Tradução: Eudarda
Volume 2
Capítulo 2 – O Regimente de Cavalaria Independente, Começa
I
— Z, está bom agora?
— Não. Você não vai acertar seu alvo assim.
— Mas por quê? Ela já parou.
Na mira da garota que tinha curvado completamente seu arco, estava uma raposa cinzenta. As raposas cinzentas podiam ser encontradas em todo o continente de Dubedirica, as orelhas delas, onde tinham algumas manchas pretas, se mexiam.
— As raposas cinzentas são criaturas tímidas. As orelhas delas estão sempre funcionando. Algo tipo um sonar.
— O que é um sonar?
— Uma máquina complexa que utiliza ondas sonoras para detectar objetos.
— Ondas sonoras? Máquina complexa?
Z às vezes usava palavras difíceis. A garota inclinou a cabeça de forma desconcertante.
— …Não ligue para o que acabei de dizer. Só precisa saber que no seu nível, não vai acertar no seu alvo se disparar agora.
— O que devo fazer então?
— Eu sempre te digo a mesma coisa. Observe com cuidado os seus adversários.
A garota baixou seu arco e olhou fixamente para a raposa cinzenta, como Z instruiu. Um pouco depois, as orelhas da raposa apontaram subitamente na mesma direção.
— Z.
— Parece que encontrou uma presa. Segue o olhar da rapoza.
Z se inclinou para perto do rosto da garota e apontou para a frente. Olivia se sentiu tímida mas mesmo assim pareceu instruída.
— Oh, uma lebre malhada.
Como seu nome indicava, era uma lebre com manchar na pele. Tinha se misturado com o cenário e mudava a pele para uma tonalidade verde claro. Por causa das suas habilidades, era também chamada de lebre mímica.
— Se lembre. Não importa quão cautelosa a raposa possa ser, é uma questão diferente quando está caçando. Como estão vivas, elas têm que comer para sobreviver. Quando a atenção dela estiver na presa à sua frente, ela vai baixar a quarda. Então essa é uma boa oportunidade.
— Entendi!
A garota voltou a curvar o arco completamente. Ela apontou para a raposa mas Z mexeu sua mira na direção da lebre malhada.
— Tem que apontar para o momento em que a raposa cinzenta pular na lebre. Mesmo no seu nível, você vai conhecer sua apontaria.
— Okay!
A raposa parada começou a se preparar para atacar. De repente ela avançou na lebre e ao mesmo tempo a garota soltou a flecha que atingiu a raposa bem no pescoço.
A garota e Z se sentaram ao redor da fogueira sob essa noite estrelada. Os olhos da garota brilhavam enquanto ela colocava espetos com seu jantar em volta do fogo.
— Você melhorou muito suas habilidades com o arco.
Z murmurou enquanto observava a pilha de presas no lado. A garota olhou para a espada encostada na árvore e falou:
— Sim, mas prefiro usar a espada.
— Pode ser mas o seu adversário pode não te dar a oportunidade de lutar de perto. Você não tem nada a perder dominando essa arma.
Com isso, Z estalou os dedos, invocando uma névoa escura no meio do ar. Enquanto a garota observava intrigada, Z jogou o arco e a flecha na névoa. As armas desapareceram e o cenário voltou ao normal, como se nada tivesse acontecido.
— Isso é magia? Posso fazer isso também?
Isso era como a “caixa misteriosa” das histórias que podiam conter qualquer coisa. A garota olhou para Z com grande expectativa, porém…
— Não é magia, por isso você não pode fazer isso.
Foi um não devastador. A garota se encolhou triste.
— Entendo… isso é uma pena. A propósito, está quase pronto para comer. Esse ‘pássaro sugador de sangue’ é realmente macio e gostoso.
A garota rapidamente superou sua tristeza e mordeu a carne dourada da ave. O líquido se espalhou pela sua boca e ela parecia extremamente feliz. Z balançou a cabeça então atirava um galho na fogueira.
— Eh? Não vai comer? Por que não?
— Não tem porquê comer. Não consigo saborear e não vai me saciar. A minha dieta é fundamentalmente diferente da dos humanos.
— Entendo… então o que você come, Z?
A garota parou de comer e perguntou. Agora que pensava nisso, nunca tinha visto Z comer antes. Z olhou para a menina por um tempo e respondeu lentalmente:
— Almas humanas.
— Hm, elas são gostosas?
A garota queria provar um pouco se fosse bom.
— …A questão é se a qualidade é boa. Ultimamente a ‘força vital’ dos humanos está diminuindo. As almas de boa qualidade são difíceis de encontrar.
O rosto de Z ficou mais sombrio ao falar. Porém seu rosto era apenas uma sombra então isso era apenas como a garota sentia.
— Então não é muito bom?
Z assentiu.
— Em termos humanos, é isso é mesmo. Recentemente não tem guerras e os humanos não morrem assim tão facilmente agora. Graças ao avanço da tecnologia, a duração média de vida tem sido prolongada. O futuro parece sombrio.
— Z, você não pode simplesmente matar os humanos e comer suas almas?
Em vez de esperar pacientemente que os homanos morressem, matar eles e os comer iria ser mais fácil. A garota perguntou com isso em mente e então…
— Não posso matar humanos.
Z rejeitou sua ideia. Ele então jogou galhos na fogueira e continuou a falar.
— Masi especificamente falando, execeto para um povo pequeno, eu não posso matar pessoas. Como você disse, só posso por as mãos em humanos que morrerram recentemente ou em bebês que não tem consciência de si mesmos. Eu posso colher as almas de bebês mas não faz muito sentido já que seu recepiente é muito pequeno.
A garota pensou no que Z disse e perguntou:
— Então não está cheio o suficiente?
— Sim, essa analogia faz sentido.
Depois disso, Z ensinou muito sobre almas para a garota.
O que mais surpreendeu a garota foi que a alma iria resistir pouco tempo depois da morte do corpo de um humano. Essa alma possui toda a experiência de vida desse humano, o que alimenta a aula. A garota pensava que ao contrário das bestas, humanos mortos que não podiam ser comidos eram apenas lixo. Mas agora tinha aprendido algo novo, estudar era realmente importante.
Aliás, as almas não comidas por Z iriam se arrastar para um lugar chamado ‘reino zero’, onde permaneceriam até que reencarnassem.
— Obrigada por me ensinar tanto. Comer almas parece entediante. Quer que eu te ajude a matar alguns humanos? Tem muitos humanos passando pela floresta, certo? Quantos precisa para encher o estômago, Z? Dez? Vinte?
Quando ouviu a garota dizer isso, Z a observou com cuidado.
— Você é realmente digna de observação. Não quer mesmo voltar para o seu mundo de humanos?
— Poe que eu voltaria? Nunca pensei nada disso. Apesar de querer experimentar a sobremesa que leio nos livros.
Depois da garota ter expressado sua perplexidade, Z atirou o último galho na fogueira. A fogueira estalava e belos raios de fogo dançavam no céu noturno.
— Hm. Isso é ótimo.
A garota sorriu brilhantemente, aliviada, e começou a comer o pássaro de novo.
— …Depois de terminar essa refeição, vamo preparar mais variedades de alimentos na próxima vez. Você está prestes a atingir seu pico de crescimento.
— O que é um pico de crescimento?
— Em poucas palavras, seus ossos e seu físico vão crescer. Se você for exigente com sua comida, isso vai afetar o seu crescimento. Não coma apenas carne, você também tem que comer vegerais.
— Ehehe, entendi. Você tem muito conhecimento, Z!
Em resposta ao sorriso inocente da garota, Z pensou no tempo que passou com ela e olhou para as estrelas.
— Bom, a minha existência sem sentido tem persistido no purgatório todo esse tempo…
— Já é de manhã, huh…
Ela se virou para as janelas abertas e o sol iluminou seus olhos. Um vento que tinha cheiro de erva verde acariciou suavemente as bochechas de Olivia.
“Acho que dormi demais. De qualquer forma, já faz um tempo desde que não sonho com a minha infância. Me pergunto o que Z está fazendo agora. Quero encontrar ele logo.”
Enquanto ela pensava isso, Olivia pegou o relógio de bolso prateado ao lado de seu travesseiro. Ela o abriu e viu que era 9 horas da manhã. O café da manhã tinha acabado, então vão valia a pena usar seu Fleet Foot Dash para correr para o refeitório.
“Ah. Perdi o café da manhã… Não importa, vou pedir para o Ashton fazer um pão com mostarda para mim. Quero dez!”
Olivia saltou da cama, então colocou uma perna perpendicularmente na parede, antes de se esticar. Um tempo depois Claudia perguntou com uma voz exagerada “major, ainda está dormindo?” enquanto batia na porta.
Olivia rapidamente colocou o uniforme pendurado na parede e abriu a porta. Ela finalmente se lembrou que hoje iria partir para a Cidadela Emreed.
Duas horas mais tarde, campo de treinamento
A expedição para a Cidadela Emreed começava em breve e os soldados estavam se reunindo no campo de treinamento. Enquanto Claudia organizava as tropas em quatro fileiras com muito esforço, ao lado dela estava…
— Sr. Formiga e Sr. Formiga. Lutem.
Olivia cantarolava e brincava alegremente com formiga. Não só isso, ela murmurava algo perigoso “já faz um tempo, eu deveria tentar comer uma’. Claudia estava preocupada com a possibilidade de Olivia realmente comer as formigas e a chamou depressa:
— Major, para de brincar com as formigas. Os preparativos estão prontos, por favor faça seu discurso.
— Sim, entendi.
Olivia tirou a sujeira de suas mãos e subiu rapidamente no pódio à pedido de Claudia. Diante dela estavam os soldodas da antiga unidade de deslocamento e recentemente recrutaram soldados.
Esse era um novo e forte regimento de cavalaria indepente de 3.000 soldados. Ao contrários dos regimentos de cavalaria normais, a comandante do regimento tinha recebido muito mais autonomia. Esse era o jeito de Paul mostrar o quanto ele valorizava Olivia.
As tropas da antiga unidade de deslocamento esperava Olivia falar com rostos sérios. Por outro lado, os recrutar basicamente reagiram de dois jeitos quando a viram.
— Essa é a primeira vez que vejo alguém tão bonita. Será que ela é mesmo humano como a gente?
Alguns ficaram hipnotizados, enquanto outros…
— Essa garotinha é a comandante do regimento? Estamos mesmo confiando as nossas vidas nas mãos dela?
Olhou para Olivia com olhares duvidosos.
“Haveria algumas objeções a isso. Uma jovem liderando um regimento era completamente novo. Bom, eles vão entender depois de verem ela no campo de batalha.”
Ao pensar na elegância de Olivia no campo de batalha, Claudia falou em alto e bom som:
— Agora, a comandante do regimento Olivia vai falar algumas palavras! Atenção!
Todos os olhos decaíram sobre Olivia no pódio. Olivia claramente limpou a garganta e então colocou os braços em sua cintura.
— As pessoas morrem facilmente numa guerra. Se morrerrem, não poderão comer comida boa, nem sobremesas doces. Portanto, não morram facilmente. Eu, Claudia e o estrategista Ashton vamos traças os planos de batalha. Todos vocês, trabalhem duro para sobreviver, para comerem comida boa e sobremesas doces.
Com isso, Olivia se virou e saiu do palco toda saltitante. Ashton, que estava do seu lado no pódio, se acalmou desesperadamente. A maioria dos novos soldados pareciam perdidos e boquiabertos.
Guile então gritou “Estou em lágrimas! As palavras da comandante Olivia são tão comoventes! Como esperado da valquíria dos cabelos prateados!”.
— N-Na verdade, o que a comandante do regimento Olivia quis dizer é que vamos apresentar os planos para que todos sobrevivam, então não se preocupem e se concentrem nos combates! Regimento de cavalaria independente, se preparem para partir!
Por ordem de Claudia, aqueles que anteriorimente foram da unidade de deslocamento montaram em seus cavalos de guerra. Quando viram isso, os novos e confusos soldados saíram, começando a andar.
Olivia acariciou gentilmente seu cavalo preto e montou nele de forma elegante. O cavalo preto abanou seu rabo e relinchou alegremente.
— Major, os preparativos estão prontos. Por favor dê suas ordens para partirmos.
Claudia cavalgou e lembrou Olivia que então levantou o punho para o alto.
— Muito bem, vamos partir para a Cidadela Emreed. Andem, avancem!
Ao mesmo tempo, as trombetas que sinalizavam para que a unidade avançasse, rompeu pelo ar.
O regimento de cavalaria independente de Olivia iniciou sua viagem em direção à Cidadela Emreed.
II
O regimento de cavalaria independete seguiu para o norte do Forte Gallia, em direção ao seu primeiro ponto de passagem, a cidade Canary. O tempo estava limpo e com a montanha Est ao longe, florescia uma grande variedades de flores. Uma brisa suave soprou a grama sob os cascos dos cavalos e Claudia podia sentir o cheiro do aroma no ar. Numa quinzena, as flores estariam em completamente floridas.
— Major, por favor olhe para a sua direita. Está ficando mais quente por aqui e as flores estão começando a florescer.
— …
— Major, está me ouvindo?
— …
Independente do quanto Claudia falasse, Olivia não respondia, apenas penteava a crina do seu cavalo preto cum um beicinho.
— …Major, está na hora de parar de fazer birra. Isso vai afetar a animação das tropas.
— …Podemos passar pela capital no caminho até Emreed?
— Como eu disse, não.
Claudia recusou e Olivia virou a cara com as bochechas cheias. Por alguma razão, seu cavalo preto também tinha um olhar rancoroso. Claudia se sentia tão desconfortável que pensou em se afastar, o que mostrava como os olhares eram horríveis.
— Olivia, vou fazer seu pão de mostarde favorito durante a próxima pausa, então não fique zangada, está bem?
Ashton cavalgou até ali e ofereceu uma isca de alta qualidade para agradar Olivia. O corpo dela reagiu um pouco mas sua cabeça ainda estava virada para o lado. Até o molho de mostarde especial não conseguia convencê-la.
— Podemos ficar na capital por uma noite amanhã?
A caminho da Cidadela Emreed, Olivia estava animada porque teria a oportunidade de ir para a capital. Porém a visita de um dia à capital foi rejeitada e Olivia mostrou seu pior descontentamento para que todos vissem.
Havia duas rotas muito diferentes entre o Forte Galia e a Cidadela Emreed. Uma passava pela capital em direção a oeste, enquanto a outra passava pela cidade Canary e subia pelo deserto antes de se virar para leste.
O regimento de cavalaria independente escolhou essa última via. O motivo era simples, porque o regimento de cavalaria de Hosmund escolheu a primeira. Ao contrário da primeira onda que tinha como objetivo chegar no seu destino o mais depressa possível, a unidade de Olivia se concentrava na aprendizagem sobre os movimentos das forças imperiais e naturalmente seguia uma rota diferente.
Embora Olivia tivesse mais autonomia, ela continuava sendo um soldado e não podia desviar da rota planejada por causa de motivos pessoais.
“Estamos num beco sem saída logo após a partida.”
Claudia suspirou por dentro e continuou explicando numa tentativa de convencer Olivia:
— Major, mesmo que visitemos a capital, você não vai ser capaz de aproveitar o tempo para investigar. Além disso, não é assim tão fácil visitar a biblioteca real.
— …Por que é tão difícil visitar a biblioteca real?
Olivia se aproximou com o cenhor franzido. Claudia levantou os dois dedos e disse:
— Primeiro, a papelada para ter acesso à biblioteca demoraria dois dias, e também vai ser necessário uma recomendação de uma pessoa com credibilidade. Isso significa um aristocrata, e um de alto nível. Afinal de contas, as informações dentro da biblioteca real são muito importantes.
— Eu também quero ir mas como uma cidadão comum, não tenho qualquer chance de entrar lá.
Ashton que estava ao lado delas, murmusou com inveja. Ele não conseguia deixar de se comparar com Olivia mas ainda era um amante de livros. A biblioteca real era um lugar especial para ele. Quando a Olivia, o murmuro de Ashton não a comoveu nada.
— Mas eu já sou uma aristocrata, certo? Por que não posso entrar?
Ela protestou com um beicinho.
— É triste mas não. Ser uma nobre é apenas um dos requisitos para visitar a biblioteca. Ter uma recomendação de alguém com credibilidade é uma obrigação.
No fim, as origens de Olivia ainda eram um mistério.
Quando ela perguntou a Olivia sobre sua cidade natal, ela falou que era um santuário no meio de uma floresta. Com a ajuda de um mapa, descobriu que o local ficava no extremo ocidente do continente Dubedirica. Era popularmente conhecida por ser uma vasta floresta com um pequeno número de povoados. Pelos olhos escuros e cabelos prateados de Olivia, ela não era uma nativa daquele lugar. Segundo Olivia, ela foi adotada e criada por uma pessoa chamada Z. Quando Olivia descreveu seu passado turbulento com um sorriso, Claudia não pôde evitar ficar sem palavras.
E isso era um problema, já que a biblioteca real não permitiria a entrada só porque era nobre. No fim ela iria precisar da marca intangível da ‘credibilidade’, que não era algo que pudesse ser obtido tão rápido.
Independente do quão grandiosas fossem suas conquistas, Olivia ainda não tinha credibilidade. No entanto, Claudia não conseguia dizer a ela diretamente.
Mas havia uma exceção. Ashton podia não saber disso, mas se gastasse dinheiro suficiente, poderia visitar a biblioteca real. Por bem ou mal, o poder do dinheiro poderia compensar a falta de posição social. Porém Claudia achava que apenas um grupo de comerciantes conseguiria fazer isso.
— Claudia, não pode me dar uma recomendação?
Olivia olhou para Claudia com os olhos cheios de expectativa.
— Bom, é difícil dizer. O clã Junt tem uma longa história mas não posso ter certeza até ser aprovada.
O clã Jung podia estar ligado ao primeiro rei, Julius Zu Farnesse, o que mostra quanto tempo tinha sua história. Em seus 600 anos de história, eles produziram muitos cavaleiros notáveis e era um clã bem conhecido por seus feitos marciais. O clã chegou até a ensinar o uso de espada da família real no seu auge.
No entanto, agora eles eram apenas um dos nobres das fronteiras e não podiam sequer apoiar uma vila na capital. Era por isso que Claudia não podia garantir que funcionaria.
— De quem vai ser a boa recomendação então?
A inexpressiva Olivia se inclinou para ainda mais perto enquanto perguntava. Claudia rapidamente torrou os miolos e a primeira pessoa que lhe veio à mente em termos de mérito, fama e linhagem era Paul.
Se Olivia o pedisse, Paul agiria de bom grato como fiador. Porém Paul era um genral e comandante do sétimo exército, então seria burro ele se envolver demais em assuntos privados.
Claudia decidiu não contar a Olivia sobre a opção de pedir para Paul.
“Nesse caso, temos que encontrar alguém que possamos pedir sem se preocupar e que tenha o nível necessário para ser afiados. Como pode haver alguém tão conveniente… Espera, existe mesmo uma pessoa assim.”
A pessoa na mente de Claudia era um homem de cabelo loiro claro como ela. Quando Claudia era nova, ela também admirava sua habilidade com a espada.
— Neinhart-nii– Ahem, o brigadeiro general Neinhart vai ser uma boa escolha. Ele é bem conectado e os dois dias de papelada podem até ser anulados.
— Brigadeiro general Neinhart?
Ao ver Olivia inclinar a cabeça confusa, Claudia sorriu embaraçada. Os dois tinham se encontrado várias vezes mas Olivia não conseguia se lembrar dele. Ashton sabia que Olivia tinha uma ótima memória, mas isso era apenas para coisa que lhe interessavam.
— Não se lembra? Ele te visitou para te agradecer por ter matado Samuel do Violent Thrust.
— Samues do Violent Thrust?
Olivia cruzou os braços, sem conseguir se lembrar dessa pessoa. Claudia começou a descrever a aparência de Neinhart em detalhes e Olivia finalmente arregalou os olhous.
— Oh, lembrei agora! É aquele humano terrível em imitar um peixe!
— Pfft!
A resposta inesperada de Olivia fez Claudia rir. Embora ele fosse seu primo, ela achava Neinhart muito bonito. A avaliação de Olivia sobre ele ser o pior em imitar um peixe foi um escândalo. As mulheres que apoiavam Neinhart podiam até desmaiar na hora.
Mas isso só se aplicava às mulheres que gostavam dele.
“Agora, quando tiver oportunidade, vou com certeza falar para o Neinhar-nii-san sobre isso.”
Claudia sorriu de forma desonesta por dentro só de pensar nisso. Entretanto Olivia murmurou “agora que mencionou, ele me deu uma fruta chamada pêssego”.
“Ele queria vingar Florence pessoalmente… De qualquer forma, o Neinhart-nii-san é realmente grato pelo que a major fez.”
Claudia entendeu quanto Neinhart valorizava suas relações. Se Olivia lhe pedisse um favor, ele não hesitaria em concordar.
Claudia pensou no sorriso gentil de Florence e para que Olivia se concentrasse na missão, ela falou num tom sério:
— Mahor, se você quer pedir esse favor para o brigadeiro general Neinhar, então precisa completar essa missão como deve ser. Caso contrário, ele não vai aceitar seu pedido.
— Sim, tem razão, Claudia! Vou trabalhar muito!
Olivia assentiu com os punhos cerrados. Pela maneira como estava agindo, o humor de Olivia tinha melhorado. Como esperado, ser sombria não combinava com Olivia. Os soldados á sua volta provavelmente acharam o mesmo e todos surpiraram de alivio.
“Finalmente podemos nos concentrar em cumprir a missão.”
Claudia suspirou de alívio e Ashton elogiou Claudia por um bom trabalho, o que a deixou um pouco feliz.
Dois dias depois.
O regimento de cavalaria indepente chegou à cidade Canary.
III
— Isso… é realmente uma visão horrível.
O comentário de Claudia descreveru adequadamente o estado atual da cidade Canary. As paredes de madeira em volta da cidade estama a maioria destruídas. Homens forte e capazes carregavam madeira, se concentrando nos reparos, mas o progresso era lento.
Depois de atravessarem a aponte e os portões destruídos com sentimentos melancólicos, o que viram era ainda mais horrível. Escombros e janelas quebradas estavam por todo lado e era difícil até encontrar um edifícil intacto. Havia sangue por toda parte , o que mostrava o que aconteceu com a cidade antes.
A cidade recapturada de Canary estava repleta de escuridão.
— Ugh, esse cheiro…
O rosto de Claudia se contraiu. Os corpos provavelmente não tinham sido tratados e havia um pedor de podridão noa r. Ela tinha se acostumado com isso no campo de batalha mas definitivamente não era algo bom. Ashton sobriu o nariz com a manga e franziu o cenho.
Por outro lado, Olivia parecia não se importar e observava a cidade com curiosidade. Os cidadãos de Canary já tinham se acostumado com esse fedor, eles olhavam para o regimento de cavalaira independente com rostos cansados.
— Parece que o progresso dos trabalhos de restauração está diferente dos relatórios.
Ashton murmurou num tom amargo.
— Sim, é o que parece.
A cidade de Canary que foi construída ao longo do rio era conhecida por suas belas paisagens no sul do Reino. Porém isso já não existia. Claudia não conseguia imaginar quanto tempo levaria para a cidade se recuperar desse cenário.
Quando chegaram à base no centro da cidade, o grupo de Ashton se separou e cumprimentou o comandante do pelotão local. As crianças que tinham estado observando calmamente se reuniram em volta de Olivia antes de perceberem. Havia um menino e uma menina de aproximadamente 6 ou 7 anos e outro menino de 10.
As crianças olhavam para Olivia com os olhos brilhantes. Olivia, dona de uma beleza excepcional, tinha atraído a atenção dessas crianças.
— Onne-san, você é tão bonita quanto minha boneca.
A menina mostrou sua boneca rasgada à Olivia com orgulho.
— Sério? Mas não ligo para a minha aparência.
Olivia tocou seu rosto como se averiguasse isso. Uns meninos cheiraram Olivia.
— Você sentiu algo?
— Sim, tem cheiro bom.
— Oh, deve ser isso.
Olivia sorriu brilhantemente e tirou uns biscoitos de suas bolsas com orgulho. Os olhos das crianças começaram a brilhar.
— Uwah! Onee-san, isso é um lanche, certo!?
— É, é sim – Já experimentou antes?
O menino foi surpreendido pela pergunta de Olivia e negou com a cabeça de olhos bem abertos.
— Impossível eu ter comido isso antes. Apenas os nobres podem comer, não é? É isso o que minha mãe me disse.
— Sério?
Olivia olhou para Ashton de forma curiosa.
— Bom, é mais comum na capital, mas ainda é considerado um luxo. Os plebeus não conseguem comer.
— Mas você não é um plebeu, Ashton? E você tinha bolo antes. Eu lembro que no caminho para o Forte Lamburg, você me disse que sabia o que eram bolos e que já tinha comido antes.
Oliva mostrou mais uma vez sua excelente memória.
— É porque minha família gerencia um grande negócio.
— Como assim?
— Significa que minha família é relativamente rica… Resumindo, temis mais dinheiro.
Olivia não tinha senso comum. Ela falou que cresceu na floresta mas Ashton ainda ficou surpreso quando soube que ela nem sabia o que era dinheiro antes de entrar para o exército.
— Hm, por isso que o Ashton pode comer bolos…
Olivia examinou os biscoitos em sua mão e se virou para as crianças.
— Querem experimentar?
Quando ouviram isso, as crianças todas piscaram sem saber o que fazer. Estavam hesitantes em aceitar essa oferta.
— P-Podemos? A gente não tem dinheiro.
Um menino virou seus bolsos que só tinham terra e sujeira.
— Eh. Não preciso do dinheiro de vocês. Os livros dizem que sua boca vai cair de tão doce que é mas isso não vai acontecer de verdade. Podem relaxar e comer.
Com isso, Olivia deu um biscoito para cada uma das três crianças. Depois que as crianças pegaram os biscoitos, elas se olharam e morderam com grande sorrisos.
— Onee-san, isso é muito bom!
— É delicioso!
— Uwah! É tão bom! Tão bom!
As crianças gritaram seus elogios. Olivia cruzou os braços presunçosamente ao ver isso. O chocado Ashton então falou:
— Agora eu estava pensando por que você tinha isso com você. Quantos sobraram?
— Hm, deixa eu ver… cerca de dez?
Olivia respondeu depois de olhar dentro do saco. Quando Ashton ouviu isso, ele olhou para o prédio com um telhado vermelhor à oeste, onde algumas crianças observavam timidamente.
— Dois, quatro, seis… Oh, os números estão certos. Então compartilha seus biscoitos com aquelas crianças também, está bem?
— Eh…!? M-Mas… Não vai sobrar para mim comer…
O rosto de Olivia mostrou desespero total. Ela então atacou Ashton como uma criança, chamando ele de demônio. Ao ver sua resistência desesperada, Ashton não pôde evitar sorrir.
— Pode me chamar de demônio ou o que quer que seja, mas você deu biscoitos para essas crianças e não deu nenhum para aqueles, não acha isso lamentável?
— Mas se todos os biscoitos acabarem, eu não vou ficar pobre?
Ashton deu um tapinha no ombro de Olivia que tinha as bochechas cheias de raiva e falou:
— Da proxima vez vou te dar um bolo. E não vai ser apenas um bolo normal também – Hehe.
— Q-Que tipo de bolo?
Olivia se esqueceu da sua raiva e engoliu em seco:
— Na verdade, tem uma confeitaria na capital que só os clientes habituais conhecem. Dizem que quando você come lá, os outros bolos não vão se satisfazer de novo…
Olivia repetiu com um rosto hipnotizado. Ashton aproveitou essa oportunidade para ir para a caça:
— Isso mesmo. Isso significa – que é incrivelmente delicioso.
Mas eram apenas rumores.
— S-Sério!? Vai me levar nessa confeitaria!?
— Juro em nome de Ashton Senefelder.
Ashton colocou a mão esquerda no peito e fez um sincera reverência.
— Sem voltar atrás!
Olivia mordeu a isca muito facilmente. Ashton riu por dentro e então acenou para as crianças. Elas se reuniram timidamente.
— Muito bem, essa ladu aqui vai distribuir biscoitos deliciosos para todos. É gratis, se entenderam então forme uma fila na frente dela.
Antes mesmo que Ashton terminasse, as crianças já formavam a fina como soldados bem treinados. Ashton sorriu ironicamente com essa cena e gesticulou para Olivia com seus olhos. Olivia entregou os biscoitos às crianças com um sorriso forçado.
Depois que ela deu o último pedaço, suas mãos pareceram tremer. Ashton decidiu que estava apenas vendo coisas.
— Você é realmente gentil.
Enquanto Ashton observava a interação de Olivia com as crianças, de repente ele ouviu uma voz vinda de trás. Ele se virou e viu Claudia com um sorriso tão acolhedor quanto o sol durante a primavera.
O tímido Ashton arranhou o nariz.
— Bom, isso é tudo que podemos fazer por eles nesse momento. Só podemos rezar para que a cidade de Canary se recupere logo.
— É verdade.
Claudia respondeu de forma curta.
Os dois olharem para a frente, onde Olivia estava sorrindo inocentemente enquanto as crianças a rodeavam.
Na manhã seguinte.
Olivia e companhia estavam comendo em seus aposentos temporários, quando o comandante do pelotão local os visitou com um rosto azedo.
— Qual o problema? Planejavamos partir depois de tomar o café da manhã.
Quando ele ouviu Cardia dizer isso, o comandante do pelotão arranhou as bochechas de forma preocupante:
— Me perdoem por perturbar suas refeições. Na verdade–
— Por favor! Por favor, por favor salvem a tenente general Sara!
Um homem de repente apareceu de trás do comandante e suplicou com os braços nas pernas de Olivia. Ele estava coberto de poeira mas o emblema de seus estrelas roxas ainda era visível em seus ombros. Ele parecia ser um mensageiro do sexto exército.
— Por que um mensageiro do sexto exército está aqui… Lembro que o sexto exército está posicionado no Forte Peshita.
Em resposta à pergunta de Ashton, o homem assentiu repetidamente.
Depois do sexto exército perder para os cavaleiros de metal pleno na frente de guerra do sl, eles conseguiram escapar do destino de serem dizimados. Agora, eles deveriam ser designados para o Forte Peshita e encarregados da defesa da parte ocidental da zona central.
— Você é Berhard, certo? Solte as pernas da major. Vamos falar disso depois.
Claudia se levantou lentamente de seu assento e pressionou Berhard com seu olhar.
— Me desculpe.
Berhard soltou as pernas de Olivia em pânico e caiu com a testa no chão. Claudia se sentou de novo com um grunhido. Olivia não se incomodou nada e perguntou até de forma manhosa?
— Então, o que aconteceu? Ouvi você pendindo para salvarmos a tenten general Sara ou algo assim.
— S-Sim, mademoiselle! Nossas forças foram cercadas pelo exército Swaran! Por favor, nos salve!
IV
Exército Real, Forte Peshita
— Parece que isso é uma causa perdida.
Sara falou enquanto observava o exército Swaran de um canto do forte. O coronel superior Roland puxou o braço dela com a respiração entrecortada.
— Vossa Alteza, Sara! Por favor, não observe a batalhe de um lugar como esse! E se uma flecha perdida te atingir!?
— O pior que pode acontecer é eu morrer dessa flecha?
Sara, cujo braço estava sendo puxado, respondeu de forma indiferente.
A tenente general Sara Sem Livia era uma jovem de 21 anos de beleza com traços delicados e a única general mulher do Reino.
Além disso, ela tinha outro título.
A quarta princesa do Reino Farnesse. Ela era um meio de transmitir para os plebeus que a realeza também estavam lutando na linha de frente. Esse era a base de como Sara, a mais capaz entre os generais, acabou liderando o sexto exército.
Em outras palavras, por causa da posição política da quarta princesa e sua admiração pelos cavaleiros que a fizeram aprender a usar espada, fizeram dela a ferramenta de propaganda perfeita para a família real Farnesse.
— Já que entende, por favor fique longe do muro! Se o inimigo te matar, o sexto exército já era!
Roland suspirou profundamente, então deu um sermão à equipe de acompanhantes que chegaram um pouco depois, ordenando que protegessem Sara cuidadosamente. Durante todo esse tempo, soldados do Reino Swaran ainda atacavam com escadas de cerco. Os defensores revidaram com lanças, derrubando pedras e jogando água escaldante.
O Reino Swaran, o estado vassalo do Império, invadiu o Forte Peshita há uma semana. Devido à grande diferença numérica, Sara optou por uma batalha defensiva no forte, mas faltava abastecimento alimentar que era crucial para a defesa do forte. Mesmo um exército de elite não conseguiria ganhar uma batalha de estômago vazio e o sexto exército não era uma força de elite de forma alguma.
— Reforços estão chegando?
Sara foi forçada pelos seus subordinados a se sentar numa cadeira e murmurou casualmente entquanto abraçava seu joelho. Ela não deixou claro que estava perguntando à Roland mas ele ainda assim respondeu:
— Enviei um mensageiro para pedir ajuda ao sétimo exército…
Roland parou no meio da frase e Sara entendeu o que ele queria dizer. Ele pediu ajuda mas já sabiam que o sétimo exército tinha sido enviado para enfrentar as forças imperiais que dizimaram o terceiro e quarto exército. O seu pedido de ajuda era apenas um risco.
Estaria o sétimo exército disposto a ajudá-los…?
— Pelas nossas estimativas, os reforços levariam pelo menos uma semana para chegar aqui. Acho que esse forte não consegue aguentar tanto tempo.
Sara suspirou profundamente, então sorriu para Roland.
— …
Roland ficou em silência mas seu rosto tinha ficado mais sombrio. Isso provou que o que Sara falou estava correto.
O Forte Peshita foi construído apressadamente durante a era da guerra e não era de modo algum uma fortaleza forte. A cada batida do aríete contra os portões principais, os suportes de badera rangiam. Os defensores faziam tudo que podiam mas não conseguiam vencer contra os números maiores do inimigo, que podia facilmente aumentar seus números e continuar atacando os portões.
Eles conseguiram recuar após a derrota para os cavaleiros de ferro pleno, mas a situação aqui era diferente. Não tinha como escapar de um cerco.
“Podemos simplesmente nos render quando toda a esperança se for. Se eu oferecer minha cabeça, provavelmente vão poupar meus homens. Eu posso estar no final dos direitos de sucessão mas a cabeça de uma princesa ainda era de algum valor.”
Enquanto a batalha seguia, Sara se decidia silenciosamente.
◉
Depois do descanso e reabastecimento do regimento de cavalaria independente, um grupo de crianças os assistiu sair da cidade de Canary com aplausos. Olivia acenou adeus às crianças mas no momento em que deixou a entrada, ela puxou as rédeas e olhou na direção da floresta.
— Major, algum problema?
Ao ver o rosto de Olivia ficar sério, Claudia manteve a guarda alta e perguntou. No entanto, a resposta de Olivia foi confusa.
— Só estou pensando nos ratos da sarjeta que andam por aí.
— …Hah, rator da sarjeta, huh.
Claudia percebeu que um peso saiu dos ombros dela. Que tipo de ratos da sarjeta fez Olivia parar seu cavalo? Claudia olhou ao redor com cuidado mas não viu sinais de ratos. Em primeiro lugar, era improvável que ratos vagassem em plena luz do dia.
Ela tentou examinar a área com os poderes de seus olhos – Olivia os chamou de “olhos celestiais” – mas os resultados foram os mesmos.
— Mas não vejo nada.
Ela falou para Olivia a verdade e ela se virou olhando para floresta com desinteresse e começou a acariciar a crina de seu cavalo preto.
— Não ligue. Vou pisar neles se eles se aproximarem demais. Vamo logo ajudar o sexto exército.
Com isso, Olivia cavalgou para oeste, que estava na direção oposta ao seu destino original, a cidade deserta de Keffin.
— Está tudo bem mesmo? Estamos nos afastando do nosso objetivo original…
— Mas não podemos deixá-los com sua desgraça, certo? Mesmo que enviemos um mensageiro para informar as forças principais, eles podem não conseguir chegar a tempo.
Nisso, Olivia olhou para Berhard. Ele abaixou tanto a cabeça que quase bateu nas costas do cavalo que montava.
— Tem razão, mas seria ruim se o segundo exército ficasse em perigo por causa disso…
Em termos de urgência, o sexto exército estava em perigo mais eminente. Mas de modo geral, o segundo exército era muito mais importante. Ajudar ambos os lados seria arrogante mas era isso que Claudia esperava que pudessem fazer.
— O segundo exército vai ficar bem. Ashton já não disse isso? As forças imperiais do norte estão à espera do sétimo exército. Então não vão tomar nenhuma ação antes de chegarmos.
Com isso, Olivia olhou para o rosto tenso de Ashton ao seu lado.
— B-Bom, eu falei isso mas só é meu instinto e não tem garantias…
Ashton alternou seu olhar entre Olivia e Claudia, e explcou de forma pouco corajosa. Olivia deu um tapinha nas costas do desanimado Ashton e falou:
— Ahaha, Ashton, você é realmente interessante.
— O que é interessante?
— O jeito como responde a pergunta corretamente mas te falta confiança para sustentá-la. É por isso que sempre perde para mim no xadrez. Ser cuidadoso é importante, mas ser demais é um tiro pela culatra.
Olivia o avisou com o rosto sério.
— …!?
Ashton queria negar – mas baixou a cabeça brevemente. Olivia fechou as palmas das mãos e esticou as costas e se virou para Claudia:
— Muito bem, o tempo é curto, vamos nos apressar e partir.
Como se entendesse o que Olivia disse, o cavalo preto relinchou e galopou pelas terras de acordo com os desejos de sua patroa. Ashton, Claudia e o resto do regimento de cavalaria independente rapidamente a seguiram.
“Tenente general Sara, por favor aguenta.”
Berhard apertou as rédeas e impulsionou seu cavalo para a frene.
Depois do regimento de cavalaria independente ter desaparecido ao longe.
— Será que aquela garota notou a nossa presença?
— Isso é impossível.
Dois homens vestidos de preto apareceram na floresta. Era o primeiro tenente Alvin e o sargento-mor Leicester da divisão de inteligência do Império, “Miragem”.
— Não, é óbvio pelos seus movimentos que ela notou. Ela realmente nos detectou de tão longe. Considerando sua aparência, ela deve ser aquele monstro dos rumores, será…?
— Primeiro tenente Alvin, isso é impossível. Ela não está usando um binóculo, então acho que é apenas coincidência.
Leicester se encolheu e colocou o binóculo de volta à cintura.
— É por isso que você ainda é um sargento-mor mesmo depois de tanto tempo de trabalho. Você está preso ao bom senso, o que limita sua visão. Tem coisas nesse mundo que estão além da nossa imaginação.
— …Você quer dizer os feiticeiros?
Leincester perguntou surpreso e Alvin assentiu.
— Os feiticeiros são um desses exemplos. Também podemos assumir que existem outras entidades semelhantes a eles.
— Está falando que aquela garota é uma entidade dessas? Para ser honesto, nem consigo imaginar ela matando uma mosca.
Leicester franziu o cenho enquanto olhava na direção para onde o regimento de cavalaria independente seguia.
— O exército real não é estúpido o suficiente para deixar uma garota inocente comandar uma unidade. Ela é um exemplo típico de um livro que não deve ser julgado pela capa. Sargento-mor Leicestes, você deve ter ouvido falar do que aconteceu com o Castelo Kaspar, certo?
— Quer dizer os rumores sobre aquela garota que não pode ser ferida por lâminas? Isso é só besteira que os soldados costumam falar.
— O que você chama de besteira matou 4.000 soldados e os forçou a entregar o Castelo Kaspar sem lutarem. O lorde Osborne e o lorde George provavelmente foram mortos pela pessoa desse boato também.
— Está falando sério?
Leicester estava atordoado.
— Ainda estamos juntando ‘cacos’ nesse momento, então não posso dizer com certeza.
— …Já reportou isso para a lady Rosenmarie?
Leicester perguntou com calma. Alvin negou com a cabeça.
— Ainda não. Como disse, ainda estamos juntando pistas.
Toda a Miragem sabia que Rosenmarie guardava um forte rancor do sétimo exército por ter matado Osborne. Foi fácil deduzir isso, já que metade dos agentes da Miragem foram enviados para investigar os movimentos do sétimo exército.
Era por isso que era difícil relatar isso sem conseguir mais provas. Alvin sabia que a informação pela metade só iria criar caos.
— Você sabia? Por mais absrudo que parece, deve ter um pedaço de verdade neles. Nós somos a Miragem da divisão de inteligência. Recolher esses pedaços e reportar a informação completa é o nosso dever. Lutar é o nosso último recurso, não se esqueça disso.
Alvin parecia estar falando isso para seu próprio bem. Ele então bateu no ombro de Leicester.
— Sim, vou manter isso em mente – A propósito, viu o estandarte deles?
— É claro, um leão e sete estrelas, eles definitivamente são o sétimo exército.
Depois de tudo isso, Alvin suspirou de alívio. A pressão constante de Rosenmarie tinha aumentado a tensão em sua mente.
— Mas isso é estranho. Se estão indo para o norte, não deveriam seguir primeiro para leste…?
Leicester olhou para a poeira deixada pelo sétimo exército e inclinou a cabeça de forma confusa. Como ele disse, se querem ir para a parte norte do Reino, eles tem que virar para leste aqui. Mas a unidade do sétimo exército vista estava indo para o oeste.
— Talvez estejam indo para a linha de frente central?
— O que devemos fazer então?
— …Vejamos, vou liderar o resto da unidade para continuar seguindo eles. Temos que descobrir os objetivos deles ou não podemos fazer um relatório adequado. Sargento-mor Leicester, transmita a notícia de que avistamos o sétimo exército à lady Rosenmarie imediatamente. Lembre-se, não mencione nada relacionado ao lorde Osborne.
— Sim, senhor!
— Mais uma coisa, diga a ela que a garota pode ser o monstro dos rumores.
— V-Vai ficar tudo bem?
— Temos que avisá-la, embora ela possa não estar interessada naquele monstro.
— Entendido.
— Muito bem então, vá.
Leicester saudou Alvin e correu para o leste com suas ordens. Alvin o viu partir e pensou num colega que tinha desaparecido.
“O contato com o segundo tenente Zenon foi interrompido depois de ter se infiltrado no Forte Galia. Esse Zenon é o melhor na questão de feitos marciais na Miragem. Também tem o problema com o mostro então é melhor tomar cuidado.”
V
Exército Imperial, Castelo Windsam, escritório de Gaier
No momento em que Gaier voltou para o seu escritório, seus assistentes que o esperavam o saudaram. Depois de devolver a saudação, ele se sentou lentamente.
— Coronel Gaier, este é o relatório de hoje.
Gaier pegou o relatório calmamente e começou a folheá-lo. Eram basicamente queixas de proprietários que estavam sendo usados para proteger o Império.
“O esquema da Vossa Graça está funcionando. Parece que vamos controlar o norte do Reino mais rápido do que o esperado.”
Com isso em mente, o olhar de Gaier foi para o fim do relatório.
“A hora finalmente chegou. Só pode ser agora…”
Gaier suspirou e levantou da cadeira que ainda estava quente.
— Coronel, está indo embora?
— Onde está Sua Graça?
— No lugar de sempre.
— Entendi. Volto dentro de uma hora.
Nisso Gaier foi em direção ao escritório de Rosenmarie.
— Gaier aqui, pedindo uma audiência com a comandante.
Gaier falou enquanto empurrava a porta do escritório da comandante e sentiu o ar pesado dentro da sala. As cortinas estavam abertas mas as janelas bem fechadas. Gaier abriu a janela para ventilar a sala, caminhou até Rosenmarie que estava escrevendo em sua mesa e fala:
— Vossa Graça, pode me dar um pouco do seu tempo?
— Huh? É você, Gaier, huh… Como pode ver, estou cheia de trabalho.
Rosenmarie nem sequer ollhou para o lado e respondeu sem paciência. Ela deve ter bagunçado o cabelo antes já que seu lindo cabelo ruivo estava bem bagunçado.
A alta Rosenmarie que preferia usar uniforme masculino, era popular entre as nobres senhoras e empregadas, e ficava cercada por elas durante bailes e festas. Rosenmarie também estava bem perturbado com isso.
“A propósito, ela pareca estar de mau humor.”
Gaier mirou seu olhar na causa disso tudo. As pilhas de documentos em sua mesa.
Se passou quase um mês desde que derrotaram o terceiro e quarto exército no teatro de guerra do norte. Recentemente Rosenmarie tinha passado a maior parte dos seus dias dentro do seu escritório.
A razão era simples. Eles ganharam o controle da parte norte do Reino muito rápido e o processo administrativo não conseguia acompanhar. A maior parte dos trabalhos administrativos foram resolvidos pelo grupo de oficiais civis e o som de suas canetar na porta ao lado podiam ser ouvidas até agora.
No entanto ainda havia muitos documentos que exigiam a verificação de Rosenmarie, e os oficiais civis não conseguiam lidar no lugar dela. Ela não teve escolha a não ser trabalhar duro nisso, mas se precisasse de alguma ajuda de Gaier, seu adjunto, ele ficaria mais do que feliz em ajudar.
“Sua Graça é brilhante, então não preciso lhe dizer isso.”
Gaier arrumou sua postura sentado e falou as palavras que Rosenmaria esperava ouvir.
— A Miragem enviou um relatório.
No momento em que falou isso, a caneta na mão de Rosenmarie estalou. Ela então levantou sua cabeça lentamente com um sorriso perverso.
Sua expressão incomum chocou Gaier, que se afastou.
— E?
— S-Sim, mademoiselle. A Miragem encontrou vestígios do sétimo exército no sul do Reino, perto da cidade de Canary. São 3.000 homens e provavelmente é a vanguarda assim como a escolta. E também…
— Também?
Rosenmarie repetiu intrigada. Ela parecia tão animada que podia começar a cantarolar uma música, o que parecia um pouco assustador. Gair umideceu os lábios secos e falou o que estava hesitanto em dizer:
— …Isso é apenas a visão subjetiva da Miragem e não é verificada…
Com esse aviso, Gaier transmitiu a informação de que unidade era liderada por uma garota de cabelo prateado e ela podia ser o monstro dos humores – para Rosenmarie. Essa informação era apenas especulação, mas como veio da Miragem, Gaier sentiu que era muito provável ser verdade.
Quanto a Rosenmarie, o seu sorriso ficou mais perverso depois de ouvir essa informação e finalmente riu alto:
— Ahahahaha! Ótimo! Como esperado da Miragem, bom trabalho!
— Porém os movimento da unidade são um pouco estranhos.
— Haha… Estranho? Por que diz isso?
O rosto de Rosenmarie se tornou um pouco sombrio.
— Estão indo para o norte e virando para oeste.
— Oeste? Estão se afastando de nós?
Rosenmario mexeu em seus lábio um pouco sedutoramente e pensou profundamente. Mas ela parou em pouco tempo e falou:
— Tch! Graden, aquele velho idiota, criando problemas desnecessários de novo.
Ela criticou o marechar do Império em voz alta. Gaier sabia que os dois estavam sozinhos mas mesmo assim não pôde evitar olhar pelo escritório.
— Excelência, por favor, cuidado com suas palavras. Criticar o lorde Marechal é ir muito longe.
— Hmph, Estamos só nós dois nessa sala então tudo bem.
Rosenmarie não se importou, mas Gaier insistiu:
— Mesmo que isso seja verdade, ainda tem que tomar cuidado. Tem muitas pessoas de olho na sua posição e o que acabou de dizer seria um excelente material para que te tirassem do seu posto.
A linhagem e feitos de Rosenmarie eram impecáveis mas ela ainda tinha seus inimigos no Império. Havia muitas pessoas que gostariam de vê-la cair do seu salto. Claro que seria inútil se não tivessem a capacidade de um tri-general, mas oferecer motivo que pudesse ser usado contra você era precipitado.
— Entendi, entendi. Não gosto muito da posição de uma tri-general imperial mas também não planejo entregá-la a incompetentes.
Rosenmarie então zombou.
— É bom que você possa entender as implicações – Mas o movimento do sétimo exército realmente está relacionado com o lorde marechal?
Quando ouviu a pergunta de Gaier, Rosenmaria lentamente virou sua cadeira e respondeu:
— Sim e ele também desempenhou um grande papel nisso. A sudeste do teatro de guerra central, está o Forte Peshita que estava sendo defendido pelo sexto exército real. Se bem me lembro, o marechal Graden ordenou que o Reino Swaran atacasse essa fortaleza.
Gaier olhou para o mapa pendurado na parede e assentiu.
— Entendo… Então a vanguarda deles está indo ajudar o sexto exército?
— Deve ser isso. Ele é mesmo um incômodo.
Rosenmarie estalou novamente sua língua. Gaier de repente percebeu que soltou um suspiro de alívio.
“Será que estou com medo do sétimo exército e daquele chamado monstro…?”
Gaier pensou sozinho e continou perguntando:
— Então eles não pretendem ir para o norte?
— Em qualquer caso, eles não vão ser estúpidos o suficiente de nos deixar em paz para fazermos o que quisermos. Assim que a vanguarda partir, a força principal vai vir em breve.
— Então a força principal vai vir para cá?
— Isso mesmo.
Rosenmarie assentiu de forma descontraída. Suas especulações fazima sentido e Gaier não tinha dúvidas de que ela estava certa. Havia uma chance de que a força principal do sétimo exército pudesse ir ajudar o Forte Peshita no teatro de guerra central mas dada a situação atual, a chance de isso acontecer era muito pequena.
— Como vamos lidar com a vanguarda do inimigo?
— Não temos o que fazer, ja que temos que ser atenciosos com a reputação do marechal. Mas estou chateada por ele se meter no meu caminho.
— …E se o monstro repelir o exército de Swaran?
Gaier se preparou para falar de algo problemático e perguntou. Rosenmarie se inclinou com força para trás e seus olhos vagaram por um momento.
— Bom… Se chegar nesse ponto, mande Volmar lidar com ela.
Rosenmarie estalou os dedos com orgulho enquando dizia sua resposta.
— Tenente coronel Volmar?
Gaier rapidamente balançou a cabeça.
— Hm? Você acha que eu ia pôr tudo de lado e desafiar aquele monstro para um duelo?
— !? I-Isso é…
O que Rosenmarie disse fez parecer que tinha lido a mente de Gaier e o deixou sem palavras. Intrigada com a reação de Gaier, Rosenmarie exxplicou:
— Não fique tão surpreso, não é tão complicado. Meu objetio é destruir o sétimo exército que matou o general Osborne e não cuidar daquele monstro. E uma mera revolta de 3.000 soldados não vale meu tempo a ponto de entrar em campo, vou acabar me tornando alvo de chacota no Império.
Rosenmarie riu alto.
“Sua Graça está interessada naquele monstro mas não pretende combatê-lo diretamente. Esse é o ponto…”
Independentemetne, era ótimo que o monstro não tenha chamado toda a atenção de Rosenmaria. Antes que ela pudesse mudar de ideia, Gaier rapidamente concordou:
— Enviar o tenente coronel Volmar é um boa escolha. Monstro ou não, seria insensato para Vossa Graça ir para o campo pessoalmente.
— Não é mesmo? Tudo bem se Volmar conseguir matar aquele monstro já que significa que o monstro não vale a minha atenção. Mas se Volmar morrer, então eu vou acabar com aquele monstro junto com aquele exército. É simples assim.
As preparações depois disso seriam feitas por Gaier.
Com isso, Rosenmarie começou a trabalhar novamente nos seus papéis. Ao contrário de antes, o som de sua caneta tinha mais ritmo.
Gaier saiu rapidamente do escritório com as ordens dela. Depois de fechar a porta, ele pôde ouvir a risada enlouquecida de Rosenmaria e sentiu um arrepio.