sua líder.
Era de se esperar a pergunta de Felixus. Afinal, abandonar sua frente de guerra e ir para outra era irracional.
Mas o que Rosenmaria disse a seguir foi além das expectativas de todos.
— Felixus, você pode apenas assumir meu lugar. De qualquer forma, você está parado na capital, certo?
Rosenmaria parecia estar fazendo um acordo. Foi a vez de Felixus ficar chocado, então Graden gritou com raiva em resposta:
— Sua imbecil! Que absurdo é esse!? O Felixus está encarregado do importante dever de comandar as tropas da capital, como ele poderia mudar sua posição tão facilmente!?
Depois de ouvir isso, Rosenmarie zombou friamente:
— Hah! Comandar as tropas da capital? Acha que o exército real é capaz de atacar a capital agora? Com a gente cercando eles em todas as frentes? Se acha mesmo que isso é possível então você ficou caduca, marechal Graden.
— Vagabunda! Que insolência!
Felixus tentou ao máximo acalmar os dois e amenizar o clima enquanto sorria de forma desajeirada por dentro. Rosenmarie estava certa, o atual exército real não representava nenhuma ameaça à capital imperial. Mesmo que os cavaleiros azuis fossem para a frente norte, a capital permaneceria segura.
Porém ter os cavaleiros azuis de elite posicionados na capital deixaria os cidadãos à vontade e também agiria como uma forte ameaça às outras nações. Sem o decreto do imperador, os cavaleiros azuis nunca seriam mandados embora.
— Deixando de lado o que Rosenmarie disse por enquanto, a queda do Castelo Kaspar significa que perdemos o controle do sul do Reino. Acho que temos que arrnajar contra-medidas rapidamente.
— Quanto a isso, posso interromper por um momento?
Dalmes que tinha ficado quieto durante todo esse tempo, de repente interveio e o trio lançou seus olhares na direção dele.
— Claro que sim. Tem um bom plano em mente, lorde chanceler?
Graden falou em nome dos generais. Dalmes então propôs algo inesperado:
— Não é realmente um grande plano. Só acho que vai ser bom devolver a parte sul do Reino a eles.
— Posso perguntas suas razões?
Graden ficou claramente chocado. Por bem ou mal, as emoções de Dalmes tinham estado estranhamente instáveis, tornando difícil entender o que ele estava pensando. Felixus não conseguia entender qual era o objetivo dele.
— Quer dizer o que eu literalmente disse. O teatro de guerra do sul já estava num impasse. Não vejo qualquer sentido em teimar em mantê-lo. Enquanto o Forte Kiel permanecer nas nossas mãos, o exército real pensaria duas vezes antes de tentar invadir o Império.
— Bom… Isso é verdade.
Graden relutantemente concordou com ele.
— Além disso, cerca de 45.000 soldados imperiais morreram nessa batalha. Isso é de partir o coração, temos que prestar luto pelo sacrifícios deles.
Apesar do que Dalmes fisse, o canto dos seus lábios se ergueram. Ele parecia muito desconfiado.
— Será que Sua Majestade sabe que o Castelo Kaspar já era?
— Sim, eu já informei isso à Sua Majestade. A propósito, o imperador pensa o mesmo que eu e acha que devemos desistir do sol do Reino.
Quando ouviu isso, Rosenmario ficou agitada:
— C-Como podemos fazer isso!? Como posso vingar o general Osborne desse jeito!?
— Rosenmarie! Agora não é hora de se preocupar com um assunto tão insignificante!
— O quê!? Diga isso de novo! Acha que vingar o general Osborne é insignificante!?
Rosenmarie ficou furiosa e gritou com Graden, agitando como chamas seu cabelo vermelho. As palavras de Graden podiam ser frias mas Felixus concordou com ele. A prioridade nesse momento era a estratégia deles para o futuro.
O clima na sala de conferência se tornou ruim de novo e nesse momento, Dalmes falou para Rosenmarie:
— Rosenmarie. A sua chance de vingar Osborne chegará em breve…
— O-O que você quer dizer?
Rosenmarie estava um pouco agitada enquanto um leve sorriso aparecia no rosto fino de Dalmes.
— Depois de tomar o Castelo Kaspar, o xército real não vai ficar preso no Forte Gallia. Eles vão construir suas novas linhas defensivas centradas em volta do Castelo Kaspar.
— O que isso tem a ver com eu vingar o general Osborne?
As palavras indiretas de Dalmes fizeram Rosenmarie inclinar a cabeça de forma chocante. Felixus suspirou calamente por dentro enquanto ouvia. Parecia que Dalmes queria forçar Rosenmaria a fazer algo.
— Isso é apenas especulação minha mas depois que eles montarem as defesas na parte sul do Reino, eles vão começar a apoiar os teatros de guerra central e do sul, certo? Final, o exército real não pode se dar ao luxo de deixar suas forças paradas e inativas.
Rosenmarie cruzou os braços e pensou profundamente, tentando decifrar as intenções de Dalmes. Um momento depois, ela falou com um leve sorriso:
— Chanceler Dalmes, entendo o que quer dizer. Só preciso forçá-los a apioar o teatro de guerra do norte, certo?
— Como esperado de você, Rosenmarie, é isso mesmo.
Três dias após o fim da reunião.
Sob as ordens do imperador Ramza, o exército imperial se retirou completamente do sol do Reino.
V
Um mês depois da unidade de deslocamento ter tomado o Castelo Kaspar.
O exército real criou suas defesas com o Castelo Kaspar como seu refúgio e negociou secretamente com o Império para a troca dos prisioneiros. Como Ashton previu, o Império aceitou a proposta . Porém quando souberam que a cerimônia de assinatura seria realizada no Forte Kiel, alguns dos seus oficiais se opuseram fortemente e até invadiram o gabinete do comandante para protestar.
— Sua Excelência, por que temos que ir ao território inimigo? Dessa vez ganhos e propusemos a troca de prisioneiros, portanto é lógico que a cerimônia seja realizada no Castelo Kaspar!
Paul ouviu os oficiais de forma infeliz. O argumento deles podia parecer lógico mas no fim apenas não conseguiam superar seus orgulhos. Acontece que Otto saiu para inspecionar as cidades recuperadas por ordens de Paul, então também não pôde reclamar.
— Mas não estou te pedindo para visitar o Forte Kiel?
Paul falou num suspiro. Os oficiais ficaram mais agitados.
— Por favor, não desvoe o assunto! Eles só estão permitindo cem soldados como escolta, só podem estar brincando com a gente!
Para a cerimônia de assinatura, o Império propôs os termos de que apenas uma centena de acompanhantes eram permitidos. Isso realmente os atormentou.
— Só isso? Se eu estivesse no lugar deles, pediria a mesma coisa. Ter muitos acompanhantes só vai levantar suspeitas desnecessárias.
Considerando o problema que poderiam aencontrar no caminho ate lá, cem parecia ser um número adequado. Esse era um grupo suficientemente grande para evitar ataques de bandidos, mas não o suficiente para criar um problema em território inimigo. Estabelecia um acorde entre a segurança do Reino e a do Império. Um acordo brilhante.
Depois de explicar os detalhes, os oficiais começaram a hesitar mas ainda protestavam incansavelmente.
— M-Mesmo assim, não podemos aceitar a cerimônia de assinatura ser realizada no Forte Kiel! Pedir para a gente assistir uma assinatura num forte que costumava pertencer ao Reino é humilhante!
— Então deixe-me ouvir suas alternativas. Não me diga que veio até mim sem um plano alternativo para apenas vir aqui resmungar como crianças?
Paul olhou para a multidão com um olhar afiado, os calando. Paul perguntou isso intencionalmente, sabendo que não tinham um outro plano. Ele não podia se incomodar em desperdiçar seu fôlego com eles.
— M-Mas… e se algo acontecer com você, Sua Excelência!?
— Eu posso prometer que não vai haver perigo.
A palavra de Paul fez os oficiais franzirem o cenho.
— Como pode ter tanta certeza? A fama do deus demoníaco é conhecida por todo o Império.
— É verdade, eles podem pensar que essa é uma grande oportunidade de te assassinar.
Tendo encontrado uma abertura na defesa, os oficiais começaram a construir seu argumento com base na possibilidade de um assassinato. Eles estavam certos, essa era uma boa oportunidade de armar o nosso assassinato. Paul também estava desconfiado de assassinatos, mas essa preocupação era sem motivo.
— O Império ainda tem uma vantagem esmagadore , não tem necessidade de recorrer a tais truques.
— M-Mas…!
— Minha escolta para essa expedição será a segunda tenente Olivia. Tem mais alguma pergunta?
Todos ficaram pálidos quando o nome de Olivia foi mencionado. Depois da batalha nas planícies Iris, todos no sétimo exército respeitaram Olivia.
— N-Não, senhor. Já que a segunda tenente Olivia vai acompanhá-lo não temos objeções.
— É-É verdade. Não vai ter problemas com ela por perto.
— Pedimos desculpas por incomodar sua agenda ocupada.
Os oficiais saudaram como um só, então saíram do gabinete do comandante. Paul suspirou e alcançou seu bolso do peito.
Uma semana depois disso.
O grupo de Paul partiu do Castelo Kaspar e seguiu ao norte para o Forte Kiel. Para se manter pronto para qualquer emergência, Paul ficou no centro do grupo. Olivia e Claudia ficaram ao seu lado como suas escoltas. Ao redor dos três estava a equipe de deslocamento que se infiltrou no Castelo Kaspar com Olivia. Olivia conversou com Paul pelo caminho e o conteúdo constantemente deixou Claudia exausta.
Ela sentia vontade de conter Olivia, mas Claudia hesitou quando viu o sorriso refrescante de Paul. No fim, ela fingiu não ver nada.
“Isso é uma tortura. Preferia lutar com o inimigo.”
Claudia suspirou por dentro enquanto via os dois conversar. Finalmente o grupo chegou ao Forte Kiel em segurança. sem encontrar qualquer bandido. Eles já tinham partido de Kaspar há quatro dias.
O Forte Kiel tinha três conjuntos de pesadas muralhas da cidade, uma fortaleza que fazia total uso do seu terreno complicado e traiçoeiro. As filas de espadas cruzadas encham os corações do grupo de uma sensação de derrota. Eles olharam para o Forte Kiel que era famoso por ser inconquistável com sentimentos pesados.
Apenas Olivia parecia relaxada.
— Tenente general Paul. O Forte Kalia parece mais majestoso que o Forte Gallia!
— S-Segunda tenente Olivia!
Claudia já não conseguia assistir de braços cruzados.
— Está tudo bem – Segunda tenente Olivia, sabe que esse forte fazia parte do exército real, certo?
— Sim, eu sei. O exército imperial o tomou, não é?
Olivia falou sem pensar duas vezes e Paul sorriu de forma desajeitada.
— De fato, o nosso exército não atuou de acordo com as expectativas.
— Tudo bem, tenente general Paul. Podemos apenas recuperá-lo. Igual ao Castelo Kaspar, certo?
— Quando a segunda tenente Olivia diz isso, parece tão fácil. Que estranho.
Os dois conversaram enquanto o portão da cidade abria lentamente. Uma lady corajosa num uniforme militar preto apareceu com alguns soldados com armaduro de corpo inteiro de cor azulada. Os oldados ficaram ao lado da lady como seus guardas.
Os vigias do forte provavelmente os avistaram muito antes, então a recepção chegou na hora certa. Paul ordenou que o grupo saísse de formação e parou na frente da lady.
— Tenente general Paul do exército real, eu presumo.
— Está correta.
— O nome do deus demoníaco se espalhou por todo o exército imperial. É uma honra conhecê-lo. Devem estar cansados depois da vossa longa viagem, me permita mostrá-los vossos quartos.
— Obrigado pela vossa amável hospitalidade, estaremos ao seu cuidado então.
Depois de trocas saudações, Theresa se virou e começou a andar. Paul e os outros seguiram atrás silenciosamente. Theresa parecia estar curiosa sobre Olivia e a olhava de ver em quando pelo caminho.
Depois de caminharem cerca de trinta minutos e passarem por três muros da cidade, chegaram até um portão principal familiar. Theresa parou ali, então deu meia volta e falou com um tom lisonjeado:
— Peço desculpas, devido a preocupações de segurança, apenas dois dos seus companheiros podem seguí-lo para dentro. Eu preparei quartos para o resto da escolta de segurança, eles podem descansar lá.
— Espera, isso é muito repentino!
Claudia não pôde deixar de protestar contra esse acordo forçado. Mesmo para os inimigos, havia um limite para o quão imponente podiam agir. Mas Paul bateu no ombro de Claudia para acalmá-la.
— Subtenente Claudia, está tudo bem. Segunda tenente Theresa, entendo o que está dizendo. Bem, então a segunda tenente Olivia e a subtenente Claudia me acompanharão.
Quando ela ouviu o que Paul disse, Theresa olhou surpresa para Olivia. Por outro lado, Olivia não deu atenção, olhando em volta com curiosidade.
— Segunda tenente Theresa, algum problema?
— N-Nenhum, senhor. Perdão, por aqui, por favor.
No dia seguinte.
No salão principal, cheio de oficiais imperiais, se realizou a cerimônia de assinatura da troca de prisioneiros.
Depois de Felixus e Paul assinarem o contrato, eles apertaram as mãos. Enquanto os oficiais sussurraram “então ele é aquele deus demoníaco”, Felixus falou:
— É uma honra conhecê-lo, lorde Paul. Lamento dizer isso mas estar na presença do famoso deus demoníaco me dá arrepios.
— O prazer é todo meu, lorde Felixus, o famoso comandante dos cavaleiros azuis. Francamente, nunca pensei que fosse tão jovem.
— As pessoas costumam me dizer isso.
Paul e Felixus sorriram um para o outro. A cerimônia de assinatura continuou sem problemas e aparentemente terminou de forma pacífica.
— Eles foram embora?
Felixus olhou pela janela e perguntou à Theresa.
— Sim, senhor. Saíram há alguns minutos. Eles te mandaram lembranças – Sua Excelência? O senhor está bem? Você parece mal.
Theresa olhou para ele com preocupação quando falou isso. Felixus se sentiu culpado por preocupar sua subordinada e balançou a cabeça.
— Estou bem. Tirando isso, segunda tenente Theresa, falou com as duas acompanhantes do lorde Paul?
— Na verdade não… Mas uma deles é muito nova. Fiquei surpresa quando soube que era uma segunda tenente como eu.
— Entendo…
Durante a cerimônia de assinatura, ele pôde ver a garota de cabelos prateados atrás de Paul, o observando. Sua presença era ainda mais forte que a de Paul, que era conhecido como deus demoníaco. Era tão forte que Felixus sentiu arrepios.
“Que aura incrível de sangue e morte. Ela é a própria personificação da ‘morte’. Aquela garota provavelmente é uma grande ameaça para o exército imperial.”
Olivia e Felixus.
Demoraria muito tempo até que os dois se encontrassem novamente.