Tradução: Eudarda
Volume 2
Capítulo 4 – A Heroína e a Cavaleira
I
Reino Farnesse, Cidadela Emreed, Centro de Comando
Hosmund chegou em Emreed antes do regimento de calaria independente e realizou uma conferência de guerra. O objetivo era saber o que fazer com as forças imperiais que eles encontraram nas planícies Almheim, a norte de Emreed.
— Excelência, eu proponho humildemente que nós mantenhamos o forte e aguardemos o apoio do regimento de cavalaria indepente.
— Estou de acordo com o major.
— Eu concordo.
O adjunto de Hosmund – major Selim – queria ser cauteloso e os outros oficiais concordaram com ele.
— …Todos vocês querem que a cidade de Emreed seja destruída pelo inimigo?
Hosmund perguntou ao grupo diante dele num tom áspero.
— Excelência, você está enganado. Emreed é um forte resistente, estou certo de que a batalha não causará danos colaterais à cidade.
Emreed foi chamada de cidadela porque estava rodeada de fortes muralhas. Um fosso revestia o exterior da muralha e, se a ponte levadiça fosse erguida, seria difícil para o inimigo alcançar as muralhas.
Selim tinha razão, se eles focassem na defesa, a batalha seguiria ao seu favor. Mas não havia garantia de que o inimigo fosse recuar se apenas defendessem.
— Selim, você é muito otimista. Ainda não é certo, mas o inimigo pode ter armas de cerco.
— Mas talvez não tenham armas de cerco.
Em resposta à pergunta de um oficial ingênuo, Hosmund alertou:
— Pode ser, mas nós temos que sempre nos preparar para o pior no campo de batalha. A luta na cidade só pode ser usada como um último recurso.
Esse lugar era diferente de um forte, se as portas fossem destruídas, o exército imperial poderia atacar dentro da cidade. Os homens seriam mortos e as mulheres estupradas, com gritos e gemidos ecoando por toda a cidade à medida que o local se transformasse num inferno vivo. Seria tarde demais para lamentar quando isso acontecesse.
— Mas Excelência, você deve ter ouvido o relatório e sabe o que quer dizer já que eles estão vestindo armaduras carmesim.
Armadura carmesim – o que significa que os seus inimigos pertenciam aos cavaleiros carmesim. Todos sabiam que o terceiro e quarto exército foram dizimados pelos cavaleiros carmesim. Eles podiam não ser tão famosos como os cavaleiros azuis, mas os cavaleiros carmesim ainda eram famosos em todo o continente Dubedirica.
Selim e os outros queriam ser cautelosos por que tinham medo dos cavalheiros carmesim. Até o próprio Hosmund sentiu que os cavaleiros carmesim não eram brincadeira.
E era exatamente por isso que o mérito de guerra seria enorme se eles conseguissem derrotar os cavaleiros carmesim.
“Não existem batalhas que não tenham riscos. Quanto mais perigoso for o adversário, maior vai ser a recompensa.”
Quando ele pensou nisso, um emblema brilhante de duas estrelas reluzentes passou pelos olhos de Hosmund.
— Eu entendo suas preocupações mas contar com as defesas da cidade deve ser o nosso último recurso. Vamos tomar a iniciativa e atacar. De acordo com o relatório, o inimigo tem 3.000 forças, o que corresponde com os nossos números.
— Excelência! É perigoso pois os nossos numeros são os mesmos! Por favor, reconsidere!
Selim se opôs emocionado. Todos os oficiais protestaram.
— Selim, e todos vocês, ouçam. Eu tomei minha decisão, isso é uma ordem.
Selim não teve escolha a não ser conter sua língua e assentir com relutância. O resto seguiu seu exemplo. Eles queriam falar mais, mas as ordens tinham sido dadas e seriam sujeitos à corte marcial se ainda assim se opusessem. Era assim que os militares trabalhavam.
— E quanto aos movimentos do inimigo?
— Os batedores relataram que o inimigo está acampado nas planícies Almheim e não mostrou sinais de movimento. O motivo permaneceu incerto.
— Entendo, isso é estranho… muito bem então, vamos nos preparar para atacar e observar o inimigo. Faça com que os batedores enviem a mensagem. Só isso, dispensados.
Com isso, Hosmund deixou Selim e os outros que saudavam com rostos amargos e saiu do centro de comando.
Exército Imperial, planícies Almheim
— Tenente general, eles não estão reagindo.
O capitão Lamia relatou com uma pitada de decepção. Volmas lentamente se levantou do barril de cerveja que estava usando como cadeira. A sua estrutura era tão robusta que o pesado machado de guerra que tinha nas costas parecia apenas um machado de mão. A sua armadura não conseguia esconder os seus fortes musculos e seus cabelos desarrumados e barba pareciam como o de uma besta selvagem. Volmar emitia uma aura das fortes.
— Que chato. Estão falando sério sobre a retomada do forte? Ei, vocês, vão gritar na porta deles, digam para trazerem o monstro dos rumores! Cinco moedas de ouro para quem conseguir fazer isso!
O rosto de vários soldados mudou quando ouviram falar das cinco moedas de ouro. Isso era dinheiro suficiente para brincarem o quanto quiserem durante dois anos.
— Como podemos parar o monstro? Ela não está usando uma coleira. Por favor, não provoque as tropas impressionáveis com as suas piadas.
Lamia se encolheu exasperadamente, o que fez os soldados ao seu redor rirem.
A garota que fez milhares de soldados tremerem de medo. Volmar queria lutar com ela com seu machado de guerra o mais rápido possível.
A razão era simples. Ele queria saber que tipo de canção esse monstro cantaria.
— Brincadeiras à parte, é verdade o relato de que o sétimo exército tinha entrado na cidadela?
Lamia colocou seu binóculo de volta na bolsa de serviço na cintura e assentiu afirmamente:
— É verdade, tem muitos relatos de uma unidade com as bandeiras do sétimo exército entrnando na cidade. Também corresponde com o relatório enviado pela Miragem.
— Ótimo. Se eu não puder retribuir o favor, vou estar desapontando a lady Rosenmarie que me enviou aqui.
— Não acho que seja um problema. Com a força incrível do tenente coronel, esse monstro dos boatos vai ficar muito impressionada. É por isso que você é chamado de ‘Perisher’.
O sarcasmo de Lamia fez Volmar suspirar alto.
— Chega disso. Agora, quem me deu esse apelido? Graças a isso, as pessoas acham que eu sou um assassino sedento por sangue.
De acordo com Lamia, os opositores de Volmar acabam sempre em corpos desmembrados, o que era a razão por detrás do seu apelodo. Volmar não queria fazer isso, era apenas o resultado da sua imensa força. Ele não suportava o apelido ‘Perisher’.
— Hah!? Lá vai você de novo. Mas é um fato, a sua cabeça está bem?
Lamia piscou e olhou para ele incrédulo. Volmar olhou para os outros, mas todos desviaram o olhar. O mal-entendido parecia ser grave.
— Me deixa ser claro, isso é um erro. Só gosto da música que os meus adversários cantam quando eu esmago eles com o meu machado de guerra. Não me interesso muito em matá-los.
— …Tenente coronel, isso significa que você não é diferente de um assassino indiscriminado que gosta de matar.
Lamia suspirou e Volmar também mas mais forte após ouvir isso. Volmar lamentava não ter encontrado ninguém que pudesse apreciar a arte.
— Ei, Lamia, você devia se esforçar mais na arte. Então pode ser como eu, enriquecido por dentro.
Volmar colocou suas mãos no peito e falou com seriedade:
— Quando você diz palavras tão delicadas nesse seu corpo enorme de urso, parece muito surreal. Tirando isso, o que vamos fazer? Já que o inimigo não se move, por que não tomamos a cidade deles com a nossa arma de cerco? Essa vai ser uma boa oportunidade de testar o desempenho do protótipo.
Volmar seguiu o olhar de Lamia e viu o vislumbre de uma roda. Esse era o protótipo da pequena catapulta da divisão de desenvolvimento tecnológico do exército imperial. Era duas vezes mais forte do que a versão anterior e podia destruir as muralhas de madeira do forte num só acerto.
Esse vai ser o nosso último recurso. A instrução do coronel Gaier era de tomar essa cidade na melhor condição possível, já que essa vai se tornar a nossa base para invadir o teatro de guerra central.
— Então o que vamos fazer? Sentamos e esperamos?
Volmar acariciou seu queixo pensando profundamente. Lamia tinha razão, eles não podiam simplesmente esperar ali. Estava quase na hora de tomar medidas concretas.
— Bom… Vamos enviar a eles um convite.
Quando ele ouviu isso, a expressão de Lamia se iluminou.
— É uma ótima ideia. Assim que receberem o convite do tenente coronel, eles não vão ficar sentados esperando.
— Vou deixar isso com você, então?
Lamia assentiu com firmeza e admitiu:
— Eu vou tomar providências para cortar algumas árvores e preparar o material.
Lamia murmurou enquanto convocava alguns soldados para o seguirem e se afastou de Volmar.
Na manhã seguinte.
À medida que o sol da manhã se erguia lentamente em cima do Monte Gransoles e iluminava o terreno, três figuras crucificadas se tornavam visíveis.
Um estava faltando o nariz e os olhos.
Outro lhe faltava os membros.
O último tinha tido sua pele completamente arrancada.
E nos seus pés estavam os trajes do exército real.
II
No dia seguinte ao seu encontro com a Miragem.
O grupo de Olivia deixou a cidade do deserto Keffin. Eles já conseguiram informações de Alvin, por isso não havia necessidade de ficar na cidade. O capitão da guarda ficou muito desapontado mas seu humor melhorou quando soube que a chance de um ataque do exército imperial era muito baixa. Ele se despediu do regimento alegremente, sua personalidade era fácil de entender.
Se passaram dois dias.
O regimento de cavalaria independente estava apenas um pouco longe de Emreed. Isso porque a sua velocidade de movimento tinha aumentado drasticamente, uma vez que não tinham que procurar inimigos. Olivia gostava de montar no seu cavalo e até dormia enquanto cavalgava.
— Major, por favor não durma nas costas do cavalo. É perigoso.
Claudia a lembrou com preocupação. Olivia estcou as costas, bocejou e então olhou para o céu.
— É tudo porque o tempo está muito bom. Se eu pudesse me deitar na grama, conseguiria formir confortavelmente. Bom, devemos fazer uma pausa?
— Você acabou de falar isso duas horas atrás e nós descansamos assim como você queria. Vamos chegar em Emreed logo, por favor, aguenta mais um pouco.
Claudia falou exasperadamente. Ashton, que cavalgava do lado delas, sorriu embaraçado. Parecia que o seu plano de fazer uma pausa nas planícies tinha falhado.
— Claudia, você é malvada! Ei, Ashton, tem algo saboroso em Emreed? Tem, certo?
— Por que está perguntando para mim? Hm, já que é uma cidadela, deve ter comida boa lá.
— Major, eu não disse nada mal. Além disso–
— Fica quieto.
Olivia colocou seu dedo indicador nos lábios e olhou para a frente. Ela podia sentir alguém se aproximando.
— O que foi?
Claudia perguntou tensa. Ashton pegou seu binóculo e analisou a situação.
— Um cavaleiro está vindo na nossa direção!
— Alto!
Claudia imediatamente deu a ordem. Todos os olhos estavam focados na frente e um homem de armadura apareceu com o som dos cascos do cavalo.
— Isso é… um soldado do exército real.
— Verdade.
— Ele parece nervoso. O que aconteceu?
Quando o homem notou o grupo de Olivia, ele pareceu aliviado – e imediatamente mudou para um rosto tenso.
— É uma emergência, por favor, me permitam fazer um relatório no cavalo mesmo. Eu presumo que você deve ser a comandante do regimento de cavalaria independente, Olivia, certo?
— Sim, isso mesmo. E você?
— Sou Ritz, soldado de primeira classe da unidade do major general Hosmund. A nossa unidade está combatendo os cavaleiros carmesim nas planícies Almheim e a batalha está indo mal. Por favor… nos ajude…
Foi preciso tudo o que tinha para ele dizer isso. O corpo de Ritz vacilou um pouco e ele caiu do cavalo. Ashton rapidamente desceu do seu cavalo e ajudou Ritz a se levantar.
— …Ele está bem, só perdeu a consciência.
Claudia suspirou de alívio quando ouviu isso mas rapidamente ficou com o rosto tenso.
— A nossa vanguarda já enfrentou o inimigo. O seu oponente era os formidáveis cavaleiros carmesim.
— Eles vão estar em perigo se não nos apressarmos para ir ajudá-los.
Claudia assentiu com firmeza.
— A major está certa, não podemos ignorar os nossos aliados que estão em perigo.
— Vamo nos apressar então.
— Por favor, esperem.
Antes que Claudia pudesse dar a ordem, Ashton falou com uma voz desesperada atrás. Ela se virou para trás e viu que ele estava mais sério do que nunca.
— Q-Qual o problema?
O seu rosto, que parecia diferente do habitual, deixou Olivia um pouco nervosa.
— Assim como a primeira tenente Claudia disse, os cavaleiros carmesim são formidáveis e seria difícil demais para os novos recrutas. Nós precisamos de uma estratégia para manter todos vivos.
Quando ela viu o rosto sério de Ashton, Olivia começou a pensar. Pelo que Ashton e Claudia disseram, os cavaleiros carmesim eram fáceis de lidar e tinha os visto tremendo com os rostos pálidos.
Ele estava certo, se não preparassem algum tipo de plano, os novos recrutas acabariam mortos.
— Ashtonm, tem alguma ideia?
— Desculpa… Fui eu quem falou nisso mas não tenho nenhuma dica.
Ashton virou o rosto com vergonha. Ela olhou para Claudia, que só mexeu a cabeça em silêncio. Nenhum dos dois tinham boas sugestões.
“Isso é difícil. Mas não vai ter problema se eu estiver sozinha… Hm? Sozinha? Isso mesmo, sozinha!”
Olivia estalou os dedos. Ashton e Claudia olharam um para o outro e perguntaram ao mesmo tempo:
— Você pensou num plano?
— Major, por favor, nos conta.
Os dois se aproximaram, o que surpreendeu Olivia.
— E-Erm, penso que devíamos deixar três homens trabalhar juntos para enfrentar um cavaleiros carmesim. Um ataca, outro defende e o último dá suporte. Isso vai ser uma equipe. Os novos recrutas devem conseguir lidar com isso e vai minimizar as nossas perdas.
— Entendo.. cada soldado vai se concentrar na sua tarefa. Os recrutas então de alguma forma serão úteis.
Ashton ficou surpreso e assentiu, enquanto Claudia parecia hesitante.
— Hm? Claudia, tem algo errado? Eu acho que é uma boa ideia na verdade.
— Não, tem nada errado… Mas mesmo que sejam os cavaleiros carmesim, se encontrar com eles é um pouco… Como um cavaleiros que valoriza a honra, eu receio…
— Isso é uma guerra e os recrutas não são caveleiros?
— Claro que eu sei que… Ah!
Os olhos de Claudia ficaram vermelhos e a coçou a cabeça enquanto murmurava alguma coisa. Olivia se afastou de Claudia por reflexo. Claudia estava um pouco assustada nesse momento, então decidiu observar com cuidado.
Um pouco depois.
— Vamos seguir com isso então.
Parecia ser preciso tudo o que Claudia tinha para falar isso. As suas batalhas interiores pareciam ter terminado. Por vezes, ela era muito interessante.
◉
Hosmund se arrependia das suas ações preciptadas. Era verdade que ele não queria que os cidadãos fossem tomados pelas chamas da guerra, mas também estava cego pelas suas ambições. Esse era o resultado da sua ganância pelos méritos de guerra.
“Esse é o meu castigo pela minha cobiça…”
Na frente dele estava um homem gigantesco que balançava um enorme machado de guerra. Os corajosos soldados que o desafiaram foram esmagados por aquela arma, derramando sangue e tendões por toda parte. Hosmund até começou a se perguntar se os humanos eram realmente assim tão frágeis. Selim tinha razão, eles deveriam ter esperado pelo regimento de cavalaria independente.
Mas Selim tinha se ido. Ele tinha partido para o submundo pello seu corajoso esforço de proteger Hosmund.
“Mas… Eu não podia permitir que atos tão desprezíveis ficassem impunes!”
Quando ele viu o terrível estado do seus batedores, os olhos de Hosmund ficaram vermelhos. Quando percebeu isso, ele tinha ignorado o apelo de Selim para se conter e atacou nas planícies Almheim.
Sem perceber que se tratava de uma armadilha do inimigo.
Hosmund foi a fundo atacando e acabou cercado pelos cavaleiros carmesim. Ele imediatamente ordenou que seus homens adotassem uma formação defensiva mas a instruçõ não foi transmitida tão rápida por causa do caos.
Como resultado, as tropas foram violentamente destruídas e o seu caminho de retirada foi bloqueado.
— Ei, ei, vocês realmente são o sétimo exército que dizimou as forças imperiais do sul? São tão fracos. E não vejo nenhuma garota monstruosa.
O homem descansou seu machado de guerra no ombro e falou com um rosto desinteressado. Quando Hosmundo ouviu o termo ‘garota monstruosa’, ele percebeu que o inimigo estava atrás de Olivia.
— Infelizmente essa garota foi designada para outra unidade. Esse major general aqui vai duelar com você no lugar dela.
— Tch! Aquela Lamia estava tão convencida, mas a informação é falsa. Não, o inimigo é o sétimo exército, então não estão errados…
Mas esse homem apenas murmurou para si mesmo e não achou que Hosmund fosse sequer digno de resposta.
— Ei, o seu oponente aqui é um major general, não bom o suficiente para você?
— Hm? Estou muito insatisfeito mas você vai servir. Tenho que devolver um presente em troca para a lady Rosenmarie de qualquer forma.
— Devolver um presente?
Quando ouviu a pergunta de Hosmund, o homem robusto riu friamente e colocou dois dedos no pescoço.
— Já que você é um major general, então cante uma boa cançao para mim.
Sua expressão mudou quando ele atacou com seu machado de guerra como presas de uma besta. Hosmund defendeu com sua espada mas a sua posição estava um caos devido à enorme força do seu adversário.
Hosmund mudou de postura e tentou desviar dos golpes em vez disso. No entanto, esse homem ajustou o seu ataque em respota. Ele não era alguém que confiava apenas na sua força bruta.
No fim, a espada de Hosmund foi dobrada e o machado de guerra lentamente afundou no seu ombro.
— Gwah–!
— Isso mesmo! Canta! Estou perdendo meu tempo por respeito à sua patente! Me deixe ouvir uma melodia esplêndida!
Esse homem sorriu de forma sinistra enquanto afundava o machado de guerra mais fundo. Hosmund sangrava abundantemente no ombro e a sua visão estava desfocada. Ele sentiu seu corpo sendo puxado para o chão e ele caiu de joelhos.
“Esse é o fim…”
Enquano Hosmund tinha a certeza de que iria morrer, um furacão atacou de repente, levando o homem para longe. A mundança repentina surpreendeu Hosmund e ele esqueceu da dor. Não conseguia dizer nada quando um voz clara veio de trás.
— Bem no momento certo.
A voz familiar fez Hosmund virar lentamente, para encontrar apenas uma garota com um sorriso inocente – Era Olivia.
III
— M-Major Olivia…!?
— Estabeleçam uma formação quadrada aqui. Não deixe o inimigo se aproximar.
— Sim, mademoiselle!
A moral dos soldados estava alta depois de receberem as ordens de Olivia. Olivia assentiu para eles e olhou para Hosmund.
— Essa foi por pouco. Ah, errado, ainda bem que você está bem!
Olivia sentiu que o uso de honoríficos era problemático ao saudar o perpexo Hosmund. Hosmund sorriu de forma estranha, então falou com as mãos sobre a ferida no ombro:
— Isso é um campo de batalha e agora não é hora de saudar com calma.
— É isso? – Não, vai ficar tudo bem? Mas o adjunto Otto me disse que sempre tenho que bater continência quando vejo um oficial de alta patente.
Olivia ficou confusa por dentro enquanto arrancava uma flecha perdida. Ela não conseguia imaginar Otto estando errado sobre maneiras já que ele era personificação da disciplina militar.
— Isso… vai depender da hora e do lugar. No mínimo, as continências são desnecessárias durante uma batalha. Ouvi dizer que você é esquisita, mas nunca pensei que fosse tanto… Ugh…
Hosmund falou com um rosto amargo. Otto ou Hosmundo, quem estava certo? Olivia ficou muito incomodada com isso e decidiu perguntar à Otto da próxima vez que o visse.
— Major general Hosmund, por favor recue por agora. Claudia e os outros asseguraram uma rota de retirada, por favor, deixe esse lugar comigo.
Olivia chamou dois soldados próximos e pediu que ajudassem Hosmund. Se ele morresse ali, o esforço de Olivia e dos outros em se apressar até ali seria em vão.
— Desculpe…
Depois de um curto pedido de desculpas, Hosmund partiu com o apoio das tropas. Enquanto Olivia o observava partir, uma voz estrondosa veio de trás dela.
— Bom, já acabou de falar?
Ela se virou e encontrou o homem corpulento que mandou longe com um chute parado ali com um sorriso desprezível. Esse homem pegou seu machado de guerra do chão e colocou no pescoço.
— Sim, acabamos. Desculpa pelo chute.
Olivia pediu desculpas com um sorriso e o homem acenou suavemente com a mão.
— Não se preocupa com isso. O seu ataque é como uma obra de arte, faz tempo desde que alguém me derrubou. É uma pena que o major general não tenha terminado sua canção, mas tudo bem. Finalmente posso te conhecer.
— Eh…? Mas não lembro de sequer ter te encontrado.
Olivia ficou confusa, ela nunca tinha visto um homem do tamanho de um urso antes. Ela parecia uma criança em comparação à sua enorme silhueta.
O homem enorme riu com vontade.
— Você pode não me conhecer mas eu te conheço. A bela garota que traumatizou alguns milhares de soldados é famosa no exército imperial. Você não tem nenhuma noção. Seu. Maldito. Monstro.
O homem grande falou alegremente e Olivia franziu o cenho. Parecia que o apelido de monstro tinha se espalhado antes que ela percebesse. Olivia sentiu que era desconfortável e o pensamento de ser chamada de monstro onde quer que fosse a incomodava totalmente.
Z já tinha lhe dado o maravilhoso nome de Olivia, ela não queria que fosse desperdiçado.
— Oh, perdão. Você pode ser um monstro mas ainda tem um nome. A propósito, sou Volmar. Volmar Ganglet. Prazer em conhecê-la.
— …Eu não sou um monstro. sou Olivia.
Volmar colocou a mão esquerda no peito e fez uma reverência respeitosa. Esse movimento elegante que não condizia com a sua aparência surpreendeu Olivia. Ela tinha que dar uma resposta adequada.
— Bom te conhecer, Sr. Volmar Ganglet. Deixe eu me apresentar de novo, eu sou Olivia Valedstorm. É um prazer te conhecer, o nosso tempo juntos vai ser breve mas estarei ao seu cuidado.
Olivia cumprimentou devidamente como uma lady assim como aprendeu num livro. Ela levanotu um pouco a bainha da saia e fez uma reverência.
— Fuhaha! Faz um tempo desde a última vez que fiquei tão animado. A sua canção vai ser uma verdadeira pérola, Olivia!
No instante seguinte, o machado de guerra se chocou contra a espada negra, provocando faíscas por todo o lado. Os olhos de Volmas estavam cheios de vida e ele estava se divertindo quanto atacava com seu machado de guerra.
Olivia não conseguia compreender a alegria de Volmar enquanto ela desviava do ataque. Ele não voltaria a comer comida boa quando estivesse morto.
— Nada mal! Olivia é a melhor! Não tem muita gente que consiga bater de frente com a minha força! Agora, toma isso!
Volmar puxou a perna direita para trás, então virou a cintura para lançar seu machado de guerra . A força por trás do lançamento foi transferida para Olivia e ela foi jogada pelo ar.
— Uwah!
Olivia imediatamente colocou as pernas de baixo do braço esquerdo no ar, fazendo uma cambalhota para reduzir o impacto. Mas quando ela aterrisou–
— Huh?
Ela percebeu que seu braço com a espada ainda tremia. O poder desse ataque não foi completamente evitado. Fazia muito tempo que Olivia não se sentia assim e isso a lembrava do seu tempo com Z.
— Ei, ei, isso não é todo meu poder, mas é o suficiente para transformar ossos em pó. Olivia, você é bem boa.
Eles eram inimigos mas Volmar não conteve seus elogios à Olivia.
— Hee… Julgando pela sua força, você é um humano com a alta ‘força ódica’. Você é o segundo que conheço.
— Força ódica? O que é isso?
Em contraste com o olhar confuso de Volmar, Olivia sorriu com ironia.
A primeira foi a amiga ao lado de Olivia.
O segundo apareceu diante de Olivia como um inimigo.
Isso deve ser o destino. Z ficaria feliz com isso.
— Não se importe comigo. Essa pode ser a última vez que conversamos então deixe eu te agradecer primeiro. Estou muito grata, Sr. Volmar. Posso servir uma boa refeição ao Z agora.
— Servir uma boa refeição à Z? Do que está falando?
Volmar estava ficando mais confuso.
Mas Olivia não respondeu e lentamente baixou seu centro de gravidade.
◉
O regimento de cavalria independente que correu para entrar como reforços estava ocupado em intenso combate com os cavaleiros carmesim.
Eles já tinham quebrado o cerco dos cavaleiros carmesim e resgataram o desmoronado regimento de cavalaria sob o comando de Hosmund. Agora estavam escontando os feridos para fora do campo de batalha.
Claudia lutava na linha de frente e estava coberta de sangue dos seus inimigos.
“Será que a major chegou a tempo no major general Hosmund?”
Olivia liderou 300 cavaleiros para resgatar Hosmund. Considerando suas inigualáveis habilidades marcias, ela deveria estar bem. Mas seus oponentes eram os cavaleiros carmesim, então ela não podia baixar a guarda.
— Primeira tenente Claudia! O inimigo está tentando no flanquear!
O soldado de um olho Gauss gritou, arrancando Claudia dos seus pensamentos. Ela olhou na direção que ele apontava e encontrou um calvário do tamanho de uma companhia quebrando as defesas de seus aliados e atacando o centro da formação.
“Em termos de potencial de luta individual, o inimigo tem a vantagem…”
Se ela os deixassem continuar, o exército real ficaria preso num ataque duplo. Incluindo as tropas de Hosmund, eles tinham a vantagem de número, mas o inimigo ainda tinha vantagem nessa batalha. Como esperado dos cavaleiros carmesim.
— Gauss! Pegue a segunda companhia de cavalaria e detenha eles!
— Sim, mademoiselle, deixa comigo! Muito bem rapazes, me sigam!
Por ordem de Gauss, 500 cavaleiros partiram a cavalo para atacarem com gosto. Claudia começou a avançar em direção à força principal inimiga do inimigo mas tinha que se juntar à luta depois de se encontrar com a resistência.
A cabeça e o capacete de um homem foram esmagados, saltando seus olhos para fora. A cabeça de uma mulher foi virada num ângulo impossível após uma colisão com um cavalo. Enquanto todos os tipos de corpos caíam no campo de batalha, um oficial em um cavalo de cor castanho perguntou à Claudia:
— Ei, você, a comandante dos seus reforços é uma garota nova?
— E se eu disser que sim?
Claudia chocou espadas com aquele homem enquanto falavam.
— Pela sua reação, devo estar certo. O tenente coronel vai ficar satisfeito.
Os dois puxaram as rédeas e cruzaram as espadas. Claudia julgou que elas eram iguais e chutou o olho do cavalo do seu oponente. Quase na mesma hora, o homem fez a mesma coisa. Amboos os cavalos de guerra relincharam de dor e atiraram os dois cavaleiros no chão.
— Tch!
Claudia imediatamente levantou e tomou uma posição, bem a tempo de saltar e fugir do ataque do homem. Ao mesmo tempo, ela deu um chute no rosto dele.
O homem que foi superado parecia feroz.
— …Fufufu, muito bem.
Ele limpou o sangue do nariz com um sorriso sinistro.
◉
“Hm…? O que ela está tramando?”
Vendo Olivia baixar sua postura, Volmar estava cauteloso e segurou seu machado de guerra de forma defensiva. Ela era forte o suficiente para enfrentar o ataque dele e tão ágil quanto um acrobata. Não havia dúvida de que essa garota era uma lutadora de primeira classe. Não era de se admirar que Rosenmarie tenha o ordenado que entrasse em campo. Se aquela garota podia falar asneiras, ela provavelmente tinha mais na manga. Volmar não podia se dar ao luxo de ser descuidado.
No entanto, ela não era forte o suficiente para colocar medo no exército imperial e ser chamada de monstro.
“Soldados normal não conseguiam enfrentar ela, mas eu sou diferente.”
Rumores como esse costumavam ser exagerados. Volmar estava confiante de se defender contra qualquer ataque de Olivia. No entanto, ele rapidamente percebeu como isso era ingênuo. Olivia apareceu de repente diante dele com um estrondo alto.
— !?
Graças à sua longa experiência no campo de batalha, Volmar mal reagiu a tempo. O seu instinto de sobrevivência o fez bloquear a espada negra que se aproximou do seu pescoço. Se ele fosse apenas um pouco mais lento, agora a sua cabeça teria desaparecido.
E assim, começou o jogo entre Volmar e Olivia.
— Woah!
Volmar rangeu os dentes com tanta força que quase os quebrou enquanto lançava seu machado de guerra. Isso não era seu movimento habitual mas sim um ataque com toda sua força. Qualquer outra pessoa seria deixada em pedaços no chão. Mas a figura esguia de Olivia bloqueou o golpe sem se mover um centímetro. Ela até sorria friamente.
O suor frio rolou pelas bochechas de Volmar.
“Será que eu… assumi algo que não conseguia lidar?”
Ansiedade, frustração – e medo atingiram Volmar.
Emoções que não sentia há muito tempo surgiram e lentamente se apoderou do coração de Volmar. Desde que se lembra, Volmar sempre foi superior aos outros por causa do seu corpo de búfalo e da sua imensa força. Antes de conhecer Rosenmarie, ele nunca tinha perdido.
Era por isso que essas emoções negativas eram tão difíceis de apagar. Para controlar o medo, é preciso se habilutar ao longo do tempo mas Volmar nunca tinha sentido medo antes. Ele era inexperiente nesse aspecto.
Volmar observou Olivia de pé atrás do seu machado de guerra.
Ela era alta para uma mulher mas só chegava até a cintura de Volmar. Mas aos olhos de Volmar, Olivia era como um gigante que alcançava o céu.
— É minha vez.
— !
As palavras de Olivia foram como a foice de um deus da morte e Volmar lançou seu machado de guerra com todas suas forças. No entanto, todos seus ataques foram facilmente defendidos por Olivia. Ela então golpeou com sua espada com força no machado de guerra. Era a vez de Volmar ser lançado no ar.
“Ela me jogou no ar!? Como isso é possível?”
A cena fantástica afundou Volmar numa profunda confusão. Mas seu instinto lhe disse que tudo acabaria se ele caísse assim no chão então se preparou para interromper sua queda. Isso era o resultado do seu treino, no entanto…
— Primeiro, seu braço direito.
— Gwah!
O braço direito de Volmar foi cortado por Olivia que apareceu de repente diante dele e ele gritou de dor. Ficou muito chocado para pensar em interromper sua queda e se chocou no chão sem mais nem menos.
— Bleah!
Todo o ar no seus pulmões foi espremido de uma só vez. Ele só estava consciente por causa da dor de ter perdido o braço direito. Depois de lutar para respirar durante um tempo, Volmar se levantou com seu machado como um apoio.
Pela primeira vez, seu corpo pareceu pesado como chumbo.
“Maldição! Para onde ela foi!?”
Ele procurou desesperadamente por Olivia e uma voz arrepiante veio de trás.
— A seguir vai ser o seu braçoe esquerdo.
— Gah!
Volmar estava se virando quando seu braço esquerdo, que segurava o machado de guerra, voou para o cé. Enquanto seu sangue jorrava manchanco o chão, Olivia falou “perna esquerda” e “perna direita”, como se estivesse recitando um feitiço.
A dor intensa entorpeceu o cérebro de Volmar e ele não conseguia pensar direito. No meio do caminho ele deixou de se preocupar com seu corpo.
Quando Volmar percebeu isso, ele estava olhando para o céu sem fim.
Que puro e belo.
Essa era a única coisa na menta de Volmar.
— Que tal isso? EU vi os soldados reais massacrados por você no caminho até aqui, por isso quero que tente o mesmo. É do seu agrado?
Olivia, que apareceu dentro do seu campo de visão, se inclinou e perguntou, cobrindo o céu. O seus fios prateados escorriam pelos seus ombros, acariciando o nariz de Volmar.
— Ah… Ugh.. Ah…
— Não consegue me ouvir mais? Tinha razão em te agradecer logo – Bom, então se torne uma refeição luxuosa para Z.
Ele não devia ter ganho a ira dela.
Não devia ter se envolvido com ela.
Ela é um verdadeiro monstro!
Olivia lentamente levantou sua espada negra coberta de névoa.
Volmar observou com os olhos meio abertos e lamentou a sua ingenuidade.
— A comandante do regimento Olivia matou o comandante inimigo!
— Wargh!
As tropas do regimento de cavalaria indepente explodiram em felicitações. Os cavaleiros carmesim não conseguiam acreditar em seus olhos que Volmar tinha sido derrotado.
Olivia suspirou suavemente e olhou para o céu. Inúmeros corvos circulavam no ar.
— Me pergunto se Z recebeu meu presente…
◉
Lamia atacou na vertical – mas mudou para um ataque horizontal no meio do caminho. A mulher foi surpreendida e saltou imediatamente em resposta para fugir. Lamia estava orgulhoso da sua habilidade com a espada, mas só deixou um ligeiro aranhão na armaduro do seu inimigo.
As excepcionais habilidades físicas da mulher surpreenderam Lamia.
— Você é bem boa. Ei, por que não se volta para a luz e se junta ao exército imperial? Vai ser uma pena alguém com as suas habilidades morrer. Vou te dar uma recomendação, que tal?
A mulher franziu as sobrancelhas em resposta à oferta sincera de Lamia.
— Parece que você está olhando para mim de forma superior. Tem um limite para as suas besteiras, acha mesmo que vou aceitar essa oferta?
— Ei, ei! Estou fazendo isso por minha boa vontade. Não importa como você entenda, o Reino Farnesse não tem futuro para falar sobre. Ou você quer morrer?
Lamia estendeu exageradamente os braços. Em contrapartida, a mulher encolheu os ombros e ridicularizou sua proposta.
— Sou uma honrada cavaleira do Reino Farnesse, mudar de lado só porque a situação é desfavorável é vergonhoso.
— …Independente de tudo, você não tem intenção de servir o Império?
— Cala boca. Somos ambos cavaleiros, mas você é só uma mosca inútil.
Com isso, a garota segurou a espada horizontalmente, determinada a matar o homem que machou a virtude de um cavaleiro.
— …Hee, você tem coragem – você então é inútil para mim, morra!
Lamia arrancou do chão e se lançou na mulhar com uma enxurrada de golpes. Mas a mulher viu através de todos os ataques e se esquivou com os mais pequenos movimentos. Ela não era apenas dotada fisicamente, também tinha uma excelente visão dinâmica. O ataque de Lamia só conseguiu cortar alguns fios de cabelo.
Lamia sentiu que os olhos da mulher brilharam um pouco e se perguntou se ele estava vendo coisas. Em todo caso, ele não conseguia acabar a luta assim. Lamia estava lentamente ficando nervoso.
— Tch!
Lamia pulou com o pé esquerdo e voltou a atacar na vertical – antes de mudar de novo para um ataque horizontal.
— Eu já vi esse movimento! Acha que isso vai funcionar em mim!?
A mulher se abaixou quase até o chão e chutou a perna do inimigo. O ponto fraco de Lamia foi atacado e ele não conseguiu reagir a tempo. Ele levou o golpe e caiu. A mulher não deixou passar essa oportunidade e apontou a espada para a garganta de Lamia.
— O jogo foi decidido.
A mulher disse friamente. Um movimento errado de Lamia e a espada iria ceifar sua vida. Ele suspirou profundamente.
— Eu perdi, huh… Me mate. Mas em breve se juntará a mim no inferno.
— …Ainda está falando demais, huh? É mesmo uma vergonha de cavaleiro.
Lamia falou desafiadoramente para a ácida Claudia:
— Não, não estou falando. Você definitivamente vai morrer para o tenente-coronel que vai acaber com esse monstro dos rumores!
Lamia não estava a provocando por maldadde ou por desejar uma morte rápida. Ele queria provocá-la e aproveitar a oportunidade reverter a situação.
Mas ao contrário das expectativas de Lamia, a espada na sua garganta não vacilou nem um pouco. A mulher respirou calmamente e olhou para ele com olhos frios.
— …Você entendeu duas coisas erradas.
— Huh? Qual o problema?
A mulher não se importou com a feição irritada de Lamia e continuou:
— Primeiro, que o tenente coronel já está esperando por você no inferno. Você pode trabalhar no seu cavalheirismo nesse mundo.
A mulher falou com segurança, era como se tivesse visto o momento em que Volmar morreu. Lamia se sentiu confuso e a mulher continuou:
— Segundo, a major não é um monstro. A major é – Olivia é uma heroína!
Com aquele grito, a mulher fincou a espada na garganta de Lamia.
IV
O duelo de Olivia terminou com a morte de Volmar.
E agora, o exército real estava perseguindo os cavaleiros carmesim que se retiravam. Tanto o regimento de cavalaria independente quanto os furiosos soldados de Hosmund estavam envolvidos.
Por outro lado, o resposável pela retirada era o capitão Gordo Kreis. Ele tinha 55 anos mas mesmo assim manteve sua posição digna. Cerca de 60% de suas forças tinham sido mortas mas ele continuava trabalhando incansavelmente para salvar o maior número de soldados que podia.
— Todos, aguentem mais um pouco!
— Sim, senhor!
Gordo reuniu seus homens, que responderam com energia. O comandante Volmar e seu adjunto Lamia morreram os dois em combate mas os ânimos continuavam muito elevados. Isso deu-se à sua lealdade com Rosemarie e ao seu orgulho como membro dos cavaleiros carmesim.
Era questionável se a retirada iria decorrer sem problemas. Para ser franco, Gordo sentiu que as chances eram escassas.
A razão era clara.
— Capitão Gordo! A linha de defesa do segundo tenente Burghardt foi quebrada!
O seu assistente, Henrik, que o seguia num cavalo, gritou! Gordo se virou e viu uma garota com cabelos prateados correndo num cavalo preto.
— Aquele monstro! Ela nos alcançou tão rápido!
Esse monstro disfarçado de garota parecia ter cortado Volmar, o ‘Perisher’, bem no seu torso. Essa foi uma resposta ao convite que Volmar fez ao sétimo exército. E agora, Gordo finalmente compreender porque ela assustou alguns dos soldados.
Gordo imediatamente deu a ordem:
— Deixem os feridos recuarem primeiro! O resto de vocês, formem uma formação quadrara! Lanças para a frente, parem o ataque inimigo! Os arqueiros atrás devem disparar em três lançamentos escalonados! Não deixe passar nenhum deles!
— Sim, senhor!
◉
— Major, o inimigo tomou uma formação quadrada. Eles pareceram determinados a lutar até a morte.
Quando ela ouviu o que Claudia disse, Olivia assentiu pensativamente:
— Os cavaleiros carmesin, huh… Que disciplinados. Se continuarmos atacando, as nossas perdas também vão começar a aumentar. Vou assumir a liderança e acabar com a formação deles. Claudia, lance um ataque quando vir uma oportunidade, tudo bem?
— Sim, mademoiselle!
Claudia aceitou imediatamente. Ashton tocou uma corneta para informar a unidade inteira.
— Mude a formação para lua crescente! – Olivia, eu sei quanto você é forte, mas não se esforce demais.
— Sim, eu sei. Obrigada pela sua preocupação, vou indo então.
Olivia sorriu e acenou para o preocupado Ashton, então se afastando da vanguarda.
— Cavalo, estou contando com você.
Olivia acariciou suavemente as costas do seu cavalo. O cavalo escuro compreendeu a intenção da sua dona e começou a acelerar. Z falou para Olivia no passado que os cavalos eram criaturas inteligentes e esse cavalo preto podia ter se apegado a ela. Olivia decidiu lhe dar um nome próprio depois dessa batalhe terminar.
— Piqueiros, avançar!
Por ordem de um homem, parte dos soldados inimigos ficaram em formações organizadas de pique. As lanças eram tão firmes quanto um muro de ferro, mostrando a sua determinação em parar o avanço dos seus inimigos. Olivia pegou habilmente uma besta de suas costas e apontou para o homem que dava as ordens – e puxou o gatilho.
Houve um ruído opaco de uma mola metálica. Ao mesmo tempo, o trinco furou a testa daquele homem com enorme precisão. Olivia continuou carregando e disparando com movimentos suaves e um piqueiro caía cada vez como marionetes tendo suas cordas cortadas.
“Hm, esse brinquedo é realmente conveniente. É mais poderoso que os arcos e pode disparar várias vezes com prática suficiente. Fiz bem em pegar isso do Sr. Bloom.”
Olivia manteve a besta em suas costas e desembainhou sua espada negra com um sussurro. Ela impulsionou seu cavalo preto para a frente e seguiu em direção ao inimigo.
— Não fiquem com medo desse monstro! Cerquem e acertem ela!
O capitão deles gritou alto. Olivia cortou as lanças que vinham na sua direção, então cortou a cabeça desse homem. Sangue espirrou na armadura do seu inimigo, a deixando numa tonalidade mais escura de vermelho.
Um soldado atacou com sua espada na direção do ponto cego dela, mas teve sua cabeça cortada no meio, junto com seu capacete. Os seus miolos se espalharam como pudim. Olivia seguiu com seu cavalo, causando medo nos cavaleiros de carmesim e os forçando a recuar com cada ataque.
E assim, a formação deles começou a colapsar.
— Primeira tenente Claudia, um canto da formação quadrada foi quebrada!
Ashton gritou.
Claudia respirou fundo.
— Aí está a nossa oportunidade! Esmagar a sua formação de uma vez só!
— Sim, mademoiselle!
Por idem de Claudia, o regimento de cavalaria independente e o regimento de cavalaria de Hosmund começaram a se mover. Até mesmo os cavaleiros de carmesim de elite estavam se recuperando do ataque coordenado.
Um por um, as vidas dos homens de vermelho foram apagadas no fogo da batalha.
— C-Capitão! Não podemos aguentar mais!
Um soldado gritou de angústia. A formação quadrada estava em desordem e o cerco do inimigo estava diminuindo lentamente. Era impossível reunir de novo a sua informação.
Olhando adiante, aquele monstro com disfarce de uma garota era imparável. Na trilha da sua espada negra, grupos de soldados caiam em desespero. Era como assistir a uma peça de teatro medíocre.
Aquela espada negra coberta de névoa escura e sangue pingando não parecia ser desse mundo.
— Capitão Gordo, se isso continuar…
Henrik estava quase resmungando.
— Quantas baixas foram evacuadas?
— Cerca de… metade.
— Entendo… Continuem ajudando na retirada deles. E quando encontrarem a oportunidade, se retirem junto com eles.
— Hah? E o senhor, capitão Gordo?
Gordo ignorou Henrik confuso e cavalgou em direção ao monstro em seu cavalo. Enquanto calvagava tirou um pingente da Deusa Citrésia e rezou.
“Grande Deusa Citrésia, por favor, cuide desse velho tolo.”
Até Volmar, o Perisher, foi feito de brinquedo para ela, ele não teve qualquer chance de ganhar. Mas mesmo um velho como ele podia ganhar um tempo para os seus homens se retirarem. Mesmo alguns segundos seriam preciosos.
— Fique aí mesmo, seu monstro! Eu, Gordo Kreis dos cavaleiros carmesim serei o seu adversário!
— De novo… Eu não sou um monstro, sou Olivia.
Olivia segurou sua espada com o rosto furioso e atacou. Gordo atacou com seu tridente no coração de Olivia quando ela ficou ao alcance. Até mesmo um monstro morreria se o seu coração fosse perfurado.
— Droga!
No entanto, o seu primeiro ataque falhou completamente. Gordo jogou seu tridente para o lado e puxou sua espada para fora. Ao mesmo tempo, ele virou o cavalo para enfrentar Olivia.
— Já se cansou?
— …O que quer dizer?
Gordo não entendeu o que Olivia queria dizer e perguntou de reflexo. Olivia inclinou um pouco a cabeça e em seguida arregalou os olhos entendendo.
— Ahaha, desculpa. Estraguei de novo as minhas falas – bom, então vou te matar agora.
— …Entendo.
Ela era um monstro, então não estava acostumada com a linguagem humana. Com isso em mente, Gordo apertou a mão em sua espada. Depois de respirar fundo, ele impulsionou seu cavalo e foi para cima de Olivia.
— Morra!
O mais perfeito corte horizontal da vida de Gordo foi facilmente bloqueado por Olivia. A sua espada rodou ao redor da espada negra por um momento, antes de voar para longe.
Gordo, que não pôde deixar de acompanhar sua espada, de repente viu algo escuro.
— O que é isso? Uma foice!?
O súbito aparecimento da foice negra abalou Gordo. Numa análise mais profunda, Olivia já não estava segurando uma espada negra. Mas, assim como a espada, estava emitindo uma névoa escura sinistra.
“Isso é como a foice empunhada pelo deus da morte nos contos… Deus da morte…? Fufu… Fufufufu… Entendo, então é isso!”
O pensamento repentino fez Gordo rir.
“Era impossível ganhar afinal de contas. O tenente coronel Volmar morreu em vão. Afinal, o que é um homem para um deus?”
O mesmo se aplica a um deus que tinha o prefixo de “morte”.
— Eu finalmente entendi agora. Você não é um monstro.
— Isso aí. Não sou um monstro, eu sou Olivia Valedstorm. Finalmente encontrei uma pessoa sensata no Império.
Olivia assentiu alegremente. Em contraste, Gordo balançou a cabeça com força.
— Não é isso que quero dizer… Você definitivamente é um deus da morte.
— Eh? – Z que é um deus da morte, não eu.
Olivia arregalou os olhos e abaixou a foice. Uma dor inacreditável percorreu o corpo de Gordo – e seu mundo foi tingido de branco.
— …O Sr. Gordo sabe do Z? Eu devia ter capturado ele em vez de matar.
Ao lado dos pés de Olivia, que segurava sua cabeça com pesar, estava o corpo dividido de Gordo.
Do lado do seu corpo, um pingente brilhava intensamente.
Intervalo: Guile Marion
Cidadela Emreed, Campo de Treinamento
Ao anoitecer, podia se ouvir um som de sopro dos campos de treinamento.
— Como esperado, você está aqui… praticando com a espada de novo?
— Essa voz, Ashton certo… Não tem ninguém perto, então vou poupar os honoríficos.
Guile não olhou para Ashton, continuou se concentrando no seu golpe vertical.
— Tudo bem. Mas por que está trainando até tarde hoje?
Ashton assistiu Guile se concentrar na sua prática com um rosto que estava meio impressionado e meio frustrado. Ashton normalmente tinha o lugar só para si quando treinava nessa hora.
— Não é óbvio? Para acompanhar a comandante Olivia, habilidades meia boca não chegam aos pés dela. Estou dolorosamente consciente disso depois da batalha contra os cavaleiros carmesim.
Guile tinha praticado o manejo de espada durante um ano e quanto mais ele treinava, mais ele percebia quão absurdo era as habilidades de Olivia.
“Falando nisso, eu realmente falei algo estúpido antes.”
Guile se lembrou de como ele se gabava de ter ficado mais forte no caminho para as planícies Iris e de como Claudia o olhava com olhos de pena. E agora, ele entendia qual era o motivo. Essa memória era tão vergonhosa que ele queria se enfiar a cabeça num buraco.
— Mesmo assim, agora você ficou mais forte, Guile. Até derrubou um capitão do pelotão dos cavaleiros carmesim sozinho durante a última batalha.
— …Ei, Ashton, qual você acha que é a diferença de habilidade entre mim e a comandante Olivia?
— Por que está me perguntando isso de repente?
— Não se importe comigo, só fala.
— Mesmo que me peça para compara… Não faço ideia.
Ashton encolheu os ombros em resignação.
— Deixa eu te dizer então. A diferença entre mim e a comandante Olivia é tão vasta quanta quanto a diferença de uma formiga para uma besta de um chifre. Não estamos no mesmo patamar.
— Então é bem grande… É verdade, pelo jeito que a Olivia fica durante uma batalha, isso pode ser verdade. Mas para mim, todos vocês somos muito fortes. Isso me deixa com inveja.
Ashton olhou para Guile de forma triste e Guile não pôde deixar de rir.
— Oh, você também quer ficar mais forte, Ashton?
— É claro, também sou um homem. Claro que quero ficar mais forte.
Ashton lentamente puxou a espada da sua cintura e começou a balançá-la. Ainda não conseguia controlar bem o equilíbrio da sua espada e o seu corpo até oscilava com o peso da espada. Guile observou todo o processo e Ashton virou a cabeça para ele como uma porta enferrujada sendo aberta à força.
— Será que não fiquei nem um pouco mais forte?
— …Bom, Ashton, ser forte não se limita a balançar uma espada.
— N-Não precisa me consolar.
Ashton soou um pouco triste.
— Não estou te consolando – você nem sabe o que te faz forte?
— O que me faz forte? Como pode ver, eu sou inútil com lanças e espadas.
Ashton riu, zombando de si mesmo. Guile apontou para a testa de Ashton:
— Você é realmente burro em momentos como esse. O que te faz forte está aqui, bem aqui. Você tem algo que eu não posso ter independente do quanto eu queria. Comparado à isso, as minhas habilidades são minúsculas.
Se Guile morrer numa batalha um dia, não vai ter muito impacto no regimento de cavalaria independente. No máximo, os soldados do primeiro pelotao ficariam tristes. Mas se eles perderem Ashton, que era o cérebro do regimento, isso seria uma perda devastadora. Ashton disse uma vez que comparado ao número de inimigos que você mata, manter seu povo vivo era mais importante. Essa era uma tarefa árdua. Ele não tinha muitos homens sob seu comando, mas Guile entendia como era difícil lidar com as pessoas.
Ashton deu atenção à sua testa que estava ficando vermelha do cutucão de Guile e remungou com rancor:
— Mas se algo acontecer, eu não vou ser capaz de me proteger. Isso não é vergonhoso para um homem…?
— Não há vergonha nisso. Se chegar nisso, eu ainda posso te proteger, Ashton. Não quero que a comandante Olivia fique triste.
— Olivia ficar triste…?
Ashton ficou surpreso e Guile voltou a cutucar a testa dele.
— Está fingindo que é lento? Acha que ela não vai ficar triste se você morrer?
— Não, nunca vi ela triste antes. Olivia está sempre sorrindo sem se preocupar com o mundo…
Guile suspirou profundamente quando ouviu isso:
— Ah… Você é tão esperto, então por que é tão burro em momentos como esse. Bom, acho que é o seu jeito.
— Desculpa por ser burro.
— Esquece, você vai entender quando chegar na hora.
— O que você quer dizer com isso? Quer dizer que eu vou entender, Guile?
Guile embainhou sua espada e lançou um olhar duvidoso para Ashton.
— Pelo menos eu sou um pouco mais forte que o Ashton nisso.
— Ashton queria falar mais, mas Guile o impediu.
— Comandante Olivia!
— Então você está aqui, Guile – Hm? Ashton também está aqui.
Olivia gritou enquanto olhava pela porta semi aberta. Guile correu para ela.
— Não precisa se incomodar vindo até aqui, só falar e o Guile vai correr para o seu lado.
Guile se ajoelhou e colocou a mão no peito. Olivia sorriu formalmente para isso. Era um lindo sorriso que ela dava à Guile de vez em quando.
— Sério? Quero perguntar se aqui tem algum pássaro sugador de sangue. Já faz um tempo e estou com vontade de comer um.
— Pássaro sugador de sangue, huh? – Por favor, espera um minuto.
Guile pegou rapidamente o seu “caderno da valquíria” e começou a folheá-lo. Esse era um livro importante que ele usava para gravar as comidas favoritas de Olivia e era inestimável. E claro, também incluía as últimas informações que ele descobriu dos caçadores de Emreed.
— Deixa eu ver… tem relatos de avistamento de pássaros sugadores de sangue na colina Ebona, a oeste.
Enquanto dizia isso, Guile virou para uma nova página e escreveu “gosta de carne de pássaro sugador de sanuge”.
— Colina Ebona a oeste, huh. Muito obrigada – Até logo, Ashton.
Olivia acenou e decidiu ir. Guile tentou desesperadamente impedir ela:
— Está indo caçar esse pássaro sozinha, minha lady?
— Sim, é melhor aproveitar e ir logo. E consigo ver muito bem à noite também.
Olivia se virou com um sorriso brilhante.
— Quer que eu vá com você? Apesar de não parecer, estou familiarizado com colinas e eu seria útil.
— Agora que mencionou, Guile costumava ser um caçador. Não me admira que seja tão bom em encontrar presas e também é incomparável depenando penas…
Olivia pôs o dedo na bochecha e pensou por um momento, então concordou.
— Por que não vamos juntos?
— Vai ser uma honra!
Olivia assentiu e começou a andar. Guile, animado, estava prestes a seguí-la, mas Ashton o puxou de voltou.
— O que foi? Também quer vir, Ashton?
Ashton arregalou os olhos e sussurrou para Guile:
— Não tem motivo de eu querer ir! Você sabe o que é um pássaro sugador de sangue, um pássaro sugador de sangue!? Uma besta perigosa do tipo 2. Se você é um caçador, então deve saber disso.
Guile não precisava que Ashton lhe dissesse isso. Os caçadores chamavam a besta de um chifre de senhor da terra, enquanto o pássaro sugador de sangue era o senhor do céu. Os pássaros sugadores de sangue eram cobertos de penas negras brilhantes e tinham olhos da cor de sangue.
Sua envergadura era três vezes maior do que a de um homem adulto. O pássaro sugador de sangue circulava no céu antes de descer e perfurava a sua presa com seu bico. E como seu nome indica, bebia todo o sangue da sua presa.
Corra se ver um corpo fresco que tenha tido o sangue drenado. Essa era a regra entre os caçadores.
— Claro que sei disso.
— Então ainda vai ir? Você disse que eu sou burro mas você não é igual?
Ashton estava sem palavras.
— Por mais forte que a comandante seja, não posso deixar ela ir sozinha, né?
— Então diz para ela não ir.
— Acha que ela vai me ouvir se eu tentar?
— …Não. Eu também não vou conseguir impedir ela.
Depois de um breve silêncio, Ashton suspirou profundamente.
— Certo. O único que pode deter a comandante é a primeira tenente Claudia. E a comandante está de bom humor então não quero azedar o humor dela.
Guile falou enquanto olhava para Olivia que cantarolava alegremente.
— Não se preocupe, se algo acontecer, vou proteger a comandante com a minha vida.
Guile bateu no ombro de Ashton para o acalmar, mas Ashton tirou a mão dele com uma cara preocupada:
— Não, é com você que estou preocupado.
— Então é comigo está preocupado?
— Guile, se você não vem, vou te deixar para trás.
Guile olhou na direção da voz e viu Olivia se afastando com as bochechas inchadas.
— Ah, não! Tenho que ir.
— Espera–
Guile ignorou os apelos de Ashton e correu para Olivia.
Na manhã seguinte.
As mesas do refeitório estavam cheias de carne.
Os solados do regimento de cavalaria indepentende ficaram muito contentes com essa agradável surpresa. Mas Guile, que não soube ler o clima, disse alto a todos que era carne de pássaro sugador de sangue e ninguém se atreveu a dar uma mordida.