Capítulo 11
Deixe a diversão para mais tarde.
— Bebi demais ontem à noite? — Takasagi se levantou ainda abraçado à sua katana, farejando o ar.
Desde o breve período de sol mais cedo naquela manhã, o Vale dos Mil estava envolto na costumeira névoa espessa.
Forgan operava livremente por uma vasta área, incluindo os antigos territórios dos reinos de Nananka, Ishmar e até mesmo Arabakia. Eles nunca permaneciam muito tempo no mesmo lugar. Era exatamente isso que Takasagi apreciava no grupo. Ele nunca entendeu como as pessoas podiam criar raízes em um único lugar e, há muito tempo, havia decidido que, quando morresse, queria que fosse em um local que não conhecesse. Ainda assim, ele tinha alguma familiaridade com o Vale dos Mil, tendo visitado a região várias vezes, e aquela dissipação repentina da névoa era incomum, até bizarra.
— Por causa disso, deixamos aqueles caras escaparem também.
Takasagi franziu o cenho e estalou a língua. Lembranças triviais e irritantes voltaram à mente.
Quando olhou ao redor, viu Garo dormindo enquanto Onsa acariciava seu pescoço. Os outros lobos negros estavam sentados ou deitados nas proximidades. Também havia alguns nyaas que ele tinha começado a treinar. Onsa e Garo estavam bem, então talvez fosse melhor deixar por isso mesmo. O número de nyaas havia diminuído bastante, mas eles poderiam criar e treinar mais.
Takasagi se levantou, suspirando. Sentia dor de cabeça. Ressaca, Huh?
— Mesmo assim, estou cansado disso. Essa névoa. Talvez seja hora de partir. Vou conversar com Jumbo e…
— Takasagi. — Weldrund o chamou, aproximando-se com uma expressão sombria no rosto. Os elfos cinzentos do Vale Quebrado tinham a pele acinzentada como o nome sugeria, e esse xamã não era uma exceção. Era um homem bastante inexpressivo, considerando que seus hobbies incluíam poesia e música, e por isso não podia evitar parecer taciturno.
— O que foi, Duque Wel? — perguntou Takasagi.
— Tenho algo para lhe mostrar. Por favor, venha comigo.
Takasagi o seguiu até um local atrás das pedras, onde um couro de wangaro estava estendido, com um pedaço de pergaminho em cima, preso por uma pedra para não ser levado pelo vento.
Takasagi não conseguiu se conter.
— Ah, fala sério… — Ele se abaixou, afastou a pedra e pegou o pergaminho. Estava escrito em letras desleixadas:
Sinto muito.
Não vou dar desculpas.
Decidi partir em uma jornada.
Não me procurem. Estou implorando.
Com amor, sinceramente,
Ranta-sama.
— Aquele desgraçado… — Takasagi amassou o pedaço de papel. Ah, cara. Isso é ótimo. Mais do que hilário.
Quando não conseguia mais segurar, Takasagi começou a rir. Ele explodiu em gargalhadas.
— O que você quer dizer com “quero ficar forte”? — Lágrimas escorriam de seus olhos.
Ele ria tanto que achou que seus lados iam explodir.
— Você insistiu tanto, eu estava pronto para te dar um treinamento de verdade, e é isso que eu ganho?! Isso é perfeito, Ranta! Você é um cara muito engraçado! “Não me procure”, hein?! Pois tá bom! Eu vou te procurar! Vou te encontrar e te matar com minhas próprias mãos! Vai ser divertido! Estou ansioso, Ranta! Seu merdinha!