Capítulo 421 – Silêncio Anormal


Franca também notou as pegadas e rastros. Após observá-los cuidadosamente por um tempo, ela comentou: — Pelo menos quatro pessoas se juntaram nas últimas duas semanas…

— Maipú Meyer tem cúmplices?

Lumian olhou para o desabamento que havia sido preenchido e refletiu por um momento antes de dizer: — O mais importante não é se eles têm cúmplices, mas o que estão fazendo aqui.

— Se for realmente Maipú Meyer e não uma equipe aleatória de exploradores de cavernas, ele sabia há muito tempo que este lugar havia sido destruído pelos Beyonders oficiais. Não haveria nada valioso para trás. Por que ele trouxe pessoas aqui recentemente? Para prestar homenagem?

— Não é impossível — Franca murmurou. — E se ele conseguisse algo e recebesse uma nova bênção da Árvore Mãe do Desejo, tornando-se um Espírito da Árvore Caída?

— É também conhecido como Bebê Cupido. Deve haver um desejo distorcido nos assuntos do coração, assim como Susanna Mattise fez com Charlie. Portanto, Maipú Meyer vindo especialmente para prestar homenagem ao seu amor falecido se encaixa nas características do caminho.

— Mas não há necessidade de trazer três ou quatro pessoas para vê-lo homenagear, certo? — Lumian examinou os arredores. — Talvez ele não tenha feito isso de propósito, mas simplesmente passou por ali?

Franca rapidamente entendeu o que Lumian queria dizer.

— Você está sugerindo que Maipú Meyer e seus cúmplices frequentam o subsolo do distrito comercial?

 

Lumian ofereceu um breve reconhecimento.

— Agora acredito que Maipú Meyer não retornou ao distrito comercial para lidar comigo. Ele pode eventualmente buscar vingança, mas esse é o resultado, não o objetivo.

— O alvo deles é algo subterrâneo no distrito do mercado? — Franca franziu a testa. — Mas a Árvore das Sombras está severamente danificada. O que há de tão especial neste lugar? Não pode ser que a entrada para a Trier da Quarta Época esteja abaixo do distrito comercial…

Franca parou abruptamente.

Isso não era impossível!

Lumian rapidamente se lembrou da situação no distrito comercial e de vários rumores que conhecia. De repente, ele se lembrou de algo.

A “boneca” mensageira da Madame Mágica tinha uma forte aversão ao Salle de Bal Brise, alegando que ossos velhos estavam enterrados sob a área.

Isso tinha que se referir a uma situação única abaixo do distrito comercial. Além disso, o edifício de frente para Salle de Bal Brise era suspeito de estar relacionado ao antigo cemitério da Igreja do Santo Robert.

Lumian prontamente compartilhou essa informação com Franca antes que eles continuassem seguindo os rastros para fora da mina de sacrifício destruída.

— Realmente há um problema… Não é difícil descobrir. Convoque aquela mensageira mais tarde e pergunte — Franca comentou, lamentando o pobre fengshui no distrito comercial. Ela seguiu Lumian, fornecendo suporte místico para sua busca.

 

Os dois viajaram mais fundo no subsolo, mas acabaram perdendo o rastro do alvo. Os supostos membros do grupo de Maipú Meyer atravessaram vários túneis conhecidos e usados ​​há muito tempo, frequentados por exploradores de cavernas, caravanas de contrabando e cidadãos cultivadores de cogumelos. Seus rastros foram efetivamente ocultados por aqueles que chegaram depois de mais de dez dias.

Lumian, com uma bola de fogo carmesim acima dele, parou e olhou para a mina escura como breu à frente. Ele permaneceu em silêncio por um longo momento, seus pensamentos envoltos em mistério.

Franca estava prestes a sugerir ir embora quando Lumian falou de repente.

— Você não acha que o distrito comercial tem estado estranhamente tranquilo no último mês?

— Como assim, tranquilo? — Franca retrucou involuntariamente.

O 007 certamente não pensava assim!

Lumian ponderou suas palavras e continuou, — Deixe-me colocar de outra forma. Além do problema Beyonder que causamos, o distrito comercial não está estranhamente quieto em relação a incidentes de misticismo?

— Não, para ser mais preciso, depois que a Árvore das Sombras foi severamente danificada, os hereges se tornaram extremamente inativos!

— Certo, nenhuma nova facção surgiu para devorar as turbas menores restantes, ou para se envolver em conflitos com o Savoie Mob. Não houve casos suspeitos de sacrifício. Mesmo entre aqueles que pregam secretamente, eu só encontrei um vigarista da Igreja da Doença, e ele era apenas uma pessoa comum…

Desde o incidente da Árvore das Sombras, os únicos verdadeiros hereges que Lumian e Franca encontraram foram Guillaume Bénet da organização Pecadores e Beatrice Incourt da Sociedade da Felicidade. No entanto, eles seguiram uma trilha baseada em pistas anteriores que não estavam dentro do distrito comercial.

 

O Lobisomem da Escola de Pensamento Rosa dificilmente poderia ser considerado um, mas isso foi uma consequência do incidente da Árvore das Sombras.

Browns Sauron da Seita das Demônias só poderia ser considerada meio elemento. Esta organização tinha uma história sólida e acreditava na entidade maligna deste mundo, não em deuses malignos de fora.

Franca ficou surpresa.

— Isso não é normal? Organizações secretas que acreditam em deuses malignos devem operar em segredo. Se fossem encontradas por alguém como você todos os dias, elas teriam sido eliminadas há muito tempo!

— Olha, não notamos Maipú Meyer retornando ao distrito comercial antes.

“Se fosse qualquer outra pessoa, sua explicação não seria um problema, mas eu tenho um anjo de um deus maligno alienígena selado dentro de mim. De acordo com a teoria de convergência da Madame Mágica, deve haver uma razão anormal pela qual eu não encontrei um herege causando problemas por tanto tempo… Termiboros tem estado excessivamente quieto recentemente…” Os pensamentos de Lumian correram enquanto ele dizia a Franca: — Você pode usar adivinhação de sonhos em mim para me ajudar a lembrar de algo?

— Não. Talvez um Vidente poderoso possa, mas eu não. — Franca balançou a cabeça. — O que você quer lembrar? Você pode procurar a ajuda de Madame Hela. Ela definitivamente pode criar uma paisagem de sonho real agora.

Lumian assentiu lentamente e respondeu: — Gostaria de lembrar um endereço onde suspeitos hereges residem. Pretendo verificar e ver se eles desapareceram, se esconderam ou ficaram em silêncio. Sim, não há necessidade de incomodar Madame Hela por enquanto. Sei a quem perguntar.

Ele estava cuidadosamente fazendo confirmações baseadas em suposições ousadas.

Vendo Lumian retornar à superfície enquanto falava, Franca perguntou apressadamente: — Qual endereço? Para quem você vai pedir ajuda?

 

— Conversamos mais tarde. Vamos primeiro para a Rue de Scotch Broom no Quartier de Noel — Lumian disse sem se virar.

“Por que esse endereço parece tão familiar…” Franca refletiu por um momento enquanto seguia de perto.

À medida que se aproximava da superfície, ela finalmente se lembrou.

Endereço da Madame Pualis!

Madame Noite de Cordu!

Quartier de Noël, Rue de Scotch Broom.

Esta área suburbana era repleta de edifícios semelhantes a vilas, cada um com um gramado voltado para a rua e um jardim nos fundos.

Lumian caminhou nas sombras onde os postes de luz não alcançavam, inspecionando cuidadosamente os gramados e jardins de cada prédio.

Franca fez o mesmo. Sem saber o número da casa de Madame Pualis, eles tiveram que confiar nas plantas excepcionalmente vigorosas e vivas para fazer um julgamento.

 

Ao se aproximarem do fim da rua, Lumian e Franca notaram simultaneamente um jardim repleto de flores desabrochando, parecendo uma exuberante floresta de plantas.

O edifício branco-acinzentado que abrigava o jardim parecia escuro, adormecido na escuridão, em forte contraste com as residências vizinhas repletas de vida familiar.

— Parece que ninguém mora aqui há muito tempo… — Franca começou a entender as preocupações de Lumian. — Madame Pualis, membro dos Perseguidores da Noite, também se mudou e se escondeu silenciosamente?

Lumian observou e escutou por um tempo para confirmar que o prédio estava vazio. Então, pegou um pedaço de fio, abriu a porta e entrou.

Durante esse processo, Franca usou a Adivinhação por Espelho Mágico para confirmar por meios místicos.

A sala de estar estava desprovida de mobília, os tapetes haviam desaparecido há muito tempo. Poeira se acumulara na mesa, indicando que ninguém morava ali há algum tempo.

Lumian avançou para dentro da casa, e Franca o seguiu cautelosamente, sem ousar se aproximar ou tocar em nada.

Ao chegar à mesa de centro, Lumian se abaixou e pegou um jornal abandonado. Embora estivesse esfarrapado por mordidas de ratos, ainda havia alguns restos.

Lumian examinou o jornal sob o luar e sussurrou: — Início de julho… Isso significa que Madame Pualis não foi embora imediatamente depois que consegui o endereço de Louis Lund, nem partiu imediatamente depois do incidente da Árvore das Sombras. Ela residiu na Rue de Scotch Broom por um tempo e escolheu abandonar este lugar por razões desconhecidas.

— Algo realmente está errado — Franca observou com uma expressão séria.

 

Eles rapidamente revistaram o prédio e então embarcaram em uma carruagem alugada para seu próximo destino.

Ao receber um jornal antigo anunciando a Ponte Interestelar de Laurent, antigo inquilino do Auberge du Coq Doré e agora editor adjunto do Le Petit Trierien, Lumian e Franca chegaram à Rue Saint-Martin n° 9, no Quartier 2. 1

O quinto andar era um escritório alugado por um grupo de vigaristas e supostos hereges. Eles tinham como objetivo arrecadar fundos para construir uma ponte interestelar para a lua carmesim.

Sob a fraca luz das estrelas, todo o quinto andar estava envolto em escuridão.

Lumian estendeu a mão cautelosamente e abriu a porta do escritório que parecia um apartamento.

O luar carmesim filtrava-se pela janela, revelando papéis espalhados no chão. Símbolos mecânicos complexos e diagramas de pontes intrincados exibiam conceitos que pareciam tanto imaginativos quanto plausíveis.

Muitas gavetas estavam abertas, sem nenhum pertence, como se os bandidos tivessem recuado às pressas ao perceber a chegada da polícia.

Com base nas informações escritas e em vários vestígios encontrados no local, Lumian e Franca concluíram que este andar estava vago há quase duas semanas.

— Definitivamente há algo incomum, — Franca observou. — Por que os hereges de várias organizações reduziram suas atividades de repente, se esconderam e ficaram quietos?

A expressão de Lumian tornou-se solene quando ele disse em voz profunda: — Essa anormalidade sugere que algo significativo pode estar acontecendo.

 

Sem esperar pela resposta de Franca, ele a instruiu: — Entre em contato com 007 e pergunte sobre qualquer informação sobre a Igreja da Doença. Além disso, descubra quais problemas podem estar à espreita no antigo cemitério da Igreja do Santo Robert.

— Escreverei uma carta para a Madame Mágica e compartilharei nossas descobertas e especulações.

Ele planejou também perguntar à boneca mensageira sobre o significado dos ossos antigos.

— Tudo bem — Franca respondeu prontamente.

Auberge du Coq Doré, quarto 207.

Lumian organizou o ritual e convocou a boneca mensageira vestindo um vestido dourado claro.

Ao entregar a carta dobrada a ela, ele esboçou um sorriso e perguntou: — O que você quis dizer com ossos velhos no subsolo?

A mensageira demonstrou uma expressão de desgosto.

— Ossos velhos, imundos e repulsivos da Quarta Época!

 

 

  1. Mistureba de inglês com francês⤶

Capítulo 422 – Fórmula

 Vento_Leste

Combo 20/75


“Ossos velhos da Quarta Época…” Lumian desconsiderou as descrições emocionais da boneca mensageira e se concentrou em extrair as informações essenciais.

Mas isso não forneceu uma visão mais profunda em comparação ao que ele já sabia. Afinal, a maioria dos problemas do Submundo de Trier tinham suas raízes na Quarta Época.

Lumian parou um momento para refletir e perguntou: — De onde vieram? Como são os ossos velhos?

A mensageira respondeu com raiva: — Eu nunca os vi antes! Só a aura deles é tão repulsiva, nojenta e imunda!

“Então, você também não tem muita certeza da situação…” Lumian decidiu não pressionar mais a “boneca” mensageira e observou enquanto ela desaparecia, carregando a carta cuidadosamente dobrada.

Só então, enquanto Lumian aguardava a resposta da Madame Mágica, ele teve a oportunidade de avaliar seus ganhos naquela noite.

Um frasco de soro da verdade, um frasco de sedativos da Sociedade da Felicidade, um frasco de Perfumes Místicos e 1.500 verl d’or.

Apartamento 601, n° 3, Rue des Blusas Blanches.

 

— Tão tarde? Achei que você resolveria isso rápido. — Jenna, vestida com um vestido leve de algodão, levantou-se e cumprimentou Franca quando ela retornou.

Ela acreditava que Franca e Ciel tinham grandes chances de vencer, mesmo que encontrassem um Espírito da Árvore Caída!

Franca murmurou: — Nós sofremos um imprevisto. Uh, só um momento.

Franca olhou para Jenna com uma expressão séria.

— O que houve? —Jenna sentiu que algo estava errado.

Franca caminhou até ela e examinou suas pupilas.

Não havia sinais de que ela estivesse usando lentes de contato azuis!

— Ufa… — Franca soltou um suspiro de alívio e disse: — No futuro, precisamos verificar continuamente se somos Atrizes disfarçadas.

Os Atores do caminho da Árvore Mãe do Desejo não podiam alterar seus corpos ou mudar fundamentalmente suas aparências como um Sem Rosto. Eles dependiam mais de itens de maquiagem e vários adereços.

Entre eles, a cor dos olhos era a mais desafiadora para os Atores imitarem. Tinham que usar objetos externos. Elas podiam impedir que os Atores se infiltrassem verificando se alguém ao redor deles estava usando lentes de contato coloridas.

 

Claro, isso não era infalível. Eles sempre conseguiam encontrar Atores com a mesma cor dos olhos do alvo para atuar.

Na situação atual, os olhos de Maipú Meyer eram castanhos escuros, os de Jenna eram azuis e os de Lumian também. Os de Franca eram de um tom mais claro, mais parecidos com o azul de um lago sereno. Por enquanto, eles não tinham motivos para se preocupar em serem personificados pelo antigo gerente do Teatro da Velha Gaiola de Pombos. Maipú Meyer havia se distanciado da Sociedade da Felicidade e não poderia recrutar um novo Ator tão cedo.

A única pessoa com quem eles precisavam se preocupar era Anthony Reid, que também tinha um par de olhos castanhos escuros.

Como aprendiz de atuação no Teatro da Velha Gaiola de Pombos, Jenna estava particularmente sintonizada com as atividades da Sociedade da Felicidade. Ela imediatamente ficou alerta e examinou os olhos de Franca, com medo na voz enquanto perguntava: — Elas estão mirando no distrito comercial de novo?

— É Maipú Meyer. Ele está de volta ao distrito comercial. Não sabemos onde ele está se escondendo — respondeu Franca sem reservas, contando todo o incidente.

Dos membros da Sociedade da Felicidade, o único homem que Jenna conhecia era Maipú Meyer. Ela tinha um medo profundo dele porque ele já tinha sido seu empresário e poderia influenciar seu futuro.

Inconscientemente, ela tocou a Flecha do Sanguíneo escondida em seu bolso e assentiu solenemente, dizendo: — Serei cautelosa.

Franca não ofereceu nenhuma informação adicional. Ela olhou para o relógio de parede e se retirou para seu quarto. Ela ativou o rádio transceptor e se preparou para contatar 007.

Em pouco tempo, ela usou a máquina de escrever mecânica e o analisador para enviar um telegrama.

“007, chamando 007!”

 

Em 20 a 30 segundos, apareceu um telegrama produzido por uma máquina.

“Lâmina Oculta, não faça isso comigo. Estou com medo. O que está acontecendo agora?”

“Isso pode ser um problema significativo!” Franca honestamente alertou 007. “Cara, antes que eu revele a situação exata, me ajude a reunir algumas informações. Preciso confirmar duas coisas: Primeiro, se houve algum desenvolvimento relacionado à fé do Deus da Doença no Quartier du Jardin Botanique, especificamente na Rue Pasteur e Rue Evelyn. Segundo, o que há nas profundezas do antigo cemitério da Igreja do Santo Robert?”

Após uma breve pausa, chegou um novo telegrama.

“Estou de folga hoje, sério! E agora tenho que voltar a trabalhar horas extras!”

“Dê-me de meia hora a uma hora.”

Franca respondeu: “Sem problemas.” Enquanto conversava com outros membros do grupo do telegrama, ela recuperou o colar de diamantes que havia adquirido de Beatrice Incourt e usou vários métodos para avaliar as capacidades e os efeitos adversos do item Beyonder.

“O diamante corresponde a um total de cinco desejos: avareza, gula, luxúria, ação e reconhecimento…”

“Não parece ter muitos usos. O uso de cada desejo não deve exceder dois…”

“Com ele, parece que estou melhor atuando e me maquiando…”

 

“Vou apenas mantê-lo no meu bolso. Sem que entre em contato direto com minha pele ou carne, não haverá efeitos negativos…”

“Depois de usá-lo, ficarei mais animada do que o normal, e meus vários desejos aumentarão significativamente. Se eu encontrar Beyonders com habilidades semelhantes, serei efetivamente contida e até mesmo sofrerei uma grande perda…”

“Entre eles, o desejo mais intenso é o desejo de reconhecimento…”

“Sim, essa coisa não pode ser usada contra Beyonders do caminho da Árvore Mãe do Desejo. Sua fraqueza é sua força…”

“Como devo chamá-lo? O Pingente das Sete Emoções e Seis Desejos? Uh, o estilo não parece certo. Esqueça, vou chamá-lo de Colar de Beatrice. É simples, conveniente e claro!”

A resposta de 007 chegou mais rápido do que Franca havia previsto. Em menos de meia hora, ele forneceu as informações relevantes.

“De acordo com o banco de dados herege compartilhado por várias facções oficiais, o enviado do Deus da Doença não foi localizado. Ele parece ter percebido o perigo com antecedência e não ressurgiu.

“A situação no antigo cemitério da Igreja do Santo Robert é extremamente confidencial. Não posso investigá-la por enquanto.”

“Extremamente confidencial?” Franca sibilou interiormente e retransmitiu a 007 a estranha quietude das organizações devotadas a deuses malignos.

 

Rua Anarchie, Auberge du Coq Doré.

A resposta lenta da Madame Mágica chegou após uma hora de espera:

“Após a morte de um abençoado, o retorno do poder à fonte é dedutível, mas normalmente você não seria capaz de senti-lo.

“Dessa vez, foi por você estar usando as luvas de boxe Atormentadoras. Elas são feitas da Árvore das Sombras e estão intimamente relacionadas àquela em que a Sociedade da Felicidade acredita, a fonte dos poderes de bênção. Portanto, quando o poder da bênção de Beatrice retornou e a conexão foi fortalecida, essa entidade indiretamente notou você e a Dois de Copas, o que fez com que o cadáver exibisse uma anormalidade. Essa anormalidade permitiu que o fluxo do poder de bênção se tornasse visível.

“Para reter o poder da bênção e evitar que ele retorne, você precisa da habilidade correspondente ou de um ambiente único. Às vezes, esses dois elementos são um e o mesmo. Em termos simples, você precisa avançar para a Sequência 4 e se tornar um semideus ou obter algo neste nível. Só então você pode ter uma chance de preservar o poder da bênção restante e formar um item Beyonder. Claro, em ambientes subterrâneos específicos, como perto da Fonte do Esquecimento, você pode conseguir isso sem uma Sequência alta.”

Lumian agora tinha uma compreensão clara da anomalia da noite.

Diferentemente de seus assassinatos anteriores de membros da Sociedade da Felicidade, ele agora possuía as luvas de boxe Atormentadoras, trazendo um desenvolvimento diferente.

O uso das luvas de boxe atraiu a atenção de entidades ocultas para começar, e sua conexão com a Árvore Mãe do Desejo através da crença de Beatrice influenciou o retorno do poder da bênção, causando a anormalidade.

Entendendo a situação e como preveni-la no futuro, Lumian continuou lendo a resposta da Madame Mágica.

“Já notamos a anomalia de Trier e estamos monitorando uma das pistas. No entanto, não está claro quando encontraremos alguma resposta. O que podemos dizer com certeza é que as mudanças ocorrerão, com um prazo que varia de dois meses a meio ano.

 

“Não posso dar uma resposta definitiva sobre o que está por baixo do Salle de Bal Brise, pois é desafiador para mim abordar. Tudo o que posso dizer é que certamente é mais do que apenas a corrupção deixada pelo Imperador do Sangue Alista Tudor.

“Não se demore muito nesse assunto. Está além de suas capacidades de lidar. Seu foco deve ser acumular força e esperar o momento certo.”

“Acumular forças e esperar o momento… “ Lumian repetiu essas palavras para si mesmo enquanto absorvia o conselho.

Na manhã seguinte, Lumian teve uma conversa com Franca e Jenna. Depois, reuniu todos os seus fundos e foi diretamente para Rue des Fontaines n° 11 no Quartier de la Cathédrale Commémorative.

— Chefe, aqui estão 30.000 notas de ouro e 30.000 notas de verl d’or — disse Lumian com um sorriso enquanto colocava a pesada bolsa de couro na mesa de Gardner Martin.

Ele ainda tinha 1.000 de ouro e fundos nominais de 1.500 verl d’or.

Gardner Martin olhou para Lumian, abriu o zíper da bolsa e começou a contar o dinheiro.

Ele não perguntou sobre os fundos restantes de Lumian. Com um sorriso, recuperou uma pele de cabra falsa que parecia ter sido preparada com antecedência.

— Você precisa prometer duas coisas. Primeiro, memorize esta fórmula antes de queimar o pedaço de papel. Segundo, você não pode revender a fórmula da poção de Conspiracionista sem a minha permissão ou a do Supervisor — Gardner Martin declarou esses termos sem solicitar uma promessa autenticada, como se estivesse emitindo uma ordem.

Lumian concordou com esses termos sem hesitar, dizendo: — Sem problemas.

 

Gardner Martin assentiu satisfeito e entregou a pele de cabra falsa para Lumian.

Lumian pegou e começou a ler:

“Fórmula da poção de Conspiracionista:

“Ingrediente principal: olho composto da Aranha Caçadora Negra, cérebro da Esfinge;

“Ingredientes suplementares: Uma glândula de veneno de Aranha Caçadora Negra, 80 mililitros de sangue da Esfinge, 10 gramas de pó de âmbar e duas frutas de carvalho branco.”

Depois de ler e memorizar a fórmula, a mão direita de Lumian tremeu, permitindo que as chamas vermelhas envolvessem a pele falsa de cabra.

O tempo passou em um silêncio assustador. Sem que eles soubessem, o calor em Trier começou a diminuir, e a temperatura caiu gradualmente.

Em um dia de meados de setembro, Franca parou diante da janela do apartamento 601 e amaldiçoou Browns Sauron pelo que pareceu ser a centésima vez.

Ela já havia passado pela auditoria da Seita das Demônias e informado Browns que havia se juntado ao Savoie Mob para se infiltrar na Ordem da Cruz de Ferro e Sangue. No entanto, nunca previu que haveria um período de avaliação. Somente após essa avaliação ela poderia se tornar oficialmente membro da Seita das Demônias.

 

Seu atual mediadora, Browns Sauron, usou isso como desculpa para impedi-la de participar das orgias femininas da Cafeteria da Casa Vermelha. Isso a deixou sem opção a não ser suportar o tormento de Gardner Martin e suas amantes pelo último mês ou mais.

Franca voltou sua atenção para Jenna, que parecia perdida em pensamentos e não conseguiu deixar de suspirar pela sorte de sua companheira.

A Seita das Demônias permaneceu alheia à verdadeira identidade de Jenna como uma Beyonder do caminho do Assassino.

— O que está te incomodando? — Franca perguntou.

Jenna respondeu com um toque de angústia: — Minha poção de Instigador foi completamente digerida.

Franca exclamou com agradável surpresa: — Isso é uma coisa boa!

Jenna coçou a cabeça e soltou um suspiro. — Eu nem te paguei o dinheiro que te devo, e agora tenho que considerar a fórmula da poção de Bruxa e seus ingredientes. Droga, por que parece que quanto mais eu avanço, mais pobre eu fico?

Capítulo 423 – Encontro Inesperado

 Vento_Leste

Combo 21/75


Franca riu da reclamação de Jenna e respondeu: — Isso é normal. Contanto que você domine o método de atuação, o progresso vem rapidamente antes de chegar às Sequências médias. O ritmo em que você economiza dinheiro geralmente fica aquém das despesas para comprar a fórmula da poção e os ingredientes necessários.

— Não se preocupe com o dinheiro. A Sequência 7 do caminho do Assassino é uma virada de jogo. Ela aumenta significativamente sua proeza de combate e habilidades de sobrevivência. Você está ciente da catástrofe potencial. Somente se tornando uma Bruxa e empunhando a Flecha do Sanguíneo você terá uma chance de sobreviver e proteger as pessoas com quem se importa.

Jenna ficou em silêncio por um momento, então ela xingou: — Você me instigou sem usar suas habilidades!

— Haha, é só como as coisas são. Vou compartilhar a fórmula da poção da Bruxa com você agora. Vamos começar a nos reunir — disse Franca enquanto voltava para a mesa de centro, abria um pedaço de papel e rapidamente anotava as instruções.

Jenna ficou ao lado dela, examinando as palavras em Intis que tomavam forma.

Enquanto isso, Jenna silenciosamente contabilizava suas dívidas.

“Incluindo a recompensa dada pelos Purificadores e os ganhos do meu canto em salões, economizei quase 10.000 verl d’or.”

“De acordo com Franca e Ciel, uma fórmula de poção de Sequência 7 pode custar entre 30.000 e 40.000 verl d’or, dependendo da raridade. No mínimo, devo a Franca outros 30.000 verl d’or, elevando o total para 60.000…”

“Mesmo se eu vender a Flecha do Sanguíneo, não vou conseguir compensar. No futuro, terei que comprar vários ingredientes para a poção da Bruxa, o que me custará mais de 30.000 verl d’or… Droga! Não é de se espantar que tantos Beyonders nessas reuniões de misticismo pareçam estar sem dinheiro e mesquinhos!”

 

Quanto mais Jenna calculava, mais sua cabeça latejava.

Se não fosse pela transformação tangível da poção e pelas habilidades claras e visíveis que ela concede, ela teria suspeitado que tinha caído em um golpe. Por que suas dívidas continuavam aumentando enquanto ela trabalhava mais?

No passado, toda a sua família frequentemente se sentia sem esperança ao lidar com uma dívida de alguns milhares de verl d’or. Mas agora, ela devia 60.000 a Franca, e não havia fim à vista.

Mesmo com seu dinheiro e bens, ela ainda ficou aquém em 10.000 verl d’or.

Rangendo os dentes, Jenna decidiu deixar essas preocupações de lado por enquanto e lidar com elas depois de avançar para a Sequência 7: Bruxa.

Franca rapidamente terminou de escrever a fórmula da poção da bruxa:

“Sequência 7: Bruxa;

“Ingrediente principal: Cada gota de sangue de um Peixe Demoníaco do Abismo e um ovo de Pavão Ágata;

“Ingredientes suplementares: 80 ml de água purificada, cinco gotas de suco de Estramônio, 3 escamas de um Lagarto das Sombras e 10 gotas de essência de narciso.”

Ela entregou o papel com a fórmula para Jenna e acrescentou em pensamento, — Evite reunir esses materiais no encontro de misticismo que frequentamos. Adquira-os da reunião que você descobriu e participou, assim como dos Purificadores. Ah, peça ajuda a Ciel também.

 

Franca ainda estava no período de avaliação da Seita das Demônias e preocupada com potenciais espiões da organização secreta nas reuniões de misticismo. Se os participantes reunissem os ingredientes para a poção da Bruxa, isso poderia levantar suspeitas.

Em contraste, os Purificadores eram uma fonte mais segura desses ingredientes, dada sua história de lidar com Demônias. Eles definitivamente tinham as características correspondentes em reserva.

Claro, Franca também ajudaria a investigar e reunir informações na Sociedade de Pesquisa dos Babuínos de Cabelos Encaracolados, mas ela não podia informar Jenna sobre isso.

— Tudo bem. — Jenna estava bem ciente da hostilidade da Seita das Demônias em relação a Assassinas de fora como ela.

Enquanto Jenna memorizava a fórmula da poção da Bruxa, Franca perguntou preocupada: — Seu irmão deixou Trier?

Reconhecendo que os hereges estavam estranhamente quietos e recebendo a confirmação de um portador da carta dos Arcanos Maiores, Lumian e Franca sugeriram que Jenna e seu irmão Julien se mudassem de Trier para outra cidade em Intis por seis meses para monitorar a situação.

Jenna insistiu em ficar para passar um tempo com seus companheiros e prometeu avançar sua Sequência rapidamente.

Essa foi a principal razão pela qual ela aceitou o presente de Franca sem hesitação.

Quanto ao seu irmão Julien, Jenna queria genuinamente mantê-lo longe de outro desastre místico. Ela queria que ele vivesse uma vida segura e feliz, e estava ocupada instigando-o a deixar Trier.

Jenna não conseguiu evitar sorrir. — Fui ao Porto LeSeur no último final de semana.

 

O Porto LeSeur, situado no estuário do Rio Srenzo, era um dos principais portos de Trier para embarque de mercadorias para o mar.

Franca ficou surpresa e feliz pela amiga.

— Você conseguiu instigar aquele sujeito teimoso?

Sem revelar a verdade, Jenna balançou a cabeça e disse: — Não. Mudei meus esforços de instigação para um alvo diferente. Descobri que o estaleiro onde Julien trabalha tem uma filial no Porto LeSeur, então usei minha habilidade de Instigação para convencer seu supervisor a propor um programa de intercâmbio técnico de seis meses entre as fábricas. Também paguei para incluir Julien na lista.

— Eu só digeri a poção depois de instigar isso com sucesso. Droga, não importa o que eu dissesse a Julien, ele se recusou a ouvir. Ele até renegou sua palavra no dia seguinte após a Instigação. Assim que seu supervisor emitiu a ordem, ele começou a fazer as malas!

Depois de desabafar sua frustração sobre seu irmão, Jenna olhou para Franca e acrescentou com um sorriso malicioso:

— Os trabalhadores qualificados de Trier chegaram ao Porto LeSeur no último final de semana. A viagem de volta de LeSeur para Trier será meio ano depois para evitar o desastre em potencial.

— Franca, por que não descobrimos uma maneira de fazer com que mais pessoas deixem Trier e fiquem escondidas por um tempo?

— Elas não vão acreditar em nós mesmo se contarmos a verdade — Franca suspirou. — Além disso, se mais pessoas forem embora, essas organizações de deuses malignos podem sentir e agir prematuramente. Se os Beyonders oficiais não estiverem preparados, isso pode levar a mais baixas.

Não dito era o fato de que, combinado com as palavras de Madame Julgamento e a inteligência de Ciel, a Trier da superfície serviu para selar a Trier subterrânea. Todos na cidade contribuíram com sua força, e se muitos saíssem, o selo poderia enfraquecer, colocando os cidadãos restantes em perigo.

 

Jenna ficou em silêncio por um momento, preferindo não insistir no assunto.

Sua criação e seis meses de experiência a ensinaram a aceitar a dura realidade. Tudo o que ela podia fazer era salvar o máximo que pudesse dentro de limites razoáveis.

Após uma pausa de cerca de dez segundos, Jenna disse pensativamente: — Quando instiguei o supervisor a propor o programa de troca, notei que muitas fábricas vizinhas tinham arranjos semelhantes. É por isso que tive um exemplo para usar e tive sucesso sem muita dificuldade.

— Agora que penso nisso, poderia ser um esforço secreto dos Beyonders oficiais para reduzir a população no distrito comercial?

— É certamente possível, — Franca considerou por um momento antes de hesitar em acrescentar mais.

O que ela queria dizer era que também poderia ser orquestrado pelo Clube de Tarô ou a Igreja do Tolo. Madame Justiça, uma portadora de carta dos Arcanos Maiores no domínio do Espectador, era bem adequada para tais assuntos.

Franca se absteve de dizer isso porque ainda não havia contado a Jenna sobre a crença dela e de Ciel no Sr. Tolo.

Inicialmente, ela havia planejado “visitar” a catedral do Tolo nas Docas Lavigny com Jenna, mas não ousou fazê-lo quando ficou sob o escrutínio da Seita das Demônias.

“Sim, terei que fazer Ciel levar Jenna para as Docas Lavigny. Se ela aceitar a fé do Sr. Tolo, ela estará mais segura no futuro…” Os pensamentos de Franca se voltaram para Lumian.

 

Em uma carruagem de quatro rodas e quatro lugares, navegando pela floresta e terras agrícolas, Lumian, vestido em um terno formal casual, olhava pela janela para a colheita dourada, com a mente divagando.

O mês passado tinha sido seu período mais tranquilo nos últimos seis meses, mas ele não achou esse lazer agradável. Ele aproveitou cada oportunidade para digerir a poção de Piromaníaco.

Isso incluía visitas ao grande necrotério no distrito da ilha para ajudar a “cremar” cadáveres, “enterrar” lixo grande abandonado, aventurar-se no subsolo para usar chamas para intimidar equipes de contrabandistas que passavam, garantir com sucesso indenização de seguro para pequenos comerciantes em dificuldades por meio de incêndios, rastrear e incinerar alguns criminosos procurados e despertar o desejo entre muitos de deixar Trier e explorar oportunidades em cidades vizinhas…

Essa sequência de ações levou Lumian à beira de digerir completamente a poção de Piromaníaco. Pode levar apenas mais meio mês, uma semana ou talvez até menos.

Hoje, Lumian recebeu um convite do Conde Poufer para visitar seu Castelo do Cisne Vermelho como convidado.

No mês passado, a família Sauron organizou cinco reuniões: uma no castelo, uma para caça, duas para bate-papos casuais em um cafeteria e uma para um baile de máscaras em uma casa abandonada.

Lumian tinha participado de todas elas, mas nada significativo tinha ocorrido. A única exceção notável era que Poufer Sauron não tinha jogado a Torta do Rei novamente.

“Onde está o espião que Gardner Martin mencionou? A Associação das Cavernas não fez outra aparição. Eles acreditam em mim?” Ele redirecionou seus pensamentos da terra agrícola quase em fase de colheita e contemplou o convite para o dia.

O que o intrigou ainda mais foi a promessa de Gardner Martin de monitorar secretamente cada reunião organizada pelo Conde Poufer. Então, onde Gardner poderia estar escondido neste momento?

Sob o sol da tarde, a carruagem chegou ao seu destino.

 

Lumian olhou para o castelo bege, manchado com manchas de sangue antigo. Passando pela porta imponente e pelo vasto átrio, ele chegou à elegante sala de estar no primeiro andar, adornada com um tapete vermelho-escuro e felpudo.

Poufer Sauron, vestido com um casaco de veludo vermelho, estava conversando na entrada com outro convidado quando Lumian chegou.

O olhar de Lumian congelou.

O convidado ao lado do Conde Poufer não era alguém que ele esperava ver.

Vestido com trajes de caça, com o que parecia ser cabelo tingido de vermelho, sobrancelhas castanhas afiadas e olhos penetrantes, era Albus, outro membro da Ordem da Cruz de Ferro e Sangue.

Como membro da Ordem da Cruz de Ferro e Sangue sob o comando do Oficial Comandante Gardner Martin, Lumian estava bem ciente de suas identidades e objetivos. No entanto, Albus era enigmático e raramente visto no distrito comercial, apenas fazendo aparições em reuniões para uma refeição gratuita.

— Quem é? — Lumian não escondeu sua confusão.

“Ele está aqui para me ajudar a completar minha missão?”

Poufer Sauron apresentou com um sorriso, — Um novo amigo. Ele se juntará a nós em nossas reuniões com mais frequência.

Nesse momento, Poufer se virou para Albus, cuja expressão parecia bastante desagradável, mantendo o sorriso.

 

— Seu nome completo é: Albus Medici.

Capítulo 424 – Labirinto subterrâneo

 Vento_Leste

Combo 22/75


“Albus Medici…” Lumian repetiu o nome para si mesmo, olhando para o membro da Ordem da Cruz de Ferro e Sangue que apareceu de repente.

Durante a reunião de Gardner Martin, Albus nunca revelou seu sobrenome, e Gardner Martin nunca o apresentou. Agora, ele realmente deu seu nome completo a Poufer Sauron.

“Ele está tentando torná-lo mais realista?” O olhar de Lumian varreu o rosto de Albus, e percebeu que quando o Conde Poufer mencionou o sobrenome Medici, ele não escondeu sua zombaria, como se estivesse zombando do membro da família Sauron.

— Ciel Dubois, — Lumian estendeu a mão direita e se apresentou educadamente.

Albus apertou sua mão casualmente, com um sorriso evidente em seus olhos.

Ele disse: — Já ouvi seu nome antes, um generoso patrono da arte.

O membro da Ordem da Cruz de Ferro e Sangue enfatizou “generoso”.

— Isso se deve principalmente ao meu patrocinador — disse Lumian com duplo sentido.

Aos ouvidos dos outros convidados, ele estava se referindo ao seu pai — sua família rica. Como membro da Ordem da Cruz de Ferro e Sangue, Albus captou a mensagem sutil.

 

Poufer Sauron trocou algumas gentilezas com Lumian antes de escoltá-lo até o sofá.

O encontro foi intimista, com rostos conhecidos por todos os lados, incluindo a prima de Poufer, Elros, o romancista Anori, o pintor Mullen, o crítico Ernst Young e Iraeta.

Depois de uma conversa casual e de alguns petiscos acompanhados de chá preto, o Conde Poufer olhou ao redor e sugeriu com um sorriso travesso: — Que tal embarcarmos em uma aventura hoje?

— Aventura? — Albus levantou uma sobrancelha e não conseguiu resistir a uma piada brincalhona: — Uma aventura no quarto?

Sua insinuação era clara. O Castelo do Cisne Vermelho pode ser espaçoso, com espaço para um membro-chave da família e até centenas de soldados em seu zênite, mas dificilmente parecia um lugar adequado para aventuras. Eles deveriam reencenar uma aventura como a de Trier sob os lençóis macios de um quarto?

A brincadeira aliviou o clima, e Poufer Sauron pigarreou antes de continuar,

— Talvez você não saiba, mas o Castelo do Cisne Vermelho abriga uma extensa área subterrânea.

— Na época de sua construção, sua função primária era a guerra. Tinha que ostentar um porão cavernoso e um túnel para fuga durante situações terríveis, ou seria considerado inadequado.

— Ao longo dos séculos, meus antepassados ​​expandiram e modificaram o subterrâneo, transformando-o em um labirinto que lembra algo saído de uma história de terror. Embora eu tenha crescido no Castelo do Cisne Vermelho, meu conhecimento daquele lugar é limitado às áreas que uso com frequência.

— Nosso objetivo hoje é nos aventurar profundamente neste labirinto subterrâneo e localizar uma coroa de Conde que um dos meus ancestrais perdeu em uma de suas câmaras. A coroa é adornada com vários rubis, tornando-a facilmente distinguível.

 

— Aquele que recuperar a coroa do Conde será coroado o rei de hoje.

“Nas profundezas do labirinto subterrâneo…” Cenas de repente passaram pela mente de Lumian.

“As pessoas que se automutilam constantemente no Castelo do Cisne Vermelho…”

“Gritos de origem desconhecida…”

“Um caixão de bronze, cercado por inúmeras velas brancas…”

“Uma palma com vasos sanguíneos vermelho-escuros, quase pretos.”

“E um coração murcho e negro com um fio de vermelho escorrendo…”

Esses últimos objetos pareciam estar escondidos em algum lugar nas profundezas do salão subterrâneo!

Num instante, Lumian compreendeu a gravidade da proposta de Poufer Sauron.

A sondagem de Poufer Sauron chegou!

 

Reprimindo a vontade de examinar os arredores e possivelmente avistar Gardner Martin, que poderia estar à espreita, Lumian voltou sua atenção para Albus Médici.

O membro da Ordem da Cruz de Ferro e Sangue estalou a língua e riu.

— Parece intrigante. Este é um jogo para os corajosos!

Como se quisesse acabar com quaisquer dúvidas ou relutâncias no grupo, isso significava: aqueles que se recusam a participar são apenas covardes!

O Conde Poufer aproveitou a oportunidade para tranquilizá-los: — Não se preocupem. Se vocês se perderem e não conseguirem encontrar o caminho de volta, basta puxar a corda do sino em sua câmara. Os servos serão enviados para procurá-los e trazê-los de volta de baixo.

— Sem problemas — Anori, o romancista baixo e rechonchudo, brincou com um brilho travesso nos olhos. — Estou ansioso para que algo aconteça. Afinal, isso me fornecerá excelente material para minha escrita.

— Como O Último Dia de Anori? — brincou Lumian.

Tendo participado de vários encontros promovidos pela organização de arte Gato Preto, Lumian estava bem ciente das peculiaridades únicas do Novelista Anori e do Poeta Iraeta. Anori tinha um tabu de nunca elogiar colegas autores, enquanto a ira de Iraeta era apenas despertada pelas atuais realidades sociais em Intis.

Anori tomou um gole de chá preto e murmurou: — Aqueles velhos da Faculdade de Artes de Intis vão adorar esse tema.

Não vendo objeções, o Conde Poufer levantou-se de seu assento e dirigiu-se aos convidados reunidos:

 

— Vamos nos dividir em dois grupos e começar esta aventura. Vamos partir individualmente ao longo do caminho.

— Um grupo me seguirá, e o outro acompanhará Ciel. Esses indivíduos foram todos reis nos últimos três meses.

— Aqueles que desejam se juntar a Ciel, levantem a mão.

— Eu! — Albus Medici foi o primeiro a levantar a mão. Lumian esperava que ele seguisse Poufer Sauron de perto para completar a missão da Ordem da Cruz de Ferro e Sangue.

O Conde Poufer pareceu imperturbável, como se esse fosse o curso previsto dos acontecimentos.

A segunda a levantar a mão foi Elros, prima do anfitrião.

Com seus longos cabelos ruivos, feições suaves e olhos castanhos brilhantes, ela sorriu para Lumian e disse: — Sempre fui companheira do Monsieur Ciel no passado. Não vejo razão para mudar isso agora.

Lumian assentiu e retribuiu o sorriso.

Ele sabia que, por trás de sua aparência jovem, Elros possuía uma complexidade que desmentia sua inocência.

Em um de seus sonhos inquietantes, a maioria dos participantes do jogo Torta do Rei tinham caído na loucura, infligindo automutilação ou ferindo os outros. Apenas três indivíduos permaneceram ilesos: o próprio Lumian, Poufer Sauron e a Srta. Elros.

 

Lumian não pôde deixar de se perguntar sobre suas verdadeiras motivações para escolher acompanhá-lo no labirinto subterrâneo.

O terceiro a levantar a mão foi o poeta Iraeta.

Segurando seu cachimbo de cerejeira, ele deu uma razão direta: — Ele é meu patrocinador!

Os convidados restantes, incluindo o romancista Anori, o pintor Mullen e o crítico Ernst Young, formaram uma equipe com Poufer Sauron.

Eles deixaram o conforto da sala de estar e se encontraram parados ao lado de uma estátua totalmente blindada. Descendo as escadas próximas, projetadas para duas pessoas andarem lado a lado, eles se aventuraram mais para dentro das profundezas do castelo.

As paredes da escadaria estavam manchadas e branco-acinzentadas, serpenteando seu caminho para baixo nas entranhas da terra. Os arredores ficavam cada vez mais silenciosos conforme desciam.

Depois de percorrer cerca de três andares, Lumian e seu grupo chegaram à entrada do labirinto subterrâneo.

As passagens eram iluminadas por inúmeras luminárias de parede, algumas conectadas a canos de gás, enquanto outras tinham um design mais clássico, com velas queimando intensamente.

Lumian olhou para o teto e notou os tijolos de pedra preto-aquosa acima, envoltos em escuridão. Suas rachaduras eram distintas, e a superfície exibia sinais de descascamento.

— Vamos escolher este — declarou Poufer, pegando uma lâmpada de carboneto da parede e conduzindo sua equipe pela passagem mais à esquerda.

 

Depois de instalar a lâmpada de carboneto, Lumian instintivamente seguiu pelo corredor à frente sem hesitar.

Ele acreditava que em tal ambiente, uma busca metódica poderia fazer com que eles ignorassem algo significativo. Ao confiar na convergência das características de Beyonder e na aura oculta do Imperador do Sangue, ele acreditava que tropeçaria em algo de valor.

— Qual é a razão pela qual você escolheu esse caminho? — A expressão de Albus Medici sempre foi um pouco irritante.

Lumian respondeu com um toque de indiferença: — Tenho fé no destino.

— Gosto desse motivo — Elros concordou com um leve sorriso.

O poeta Iraeta deu uma tragada em seu cachimbo de cerejeira e acrescentou: — Eu também acredito nisso, mas somente se o destino estiver inclinado a me favorecer.

O quarteto se aventurou mais profundamente no corredor, encontrando o que pareciam ser depósitos ao longo do caminho.

Logo, chegaram a um salão mal iluminado com três portas, cada uma com uma única palavra na antiga língua de Feysac: Esperança, Morte e Loucura.

Lumian havia abandonado o pensamento profundo a essa altura. Sem hesitar, caminhou em direção à Porta da Loucura e gentilmente a abriu.

Quando a porta se abriu, a escuridão envolveu o quarto, e a luz da lâmpada de carboneto se espalhou para dentro, revelando uma visão assustadora. Estátuas de cera realistas estavam por todo o quarto, homens e mulheres, adornados com trajes comuns ou requintados, suas expressões distorcidas em agonia.

 

— Nada mal — comentou Alvo, dando um tapinha desdenhoso no rosto de uma estátua de cera com a mão direita.

Elros olhou para ele.

— Sua mãe não lhe ensinou boas maneiras?

Albus riu.

— Eu não tenho mãe.

Elros ficou momentaneamente surpresa, sem saber muito bem como responder àquela declaração.

Ao fundo, o poeta Iraeta falou com um toque de admiração: — No passado, quando circulavam rumores sobre eu ter um caso com uma viúva, eu discretamente espalhava boatos de que eu havia sequestrado a filha do membro do parlamento e era suspeito de assassinar um comerciante. Eu até me vi enredado em rumores envolvendo tortas de carne humana, e meus vizinhos misteriosamente desapareceram.

— Enquanto eu não me importar com minha reputação e manchá-la ativamente, ninguém poderá se posicionar moralmente superior e apontar o dedo para mim.

“Como esperado de um poeta…” Lumian elogiou interiormente. Segurando a lâmpada de carboneto, ele liderou o caminho através da sala cheia de estátuas de cera, cujo objetivo era a saída no outro extremo.

As figuras de cera, iluminadas pela luz amarelada e fraca das lâmpadas de gás da parede, pareciam assustadoramente realistas. Seus olhos pareciam seguir Lumian e seus companheiros, criando uma atmosfera inquietante e bizarra.

 

Lumian não conseguia se livrar da lembrança das estátuas de cera anteriores que ganharam vida e atacaram. Ele não conseguia deixar de sentir que qualquer uma dessas figuras poderia de repente ganhar vida e atacá-los.

Quebrando o silêncio indescritível, Albus Medici falou em um tom relaxado, dirigindo-se a Elros, — Você é prima de Poufer. Seu sobrenome não é Sauron, é?

Elros admitiu francamente: — Você está certo.

Albus perguntou casualmente: — A qual família você pertence?

Elros virou a cabeça para olhar para Albus Medici e depois para Lumian. Ela respondeu com um sorriso, — Meu nome completo é: Elros Einhorn.

Capítulo 425 – Os Vivos

 Vento_Leste

Combo 23/75


“Einhorn?” Embora Lumian fosse um jovem privado de educação, havia recebido a educação rigorosa de Aurore e sabia que esse último nome representava a família real do Império Feysac no norte.

Anteriormente, quando ele observou Elros agindo reservada e obediente na frente de Poufer Sauron, ele assumiu que a família de seu pai não era particularmente notável e talvez até tenha declinado, forçando-a a confiar em seu primo. Ele não esperava que ela tivesse um sobrenome tão distinto.

Vale a pena notar que mais de mil anos se passaram desde o estabelecimento do Império Feysac no final da Quarta Época. A família Einhorn sempre manteve o trono, enquanto a família Sauron perdeu o trono de Intis há quase dois séculos. Estava claro qual família estava em vantagem.

Albus Medici olhou surpreso para Elros e acrescentou um toque de provocação às suas palavras: – Você é uma Einhorn? Não consegui perceber.

Elros olhou para a frente, retornando à sua postura obediente.

Ela falou sem emoção, — A família Sauron e a família Einhorn frequentemente formavam alianças matrimoniais. Embora a família Sauron tenha deixado o trono de Intis há muito tempo, essa tradição perdura. Minha mãe acabou se casando com um membro da família real Einhorn.

O poeta Iraeta perguntou com interesse: — Então seu sobrenome é Einhorn. Por que você veio para Trier? Você estava morando no Castelo do Cisne Vermelho quando eu conheci o Conde Poufer.

— Seis anos atrás, meu pai morreu na guerra entre o Império Feysac e o Reino Loen. Minha mãe me trouxe de volta para Trier, onde ficamos com meu avô materno, que por acaso também era avô de Poufer — Elros explicou com um suspiro suave. — Dois anos atrás, meu avô materno faleceu. Ano passado, minha mãe sucumbiu à doença.

“A frequência de morte parece notavelmente alta? Certo, Aurore mencionou que, embora os quatro países poderosos do Continente Norte às vezes colaborassem e outras vezes entrassem em conflito, os casamentos entre a família real e os nobres nunca cessaram. Consequentemente, os casamentos entre primos se tornaram frequentes… De acordo com Franca, o caminho do Caçador esteve principalmente nas mãos das famílias Sauron e Einhorn. Um casamento Caçador – Caçadora poderia garantir que as gerações futuras seriam mais adequadas para o caminho do Caçador?” Lumian segurou a lâmpada de carboneto e seguiu pelo corredor em direção à saída da sala da estátua de cera.

 

As estátuas de cera de ambos os lados, banhadas pelo brilho amarelado da lâmpada de carboneto, pareciam assustadoramente realistas.

À medida que avançavam pelo corredor, ele ficava mais estreito, e as estátuas de cera quase obstruíam seu caminho.

Lumian não conseguiu evitar esbarrar nelas. Seus corpos estavam frios, e seus membros pareciam rígidos. Eram de fato estátuas de cera genuínas.

Finalmente, os quatro chegaram ao fim da sala e abriram a porta de madeira preta como ferro.

Quando Lumian estava prestes a partir, um impulso subconsciente o fez olhar para trás.

Na sala mal iluminada, as expressões de dor nos rostos das estátuas de cera pareciam assustadoras, como se seus olhos estivessem fixos na saída.

Lumian se lembrou de seu encontro anterior com a estátua de cera no rio. Ele instintivamente levantou seu pulso ligeiramente e discretamente estendeu o dedo médio em direção à estátua de cera na sala.

— Eu realmente queria poder incendiar este lugar — lamentou Albus Médici com um toque de arrependimento.

Lumian ficou momentaneamente surpreso, mas secretamente concordou.

“Boa ideia!”

 

Ele suspeitava que se conseguisse incinerar essas estátuas de cera, a poção seria completamente digerida.

Elros Einhorn comentou calmamente: — O Castelo do Cisne Vermelho sofre uma média de três incêndios por mês.

“Ela está sugerindo que devemos ir em frente e queimá-las sem nenhuma apreensão?” Lumian resmungou em seus pensamentos e seguiu para o corredor atrás da sala da estátua de cera.

A passagem descia diagonalmente, levando-os para o subsolo.

Lumian sentiu vontade de franzir os lábios e assobiar de espanto, mas resistiu.

Os quatro continuaram descendo até que o corredor se nivelou novamente.

As lâmpadas de parede não estavam acesas. Fossem a gás ou velas, elas dormiam na escuridão.

Com o brilho amarelado de suas quatro lâmpadas de carbureto, Lumian discerniu uma sala em um ângulo diagonal à frente, sua porta de madeira ligeiramente entreaberta. Um leve e persistente odor de sangue emanava de dentro.

Ele se aproximou e abriu a porta de madeira.

A luz entrou na sala, e a cena lá dentro foi lançada aos olhos de Lumian, Albus e o resto do grupo.

 

Era um quarto pequeno, mas o tempo não tinha sido gentil com ele. A cama tinha se desintegrado, a madeira apodrecida e a mesa estava em ruínas. Uma coleção de itens variados estava espalhada no centro do quarto.

As paredes apresentavam marcas profundas e vívidas, como se tivessem sido arranhadas violentamente por alguém até que seus dedos sangrassem e apodrecessem.

O sangue, tendo vazado para as fendas, oxidou com o tempo, ficando preto. Sua aparência original foi perdida, mas um leve odor enjoativo ainda permanecia.

Então, um assobio chegou aos ouvidos de Lumian.

Albus Médici expressou suas emoções através deste som.

Ele passou por Lumian, entrou na sala e passou os dedos pelos arranhões profundos na parede.

— Só posso imaginar os sons horríveis que foram produzidos — comentou Elros, de rosto gordinho, com seu foco no assunto um tanto desviado.

Lumian supôs que alguém do Castelo do Cisne Vermelho havia descido à loucura e ficado confinado nesta sala. As marcas na parede eram o legado assombroso de seu tormento.

Depois de uma busca rápida que não resultou em nada, eles seguiram em frente.

Eles optaram pelo caminho da direita no cruzamento de três vias, que os levou a uma sala com a porta de madeira parcialmente aberta.

 

Por dentro, a sala estava em ruínas, marcada pela presença de manchas de sangue enegrecidas. As paredes pareciam adornadas com o que só poderia ser descrito como carne em decomposição.

Albus Médici observou e estalou a língua em sinal de desaprovação.

— Um cara explodiu aqui. De dentro para fora. Sangue e carne espalhados por todo lugar.

Lumian assentiu quase imperceptivelmente. O julgamento se alinhou com o dele.

Poderia ter sido o resultado de um Piromaníaco perdendo o controle e encontrando seu fim?

O poeta Iraeta, segurando uma lamparina de carboneto em uma das mãos, deu uma tragada em seu cachimbo de cerejeira, com um pouco de esforço, e ofereceu sua própria perspectiva.

— Não consigo entender por que tal tragédia aconteceu, mas há uma certa qualidade poética nela.

“Uma explosão é uma forma de arte?” Lumian murmurou enquanto entrava na sala e começava sua busca.

Nesse ambiente, suas emoções estavam um pouco mais agitadas do que o normal, e seus impulsos agressivos estavam inegavelmente intensificados.

O sangue pútrido e a carne em decomposição pareciam exalar uma aura que poderia influenciar o estado mental de alguém.

 

Depois de avançar mais de dez metros, o grupo descobriu outra sala adjacente ao corredor, com a porta de madeira parcialmente aberta.

O quarto não cheirava a sangue, mas Lumian sentiu como se lâminas afiadas estivessem sendo pressionadas contra sua pele, fazendo seus cabelos ficarem em pé.

“Nitidez!”

Essa foi a palavra que naturalmente lhe veio à mente.

Enquanto a luz da lâmpada de carbureto iluminava o quarto, Lumian, Elros e o resto observaram que a mobília havia sido reduzida a pequenos fragmentos. Camas e escrivaninhas estavam em quadrados do tamanho de dedos, parcialmente desabadas.

— Uma esgrima notável — comentou Albus Médici com uma risada.

Lumian não estava muito preocupado com esse assunto. O que o incomodava era que esse lugar era diferente dos dois cômodos anteriores, que tinham sinais de sangue em decomposição e carne podre.

“Para onde foi a pessoa que uma vez ocupou esta sala?” Lumian examinou a área atentamente antes de decidir seguir em frente.

Em pouco tempo, eles chegaram a uma escadaria de pedra descendente. A parte inferior da escadaria estava envolta em escuridão, aparentemente sem fim.

Em ambos os lados da escada havia salas com portas de madeira ligeiramente abertas. O interior dessas salas era escuro como breu, como se pudesse engolir toda a luz e movimento.

 

Lumian instintivamente escolheu o lado esquerdo, abriu a porta e estendeu a lâmpada de carboneto para dentro do quarto.

Banhados pela luz amarela direta, uma cama intacta, uma mesa sem danos e uma cadeira estavam todos em perfeita ordem.

Duas espadas brilhantes e frias adornavam a parede diante deles. Sobre a mesa, uma pilha de blocos de construção coloridos de vários formatos e uma fileira de soldados de ferro, cada um tão alto quanto uma vela, estavam cuidadosamente dispostos.

Esses soldados de ferro estavam vestidos com casacos azuis com bordados dourados. Eles empunhavam lanças que lembravam galhos de árvores ou rifles pretos, um brinquedo popular em Intis que gozava de popularidade por um século ou dois.

Lumian andou até lá e colocou a lâmpada de carbureto no chão. Ele pegou um dos soldados de ferro e habilmente torceu a mola de torção em suas costas.

Com uma série de rangidos, o soldado de ferro ganhou vida, balançando para frente enquanto erguia sua lança.

Lembranças de quando possuía um conjunto desses soldados de ferro durante sua juventude, antes da doença de sua mãe e dos problemas financeiros de seu pai, inundaram a mente de Lumian.

— Não há sinais de danos aqui. É como se contivesse itens da infância à idade adulta — observou Elros enquanto circulava pela sala.

Albus Medici sorriu e comentou: — Eu me pergunto onde o dono está agora. Espero que não esteja louco o suficiente para arranhar as paredes ou se autodestruir de dentro para fora.

Enquanto conversavam, Lumian estendeu a palma da mão direita, tentando abrir a gaveta de madeira da escrivaninha para ver o que havia nela.

 

De repente, uma voz etérea ecoou ao redor deles.

— Meu avô enlouqueceu e se aventurou nas profundezas do palácio subterrâneo, para nunca mais retornar…

Lumian ficou tenso, seu corpo girando enquanto ele examinava os arredores em busca da origem da voz.

Albus, Elros e os outros seguiram o exemplo, ouvindo claramente a voz perturbadora.

— Meu pai enlouqueceu e se aventurou nas profundezas do palácio subterrâneo, para nunca mais retornar…

— Meu irmão enlouqueceu e se aventurou nas profundezas do palácio subterrâneo, para nunca mais retornar…

— Eu… ouço as invocações das profundezas do palácio subterrâneo…

Lumian, Albus, Elros e Iraeta dirigiram simultaneamente seus olhares para a porta de madeira do outro lado do corredor.

A voz espectral emanou dali.

Com um estalo, Iraeta, posicionado no corredor, abriu a porta de madeira atrás de si. A ignorância frequentemente não conhecia o medo.

 

A luz amarelada iluminou imediatamente duas figuras e uma pilha de materiais.

Um deles era um boneco cor de pele, montado em uma estrutura de metal, sem pelos e com características faciais rudimentares.

Ao redor dela havia moldes, cabelos, argila e pigmentos armazenados em recipientes.

Um homem vestido com uma túnica preto-acinzentada, com seu cabelo ruivo natural esvoaçante, estava pintando diligentemente o boneco com um pincel fino.

Sentindo a intrusão da luz, o homem levantou lentamente a cabeça, revelando um rosto envelhecido, adornado com cabelos grossos e olhos escuros, como ferro.

Ao avistar Lumian, Iraeta e os outros, ele falou lentamente, com a voz etérea, enquanto perguntava: — Vocês estão aqui para fazer estátuas de cera?

Capítulo 426 – “Maldição”

 Vento_Leste

Combo 24/75


Iraeta inconscientemente deu um passo para trás.

— Não, não há necessidade.

Ele saiu do seu torpor e focou no homem de túnica cinza que estava pintando diligentemente o boneco na sala mal iluminada. Ele perguntou com curiosidade: — Você é o artesão de estátuas de cera que serve ao Conde Poufer?

Este conde tinha um hobby peculiar: fazer figuras de cera para seus amigos.

O homem com a barba ruiva evitou contato visual direto e continuou colorindo o boneco inacabado à sua frente.

Lumian, que já havia retornado ao corredor, virou a cabeça e olhou para Albus Medici. Em vez de falar, ele dirigiu sua pergunta ao homem enigmático na sala desorganizada, — Como devemos chamá-lo?

Lumian tinha certeza de que algo estava errado com o artesão de estátua de cera diante dele, mas não conseguia determinar a extensão do problema. Eles tinham acabado de notar que nenhuma luz escapava desta sala, indicando que o homem estava trabalhando no boneco em completa escuridão!

O homem com olhos profundos e negros como ferro e uma barba ruiva flamejante olhou para cima mais uma vez e falou em um tom espectral: — Meu avô enlouqueceu e se aventurou nas profundezas do palácio subterrâneo, para nunca mais retornar…

— Meu pai enlouqueceu e se aventurou nas profundezas do palácio subterrâneo, para nunca mais retornar…

 

— Então, você também está louco? — Albus Médici interrompeu as divagações do homem.

O homem hesitou por um momento antes de responder: — Eu… ouço as invocações das profundezas do palácio subterrâneo…

Nesse ponto, seu olhar varreu os rostos de Lumian, Albus e Elros. Os cantos de sua boca, obscurecidos por sua barba, se curvaram levemente, sugerindo um sorriso evasivo.

Seus olhos negros e vazios ficaram mais intensos, e sua voz carregava uma sensação de urgência.

— Vocês três, corram para as profundezas do palácio subterrâneo…

Iraeta murmurou baixinho: — Por que não eu?

A mente de Lumian acelerou enquanto ele buscava um ponto em comum com Albus e Elros.

Como o poeta Iraeta havia apontado, os “três de vocês” na declaração do homem estranho não o incluíam. Dada a atmosfera e as circunstâncias peculiares, algo definitivamente estava errado.

“Eu sou um Caçador, e Albus é um Caçador. Elros também poderia ser uma Caçadora?” Enquanto Lumian contemplava isso, Albus Medici parecia imperturbável pelas palavras assustadoras do artesão da estátua de cera. Ele abriu um sorriso atrevido e perguntou: — Você quer que nos aventuremos profundamente no palácio subterrâneo para resgatar seu avô, pai e irmão, ou prefere enviar seus cumprimentos?

“Bastante agressivo… Logicamente falando, ele é pelo menos um Piromaníaco, do tipo cuja poção foi quase toda digerida. Não há necessidade de provocar todo mundo com cada palavra… Poderia ser que ele esteja intencionalmente enganando os outros para acreditarem que ele é apenas um Provocador?” Lumian olhou para o perfil lateral bem definido de Albus e murmurou internamente.

 

O homem que pintava o boneco não prestou atenção em Albus e continuou seu trabalho.

— Desculpe incomodá-lo — Lumian disse, não dando a Albus a chance de agravar a situação. Ele alcançou a maçaneta da porta de madeira vermelha, fechou-a gentilmente e deixou o quarto para trás.

Lumian decidiu não explorar a sala com o soldado vestido de ferro, temendo que isso pudesse desencadear eventos indesejados.

Na escuridão, Lumian desceu os degraus de pedra desgastados, com uma lamparina de carboneto na mão.

Em meio ao eco dos passos, Elros Einhorn comentou de repente: — Aquele homem parecia um leão…

Lumian lembrou-se da aparência do artesão da estátua de cera. De fato, com seu longo e denso cabelo e barba ruiva, ele parecia um leão humanizado.

Albus Médici balançou gentilmente a lâmpada de carboneto em sua mão e olhou para Elros.

— Este é o castelo do seu avô materno. Você mora aqui há quase seis anos. Não aja como um visitante como nós, que não sabe de nada.

— Eu realmente não sei quem era essa pessoa — Elros respondeu, balançando a cabeça. — Eu raramente entro no palácio subterrâneo. O mais longe que eu fui foi na sala cheia de estátuas de cera.

“Em outras palavras, durante suas explorações limitadas, você escolheu o mesmo caminho que eu. Você selecionou a Porta da Loucura entre as três portas da Esperança, Loucura e Morte… Por que você não continuou mais fundo? Com ​​o que você estava preocupada?” Lumian deduziu algumas informações da resposta sucinta de Elros Einhorn.

 

Albus zombou.

— Você já ouviu falar da lenda de que os membros da família Sauron enlouqueceram e se aventuraram nas profundezas do palácio subterrâneo, para nunca mais retornar?

— Por exemplo, meu avô enlouqueceu e se aventurou nas profundezas do palácio subterrâneo…

O membro da Ordem da Cruz de Ferro e Sangue imitou a fala do homem com uma precisão incrível.

“Excelente, você fez a pergunta que eu queria fazer…” Apesar do jeito irritante de Alvo Médici, ele serviu a um propósito.

Ele não tinha reservas e, com grande perspicácia, fazia perguntas que não deveria.

Com um companheiro de equipe assim por perto, Lumian conseguia manter uma certa distância e esconder seus verdadeiros pensamentos e atitudes.

Os degraus de pedra desgastados pareciam não ter fim. Enquanto Elros descia cuidadosamente, ela suspirou e explicou,

— Sempre soube dessas lendas.

— O mestre do Castelo do Cisne Vermelho e os membros da família Sauron que residem aqui, tanto homens quanto mulheres, gradualmente se tornam violentos e irritáveis, eventualmente enlouquecendo. É possível que eles entrem nas profundezas do palácio subterrâneo após se mutilarem e nunca mais retornam. Esses incidentes ocorrem esporadicamente, às vezes uma vez a cada poucos anos, ou duas ou três vezes por ano.

 

— Além dos membros da família que anseiam por restaurar a glória de seus antepassados, Sauron se distanciou deste antigo castelo. Ele não quer enlouquecer.

— Isso tem um certo efeito, garantindo a continuação e a herança da família Sauron. No entanto, essa loucura parece ser uma maldição, uma maldição enraizada na linhagem. Sauron, que reside em outro lugar, ocasionalmente terá pessoas retornando repentinamente e repetindo as experiências de seus antepassados ​​aqui.

“É essa a explicação superficial por trás do declínio da família Sauron? Se os membros principais da família enlouquecerem um por um e entrarem nas profundezas do palácio subterrâneo sem retornar, a família realmente declinará pouco a pouco… Por que Elros nos contou em detalhes sobre os assuntos que são do conhecimento da família Sauron… Ela acredita que não sairemos vivos, então ela está satisfazendo seu desejo de compartilhar?” Lumian não pôde deixar de se lembrar dos pesadelos que teve devido ao jogo Torta do Rei.

Nos pesadelos, o Castelo do Cisne Vermelho foi invadido por lunáticos que se mutilavam de maneiras horríveis, arrancando seus próprios globos oculares e muito mais.

Parecia que esses lunáticos incluíam vários indivíduos da família Sauron que enlouqueceram ao longo de mais de dois séculos.

Mas nem todos eles compartilhavam a linhagem de Sauron. Lumian se lembrava de como o Novelista Anori e outros participantes do jogo Torta do Rei também tinham enlouquecido e cometido atos grotescos para si mesmos e para os outros, apesar de não terem a linhagem da família Sauron.

Albus Medici, com seu jeito irritante, sorriu ironicamente enquanto perguntava a Elros: — Seu avô materno também enlouqueceu e se aventurou nas profundezas do palácio subterrâneo?

Elros permaneceu calmo e respondeu: — Não, ele faleceu devido a dores de cabeça crônicas. Nem todo dono do Castelo do Cisne Vermelho eventualmente enlouquece.

Albus, sem se deixar intimidar, continuou insistindo: — Quais são os fatores comuns entre aqueles que não enlouquecem?

O rosto de Elros foi iluminado pelo brilho da lâmpada de carboneto enquanto ela respondia em seu tom habitual: — É um segredo de família.

 

Em essência, ela estava dizendo: “Não vou te contar”.

Essa resposta deixou Lumian, que estava liderando o caminho, sentindo uma crescente sensação de frustração.

Se Elros tivesse simplesmente os alertado contra bisbilhotar os negócios da família Sauron desde o começo, ele não teria reagido emocionalmente. Mas a disposição dela em compartilhar informações intrigantes, apenas para reter os detalhes cruciais, parecia uma provocação deliberada.

Depois de um momento de silêncio, o sorriso de Albus Médici retornou, e ele perguntou mais profundamente: — E sua mãe?

Elros respondeu: — Ela faleceu normalmente devido a uma doença.

Albus riu e continuou, — E você? Você também tem a linhagem da família Sauron. Você vai enlouquecer de repente?

Elros virou a cabeça e olhou para o sujeito mal-educado, revelando um sorriso indescritível.

— A longo prazo, todos nós enlouqueceremos.

“Quem você quer dizer com nós?” A testa de Lumian se contraiu, sentindo que Elros não estava se referindo apenas à família Sauron.

Seguiu-se um momento de silêncio, quebrado pelo suspiro sincero do Poeta Iraeta.

 

— O medo de uma família, a maldição que dura gerações e os antepassados ​​que se aventuraram no subterrâneo escuro. Que tema excelente para um ensaio. É muito inspirador. Se Anori descobrisse, ele definitivamente produziria uma novel clássica. Até eu teria vontade de escrever um longo poema.

Enquanto conversavam, os quatro finalmente chegaram ao fim dos longos degraus de pedra.

Diante deles estendia-se um vasto salão com pilares de pedra branco-acinzentados sustentando o teto escuro acima.

As quatro lâmpadas de carboneto iluminavam o espaço, revelando várias pilhas de ossos parcialmente expostas atrás de certos pilares de pedra.

— Muitos mortos. — Albus Médici, destemido, suspirou com um sorriso e caminhou em direção a uma das pilhas de ossos.

Naquele momento, Lumian captou um som farfalhante.

Ele levantou rapidamente a cabeça e ergueu a lâmpada de carboneto.

Na fraca iluminação amarela e no teto manchado, uma sombra colossal se movia com velocidade surpreendente, rastejando pela superfície irregular antes de desaparecer nas sombras do outro lado.

A sombra era uma criatura parecida com uma aranha.

Em comparação com outras da sua espécie, ela tinha apenas um par de olhos, mas cada olho continha vários pequenos olhos únicos que se moviam independentemente, irradiando uma luz fria e misteriosa.

 

Incontáveis ​​cerdas longas e grossas circundavam um coração murcho, enegrecido e do tamanho de um punho em suas costas.

O sangue de Lumian gelou quando um termo surgiu em sua mente: “Aranha Negra Caçadora!”

Este era um dos principais ingredientes da poção do Conspiracionista.

No mês passado, embora Lumian ainda não tivesse adquirido nenhum ingrediente relacionado a Aranha Negra Caçadora e Esfinge, ele havia acumulado uma compreensão geral dessas duas criaturas Beyonder, incluindo sua aparência e habilidades. Recentemente, ele havia contemplado “teletransportar-se” para outro local em sua busca para localizar essas criaturas.

No entanto, a Aranha Negra Caçadora que ele tinha acabado de testemunhar era ainda mais incomum do que as informações que ele tinha reunido. Ela se desviava significativamente em vários detalhes, particularmente na presença de um coração murcho que se assemelhava assustadoramente ao de um humano.

Capítulo 427 – Cooperação dos Caçadores

 Vento_Leste

Combo 25/75


A suposta Aranha Negra Caçadora brilhou e desapareceu nas sombras do outro lado do corredor.

Lumian apenas viu, mas não reagiu a tempo. Albus Medici e Elros Einhorn foram igualmente pegos de surpresa.

Quando Iraeta percebeu a anormalidade e olhou para o teto, a colossal aranha negra havia desaparecido.

— O que estão olhando? — o poeta perguntou curiosamente, comentando casualmente, — Não há mural nas paredes do labirinto subterrâneo. Isso não combina com a antiga glória da família Sauron.

No Continente Norte, os murais eram essenciais na construção de grandes edifícios. Todos os pintores tinham orgulho de serem convidados a criar essas magníficas obras de arte, especialmente quando se tratava de pinturas épicas em domos e paredes de catedrais. Essas pinturas não eram apenas um símbolo de status, mas também exigiam meses ou até anos para serem concluídas.

Lumian desviou o olhar e sorriu.

— Eu vi uma aranha venenosa. Ninguém vem aqui há muito tempo. Parece ter se tornado um refúgio para criaturas perigosas.

Sem esperar pela resposta de Iraeta, ele sugeriu para o Poeta: — Albus, Elros e eu temos habilidades impressionantes e ampla experiência em caça. Está claro que você não tem treinamento suficiente. Por que não retorna à superfície antes? Continuar em frente pode ser perigoso para você. Você realmente não acredita que pode encontrar a coroa e se tornar rei, acredita?

Iraeta murmurou: — Sem problemas. Afinal, você é meu patrocinador.

 

— Se não fosse para acompanhar vocês e me divertir, eu não me aventuraria neste subterrâneo escuro como breu. Já passei da idade de aventuras e artes cênicas. Tudo bem, vou voltar para a superfície agora e esperar por vocês na sala de estar. Tem La Fée Verte, chá preto, refrescos e tabaco. É muito mais confortável do que aqui.

Enquanto o poeta falava, ele se virou e caminhou em direção aos degraus de pedra na saída do salão.

Assim que deu alguns passos, uma chama irrompeu da sombra à sua direita, avançando em direção a Iraeta como uma lança carmesim.

Atrás de Lumian, chamas surgiram ao redor de Albus Médici, transformando-o em uma lança carmesim que colidiu com a lança flamejante que atacava o poeta.

O membro da Ordem da Cruz de Ferro e Sangue se transformou em uma lança carmesim e voou com um ruído sibilante, colidindo com a lança flamejante que havia atacado o poeta.

Com um estrondo retumbante, as duas lanças flamejantes se desintegraram, revelando Albus Médici e a colossal aranha negra com o coração murcho.

A aranha emitiu um guincho de alta frequência, levantando seu corpo e balançando seus quatro membros grossos e peludos, parecendo foices que brilhavam com uma luz fria, para Albus Médici.

Ao mesmo tempo, uma lança quase incandescente voou e atingiu o lado da aranha negra, incinerando sua casca dura e perfurando-a.

Era Elros Einhorn. Ela parecia preparada e silenciosamente mudou de posição, esperando a colossal aranha negra aparecer.

No momento seguinte, ágeis Corvos de Fogo carmesim seguiram trajetórias diferentes, avançando em direção ao ferimento criado pela lança branca e ardente.

 

Estrondo!

A explosão de fogo dentro do corpo da colossal aranha negra criou uma tempestade caótica de chamas, rasgando sua carapaça externa e carne.

Lumian não poupou suas habilidades impressionantes.

Ele começou a condensar os Corvos de Fogo no momento em que Albus Médici confrontou o agressor.

Os apêndices em forma de foice da colossal aranha negra não atingiram Albus, que aproveitou a oportunidade para recuar.

Sob o ataque implacável, a aranha emitiu um grito agudo que reverberou dentro de sua concha quitinosa.

O coração enrugado e enegrecido atrás dela de repente brilhou em vermelho escuro, criando bolas de fogo ardentes.

Essas bolas de fogo formaram uma rede, envolvendo a colossal aranha negra, e dispararam em direção a Lumian, Albus e Elros, deixando rastros vermelhos.

Em contraste, Iraeta, que havia ficado atordoado pela batalha sobre-humana, foi ignorado e saiu ileso.

Estrondo! Estrondo! Estrondo!

 

Enquanto Lumian e os outros desviavam das bolas de fogo, uma delas disparou para o fundo do corredor, dissipando-se rapidamente.

Escondida dentro da bola de fogo, a colossal aranha negra aproveitou a oportunidade para romper o cerco de Lumian e dos outros e desaparecer mais uma vez.

As chamas carmesins ao redor deles continuaram a queimar. Albus Medici olhou para o líquido vermelho-escuro pingando da aranha negra gravemente ferida, mas não a perseguiu imediatamente. Em vez disso, ele sorriu para Lumian e disse:

— Boa isca.

Lumian não negou.

Ele pediu ao Poeta Iraeta que retornasse à superfície sozinho para atrair a colossal aranha negra como isca.

Se a aranha não tivesse mordido a isca, Iraeta teria deixado o palácio subterrâneo sem nenhum perigo. Mas se a aranha planejasse caçar uma pessoa comum sozinha, Lumian estava pronto para usar a Travessia do Mundo Espiritual e o Feitiço de Harrumph para proteger o alvo. Ele pretendia eliminar a criatura, suspeita de ser um ingrediente de poção, o mais rápido possível.

Com tal oportunidade, ele não estava disposto a se conter e esconder seus trunfos. Ele queria terminar a batalha rapidamente para evitar qualquer contratempo.

Inesperadamente, a reação de Albus Medici foi mais rápida que a dele. Portanto, Lumian parou no tempo e mudou para Corvos de Fogo. Ele pretendia observar o estilo de combate da aranha negra e descobrir quaisquer segredos que ela pudesse conter.

Agora, Lumian tinha certeza de que a colossal aranha negra era mais formidável do que uma Aranha Negra Caçadora normal. Se fosse normal, ela nunca teria escapado do cerco de três Caçadores; teria perecido devido às repetidas explosões.

 

Embora tenha sido confirmado que a aranha negra não era equivalente a uma Aranha Caçadora Negra, ela era, sem dúvida, do caminho do Caçador. Com os poderes Beyonder correspondentes, as partes especiais em seu corpo certamente poderiam ser usadas para preparar poções.

Lumian virou-se para Elros e disse diretamente: — Aquele monstro é diferente de uma Aranha Caçadora Negra. Tem um coração humanoide em suas costas. O que está acontecendo?

Elros olhou para o sangue vermelho escuro pingando nas sombras do corredor e refletiu por um momento.

— Nunca vi uma criatura Beyonder assim antes.

Ela parou por um momento antes de continuar: — Tudo o que sei é que se o dono do Castelo do Cisne Vermelho e muitos membros importantes da família Sauron não enlouquecerem e se aventurarem nas profundezas do palácio subterrâneo sem retornar, alguém extrairá seus corações e os enviará para algum lugar no palácio subterrâneo.

Ao ouvir isso, Lumian de repente se lembrou de uma cena com a qual havia sonhado devido aos efeitos persistentes do jogo Torta do Rei.

Em um caixão de bronze cercado por inúmeras velas brancas, uma mão com veias vermelho-escuras, quase pretas, estava estendida, segurando um coração murcho e preto, com um pouco de sangue escorrendo.

“O que diabos a família Sauron está aprontando?” Lumian não conseguiu evitar xingar interiormente.

O que havia nas profundezas deste palácio subterrâneo e quantos monstros mutantes se escondiam lá dentro?

Naquele momento, o Poeta Iraeta finalmente saiu do seu torpor. Ele olhou para Lumian e os outros em choque, medo e excitação.

 

— Todos vocês, Beyonders, são capazes de usar os poderes?

— Você também sabe sobre Beyonders? — Albus Medici tinha uma expressão que sugeria que ele não era digno de saber.

Enquanto Iraeta se aproximava de Lumian, ele rapidamente explicou: — Sete ou oito anos atrás, fui a um campo de batalha para reunir material e vi algo. Eu sabia que havia muitas pessoas em nosso exército que poderiam usar superpoderes. Eles eram chamados de Beyonders.

— Nós temos superpoderes, e eles parecem bem similares — Lumian disse com um sorriso, olhando ao redor. — Você quer nos seguir mais fundo ou retornar à superfície você mesmo?”

Iraeta não escondeu seu medo e murmurou: — Claro, eu vou te seguir. Embora seja muito provável que eu encontre a aranha grande novamente, é melhor do que andar sozinho na escuridão com monstros desconhecidos espreitando por aí.

— Não quero que o último poema da minha vida seja ‘Oh, tola Iraeta.’

Lumian ponderou por alguns segundos e disse calmamente: — Se você deseja retornar à superfície, posso escoltá-lo até a entrada do palácio subterrâneo.

— Então eu definitivamente escolherei retornar! — Iraeta mudou de ideia sem hesitar.

Lumian então se virou para Albus e Elros e perguntou: — Vocês querem se juntar a mim, esperar aqui ou se aventurar mais fundo sozinhos?

Albus Médici lançou um olhar profundo para Lumian e zombou.

 

— Eu não esperava que você fosse uma pessoa tão moral. Você pode escoltar esse poeta com uma reputação duvidosa sozinho.

Sua implicação era clara: — Você deve ter segundas intenções para escoltar alguém para fora, considerando sua falta de moral.

Ele não especificou se pretendia ficar ou se aventurar sozinho.

— Estou com Albus — respondeu Elros, que estava ao lado de Albus, com um sorriso, segurando a lâmpada de carboneto.

Lumian observou as gotas de sangue vermelho-escuro deixadas pela aranha negra e começou a subir os degraus de pedra com Iraeta, usando a lâmpada de carboneto para iluminação.

No subterrâneo escuro e silencioso, eles retornaram ao corredor onde estavam o artesão da estátua de cera e os soldados de ferro.

O poeta Iraeta olhou para a escuridão profunda abaixo e disse ao seu patrocinador: — Aqueles dois não devem ser simples.

— Eu sei — Lumian respondeu com indiferença.

Segurando a lâmpada de carboneto que emitia um brilho amarelado, ele avançou em um ritmo moderado.

Iraeta caminhou bem perto dele e continuou em seu tom habitual, — A guerra entre o Reino Loen e o Império Feysac terminou há mais de sete anos. Mas a Srta. Elros mencionou que seu pai morreu na guerra há seis anos. Se bem me lembro, provavelmente foi devido à insatisfação com o tratado pelo lado perdedor, o Império Feysac, levando a uma rebelião. Esta foi uma guerra civil no Império Feysac. Por que a Srta. Elros mencionou o Reino Loen?

 

— O pai dela é um representante da facção extremista ou um membro da família real que morreu na rebelião?

“Um membro da família real que se rebelou? É por isso que eles fugiram para Trier?” Lumian considerou as informações fornecidas pelo entusiasta político, Iraeta.

Iraeta olhou para seu patrocinador e continuou: — Na verdade, antes de hoje, eu vi Albus Médici em outro lugar.

A curiosidade de Lumian foi despertada quando ele perguntou: — Onde?

Iraeta olhou ao redor e baixou a voz.

— Claustro do Coração Sagrado.

Capítulo 428 – Incineração

 Vento_Leste

“Claustro do Coração Sagrado? O maior claustro da Igreja do Eterno Sol Ardente de Trier? Por que Albus Medici foi lá? Ele poderia ser um agente secreto enviado pelos Purificadores para a Ordem da Cruz de Ferro e Sangue? Ou Gardner Martin o instruiu a ficar de olho no Claustro do Coração Sagrado?” A mente de Lumian correu com perguntas e palpites.

Enquanto ele avançava, segurando uma lâmpada de carboneto, Iraeta rapidamente interrompeu com mais informações.

— Tenho um amigo no Claustro do Coração Sagrado. Costumo ir lá para beber com ele.

Lumian, desviando momentaneamente seu foco de Albus Médici, brincou: — Os monges do claustro podem beber?

Os dois se moveram pela passagem sombria, guiados apenas pelo brilho amarelado da lâmpada de carboneto.

Iraeta divagou: — Claro que podem, mas não podem beber fora ou ficar embriagados. O vinho produzido pelo Claustro do Coração Sagrado é o melhor que já provei.

— Seu amigo é um monge? — Lumian caminhou em um ritmo moderado, seus passos ecoando pela passagem aparentemente interminável.

Iraeta parecia satisfeito conversando com Ciel e não escondia nada.

— Sim, ele é um membro da Irmandade Menor e serviu como padre batizador do meu sobrinho. Mais tarde, ele não conseguiu mais tolerar o clero da catedral se entregando aos prazeres e escolheu se tornar um monge. Ele se juntou ao Claustro do Coração Sagrado e atualmente supervisiona a cervejaria.

“Um membro da Irmandade Menor, campeões da temperança e do ascetismo…” Lumian deduziu isso e redirecionou a conversa.

 

— Quantas vezes você e seu amigo viram Albus Medici? Qual foi o motivo da visita dele ao Claustro do Coração Sagrado?

— Só uma vez — Iraeta murmurou. — Eu não me preocupo com tais assuntos. Não há freiras lá. Quando o vi, ele estava andando pelo corredor com um monge e entrou no fundo do claustro.

“Parece que Albus Médici não entrou secretamente ou com medo de ser descoberto…” Lumian deduziu isso do relato de Iraeta.

Em meio à busca incansável do Poeta Iraeta por conversa, os dois finalmente passaram pela sala misteriosa da estátua de cera, deixando para trás o corredor com as portas enigmáticas da Esperança, Loucura e Morte. Eles refizeram seus passos para o palácio subterrâneo.

Iraeta soltou um longo suspiro de alívio e relaxou. Ele resmungou: — O palácio subterrâneo é tão perigoso, e há criaturas com habilidades sobrenaturais. Poufer realmente nos levou a uma aventura aqui embaixo!

— Ele está tentando nos matar?

“Vocês todos foram corrompidos pelo jogo Torta do Rei muitas vezes. Eu me pergunto se vocês estão realmente vivos…” Lumian se absteve de uma resposta direta às queixas de Iraeta, optando por um sorriso brincalhão enquanto comentava,

— Parece que quanto mais assustado e tenso você está, mais você gosta de conversar.

— É isso que me faz sentir vivo — confessou Iraeta. Ele apagou a lâmpada de carboneto enquanto saíam do palácio subterrâneo pela escada em espiral.

Lumian se virou e refazeu seus passos em direção à Porta da Loucura.

 

Ele não tinha fechado a porta quando saiu. Mesmo que não tivesse se aproximado ainda, a luz amarelada da lâmpada de carboneto fez as estátuas de cera aparecerem fracamente, como se estivessem esperando na escuridão.

Lumian parou na porta, abaixou-se lentamente e colocou a lâmpada de carboneto no chão à sua frente.

Então, ele se endireitou e passou o olhar pelos rostos das estátuas de cera, suas expressões congeladas em agonia e envoltas em sombras.

Corvos de Fogo começaram a se materializar ao redor dele, um após o outro.

Já que o Conde Poufer havia demonstrado más intenções ao levá-los às perigosas profundezas do palácio subterrâneo — qualquer pessoa comum já teria morrido — não havia razão para mostrar qualquer cortesia a um membro da família Sauron, o dono do Castelo do Cisne Vermelho!

O plano de Lumian era direto: incendiar as estátuas de cera. Isso tinha vários propósitos. Primeiro, poderia ajudar a digerir sua poção. Segundo, poderia eliminar preventivamente ameaças potenciais, impedindo que as estátuas de cera ganhassem vida e atacassem em um momento crítico. Por fim, poderia criar uma situação caótica que interromperia o plano secreto do Conde Poufer, semeando dúvidas e confusão para sua exploração posterior.

O caos muitas vezes cria oportunidades.

Swoosh! Swoosh! Swoosh! Com um movimento rápido, ele lançou uma rajada de Corvos de Fogo que dispararam em direção às estátuas de cera.

Depois de despachar dois grupos de corvos, Lumian caiu de joelhos, pressionando as mãos no chão.

De suas palmas, serpentes de fogo deslizavam, serpenteando através da pilha de estátuas de cera e rapidamente as incendiando.

 

Uma cacofonia de explosões se seguiu quando as cabeças das estátuas de cera explodiram e suas extremidades inferiores foram engolidas pelas chamas, criando uma gaiola de fogo vermelho.

A cera branca como a carne que compunha seus corpos derreteu rapidamente, transformando-se em gotículas líquidas ou amolecendo e se desintegrando, tornando-as frágeis sob o ataque duplo de explosão e combustão.

Thud!

Os “músculos” de uma das estátuas de cera se desintegraram completamente, revelando um novo rosto.

Era um rosto humano!

Era um humano que havia perdido os olhos e morrido há muito tempo, com o rosto cheio de dor!

Silenciosamente, mais estátuas de cera amoleceram e desmoronaram.

Sem exceção, havia um cadáver humano dentro de cada uma delas.

Entre os corpos envoltos nas estátuas de cera estavam homens e mulheres, alguns com carne e pele expostas, outros com cabeças e corpos que pareciam ter sido grosseiramente costurados após a morte. Alguns tinham estômagos abertos, seus intestinos emaranhados e cheios de cera branca, criando uma visão grotesca…

O que todos eles tinham em comum era a expressão assustadora de dor gravada em seus rostos, como se tivessem vivido horrores indizíveis ou estivessem presos no mais sombrio dos pesadelos.

 

Conforme Lumian observou, a cera derretida se transformou em um líquido viscoso que escorria dos rostos dos humanos falecidos. Era como se essas almas torturadas estivessem chorando lágrimas de alívio ao encararem o abraço purificador das chamas.

“Dentro das estátuas há pessoas reais…” Lumian, que já tinha visto muitas cenas horripilantes, não conseguiu evitar ficar tenso, sentindo-se instintivamente enojado e com medo.

Ele finalmente sabia para onde tinham ido as pessoas comuns do Castelo do Cisne Vermelho que tinham enlouquecido e se mutilado em seus pesadelos.

Lumian se levantou, segurando a lâmpada de carboneto. Chamas carmesins irromperam de seu corpo, transformando-se em meteoros flamejantes que riscavam cada canto da câmara cheia de estátuas de cera, transformando-a em um inferno.

A cera branca começou a queimar fervorosamente, alimentando-se de si mesma até que não havia mais espaço para o fogo consumir.

Os olhos de Lumian refletiam a conflagração carmesim e as lágrimas de cera viscosa em seu rosto pálido.

Ele não desviou o olhar, mas observou atentamente.

Naquele momento, ele ganhou uma nova compreensão de suas habilidades piromaníacas. O outrora vago terceiro princípio de atuação tornou-se claro.

Um Piromaníaco causaca estragos e uma catástrofe total!

Quanto aos Piromaníacos, eles podem voluntariamente desencadear desastres e destruição sobre qualquer um.

 

Lumian desejou fervorosamente que os hereges e aqueles que tinham enlouquecido e só conseguiam prejudicar os outros fossem engolidos pelas chamas!

Tendo amalgamado seus vários atos nesse princípio, Lumian teve uma sensação incomumente clara de que sua poção de Piromaníaco havia sido completamente digerida. Ele podia até ouvir um som imaginário de estilhaçamento.

Com uma série de pancadas, os corpos sem vida, despidos de seu suporte de cera, caíram um por um no chão. Eles se empilharam e queimaram ainda mais ferozmente.

De repente, a porta de madeira se abriu com um rangido na saída oposta à câmara da estátua de cera.

O artesão da estátua de cera, com sua barba espessa e cabelos que lembravam um leão humanoide, estava diante de Lumian.

Seus olhos negros como ferro estavam tingidos de vermelho pelas chamas que subiam em direção ao teto. Sua voz soou etérea quando ele perguntou: — Por que… você… incendiou minhas estátuas de cera?

Lumian não respondeu; em vez disso, ele ativou a marca preta em seu ombro direito.

Travessia do Mundo Espiritual!

Uma luz espectral cintilou dentro de suas roupas, e sua forma rapidamente se materializou ao lado do artesão da estátua de cera.

Quase simultaneamente, Lumian abriu os lábios.

 

— Há!

Uma luz gasosa amarelo-pálida saiu de sua boca e atingiu a cabeça do artesão da estátua de cera.

O artesão da estátua de cera, vestido com um manto cinza-escuro, balançou visivelmente, como se perdesse o equilíbrio momentaneamente. Ele não perdeu a consciência completamente; era mais como se tivesse passado por uma Perfuração Psíquica e estivesse em estado de choque induzido pela dor.

Lumian não confiou somente no Feitiço de Harrumph. Ele levantou sua palma esquerda preparada e lançou uma bola de fogo carmesim, firmemente comprimida em camadas, na boca e nariz do artesão da estátua de cera com Infusão de Fogo.

A bola de fogo, gradualmente ficando branca, voou em direção à boca e às narinas do alvo, invadindo seu cérebro.

Estrondo!

A bola de fogo branca e brilhante explodiu de dentro para fora enquanto Lumian observava a cabeça do artesão da estátua de cera se expandir rapidamente antes de explodir.

Carne e sangue flamejantes jorraram. Lumian, já preparado, protegeu o rosto com a lâmpada de carbureto na mão direita, deixando o dorso da mão manchado de sangue.

Com um baque, o artesão da estátua de cera, com apenas metade da cabeça restante, balançou e caiu no chão.

Lumian, que havia meticulosamente preparado uma sequência de ataques, se viu momentaneamente surpreso. Ele não esperava que a situação se resolvesse tão facilmente.

 

Ele previu que o enigmático artesão de estátuas de cera poderia representar um desafio formidável e se preparou para “teletransportar-se” instantaneamente se as coisas piorassem.

Vale a pena notar que a estátua de cera que havia reanimado anteriormente era mais formidável do que o próprio artesão da estátua de cera. Apenas estar em sua presença pesava muito no corpo e na mente de Lumian, quase o tornando incapaz de resistir.

“Ele possuía a habilidade única de criar essas estátuas de cera, mas não tinha poder inerente? Ou ele precisava tirar força do palácio subterrâneo da família Sauron para dar vida a essas figuras de cera ameaçadoras? Talvez meu ataque tenha sido rápido demais, não lhe dando tempo para reagir. Ele morreu no local antes que pudesse recorrer a qualquer força externa?” Lumian olhou para o artesão da estátua de cera e avaliou a situação.

Nas profundezas do palácio subterrâneo, dentro de um salão adornado com velas brancas,

Poufer Sauron, sentado em um canto, abriu os olhos abruptamente e fixou seu olhar no caixão de bronze situado no centro da câmara.

Ao redor do caixão, inúmeras velas se apagaram estranhamente sem aviso.

”O qu-“ Poufer levantou-se, sua expressão ligeiramente distorcida em consternação.

Na saída da câmara da estátua de cera, Lumian testemunhou um brilho carmesim emanando do corpo do artesão da estátua de cera.

 

Inicialmente, a luminescência surgiu em direção à cabeça, mas apenas um pequeno fragmento da cabeça do artesão da estátua de cera permaneceu. Consequentemente, ele se deslocou para seu peito, mas não conseguiu se dissipar.

Lumian sentiu uma ponta de surpresa. Ele rasgou o manto cinza-escuro do artesão, revelando seu peito.

Ali estava uma ferida sinistra e escura, e o espaço onde seu coração deveria estar era vazio!

“O coração está faltando… Elros mencionou que os corações dos membros da família Sauron tinham que ser enviados para o fundo do palácio subterrâneo…” Lumian vagamente entendeu a razão por trás da natureza formidável, porém frágil, do artesão da estátua de cera.

Por fim, a luz carmesim se fundiu em uma entidade etérea com inúmeras ravinas, parecendo um cérebro encolhido e cor de sangue.

Sem saber o seu significado, Lumian guardou-o e saiu.

As chamas na sala continuaram a arder, mas por alguma razão desconhecida, não se espalharam.

No salão do pilar de pedra onde o confronto com a aranha negra ocorreu.

Albus e Elros observaram Lumian retornar, carregando uma lâmpada de carboneto que emitia um leve brilho amarelado.

 

Quase simultaneamente, eles notaram as manchas de sangue no corpo de Lumian.

— Você matou o poeta? — Albus perguntou, divertido.

Lumian balançou a cabeça e respondeu calmamente: — Eu matei aquele que estava fazendo as estátuas de cera.

Capítulo 429 – Ordens

 Vento_Leste

Ao ouvir a resposta de Lumian, os olhos de Albus se arregalaram ligeiramente e suas sobrancelhas se contraíram.

A boca de Elros ficou aberta, como se algo estivesse preso em sua garganta.

Ela sorriu rapidamente e examinou o rosto de Lumian com um olhar significativo.

Naquele momento, Albus voltou ao normal e olhou para Lumian. Ele estalou a língua e disse: — Você é realmente implacável. Você até voltou e matou o cara da estátua de cera.

— Eu não tive escolha. Ele me impediu de queimar as estátuas de cera — Lumian disse com um sorriso gentil.

As sobrancelhas de Albus se contraíram novamente.

— Você realmente as queimou?

— Claro — Lumian compartilhou suas descobertas com sinceridade. — As superfícies das estátuas de cera derreteram e descascaram para revelar cadáveres humanos.

Albus não ficou surpreso. Ele aplaudiu e sorriu ironicamente.

— Muito bem! Devo elogiar sua coragem.

 

“É como se ele estivesse dizendo que eu sou ignorante e destemido…” Lumian não acreditava que Albus estava realmente o elogiando.

Elros manteve o sorriso e falou como se fosse uma espectadora: — A família Sauron não é a única no Castelo do Cisne Vermelho que enlouqueceu. O mordomo, os guardas, os criados e as empregadas também enlouqueceram. As mortes deles após a mutilação são aterrorizantes. Não é adequado que suas famílias e o público saibam. Eles só podem relatar o desaparecimento deles e compensá-los com uma grande quantia de dinheiro.

“Mesmo assim, eles ainda podem recrutar novos servos… É porque o salário é alto ou o assunto é mantido em segredo? Eles escolherão apenas estrangeiros que acabaram de chegar em Trier e não sabem de nada?” Lumian sabia que famílias antigas como Sauron tinham servos que os serviam por gerações, mas seus números já eram limitados.

— Devemos continuar em frente? — perguntou Elros.

— Claro. — Lumian ainda queria rastrear a aranha negra gravemente ferida e extrair a característica de Beyonder que ela produziria para estudar o coração negro e murcho.

Albus Médici respondeu com suas ações e caminhou mais para dentro do salão.

Sob o brilho amarelado da lâmpada de carboneto, a escuridão gradualmente recuou, revelando as gotas de sangue vermelho-escuro fluindo da aranha gigante mutante.

Enquanto avançava, ele perguntou casualmente a Elros: — Quem é o responsável por enviar os corações extraídos para as profundezas do palácio subterrâneo?

— Só porque os membros da família Sauron enlouquecem e desaparecem nas profundezas do palácio subterrâneo não significa que os membros comuns da família Sauron não possam entrar. Em particular, o sucessor do Castelo do Cisne Vermelho frequentemente vai a certas salas e corredores no labirinto subterrâneo. Começou na primeira vez que Poufer se tornou rei enquanto joga Torta do Rei.

“Influenciado pelo espírito frenético e violento?” Lumian se lembrou da entidade invisível que havia circulado acima de sua cabeça após vencer o jogo Torta do Rei, sem ousar descer devido à aura do Imperador do Sangue.

 

Logo, o trio chegou ao fim do corredor. Por uma porta de madeira aberta, eles seguiram um corredor com vários relevos de soldados gravados em ambos os lados e algumas salas de armazenamento.

A luz amarelada brilhou ainda mais, primeiro delineando o contorno de uma porta de madeira, depois uma figura.

A figura usava um terno formal de cor clara e tinha cabelos pretos cacheados. Ele tinha uma aparência um pouco má e era claramente um participante dessa reunião. Ele era Ernst Young, o crítico designado para a equipe do Conde Poufer.

— Você está perdido? — Albus Médici o cumprimentou “com entusiasmo”.

Ernst Young segurava uma lâmpada de carboneto que não emitia mais luz e sorriu amargamente.

— Nós já tínhamos nos separado, e cada um acreditava que poderia encontrar a coroa do Conde. Mas antes que eu pudesse procurar cuidadosamente, a lâmpada de carboneto de repente se apagou. Não tive escolha a não ser retornar no escuro e procurar por uma sala com uma corda de sino.

— Que azar. — Albus suspirou exageradamente por Ernst Young.

Ele já havia chegado à porta aberta e estava ao lado de Ernst Young.

De repente, bolas de fogo vermelhas saíram de sua mão esquerda livre, caindo ao lado do crítico e criando um círculo de chamas.

— O-o que você está fazendo? — Ernst Young perguntou surpreso.

 

Albus respondeu com um sorriso: — Estou aqui para ajudar você a iluminar a área. Não está muito claro agora?

Ernst Young ficou em silêncio, com chamas vermelhas dançando em seu rosto.

“Ele não está surpreso que Albus possa criar chamas e possua superpoderes…” Lumian sentiu que havia algo errado com Ernst Young quando o viu, como um encrenqueiro enviado por Poufer Sauron. No entanto, dizer que algo estava errado era um eufemismo; ele era totalmente anormal.

As chamas se alastraram e a temperatura ao redor de Ernst Young aumentou.

Lumian olhou e notou uma estranha suavização no rosto do crítico.

Um líquido viscoso, semelhante a cera, vazou da pele de Ernst Young.

Enquanto a testa de Lumian latejava, Albus estendeu as mãos, inclinou-se para frente e empurrou a porta de madeira.

Em meio aos rangidos, a cena atrás da porta estava manchada com um brilho amarelado.

Caixões de vários tamanhos tinham sido cinzelados nas paredes. Correntes pendiam do teto, e caixões de várias cores pendiam delas. O chão estava cheio de inúmeros caixões, com apenas estreitas aberturas para as pessoas passarem.

Naquele momento, Ernst Young levantou as mãos, os olhos vazios, e rasgou o rosto.

 

A pele meio encerada, meio real, foi arrancada, revelando carne ensanguentada e veias azul-escuras — quase pretas.

Um forte cheiro de sangue e cera queimada impregnava o ar, fazendo todos os caixões no salão tremerem simultaneamente.

Bang! Bang! Bang! As tampas de caixão de várias cores se abriram uma após a outra, e aranhas gigantes pretas com olhos compostos, cerdas exuberantes e corações murchos incrustados rastejaram para fora.

Sons de farfalhar enchiam o ar enquanto aranhas pretas gigantes cobriam quase todos os cantos do salão.

Mirando em Lumian e nos outros, elas estenderam suas bocas e rapidamente condensaram uma bola de fogo carmesim que era quase branca.

Várias bolas de fogo voaram, como se uma saraivada tivesse sido disparada de uma bateria de artilharia.

Fosse Lumian, Albus ou Elros, todos se lançaram para o lado do corredor, evitando o local de frente para o salão.

Estrondo! Estrondo!

O corredor inteiro foi engolido pelas chamas, devastado pelas ondas de choque. As paredes de ambos os lados mostravam sinais de colapso.

O alvo de Lumian era um depósito vazio ao lado, escapando com sucesso do bombardeio violento.

 

O de Elros era o mesmo. Só que Albus usou Ernst Young como proteção.

Em meio às explosões incessantes, o crítico, que havia perdido a maior parte do rosto, se despedaçou. Carne e sangue respingaram, e algumas partes de seu corpo derreteram como velas.

O som farfalhante ressoou mais uma vez, e inúmeras aranhas pretas pareceram surgir do salão.

O couro cabeludo de Lumian formigou enquanto ele escutava. Seu primeiro instinto foi se “teletransportar” rapidamente para longe.

Diante de tais aranhas negras mutantes, ele não teve problemas em lidar com uma ou duas. Duas era um pouco demais, mas três significavam que ele tinha que considerar recuar. E agora, havia dezenas delas!

“Filho de uma puta! Há tantos de vocês. O que vocês costumam comer para sobreviver? Só ar?” Lumian xingou internamente enquanto ativava a marca preta em seu ombro direito para usar a Travessia do Mundo Espiritual.

De repente, ele ouviu uma voz feminina quase etérea.

A voz rapidamente ficou mais clara. Pertencia a Elros Einhorn.

Então, a voz da garota em Hermes reverberou.

— Eu ordeno a vocês, em nome da linhagem da família Sauron.

 

— Saiam desta área!

O farfalhar parou abruptamente, e toda a área caiu em um silêncio indescritível.

Depois de alguns segundos, os sons rápidos de rastejamento dos artrópodes ecoaram novamente, mas se espalharam em todas as direções.

Lumian interrompeu suas tentativas de usar a Travessia do Mundo Espiritual e lançou seu olhar para o corredor além.

As chamas se extinguiram gradualmente e nenhuma aranha preta apareceu.

Lumian saiu do depósito lateral pensativo e viu que todos os caixões no corredor à frente estavam abertos, mas não havia sinal das aranhas pretas gigantes.

Elros, vestida com um vestido de cor clara, estava no corredor, sua mão direita firmemente fechada, sua palma esquerda pendurada para baixo. Sua aura parecia ligeiramente diferente de antes, como se a comandante-chefe de um exército tivesse chegado antes de seus soldados leais, naturalmente exibindo um charme sedutor que fazia as pessoas se submeterem a ela.

Palmas! Palmas! Palmas! Albus Medici levantou-se de trás do desmoronado Ernst Young, segurando uma lâmpada.

Ele sorriu ironicamente e disse: — Você não é uma Einhorn? Por que está usando o nome da família Sauron?

Elros lançou um olhar frio para o membro da Ordem da Cruz de Ferro e Sangue, fazendo com que ele inconscientemente fechasse a boca.

 

— Eu tenho metade da linhagem de Sauron. — Elros virou-se para Lumian e sorriu novamente. — Você quer continuar?

— Claro! — Albus Médici foi o primeiro a responder.

Lumian estalou o pescoço e sorriu. — O jogo ainda não acabou.

Embora tivesse vontade de escapar do labirinto subterrâneo, quanto mais ele queria sucumbir aos seus impulsos, mais não conseguia demonstrar.

Sua experiência e os ensinamentos de Aurore o ensinaram a não deixar que outros adivinhassem seus verdadeiros pensamentos sob tais circunstâncias.

A aura ao redor de Elros que tornava as pessoas involuntariamente submissas se dissipou gradualmente, e ela retornou ao seu estado obediente.

Lumian e Albus entraram no salão à frente lado a lado e viram que os caixões de madeira de várias cores estavam vazios. Os corpos que deveriam existir pareciam ter sido comidos pelas aranhas negras gigantes.

Assim que estava prestes a passar pela tumba coletiva, Lumian avistou uma enorme aranha preta esparramada em um canto. Seu lado estava horrivelmente rasgado, e sangue vermelho-escuro continuava a fluir.

Esta era a criatura Beyonder que havia lutado anteriormente contra os três Caçadores. Devido aos seus ferimentos graves, ela não podia deixar a tumba de acordo com as “ordens” de Elros. Ela só podia ficar onde estava e “lamber” suas feridas.

Ao ver Lumian e os outros, a aranha negra gigante levantou parcialmente o corpo e soltou um guincho ameaçador.

 

Olhando para o coração murcho nas costas da aranha negra, Lumian sorriu casualmente e disse: — É minha, e o resto dos despojos de guerra são seus. O que vocês acham?

Albus Medici riu. — É só isso que você vê? Só você se importa com essas coisas.

Os lábios de Elros se curvaram em um sorriso fraco. — Não tenho problema com isso, mas como são seus despojos de guerra, você pode recuperá-los sozinho. Não darei nenhuma assistência.

— Eu gosto disso. Você pode dizer algo legal de vez em quando — Albus elogiou Elros antes de lançar seu olhar para Lumian.

Os dois Caçadores, um homem e uma mulher, pareciam estar esperando para “apreciar” a performance de Lumian.

A colossal aranha preta sofreu ferimentos graves, mas claramente não perdeu sua capacidade de lutar!

Capítulo 430 – “Irresponsável”

 Vento_Leste

Sentindo os olhares de Albus e Elros, Lumian se aproximou cautelosamente da aranha negra ferida com a lâmpada de carboneto na mão.

Como Caçador, ele tinha uma compreensão clara da mentalidade atual de seus dois companheiros de equipe.

Era como navegar por uma floresta escura. Todos assumiam o papel de caçador, mas no momento em que um revelava sua vulnerabilidade, ele se tornava a caça, vulnerável ao ataque coletivo.

Albus e Elros queriam informações sobre a condição e as capacidades de Lumian.

Eles tinham dúvidas de que Lumian poderia facilmente despachar o artesão da estátua de cera, acreditando que ele deveria ter pago um preço significativo. Além disso, eles pretendiam decifrar a Sequência precisa do vencedor anterior do jogo Torta do Rei e os itens místicos que ele carregava.

Lumian não teve escrúpulos em eliminar a aranha negra gravemente ferida, mas estava relutante em revelar seus trunfos — Travessia do Mundo Espiritual e o Feitiço de Harrumph — para Alvo e Elros.

À medida que se aproximava da aranha negra, seus pensamentos disparavam, ponderando a estratégia mais eficiente que incorreria no mínimo de custo e tempo, tornando a tarefa o mais simples possível.

O olhar de Lumian analisou o lado rasgado da aranha negra, que permaneceu presa no corredor como seus parentes, com sangue vermelho-escuro escorrendo. Com a mão esquerda, ele casualmente retirou um brinco de prata do bolso e o prendeu no lóbulo da orelha esquerda.

Mentira!

Tendo digerido completamente a poção de Piromaníaco, as emoções de Lumian se acalmaram. Ele agora podia empunhar secretamente as luvas de boxe Atormentadoras e empregar Mentira.

 

Corvos flamejantes e carmesins se materializaram ao redor dele.

Quase simultaneamente, a colossal aranha negra reagiu. O coração enrugado dentro dela emitiu um brilho vermelho-escuro, conjurando uma infinidade de bolas de fogo ameaçadoras, como se tecesse uma rede protetora carmesim.

Swoosh! Swoosh! Swoosh! Os Corvos de Fogo cercando Lumian dispararam, cada um seguindo uma trajetória distinta em direção a seus respectivos alvos.

Mais de cem bolas de fogo vermelhas irromperam da forma da aranha negra, avançando com uivos ameaçadores.

Estrondo!

Em um instante, alguns Corvos de Fogo foram interceptados pelas bolas de fogo, enquanto outros as detonaram, desencadeando uma série de explosões ao redor da aranha negra, fazendo com que chamas irrompessem uma após a outra.

Naquele preciso momento, uma bola de fogo brilhante disparou em direção à saída do salão.

Lumian estava esperando essa abertura. Ele levantou a mão esquerda e estalou os dedos.

Com um estrondo retumbante, a bola de fogo brilhante perdeu sua trajetória e caiu no chão.

Em vez de detonar, as chamas subiram, revelando a figura da aranha negra.

 

Lumian avançou, sua mão esquerda ardendo com chamas vermelhas.

Elas se enrolaram, camada sobre camada, comprimindo-se até quase ficarem brancas.

Ao chegar ao lado da aranha negra, que estava atordoada pelo impacto, Lumian se inclinou e balançou o braço esquerdo, pressionando a bola de fogo branca e brilhante contra a laceração grotesca, permitindo que ela penetrasse no corpo da criatura.

Em meio ao bater frenético de seus membros, a aranha negra mal conseguiu se virar. Lumian já havia aproveitado o momento para se inclinar para trás e rolar, aumentando a distância entre eles.

Sua forma se materializou ao lado do mar carmesim criado pelos Corvos de Fogo e pela bola de fogo, distanciando-se da aura violenta da criatura.

Estrondo!

A bola de fogo incandescente detonou dentro do corpo da aranha negra. A incineração pode não ter sido visualmente aparente, mas a rápida expansão do gás rasgou a criatura Beyonder completamente, ejetando sua casca quitinosa junto com sua carne.

A colossal aranha negra emitiu um grito arrepiante enquanto suas oito pernas peludas recuavam freneticamente.

Lumian não perdeu tempo, impedindo-a de recuperar a compostura. Ele condensou uma lança carmesim que brilhava quase branca e a arremessou em direção à criatura.

A lança flamejante voou pelo ar, perfurando a ferida aberta e prendendo a aranha negra gigante no chão.

 

A lança se desintegrou, incendiando suas entranhas. A aranha negra se contorceu algumas vezes antes de ficar em silêncio.

Lumian não se apressou para se aproximar de seu inimigo caído. Ele se virou para Albus e Elros. Com um sorriso, ele removeu Mentira e disse: — Está resolvido.

Enquanto falava, ele convocou dezenas de Corvos de Fogo vermelhos e os enviou em direção à aranha negra aparentemente sem vida.

Estrondo!

A aranha negra saltou mais uma vez, destruindo-se.

Ele estava fingindo estar morta!

Infelizmente, Lumian manteve distância e não caiu na armadilha. Ele sacrificou apenas uma dúzia de Corvos de Fogo.

Os Corvos de Fogo carmesim restantes invadiram o corpo machucado da aranha negra, restaurando a “paz” nele.

Ao testemunhar isso, Albus assentiu lentamente e admitiu relutantemente: — Nada mal.

Elros observou pensativamente, sem oferecer nenhuma resposta imediata à proclamação de Lumian.

 

Lumian se virou para a aranha negra imóvel, esperando que uma luz negra como ferro emergisse de seu corpo antes de se aproximar.

Após avaliar a condição da aranha negra, ele decidiu explorar seu estado gravemente ferido. Fraquezas potenciais incluíam uma provável diminuição na habilidade de Controle de Chamas e agilidade. Portanto, ele ativou Mentira e aproveitou seus atributos de Controle de Chamas para combinar com sua própria velocidade e agilidade.

A luz negra como ferro não convergiu para o olho da aranha negra como Lumian havia previsto. Em vez disso, ela fluiu para o coração enrugado e enegrecido embutido em suas costas como um riacho.

Lumian parou ao lado de sua presa, intrigado com a cena que se desenrolava. Depois que a característica de Beyonder vazou, ele decidiu coletá-la antes de tirar qualquer conclusão. Ele removeu cuidadosamente o coração murcho, os olhos compostos pretos e as glândulas de veneno da boca, guardando-os em bolsas escondidas separadas e recipientes de metal.

— Não me diga que você é apenas um Piromaníaco e não progrediu para se tornar um Conspiracionista? — Albus provocou.

“Você sabe muito bem que eu só recentemente me tornei um Piromaníaco quando entrei para a Ordem da Cruz de Ferro e Sangue…” Lumian resmungou internamente. Ele se endireitou e ofereceu um sorriso.

— Isso mesmo. Eu ainda sou apenas um Piromaníaco.

— Piromaníacos não são capazes de derrubar o artesão da estátua de cera… — Elros murmurou suavemente.

O olhar de Albus se voltou brevemente para o bolso de Lumian, onde Mentira estava escondida, mas ele não disse mais nada.

“Veja, estou falando a verdade. Se você duvida de mim e suspeita o contrário, há pouco que eu possa fazer…” Lumian riu, pegou a lâmpada de carboneto e liderou o caminho até a saída do corredor.

 

Depois de atravessar outro corredor escuro, eles chegaram a uma sala mal iluminada.

Na luz amarelada, soldados vestidos com armaduras de ferro e casacos azuis adornados com fios dourados apareceram.

Diferentemente dos brinquedos de criança, cada um tinha quase dois metros de altura. As lanças que seguravam brilhavam com um brilho gélido e pareciam excepcionalmente afiadas.

— Se eles ganhassem vida, seria um exército inteiro — comentou Albus com um toque de significância.

“Exército, soldados…” Lumian de repente se lembrou do desejo de submissão no jogo Torta do Rei. Ele se lembrou das ações da estátua de cera quando ela o atacou e da hierarquia evidente dentro da Ordem da Cruz de Ferro e Sangue — Comandante da Brigada, Comandante Adjunto da Brigada, Oficial Comandante, NCO e Soldado.

Em meio a suas reflexões, Lumian fez um palpite bem fundamentado.

“Os níveis mais altos do caminho do Caçador poderiam envolver o exército, a obediência e a regimentação?”

“As estátuas de cera lembram soldados aguardando comandos, assim como essas armaduras de ferro. Poderia um Beyonder de alta sequência do caminho do Caçador possuir a habilidade de criar soldados especializados?”

“O palácio subterrâneo do Castelo do Cisne Vermelho está realmente repleto da essência do caminho do Caçador. Não é de se espantar que eu encontre criaturas desse caminho com tanta frequência…”

Isso significava que Lumian não precisava procurar. Ele apenas precisava entrar em combate para garantir as recompensas correspondentes.

 

“Que campo de caça perigoso, um que poderia potencialmente me tornar a presa, mas oferece ganhos substanciais!” Ele suspirou profundamente.

Lumian observou enquanto Albus Medici invocava camadas de bolas de fogo brancas comprimidas e casualmente as enviava planando pela sala.

As bolas de fogo não detonaram; elas pairaram silenciosamente sobre o chão, pousando nos ombros e chapéus dos soldados de ferro.

Depois que o trio saiu da sala, Albus transferiu a lâmpada de carboneto para a mão esquerda, levantou a palma direita e estalou os dedos, imitando Lumian.

Estrondo! Estrondo! Estrondo!

Na sala atrás deles, as bolas de fogo incandescentes se inflamavam uma após a outra, incendiando-se umas às outras e fazendo o chão tremer levemente.

Explosão Retardada!

Uma das habilidades do Piromaníaco, Explosão Retardada!

Apesar do fato de que os soldados de ferro na sala eram feitos de metal, eles perderam seus membros ou componentes internos sob a formidável onda de choque. Alguns foram até mesmo enterrados sob tijolos de pedra como resultado do colapso da parede.

Percebendo o olhar de Lumian, Albus abriu um sorriso satisfeito.

 

— Para eliminar ameaças ocultas, assim como você lidou com aquelas estátuas de cera.

— Achei que você não ousaria — Lumian respondeu com um sorriso.

Ao testemunhar as ações de Albus, Lumian discerniu suas intenções. Ele ficou surpreso que o palácio subterrâneo do Castelo do Cisne Vermelho parecia possuir uma forma de mecanismo de autodefesa. Não importa quão potentes fossem as explosões ou chamas, seus efeitos eram confinados a uma única sala, evitando transbordamento.

“De fato, sem tais medidas de proteção, o Castelo do Cisne Vermelho provavelmente teria desmoronado há muito tempo, dados os monstros desenfreados que viviam ali…” Lumian observou outro corredor descendente à frente.

No final do corredor havia um par de pesadas portas de ferro, a superfície escura manchada por grandes manchas vermelhas, como se alguém tivesse jogado sangue nelas.

Elros respirou fundo e avançou na frente de Lumian e Albus.

Ela chegou à porta, pousou cuidadosamente a lâmpada de carboneto, estendeu as mãos, inclinou-se para a frente e exerceu força.

Em meio a um som áspero, a porta preta como ferro se abriu lentamente.

As pálpebras de Lumian se contraíram quando ele viu uma vasta extensão de luz de velas.

O caixão de bronze do seu pesadelo refletia-se nitidamente em sua visão.

 

Naquele momento, quase um terço das velas brancas que cercavam o caixão havia sido apagado, enquanto uma parte substancial ainda queimava intensamente.

Na luz bruxuleante da vela, a porta rangeu ao abrir. Lumian rapidamente examinou a área, mas não encontrou nenhum outro indivíduo presente.

Os três Caçadores permaneceram parados perto da porta por mais de dez segundos.

Por fim, Albus Médici virou a cabeça e perguntou provocativamente: — Por que vocês não vão entrar?

— Por que você parou também? — Elros Einhorn perguntou em vez de responder.

— Estamos esperando você assumir a liderança — Lumian respondeu com um sorriso casual.

Este salão estava cheio de perigos e escondia segredos profundos. Naturalmente, ele queria que outros explorassem o caminho primeiro!

Lumian percebeu que não estava sozinho pensando isso. Albus e Elros compartilhavam sentimentos semelhantes.

Albus desviou o olhar e soltou uma risada suave.

— Já que vocês são todos covardes, eu mesmo terei que fazer isso.

 

Com isso, ele abruptamente se ajoelhou e colocou as mãos no chão.

Silenciosamente, duas serpentes de fogo vermelho dispararam em direção ao caixão de bronze.

“Ei!” Os olhos de Lumian se estreitaram. Ele não tinha previsto que Albus agiria de forma tão imprudente.

Atacar o elemento mais problemático sem conduzir nenhuma investigação?

A expressão de Elros congelou enquanto ela instintivamente estendeu a mão direita, como se tentasse deter Albus.

Deixe um comentário