Capítulo 401: Caminhante dos Sonhos
Desde que Loki perdeu o controle e entrou em colapso sem estar completamente morto, Lumian estava vigilante sobre ser denunciado pelos membros principais da Reunião da Mentira e se mantinha preparado para potenciais ataques surpresa de Beyonders oficiais. Afinal, Loki sabia que ele era Lumian Lee, um líder do Savoie Mob, supervisionando o Salle de Bal Brise. Ele até sabia que Lumian carregava a aura do Imperador do Sangue Alista Tudor.
No final, os Beyonders oficiais apenas abordaram a sede da polícia do distrito comercial para perguntar sobre a anormalidade naquela noite e para ver se Ciel Dubois, um líder de máfia competente, sabia de alguma coisa.
Isso convenceu Lumian de que a Reunião da Mentira ainda estava de olho nele. Eles estavam relutantes em entregar seu alvo às autoridades ou forçá-lo a sair do distrito comercial, onde não poderiam mais ficar de olho nele.
Era preciso saber que uma marionete selada com um anjo era, sem dúvida, um item que poderia fazer com que a força de Loki passasse por uma transformação significativa. Perder Lumian significava que ele quase nunca poderia encontrar outro.
Além disso, o Celestial Digno do Céu e da Terra pode ter uma utilidade para Termiboros.
Os membros principais da Reunião da Mentira foram bem diretos sobre esse assunto. Eles não se incomodaram em esconder sua zombaria e malícia. Eles acreditavam que Lumian podia entender isso e esperavam que ele fosse provocado, eventualmente escolhendo esperar no distrito comercial.
A iniciativa era deles. Eles não atacariam imprudentemente enquanto Lumian tivesse assistência.
Jenna sentiu a raiva e a hostilidade espreitando sob o comportamento composto e as palavras calmas de Lumian. Ela não tentou persuadi-lo mais e simplesmente murmurou: — Espero que esses vilões recebam o que merecem.
As emoções de Lumian estavam à flor da pele, fazendo com que os efeitos persistentes de sua quase perda de controle ressurgissem.
Respirando fundo, ele levantou a mão direita e massageou as têmporas para aliviar a dor na cabeça.
— O que houve? — Jenna perguntou, sua preocupação evidente.
Lumian respondeu sucintamente: — O trauma mental da batalha com Loki levará uma ou duas semanas para cicatrizar completamente.
Os olhos de Jenna dispararam quando ela ofereceu: — Você quer que eu lhe faça uma massagem na cabeça? Franca me ensinou. Eu sou bem habilidosa nisso.
— Não seja tímido. Somos amigos, afinal!
Sua última declaração foi em tom de brincadeira, uma tentativa de desviar a atenção de Lumian e aliviar seu estado emocional com um tom de provocação.
Lumian zombou.
— Por que você continua dizendo isso de vez em quando? ‘Franca mencionou isso, Franca me ensinou aquilo.’
— Você não costuma… — Jenna começou, mas parou abruptamente.
Inicialmente, ela pretendia dizer: — Você não costuma dizer: ‘Minha irmã disse isso, minha irmã me ensinou isso’?
Lumian ficou em silêncio, e Jenna fez o mesmo. Depois de alguns segundos, vendo que Lumian não se opôs, Jenna deixou o braço da cadeira e foi para trás dele. Ela estendeu a mão e começou a massagear suas têmporas e ambos os lados de sua cabeça.
O corpo de Lumian ficou tenso.
Jenna brincou: — Você nunca teve intimidade com uma garota antes?
Lumian zombou. — Como um Caçador, eu instintivamente empurraria qualquer um que ousasse tocar minha cabeça ou os presentearia com uma bola de fogo enorme. Foi preciso muito esforço para não assar você.
Divertida e exasperada, Jenna apertou ainda mais.
— A poção de Provocador alterou completamente sua linguagem e seus padrões de fala?
Lumian respondeu sem rodeios: — Ei, por que essas palavras bonitas?
Enquanto os dois brincavam, o corpo de Lumian relaxou gradualmente. Depois de alguns minutos, ele se recostou no sofá e semicerrou os olhos.
Enquanto aproveitava a massagem de Jenna e aliviava sua dor de cabeça, ele naturalmente trouxe à tona as “pegadinhas” de Loki, ‘Eu Conheço Alguém’ e os outros membros principais da Reunião da Mentira. A raiva de Jenna explodiu, e ela inconscientemente massageou com mais força.
— Fique tranquila — disse Lumian com um toque de desconforto físico.
Uma Assassina possuía força considerável.
Jenna afrouxou o aperto, ainda furiosa.
— Eu nunca encontrei tais canalhas ou indivíduos vis em todas as minhas performances. Eles merecem cada pedaço de sofrimento!
— Droga, por que ainda não sou uma Bruxa?
Os olhos de Lumian permaneceram fechados enquanto ele perguntava: — Como está a digestão com a poção de Instigador? Você entendeu os princípios da atuação?
A atenção de Jenna mudou. Enquanto ela continuava a amassar, ela refletiu: — Atualmente, há dois pontos-chave. Primeiro, a Instigação é um meio, não um fim. Segundo, a essência da Instigação está em entender o cerne da questão e as condições das pessoas envolvidas, não no uso de habilidades. Além disso, cheguei a uma conclusão. A Instigação inevitavelmente trará consequências; depende apenas de quem você quer que enfrente essas consequências.
— Nada mal, — elogiou Lumian, uma ocorrência rara.
De pé atrás dele, Jenna ergueu o queixo modestamente e disse: — Eu encontro oportunidades para praticar todos os dias, especialmente entre atores de teatro e aprendizes em lugares como o Teatro da Velha Gaiola de Pombos, onde os conflitos são abundantes. Instigar alguém me força a considerar quem eu quero beneficiar e quem aprenderá uma lição ou sofrerá perdas. Isso me fez perceber que a instigação é apenas uma ferramenta.
O comportamento de Lumian se suavizou visivelmente enquanto ele deixava seus pensamentos vagarem. Ele perguntou casualmente: — Onde você acha que eu poderia encontrar uma oportunidade de atuar como um Piromaníaco?
As mãos de Jenna continuaram seu movimento calmante enquanto ela pensava e respondeu: — Trier é um lugar de ordem relativamente básica. Você só pode agir em questões menores; você não pode criar um grande espetáculo.
— Mas pode haver uma oportunidade durante a perseguição daqueles vilões. Quando você mencionou isso antes, eu queria incendiá-los!
Lumian de repente teve uma ideia, embora não estivesse totalmente clara.
Naquele momento, passos ecoaram nas escadas, ficando cada vez mais altos.
Jenna soltou a cabeça de Lumian e se aproximou da porta com um sorriso.
— Franca está de volta.
…
Nas movimentadas ruas de Trier, a noite pode não ter tranquilidade, mas os cidadãos que vivem nessas áreas ainda conseguiam dormir.
No sonho de uma pessoa, ela imaginou que seus filhos melhorariam gradualmente e se tornariam mais saudáveis após consumir pão feito com sangue humano.
De repente, um golden retriever1 carregando uma pequena mochila apareceu no sonho.
O golden retriever sentou-se na borda do sonho, guiando as cenas nebulosas para revelar memórias ocultas nas profundezas do subconsciente do sonhador.
A excitação de empurrar a multidão e correr em direção ao cadáver do condenado à morte com pão na mão. A hesitação que veio depois de acreditar que o pão de sangue humano poderia curar doenças. A mistura de alegria e ceticismo que acompanhou a primeira audição desse rumor…
O golden retriever avistou a figura que havia inicialmente informado o sonhador sobre os rumores do pão de sangue. Acabou sendo um vizinho que morava na casa ao lado.
E assim, o golden retriever atravessou sonho após sonho, ativando as memórias subconscientes correspondentes para procurar a fonte dos rumores sobre o pão de sangue.
Depois de centenas de sonhos, o golden retriever notou dois sonhos com claras contradições.
Um pertencia a um pai que acreditava ter obtido o segredo do pão de sangue humano de um Bruxo que conheceu por acaso, usando-o para curar a doença de sua filha. O outro sonho pertencia a sua filha, que de repente adoeceu e então se recuperou tão de repente, como se o pão de sangue humano fosse um elixir milagroso.
O golden retriever orientou o pai a manifestar o Bruxo em seu sonho.
Era algo muito comum e banal.
As cenas do sonho piscaram rapidamente, e a imagem do Bruxo começou a mudar, as memórias voltando.
Quando seu primeiro encontro foi revelado, o golden retriever viu um Bruxo com um rosto completamente diferente de antes!
Então, o rosto mudou rapidamente, eventualmente se estabelecendo na imagem que o sonhador normalmente associava ao Bruxo.
O golden retriever tinha sua própria interpretação disso.
A Hipnose do Bruxo só poderia ser totalmente efetiva em um encontro cara a cara, permitindo que o sonhador retenha sua primeira impressão dele. Só então ele seria afetado pela hipnose e teria a imagem em sua memória alterada.
Não havia necessidade de repetir o processo de despertar o subconsciente dentro do sonho. A imagem original do Bruxo surgiu naturalmente na mente do golden retriever.
Ele tinha cabelo castanho curto, repartido em 3-7, olhos cor de linho e um rosto fino e sardento. Ele usava óculos de aro dourado na ponta do nariz…
Saindo do sonho, a golden retriever voltou sua atenção para a Madame Mágica, que de repente apareceu ao lado dela. Em uma voz humana, ela declarou: — Eu obtive um resultado. 2
Vestida com uma blusa e um longo vestido marrom, a Madame Mágica suspirou e disse ansiosamente: – Dê-me a informação e eu a confirmarei.
A golden retriever permaneceu em silêncio, seus olhos escurecendo.
Depois de alguns segundos, a Madame Mágica deu alguns passos à frente, fazendo com que a luz das estrelas se manifestasse ao seu redor.
Parecia um reflexo do vasto cosmos no chão.
As estrelas resplandecentes e condensadas giravam rapidamente, proporcionando uma revelação.
Assim que a Madame Mágica terminou de interpretar, ela abriu uma porta ilusória escondida na escuridão e desapareceu.
Em pouco mais de dez segundos, ela reapareceu e disse à golden retriever: — Não há nenhum alvo na rua segundo os resultados da astromancia.
— Fomos enganadas? — o golden retriever perguntou mais uma vez com uma voz feminina.
A Madame Mágica assentiu e sorriu. — Mas isso também prova que o que você viu é o alvo real.
Quando ela terminou de falar, a Madame Justiça, vestida com um vestido branco com detalhes verdes, rapidamente se materializou.
— Onde você foi? — perguntou a Mágica, intrigada.
Madame Justiça respondeu com uma voz gentil: — Plantar uma deixa nos sonhos daqueles que buscam pão de sangue humano. Informei-os que a Companhia Farmacêutica do Tolo realizará uma consulta voluntária no Quartier de la Cathédrale Commémorative neste fim de semana, oferecendo tratamento e medicamentos gratuitos.
— Quando você planeja realizar a consulta voluntária? — perguntou a Mágica por curiosidade.
Madame Justiça sorriu.
— Amanhã. Eu vou patrocinar.
…
Às 6h, Auberge du Coq Doré, quarto 207.
Lumian acordou naturalmente do sonho e se preparou para o dia.
Antes que ele pudesse decidir sobre o café da manhã, ele notou a “boneca” mensageira aparecendo e entregando uma carta.
Intrigado, Lumian desdobrou a carta e viu um retrato.
Ao lado do retrato estava a caligrafia da Madame Mágica: “Esta deve ser a aparência do Eu Conheço Alguém. Vamos mobilizar todos os portadores de cartas em Trier para procurá-lo, incluindo você.”
- sabemos quem é, mas vou deixar masculino mesmo pra respeitar o ‘mistério’ de não saber quem é a porra desse cachorro⤶
- deixei no feminino pq agr sabemos quem é ne porra⤶
Capítulo 402: Boa sorte
Lumian examinou o retrato em sua mão e soltou uma risada.
Ele não esperava que os portadores das cartas dos Arcanos Maiores descobrissem rapidamente a fonte dos rumores e revelassem a verdadeira identidade do ‘Eu Conheço Alguém’.
Fazia sentido. Os rumores começaram a circular dois ou três meses atrás, e Lumian ainda não havia chegado em Trier ou se infiltrado na Sociedade de Pesquisa de Babuínos de Cabelos Encaracolados. Loki e ‘Eu Conheço Alguém’ não haviam enfrentado nenhuma ameaça genuína. Eles eram naturalmente audaciosos quando se tratava de pregar peças. Não importa o quão cautelosos fossem, deixar rastros para trás era inevitável.
Embora possa ser desafiador para outros Beyonders detectar esses traços, Madame Justiça era uma Beyonder de alto escalão do caminho do Espectador, também conhecida como caminho do Psiquiatra. Ela possuía um profundo entendimento das várias habilidades do ‘Eu Conheço Alguém’ e era sua oponente em todos os aspectos.
Mesmo que essa portadora de carta dos Arcanos Maiores não tenha executado a operação, sua parceira, Susie, era mais do que capaz de completar a missão. Lumian sabia que essa madame era pelo menos uma Sequência 5 do caminho do Psiquiatra, a apenas um passo de se tornar uma semideusa.
Olhando para o retrato do ‘Eu Conheço Alguém’, com óculos de aros dourados, rosto sardento e rosto magro, Lumian acariciou o papel e murmurou para si mesmo: — Onde quer que você vá, você deixa sua marca… Um dia, aqueles incapazes de controlar seus desejos sinistros serão expostos.
Pegando o retrato, ele bateu na porta do quarto 305 antes de Anthony Reid, que entrava e saía com frequência do Auberge du Coq Doré.
— Fique de olho nesse indivíduo para mim. Ele provavelmente é um médico ou pesquisador de medicina. — Lumian apresentou o retrato a Anthony Reid, que estava disfarçado de escriturário.
Então, ele brevemente relatou a performance de ‘Eu Conheço Alguém’ na reunião e algumas de suas brincadeiras típicas. Ele perguntou seriamente: — Onde alguém como ele poderia estar se escondendo?
Anthony Reid suspirou e respondeu: — Sou um Psiquiatra, não um vidente.
— Você mencionou que ele frequentemente demonstrava amplo conhecimento médico em reuniões?
Recebendo a afirmação de Lumian, Anthony Reid refletiu por um momento e continuou:
— Em uma reunião cheia de pegadinhas, os vários detalhes exibidos por um Beyonder do caminho do Espectador são o que ele quer que você se lembre. Eles não refletem necessariamente sua verdadeira identidade e podem até ser enganosos.
— Suspeito que ‘Eu Conheço Alguém’ não seja realmente um médico, mas ele possui um profundo conhecimento de medicina e acumulou amplo conhecimento.
“Não era um médico… A carta da Madame Mágica também mencionava não restringir a busca a médicos… Mas dessa forma, milhões de pessoas em Trier poderiam ser suspeitas…” Lumian sentiu-se aliviado e frustrado ao mesmo tempo.
Anthony Reid acrescentou: — Uma pessoa com tendências antissociais e inteligência suficiente pode ter uma queda por flertar com o perigo. Ela gosta de brincar com os outros como um palhaço. Talvez não demore muito para que ele faça outra brincadeira, zombando de todos aqueles que o perseguem.
“A única condição era que ele permanecesse alheio aos muitos semideuses observando o assunto…” Lumian observou Anthony Reid partir apressadamente e então se virar em direção à Rue des Blouses Blanches.
Ele inicialmente pretendia localizar Lugano Toscano, um quase-doutor, e perguntar se ele reconhecia a pessoa no retrato. No entanto, ainda era muito cedo para isso. O Salle de Gristmill ainda não havia aberto, e ele não tinha informações sobre onde Lugano residia.
Apartamento 601, Rue des Blusas Blanches, nº 03.
Franca já havia acordado cedo, tendo também recebido uma carta de sua portadora de carta dos Arcanos Maiores, e estava discutindo o possível curso da investigação com Jenna.
Franca alertou Lumian, dizendo: — Não podemos envolver muitos corretores de informações na busca. Sei que alguém pode perceber isso de antemão e mudar sua aparência ou deixar Trier.
Lumian assentiu lentamente e respondeu: — É quase impossível localizar alguém assim em Trier sozinhos…
— Não se esqueça que ainda temos Anthony. — Franca piscou para Lumian, sugerindo que eles tinham todos os portadores de cartas em Trier do seu lado.
— Sim, e estou aqui para ajudar também — Jenna entrou na conversa.
Lumian reconheceu as palavras dela sucintamente e decidiu prosseguir com seu plano original de começar com médicos.
…
À tarde, Jenna chegou à Avenue du Marché e esperou pacientemente no sinal de parada de carruagens públicas.
Hoje, ela vestia um vestido bege e um chapéu de palha marrom-claro, que a protegia do sol e estava adornado com algumas flores de pano. Seu cabelo amarelo-acastanhado estava bem preso em um coque na parte de trás, com o resto caindo naturalmente em cascata.
Sem nenhuma maquiagem, seu rosto permanecia fresco, e seus olhos azuis tinham um charme mais doce, apesar da ausência de delineador preto.
Jenna embarcou em uma carruagem pública e seguiu em direção ao Quartier 7, Quartier des Thermes.
Situado no lado oeste do Quartier de l’Observatoire, este distrito ostentava um ambiente agradável e era o lar de muitos indivíduos ricos. O agora falido dono da Fábrica Química da Boa Vida já morou aqui, assim como o Hotel du Cygne Blanc, onde Charlie trabalhou como aprendiz de atendente.
Quartier des Thermes, também conhecido como Distrito do Museu, apresentava vários museus renomados. Adjacente a uma das fontes termais ficava o Asilo Delta, o maior e mais formal asilo de Trier.
Jenna estava visitando a cantora que uma vez cuidou dela. Showy Diva1 foi vítima de estupro por Margot, do Poison Spur Mob, e posteriormente deixou o distrito comercial para residir em um asilo.
Depois que Lumian eliminou Margot, Jenna intencionalmente abordou Showy Diva para compartilhar as boas notícias. Desde então, ela a visitava regularmente.
Inicialmente, Jenna tinha fundos limitados e estava preocupada em pagar suas dívidas, então não podia fazer muito por sua amiga. No entanto, quando Lumian caçou o padre, Jenna ganhou uma quantia substancial de 5.000 verl d’or. Juntamente com duas compensações e várias outras fontes de renda, ela ainda tinha mais de 7.500 verl d’or restantes após pagar todas as suas dívidas, exceto a de Franca.
Com menos pressão de Franca para pagar a dívida, Jenna agora podia destinar uma parte de seu dinheiro para enviar a ex-Showy Diva para o Asilo Delta, onde as instalações, o ambiente, os médicos e enfermeiros eram claramente superiores.
Ela visitava sua amiga regularmente, em parte para pagar as taxas e em parte para demonstrar aos médicos e enfermeiros que essa paciente tinha família e amigos cuidando dela. Qualquer um que ousasse maltratá-la teria alguém a quem responder.
Jenna desembarcou da carruagem pública, ajustou seu chapéu de palha marrom e seguiu por uma rua movimentada.
Depois de alguns passos, notou um menino de sete ou oito anos parado sozinho na beira da estrada.
O menino tinha um rosto gordinho e estava vestido com o traje de um jovem cavalheiro. Seu cabelo amarelo-claro bem penteado complementava sua aparência.
Vendo a confusão nos olhos do menino, Jenna se aproximou, agachou-se e perguntou gentilmente:
— Você está perdido? Precisa que eu o leve até a delegacia ou traga um policial aqui?
O garoto usava uma gravata borboleta prateada em sua camisa branca. Ele suspirou e respondeu: — Não estou perdido. É que uma senhora que gosta de beber me pediu um favor. Eu não sabia como ajudar, e parecia um pouco perigoso para onde ela foi, então decidi esperar aqui.
Hm… Jenna seguiu o dedo estendido do menino e percebeu que ele estava se referindo ao Quartier de la Cathédrale Commémorative, ao distrito comercial, ou ao Quartier du Jardin Botanique.
— Por que você escolheu esperar aqui para ajudar? — Jenna não conseguia entender o raciocínio da criança.
O garoto gordinho soltou outro suspiro e disse: — Não sei por quê. Meus instintos simplesmente me disseram para fazer isso.
Nesse momento, o menino olhou para Jenna com uma expressão lamentável.
— Você poderia me comprar um sorvete? O clima em Trier é insuportavelmente quente!
— Onde está a moça que gosta de beber e pediu sua ajuda? — Jenna perguntou, sua curiosidade misturada com cautela.
O menino examinou a área e respondeu: — Depois que eu disse que queria esperar aqui, ela foi sozinha procurar um lugar para beber.
“Isso não é muito irresponsável? E se a criança desaparecer?” Jenna não conseguiu evitar franzir a testa.
O garoto perguntou ansiosamente novamente: — Você pode comprar sorvete nesta cafeteria. Assim, posso tomar sorvete e esperar lá dentro sem me preocupar em me perder.
Jenna, agora financeiramente estável, hesitou por um momento antes de concordar: — Qual sabor você quer?
— Baunilha! — o menino exclamou rapidamente com entusiasmo.
Jenna então gastou 1 verl d’or para comprar um pote de sorvete de baunilha para o menino em uma cafeteria próxima.
Sentado perto da janela, o menino recebeu o sorvete com pura alegria estampada no rosto.
— Obrigado. Você terá sorte!
Jenna prestou pouca atenção à gratidão dele. Em vez disso, observou enquanto o garoto saboreava alegremente o sorvete e então saía rapidamente. Ela encontrou policiais patrulhando e os informou sobre uma criança desaparecida na cafeteria à frente.
Quando viu que os dois policiais haviam entrado no café, Jenna deu um suspiro de alívio e continuou seu caminho com passos determinados.
Em pouco tempo, ela chegou ao Asilo Delta.
O asilo ficava perto de uma fonte termal, e atrás de um muro, havia um prédio de três andares com um exterior azul-acinzentado e um anexo. Os arredores eram adornados com gramados exuberantes banhados pela luz do sol dourada, junto com vários dispositivos de mobilidade. Era um ambiente excelente.
Jenna se encontrou com sucesso com sua amiga.
A ex-Showy Diva, como outras pacientes, tinha cabelos curtos que chegavam até as orelhas. Seu rosto parecia comum, e seus olhos tinham uma expressão serena. Ela não parecia diferente de uma pessoa comum.
Quando Jenna conversava com ela, era fácil esquecer que ela sofria de uma doença mental. No entanto, Jenna sabia muito bem que provocá-la poderia levar a uma explosão imediata e frenética, colocando em risco tanto ela quanto os outros.
Depois de conversar por quase meia hora, Jenna saiu da sala de reunião designada, pronta para partir.
Enquanto caminhava pelo corredor externo, ela olhou distraidamente pela janela.
Em um gramado verde, cerca de 20 a 30 pacientes mentais passeavam tranquilamente, cada um perdido em seus próprios pensamentos. Eles se encostavam em árvores, tomavam sol ou se reuniam em pequenos grupos, se envolvendo em conversas tranquilas.
Eles pareciam pessoas comuns.
Jenna examinou os arredores casualmente, preparando-se para desviar sua atenção para outro lugar.
Naquele momento, avistou uma figura vestida com um roupão hospitalar listrado de azul e branco.
A pessoa tinha mais de 1,75 metros de altura. Seu cabelo castanho curto estava repartido em um estilo 3-7. Óculos de aro dourado escondiam seus olhos cor de linho, e seu rosto parecia notavelmente magro, adornado com sardas. Naquele momento, ele andava de um lado para o outro no gramado verde, aparentemente perdido em profunda contemplação, como se ponderasse alguma questão filosófica.
As pupilas de Jenna dilataram.
“E-esse é o ‘Eu conheço alguém’!”
- vou deixar em ingles dessa vez por motivos pirocudos⤶
Capítulo 403: Analisando a partir da experiência
Combo – 01/75
Os instintos de Jenna gritavam para que ela se virasse, com medo de que o paciente psiquiátrico, suspeito de ser o ‘Eu Conheço Alguém’, pudesse pegá-la olhando fixamente.
No entanto, quase no mesmo instante, ela se lembrou de como agiu perto de Hugues Artois. Com essa lembrança em mente, ela controlou seu pescoço, desviando o olhar com um movimento lento e natural.
Ela manteve a compostura, saindo do prédio azul-acinzentado um passo de cada vez, entrando na luz do sol que entrava pela janela. Jenna vestiu um chapéu de palha marrom claro adornado com flores de pano.
Quando ela finalmente deixou o Asilo Delta, retornando à mesma rua onde havia encontrado o garoto misterioso pela primeira vez, Jenna soltou um suspiro de alívio.
Sua expressão permaneceu inalterada enquanto ela embarcava na carruagem pública com destino ao movimentado distrito comercial.
…
À noite, na Rue des Blouses Blanches, nº 03, Apartamento 601.
Lumian, que havia sido convocado por Jenna, ouviu atentamente suas descobertas.
Lumian não conseguiu esconder sua surpresa e desconfiança.
— Isso é real? Tem certeza de que não viu errado?
Não foi muita coincidência?
Jenna só tinha visto o retrato de “Eu Conheço Alguém” naquela manhã, e à tarde, ela tinha rastreado o alvo no Asilo Delta — um lugar que ela tinha visitado apenas duas vezes. Lumian, Franca e os portadores de cartas de Arcanos Maiores e Arcanos Menores em Trier não tinham encontrado nada!
A pura coincidência aqui fez os instintos de Lumian vibrarem com indícios de conspiração e planos, roubando-lhe qualquer alegria tangível.
— Isso mesmo. Isso não é muita coincidência… — O comportamento de Franca era cético mesmo antes da chegada de Lumian.
Ela murmurou: — Embora seja um movimento clássico para um sujeito antissocial e inteligente se esconder em um asilo e conviver com os médicos, ele realmente deveria ter o azar de cruzar o caminho de um visitante que viu seu cartaz de procurado? Não pode haver mais de 50 pessoas em Trier que tenham visto aquele cartaz de procurado!
Essa contagem incluiu Anthony Reid e as perguntas feitas pelos outros titulares de cartas hoje.
— Por que eu não sabia disso… — Jenna murmurou. — Mas eu tropecei nele. Não estou enganada. Talvez eu tenha tido sorte?
Nesse momento, ela percebeu a descrença estampada nos rostos de Lumian e Franca.
Lumian, um homem bem versado no poder da coincidência, ponderou e perguntou: — Lembre-se desta manhã e veja se alguma outra coincidência se destaca ou se algo incomum ocorreu.
Sentada em uma poltrona, Jenna mergulhou profundamente em seus pensamentos.
Depois de quase quinze minutos, ela xingou: — Foi tudo normal! Uh, tem uma coisa que eu nunca tinha encontrado antes…
Ela contou como encontrou um garoto perdido e o presenteou com uma xícara de sorvete de baunilha. Ela também encontrou policiais para vigiá-lo. Finalmente, ela perguntou com incerteza,
— Não deve haver nada de incomum nisso, certo?
Franca murmurou para si mesma: — O garoto mencionou alguma coisa sobre você receber boa sorte?
Lumian se concentrou em outro detalhe.
— Ele disse que foi trazido aqui por uma senhora que adora beber?
— Sim, — Jenna respondeu às duas perguntas com uma única palavra.
Lumian imediatamente ficou desconfiado.
Além de algumas dançarinas, ele só conhecia duas moças que gostavam bastante de álcool. O resto eram apenas bebedoras sociais casuais.
Uma era Madame Hela e a outra era Madame Mágica.
A primeira sempre carregava consigo vários frascos de bebida alcoólica, enquanto a última se deliciava degustando diversas bebidas alcoólicas, e ela conseguia até mesmo invocar uma taça de vinho do nada e saboreá-la.
Como a caça por ‘Eu Conheço Alguém’ era uma missão compartilhada do Clube de Tarô, e Madame Hela não havia sido informada sobre isso, Lumian deduziu cautelosamente que o garoto havia sido levado a Trier pela Madame Mágica.
Combinado com a pergunta de Franca sobre Jenna “receber boa sorte”, Lumian acreditava que o garoto possuía habilidades extraordinárias que poderiam conceder boa sorte aos outros. Jenna, tendo experimentado esse golpe de sorte, foi naturalmente sortuda o suficiente para cruzar o caminho do “Eu Conheço Alguém”.
Enquanto Lumian e Franca ficavam em silêncio pelo que pareceram minutos, o desconforto de Jenna aumentava.
— Existe realmente um problema com essa situação?
Lumian olhou pensativamente para seu companheiro e respondeu: — É possível que sua sorte tenha tomado um rumo favorável hoje, começando com seu ato de comprar sorvete para aquele menino.
Tais trocas de dar e receber não eram incomuns no reino da Inevitabilidade. Por exemplo, o aumento da sorte frequentemente exigia que o destinatário aceitasse voluntariamente o meio e derivasse algum benefício dele. Além disso, tinha que haver um desejo subjetivo da parte deles de completar o ritual de aumento da sorte.
Portanto, Lumian tinha uma suspeita razoável de que o garoto poderia ser um Beyonder do Caminho do Monstro, também conhecido como Caminho do Destino. Por meio de uma transação sutil envolvendo sorvete e a concessão de boa sorte, ele orquestrou o encontro de Jenna com ‘Eu Conheço Alguém’.
Frases como “Eu não sabia como ajudar, então decidi esperar aqui” ou “Compre-me um sorvete e você terá boa sorte” continham todos os sinais misteriosos do domínio do Destino!
— É isso mesmo… — Franca claramente havia considerado essa possibilidade.
Jenna entendeu imediatamente.
— Você está sugerindo que esse garoto pode ser um Beyonder excepcionalmente poderoso? Que ele me concedeu uma abundância de boa sorte?
— Mas, além de encontrar ‘Eu Conheço Alguém’, não senti nada de extraordinário. Não tropecei em dinheiro nem me deparei com itens gratuitos.
Franca suspirou, explicando: — O ‘Eu Conheço Alguém’ consumiu toda a sorte que você teve.
Lumian levantou-se abruptamente.
— Preciso verificar isso.
Ele foi até o quarto de Franca e fechou a porta atrás de si.
Curiosa, Jenna perguntou a Franca: — Como ele planeja confirmar isso?
Franca especulou e respondeu: — Ele vai escrever uma carta.
— Para Madame Hela? — Jenna sabia que a mulher tinha um mensageiro.
Franca não conseguiu dar uma resposta clara. — Ou outra.
Em seu quarto, Lumian, que havia arrumado o altar, recebeu prontamente uma resposta da Madame Mágica.
“Então, foi assim que encontramos ‘Eu Conheço Alguém’. Mesmo como Astróloga, acho esse assunto estranho.”
“Não há necessidade de duvidar que foi realmente um ajudante que contratamos. Gastamos um número considerável de favores e uma quantidade substancial de sorvete.”
“Já que há um resultado, tome uma atitude. Vou ficar de olho em você e ajudar a proteger contra quaisquer incidentes imprevistos.”
Como esperado… Lumian sorriu.
Das palavras da Madame Mágica, ele deduziu que o garoto não era membro do Clube do Tarô. Portanto, ele não participaria de missões compartilhadas sem receber alguma forma de compensação, que neste caso envolvia favores e sorvete.
“O que diabos tem um sorvete? Um Beyonder tão poderoso pode ser movido por sorvete?” Lumian achou isso absurdo e divertido. No entanto, ele se lembrou do afilhado do Barão Brignais, um indivíduo bastante peculiar que podia ser influenciado por guloseimas deliciosas.
Isso o levou a se perguntar se os Beyonders na forma de um menino tinham “fraquezas” semelhantes.
Lumian abriu a porta e voltou para a sala de estar.
Nervosa, Jenna se levantou e perguntou: — Você confirmou?
— Ele é um ajudante com a tarefa específica de dar boa sorte, e seu encontro com ele foi orquestrado pelo destino. Ao dar-lhe sorvete, você escolheu o caminho correto do destino, — Lumian respondeu, usando a maneira de um charlatão.
Como um Beyonder com domínio sobre o domínio da Inevitabilidade, ele tinha certo conhecimento sobre o destino.
— Ufa… — Jenna soltou um suspiro de alívio, suas preocupações sobre cair em uma armadilha se dissipando.
Ao ver Franca se levantar de seu assento, Lumian mostrou o brinco de prata “Mentira” com um sorriso malicioso.
— Vamos para o hospício agora. Mal posso esperar.
— Muito bem, — respondeu Franca, suspirando em seus pensamentos internos.
Desde a chegada de Ciel, ela estava envolvida em batalhas constantes.
Fazia apenas alguns dias desde o ataque de Loki!
…
Em uma carruagem alugada de quatro rodas e quatro lugares a caminho do Quartier des Thermes, Lumian olhou pela janela para os postes pretos da rua e franziu a testa.
Ele murmurou para si mesmo, confuso: — Jenna realmente viu Eu Conheço Alguém?
Franca e Jenna voltaram sua atenção para ele, relembrando simultaneamente uma situação semelhante:
Em sua busca pelo padre, Guillaume Bénet, eles encontraram dois substitutos em sucessão, e o verdadeiro Guillaume Bénet acabou sendo um grande cachorro descansando ao lado!
Franca baixou a voz e perguntou: — Você suspeita que possa ser um substituto?
Tirar lições de experiências passadas e expandir sua consciência era crucial. Depois de testemunhar o engano inteligente do padre, deixar de considerar tais possibilidades significaria sua inadequação nos caminhos de Caçador e Demônia.
Lumian refletiu por um momento e sussurrou: — Com o problema dele vindo à tona e a possível perseguição que ele pode enfrentar, ‘Eu Conheço Alguém’ não estaria preocupado que as ‘pegadinhas’ dos últimos meses pudessem se tornar uma ameaça persistente?
— Se eu estivesse no lugar dele e não pudesse apagar os rastros correspondentes, eu deixaria Trier rapidamente e retornaria depois de algum tempo. No entanto, ele não fez isso.
— Isso sugere que ele ou possui ampla confiança de que não o localizaremos, ou tem algo significativo a realizar em Trier. Nesse caso, permanecer nas sombras enquanto apresenta um substituto à vista de todos seria uma escolha inteligente.
Jenna, intrigada, perguntou: — Será que ele também usa algo como Mentira ou o Feitiço de Substituição que você mencionou?
Lumian riu.
— Ele pode não ter Mentira, mas o deus maligno em que ele acredita governa o domínio do Vidente e é classificado como um dos Sem Rostos mais potentes. Com maestria na magia ritualística correspondente, ele pode implorar a essa divindade para alterar a aparência de um alvo específico.
Era semelhante à forma como os membros do Clube de Tarô podiam invocar criaturas do reino espiritual em nome do Sr. Tolo.
“Usando magia ritualística relacionada a Sem Rosto para criar um substituto enquanto monitora secretamente em pessoa… Mas por que ele simplesmente não mudou sua aparência? Por que recorrer à criação de um substituto? Isso o tornaria virtualmente indetectável!” Franca pensou em uma possibilidade perigosa.
Lumian assentiu.
— Se o indivíduo no Asilo Delta é de fato um substituto, isso implica que ele serve como uma armadilha e está intencionalmente usando isso para nos atrair. Eu Conheço Alguém, sem dúvida, prestará muita atenção ao resultado final.
— Consequentemente, ou o perigo extremo oculto no substituto não apenas enredará o perseguidor, mas também causará uma perturbação significativa, ou os dois indivíduos estarão intimamente conectados de alguma maneira mística.
— Não se preocupe com o primeiro cenário. Com uma mulher formidável protegendo contra infortúnios, as possibilidades subsequentes dependerão de você, Franca…
Se a pessoa no asilo fosse ‘Eu Conheço Alguém’, a situação seria relativamente simples.
…
Tarde da noite, em um quarto no terceiro andar da ala leste do Asilo Delta.
Um par de óculos com aros dourados estava na mesa de cabeceira, refletindo o luar que se filtrava no quarto. O paciente na cama dormia profundamente.
De repente, uma figura sombria abriu a porta adornada com barras de ferro e entrou silenciosamente.
Com um aperto educado, o intruso fechou a porta gentilmente, tornando o ambiente imune a sons externos.
Todo o espaço interior parecia estar selado.
Capítulo 404: Paciente
Combo – 02/75
Lumian aproveitou o poder do broche Decência, distorcendo a porta e selando o quarto inteiro.
Com Mentira alterando sua aparência, Lumian se conteve de um ataque imediato ao paciente deitado na cama. Em vez disso, caminhou para o lado, lançando um olhar perspicaz sobre ele.
Os olhos do paciente permaneceram firmemente fechados, perdidos em um sono profundo. Suas características faciais, penteado e cor de cabelo inegavelmente combinavam com os de ‘Eu Conheço Alguém’.
Enquanto Lumian observava essa pessoa adormecida, que não tinha consciência de sua intrusão, ele começou a suspeitar que aquilo poderia ser um substituto.
Conforme sugerido pela carta da Madame Mágica, ‘Eu Conheço Alguém’ era pelo menos um Sequência 6: Hipnotista do caminho do Espectador, com uma pequena chance de ser um Sequência 5: Caminhante dos Sonhos. Em qualquer caso, esses indivíduos eram observadores habilidosos, improváveis de dormir profundamente na presença de um intruso.
O enigma agora estava em descobrir a armadilha de tal substituição.
Sob a tênue luz da lua filtrada pelas cortinas, o paciente na cama de repente abriu os olhos.
Naqueles olhos cor de linho, a imagem de Lumian foi instantaneamente refletida.
Simultaneamente, Lumian vislumbrou mais uma vez o vazio escuro, as inúmeras estrelas cintilantes e o símbolo misterioso que havia ganhado vida, formando uma porta invisível.
Uma voz ressoou em seu coração e ouvidos, aparentemente emanando das profundezas do vazio e da fonte de sua consciência.
— Passe por ela. Passe por esta porta sem forma, e você ganhará uma experiência transformadora em sua vida e conhecimento ilimitado…
— Todos possuem divindade e podem ouvir a voz da origem deste mundo. Para ouvi-la claramente, você deve abrir esta porta invisível e entrar…
A cabeça de Lumian latejava enquanto ele “testemunhava” a abertura gradual da porta sem forma. Cada palavra da voz se transformava em uma entidade viva e peculiar dentro de seu coração.
Mais uma vez, a voz ecoou, seu tom tingido de perplexidade e confusão. Ela murmurou para si mesma: — Onde fica o fim do mundo? Como era o universo em seu início…
— Qual divindade trouxe tudo isso à existência e quem criou…
— O que está além dos confins do universo? Como os outros mundos diferem…
— O que separa a natureza humana da divindade? A verdadeira autoconsciência equivale à natureza humana ou à divindade…
— Onde está a demarcação entre a loucura e a razão? A loucura é o destino final de todo ser vivo…
A cabeça de Lumian latejava de agonia enquanto ele absorvia essas perguntas, uma fusão de contemplação mística e busca por respostas para profundas questões filosóficas. Foi a primeira vez em muito tempo que ele sentiu a sensação de uma broca de aço perfurando seu crânio, mexendo com seu cérebro delicado.
Além disso, essas perguntas desencadearam alterações bizarras em sua espiritualidade e em seu entorno.
A loucura surgiu, como se sondasse os limites da sanidade. A escuridão envolvente parecia assumir a natureza humana, contorcendo-se visivelmente. Na cama diante dele e no chão sob seus pés gradualmente apareceram padrões bizarros. Embora Lumian não pudesse vê-los, seu corpo foi subitamente consumido por uma coceira intensa, como se ansiasse por se livrar de sua camada mais externa de pele…
— Existe algo que supera todas as limitações e pensamentos conceituais… — a voz persistiu em questionar o vazio.
Dentro da escuridão contorcida, uma forma indescritível começou a tomar forma.
Lumian se viu impotente para resistir ou deter essa transformação. Tudo o que podia fazer era testemunhar isso enquanto um terror avassalador descia, sua cabeça latejando.
Naquele momento crítico, um relâmpago ofuscante e brilhante irrompeu bem diante dele.
O raio colossal parecia ter brotado de um reino divino, e cada “galho” branco-prateado emitia um som crepitante.
Estrondo!
Quando o raio prateado atingiu o paciente na cama, Lumian foi atacado por um trovão ensurdecedor que reverberou em seus tímpanos e ressoou em sua alma.
A estranha criatura que havia feito aquelas perguntas instigantes convulsionou, aliviando significativamente a dor latejante em sua cabeça, deixando para trás apenas uma sensação desorientadora causada pelo rugido ensurdecedor.
Uma cascata aterrorizante de raios atingiu o paciente na cama, enviando ondas de agonia e paralisia pela pele de Lumian, mesmo que ele estivesse a alguns passos de distância.
No meio desse frenesi elétrico, um canto sagrado ecoou fracamente, como se proclamasse: “Eu vim, eu vi, eu gravei”. A enfermaria escureceu, como se tivesse sido lançada em um reino misterioso, isolada do mundo exterior por alguma força intransponível.
Lumian exalou e desviou o olhar de volta para a cama. Lá, ele viu a forma inteira do paciente transformada em uma substância preta como carvão, emitindo um odor estranho de queimado.
O corpo, ainda vestido com uma camisola hospitalar esfarrapada, lençóis e cobertor, começou a se dissipar, transformando-se em uma silhueta escura.
Na superfície dessa figura sombria, rachaduras se materializaram, cada uma adornada com símbolos e padrões místicos. Essas formações lembravam olhos ou miríades de bocas que se abriam e fechavam incessantemente.
Antes que Lumian pudesse compreender completamente essa transformação, sua visão foi inundada por uma luz solar pura, radiante e dourada.
Mais uma vez, a voz etérea e sagrada ressoou em seus ouvidos.
Quando sua visão voltou ao normal, apenas uma leve marca preta permaneceu na superfície queimada da cama, se contorcendo de uma forma estranha, semelhante a uma serpente.
“É realmente uma armadilha…” Lumian refletiu, sua falta de surpresa era evidente.
Ele também deduziu que tanto o paciente quanto uma das marionetes de Loki eram recipientes da mesma bênção do deus maligno com base no vazio estrelado e na porta sem forma formada por símbolos errantes. O substituto para ‘Eu Conheço Alguém’ claramente ocupava uma Sequência mais alta.
“Loki e ‘Eu Conheço Alguém’ já teve como alvo uma organização secreta que adorava uma divindade maligna?”
“Esta é a vontade do Celestial Digno do Céu e da Terra? O que Ele buscou alcançar?”
“Tudo isso de alguma forma se relacionou com a decisão de ‘Eu Conheço Alguém’ de permanecer em Trier?”
“Será que esse substituto é apenas uma brincadeira provocativa dirigida àqueles que os perseguem?”
“Eu sei que você está me caçando, e estou ciente das pistas que você pode descobrir. No entanto, estou intencionalmente lhe concedendo um vislumbre de esperança?”
Pensamentos passaram pela mente de Lumian como relâmpagos enquanto ele tentava analisar a situação atual da perspectiva de ‘Eu Conheço Alguém’ e extrair pistas sobre o paradeiro do fugitivo.
Dado o nível de perigo representado pelo paciente, Lumian deduziu que tanto ‘Eu Conheço Alguém’ quanto Loki teriam dificuldade para capturá-lo vivo e recrutá-lo para sua equipe.
Como Loki possuía uma marionete com um caminho semelhante, parecia claro que o paciente não havia cooperado ativa e conscientemente com eles.
Isso, somado ao tom perplexo e às perguntas intermináveis do substituto, levou Lumian a suspeitar que o homem havia sucumbido à loucura devido a algum conhecimento ou verdade adquirida por meio de benção ou do uso de algumas habilidades, tornando-o um verdadeiro paciente mental.
Aproveitando suas habilidades profissionais como psiquiatra, ‘Eu Conheço Alguém’ provavelmente guiou habilmente o paciente, fomentando um senso de confiança e camaradagem. Eventualmente, ele chegou a um ponto em que conseguiu “convencer” o paciente, permitindo que ele realizasse um ritual e solicitasse uma mudança na aparência.
Olhando para a janela com barras de ferro, Lumian notou que a escuridão profunda havia recuado. O luar carmesim filtrava-se através do vidro relativamente fino e banhava a enfermaria com seu brilho.
Por outro lado, a escuridão que antes era típica na periferia do Asilo Delta havia se intensificado. O vazio parecia distorcido, como se estivesse envolto em uma barreira esférica.
A Madame Mágica não empregou nenhuma habilidade adicional após lidar com o paciente perigoso. Ela apenas escondeu o asilo inteiro e seu gramado ao redor.
Parecia que ela estava insinuando que Lumian precisava lidar com essa situação de forma independente. Ela apenas ajudou evitando que quaisquer perturbações alertassem os Beyonders oficiais de Trier.
Lumian deu um suspiro de alívio. Começando pela busca por Loki, ele rapidamente filtrou os assuntos relacionados à Reunião da Mentira.
Lentamente, uma conjectura se formou, juntando as peças do quebra-cabeça em uma “narrativa” coesa.
‘Eu Conheço Alguém’ já esteve conectado ao Asilo Delta, seja como médico, enfermeiro ou paciente. Um dia, ele tropeçou em um paciente peculiar que incessantemente fazia perguntas filosóficas profundas.
Guiado pelo Celestial Digno do Céu e da Terra, ‘Eu Conheço Alguém’ iniciou interações com o paciente. Durante esse processo, provavelmente sentiu a presença de um deus maligno à espreita ao redor do paciente. Consequentemente, com a ajuda de Loki, eles afastaram essas figuras problemáticas e ganharam controle sobre o estranho paciente. Loki até conseguiu ganhar uma marionete.
Após a ressurreição de Loki, ‘Eu Conheço Alguém’, que havia sido alertado, aproveitou a confiança do paciente nele para realizar magia ritualística e implorar ao Celestial Digno do Céu e da Terra, resultando em sua transformação em um substituto e uma armadilha ambulante.
Quanto ao próprio ‘Eu Conheço Alguém’, ele deve ter alterado sua aparência com sucesso; seu paradeiro agora desconhecido.
Em meio à frustração de Lumian, ele de repente pensou em algo.
Jenna realmente encontrou o substituto para ‘Eu Conheço Alguém’, graças à sorte.
No entanto, encontrar um substituto, projetado como uma armadilha, dificilmente constituía boa sorte.
Isso foi azar!
Isso a menos que eles pudessem de alguma forma usar o substituto para rastrear ‘Eu Conheço Alguém’ ou se Jenna tivesse encontrado o substituto e o verdadeiro ‘Eu Conheço Alguém’, mas não tivesse conseguido reconhecê-lo ou vê-lo diretamente!
Ambos os cenários apontavam para uma alta probabilidade de que o esquivo ‘Eu Conheço Alguém’ ainda estivesse à espreita no asilo!
Mesmo que a armadilha falhasse, os perseguidores provavelmente concluiriam que ‘Eu Conheço Alguém’ já havia se mudado para um novo esconderijo há muito tempo.
Debaixo de uma lamparina a óleo ficava o lugar mais escuro e facilmente esquecido!
Com essa revelação, Lumian agiu rapidamente. Ele girou, abriu a pesada porta e correu para o corredor do hospício.
Com um estrondo retumbante, ele irrompeu por uma janela no canto da escada, caindo no gramado cercado pelo prédio principal e suas estruturas adjacentes.
Simultaneamente, ele empregou o Rosto de Niese para se transformar no paciente que havia encontrado antes.
Com uma voz autoritária, Lumian berrou suas perguntas ao cosmos do gramado:
— Onde é o fim do mundo? Como era o universo em seu início…
— Qual divindade trouxe tudo isso à existência e quem criou…
Sua voz ressoou por todo o asilo, alcançando todos os cômodos.
Poucos segundos depois, a voz de Franca ecoou nos ouvidos de Lumian.
— Há uma anormalidade na sala de plantão do médico e na estação de trabalho da enfermeira no primeiro andar, bem como na primeira enfermaria do terceiro andar, perto da ala oeste.
Ao ouvir o relato de sua companheira, Lumian não conseguiu conter uma risada.
Ele pressionou as mãos contra o vazio à sua frente, acendendo instantaneamente chamas vermelhas.
As chamas se espalharam rapidamente, iluminando as teias de aranha invisíveis que envolviam todo o edifício.
Essas camadas intrincadas de teias de aranha se estendiam por todos os cômodos, monitorando diligentemente os movimentos de todos os seus habitantes.
Essa configuração complexa consumiu quase metade da espiritualidade de Franca e exigiu uma quantidade significativa de tempo para ser preparada e mantida.
As chamas vermelhas se transformaram em três serpentes flamejantes, cada uma de tamanho colossal, que deslizaram através das teias de aranha em direção à sala de plantão do médico e à estação de trabalho da enfermeira no primeiro andar, bem como à enfermaria no terceiro andar.
Capítulo 405: Sem Reservas
Combo – 03/75
As serpentes flamejantes refletiam-se nos olhos do médico de plantão, das três enfermeiras e do paciente que havia acordado. O medo apareceu em seus rostos, e eles se viraram em vários movimentos de pânico. Enquanto fugiam na direção oposta das chamas, eles gritavam: — Fogo! Fogo!
— Socorro! Socorro!
Enquanto suas vozes ecoavam, as serpentes flamejantes queimavam os fios invisíveis de teia de aranha, acompanhadas por um vento escaldante formado pelo choque de frio e calor. Ele os perseguia implacavelmente, bloqueando a saída da sala e forçando-os a um canto.
Os cinco agiram normalmente. Eles correram ao redor, buscando uma fuga segura, enrolando-se em cobertores e tentando forçar seu caminho através da parede de chamas. Eles também correram para outra janela, com a intenção de pular para baixo.
Parecia que Lumian tinha julgado mal a situação. Qualquer movimento anormal não significava necessariamente a aparição do ‘Eu Conheço Alguém’. Se isso continuasse, ele arriscava incinerar cinco pessoas inocentes.
No entanto, as três serpentes flamejantes carmesim não mostraram hesitação. Elas continuaram a perseguir o médico de plantão, as enfermeiras noturnas e o paciente mental, emanando uma loucura gélida e implacável que não demonstrava nenhuma consideração pela vida humana.
Conforme as serpentes flamejantes se aproximavam de seus alvos, alguns começaram a mostrar sinais de desespero. O paciente na enfermaria do terceiro andar parou de repente e se virou.
Escamas branco-acinzentadas, semelhantes a pedra, brotaram em seu rosto antes comum, cobrindo sua pele que não estava protegida pelo roupão hospitalar listrado de azul e branco.
Em um instante, ele se transformou em uma figura horripilante, parecida com um lagarto. As escamas branco-acinzentadas resistiram às chamas escaldantes e o ajudaram a romper a barreira da serpente carmesim.
Sentindo essa transformação através das chamas, os lábios de Lumian se curvaram em um sorriso assustador.
De acordo com as informações fornecidas na carta da Madame Mágica, Beyonders do caminho do Espectador na Sequência 6: Hipnotista ganhariam uma habilidade conhecida como Escamas de Dragão. Essa habilidade permitia que eles manifestassem escamas branco-acinzentadas em sua pele, reduzindo e resistindo muito a danos.
Essa habilidade estava intimamente ligada à forma de Criatura Mítica do caminho do Espectador, já que todo Espectador de alto escalão acabava se transformando em um dragão — um dragão da mente!
A aparição de Escamas de Dragão confirmou que o paciente na ala oeste do terceiro andar era pelo menos um Beyonder de Sequência 6 do caminho do Espectador. Combinado com a armadilha e seus movimentos incomuns, a identidade do paciente se tornou evidente — Eu Conheço Alguém!
Lumian ativou a marca negra em seu ombro direito e usou sua habilidade de atravessar o mundo espiritual, aparecendo instantaneamente na enfermaria.
Durante essa caçada, ele se absteve de usar o brinco Mentira ou levar as Atormentadoras. Isso porque seu adversário era um formidável Psiquiatra, e qualquer abertura em suas emoções ou desejos poderia ser facilmente explorada.
Enquanto a figura de Lumian desaparecia do gramado, as serpentes de fogo carmesim, que se expandiram ao consumir materiais inflamáveis na sala de plantão do médico e na sala de enfermeira, se dissiparam abruptamente. Elas se transformaram em pontos brilhantes de luz que desapareceram diante dos rostos dos espectadores desesperados e aterrorizados.
Além dos restos carbonizados de vários itens, havia pouca evidência do inferno do qual eles escaparam por pouco.
No terceiro andar do Asilo Delta, Lumian emergiu de uma sala adjacente à ala oeste. Seu olhar se fixou no paciente, cujo corpo estava coberto de escamas branco-acinzentadas, e cujos olhos emitiam um leve tom dourado.
Ele não trocou gentilezas ou fez perguntas. Em vez disso, abriu a boca e soltou uma exclamação aguda: — Ha!
Um raio amarelo imperceptível saiu da boca de Lumian, direcionado ao suspeito ‘Eu Conheço Alguém’.
Entretanto, a uma distância de dois a três metros, o raio de aura amarelo-claro do Feitiço de Harrumph passou pelo Beyonder e atingiu a janela de vidro com barras de ferro atrás dele.
Hipnose!
Essa era uma das habilidades Beyonder de um Hipnotista. Ele podia hipnotizar à força um inimigo em batalha, fazendo-o agir irracionalmente ou fazer julgamentos incorretos. No entanto, tais ações não podiam prejudicar diretamente a pessoa hipnotizada, e o efeito passaria rapidamente conforme ela recuperasse seus sentidos.
Há poucos momentos, quando Lumian e o Beyonder se encararam, o primeiro involuntariamente caiu sob sua hipnose. Ele confundiu seu próprio reflexo na janela de vidro com seu alvo, fazendo com que o Feitiço de Harrumph desviasse do curso.
Aproveitando a oportunidade, os olhos dourados claros de ‘Eu Conheço Alguém’ se arregalaram, refletindo a forma masculina de Aurore por Lumian.
A cabeça de Lumian foi jogada para trás, como se estivesse presa em um redemoinho.
Suas emoções giravam com uma mistura de alegria e ódio. Chamas carmesins surgiram sob sua pele, e seus olhos brilharam com uma loucura sinistra.
Frenesi!
Esta era uma habilidade Beyonder de um Psiquiatra projetada para desencadear emoções intensas e desestabilizar o estado mental do alvo, fazendo-o entrar em um estado frenético e sofrer danos mentais severos. Se o alvo tivesse problemas psicológicos existentes ou emoções fortes, ele poderia até perder o controle quando submetido ao Frenesi.
Antes de passar por tratamento psiquiátrico com Madame Susie e Madame Justiça, encontrar ‘Eu Conheço Alguém’ nesse estado podia fazer Lumian entrar em uma espiral de loucura, transformando-o em uma figura monstruosa.
Naquele momento, sangue pingou de seu nariz. Sua mente estava em desordem, e ele instintivamente respirou fundo, perdendo temporariamente a habilidade de executar seus movimentos planejados.
‘Eu Conheço Alguém’ se absteve de lançar outro ataque a Lumian naquele momento. Primeiro, fazer com que a outra parte perdesse o controle ou morresse levaria à liberação imediata da criatura de alto nível selada dentro de seu corpo, uma visão que poderia levar até mesmo um Beyonder abaixo do nível de semideus ao colapso mental e físico. Segundo, já que o irmão de Trouxa estava presente, era provável que a Lâmina Oculta não estivesse longe. A seda de aranha invisível que havia sido acesa provavelmente era obra dela.
Nessa situação terrível, o primeiro instinto de ‘Eu Conheço Alguém’ foi sair rapidamente do campo de batalha, escapar do Asilo Delta e encontrar um lugar para se esconder mais uma vez.
Num instante, ele pegou uma flecha quebrada do bolso de seu roupão hospitalar listrado de azul e branco.
A flecha quebrada parecia antiga, com uma ponta parecida com obsidiana, adornada com padrões misteriosos.
Com um som agudo, ‘Eu Conheço Alguém’ cravou a flecha de obsidiana em seu próprio peito.
O item ganhou vida, absorvendo avidamente o sangue vermelho que jorrava.
‘Eu Conheço Alguém’ imediatamente correu em direção à porta hermeticamente fechada, deixando para trás uma imagem residual.
Apesar das Escamas de Dragão branco-acinzentadas cobrindo seu rosto, ele exalava um charme estranho, como se tivesse se transformado em um jovem dragão arrojado.
Esta era a Flecha do Sanguíneo. Ao perfurá-la em seu peito e alimentá-la com seu sangue, ela transformava temporariamente ‘Eu Conheço Alguém’ em um Vampiro. Isso lhe concedeu velocidade extraordinária, regeneração acelerada e algumas habilidades semelhantes a magias.
Estrondo!
Quando ‘Eu Conheço Alguém’ abriu a pesada e sólida porta da enfermaria do asilo, ele não conseguiu correr para o corredor. Ele colidiu com uma barreira de gelo que havia se formado em algum ponto.
Em meio aos sons de rachaduras e estilhaços, a parede de gelo desmoronou, mas também fez com que ‘Eu Conheço Alguém’ perdesse o equilíbrio e caísse no chão.
A maior parte do gelo quebrado não conseguiu penetrar suas Escamas de Dragão. Apenas um punhado conseguiu romper suas defesas, deixando rastros de sangue.
Graças às rápidas habilidades de regeneração do Vampiro, os ferimentos leves começaram a cicatrizar rapidamente.
‘Eu Conheço Alguém’ não viu necessidade de se levantar. Enquanto seus olhos dourados-claros cintilavam, ondas invisíveis irradiavam dele, envolvendo os arredores.
Em seu estado de invisibilidade, Franca sentiu como se estivesse testemunhando a cena mais horripilante das profundezas de um pesadelo, relembrando seus terrores passados. Seu corpo tremeu, e ela abandonou a proteção de sua invisibilidade, aparecendo no corredor do hospício.
Este era um Terror do Psiquiatra, também conhecido como Poder do Dragão ou Caos em Massa. Ele tinha o poder de induzir pânico instantaneamente em um único alvo ou em todos os seres vivos dentro de seu alcance, mergulhando-os no caos.
Contando com o Poder de Dragão para manter o controle da situação, ‘Eu Conheço Alguém’ agilmente saltou, pretendendo colocar alguma distância entre ele e Franca enquanto corria pelo corredor.
Ele se absteve de atacá-la naquele momento porque ele entendeu que as Demônias possuíam habilidades como Substituição por Espelho e por Objeto. Tentar matá-la ou prejudicar suas habilidades de combate com um único golpe só atrasaria sua fuga.
Enquanto ele saltava para fora do gelo quebrado, ‘Eu Conheço Alguém’ vislumbrou a enfermaria, agora vazia.
Lumian Lee parecia ter se recuperado dos efeitos do Frenesi e usou o teletransporte para escapar da influência de Terror bem a tempo!
Assim que essa percepção passou pela mente de ‘Eu Conheço Alguém’, ele viu a versão masculina de Aurore — Lumian — se materializar na sua frente.
Sem hesitar, os olhos dourados de ‘Eu Conheço Alguém’ focaram em Lumian, preparando-se para lançar Terror mais uma vez.
No momento seguinte, a figura de Lumian desapareceu novamente.
Ele empregou a Travessia do Mundo Espiritual duas vezes em rápida sucessão!
Quase simultaneamente, as pupilas de ‘Eu Conheço Alguém’ dilataram, e um arrepio percorreu sua espinha. Os pelos da nuca dele se arrepiaram.
Desta vez, Lumian estava atrás dele.
Era parecido com o Teleporte!
A figura de Lumian se materializou instantaneamente atrás de ‘Eu Conheço Alguém’, testemunhando uma densa névoa negra emanando do corpo deste último, uma tentativa de fugir para o lado do corredor.
“Muito lento!” Lumian bufou, enviando dois raios brancos de luz disparados de suas narinas para cercar a área à frente.
‘Eu Conheço Alguém’ não conseguiu desviar e foi atingido pelos raios brancos enquanto era jogado no chão, caindo duas vezes.
Lumian respirava pesadamente, sentindo-se esgotado enquanto sua cabeça latejava de dor.
Três “teletransportes” consecutivos e duas rodadas usando o Feitiço de Harrumph e outras habilidades haviam sugado completamente sua energia.
Se não fosse pela quantidade substancial que a digestão da poção de Piromaníaco trouxe em comparação a quando ele caçou o padre, sustentar esse nível de gasto teria sido extremamente desafiador.
Franca, que havia se recuperado do Terror, se aproximou e balançou a cabeça em desaprovação.
— Não precisa de nada disso. Não é como se você não tivesse assistência.
Por que fazer tudo isso quando há ajuda disponível?
Mesmo que os portadores das cartas dos Arcanos Maiores não estivessem espreitando nas sombras, e mesmo que ‘Eu Conheço Alguém’ tivesse conseguido escapar do asilo, ele não teria deixado para trás um pouco de sangue que poderia ser usado para uma maldição?
Lumian não respondeu, indo até o inconsciente do ‘Eu Conheço Alguém’.
Capítulo 406: Fim Inevitável
Combo – 04/75
Olhando para o inimigo inconsciente no corredor, Lumian se conteve de um ataque imediato. Apenas se agachou em silêncio.
Ele pegou um frasco de sedativo obtido de Rentas da Sociedade da Felicidade, desenroscou a tampa e levou-o ao nariz do paciente.
Franca olhou e aconselhou: — Remova a flecha quebrada do peito dele primeiro. Caso contrário, acho que o corpo dele aguenta a maioria dos efeitos do sedativo.
As escamas branco-acinzentadas, semelhantes a pedras, no Beyonder, suspeitas de ser ‘Eu Conheço Alguém’, dissiparam-se lentamente devido à inconsciência espiritual provocada pelo Feitiço de Harrumph.
Lumian assentiu e usou a mão que segurava a tampa da garrafa para remover cuidadosamente a flecha de obsidiana.
Franca deu um suspiro de alívio e continuou: — A questão agora é como confirmamos se esse cara é o verdadeiro ‘Eu Conheço Alguém’.
— Um Hipnotista poderoso pode manipular um Beyonder do mesmo caminho e sequência, alterando sua autoconsciência e fazendo-o acreditar que é ‘Eu conheço alguém’. Ele pode substituir o verdadeiro para aparecer em todos os tipos de ocasiões, realizando diferentes brincadeiras e lutando contra quaisquer adversários.
— Porra, por que isso parece mais problemático do que lidar com um marionetista!?
O que Franca quis dizer é que o inimigo à sua frente também pode ser uma vítima, alguém cujas percepções foram alteradas para fazê-lo acreditar que era “Eu Conheço Alguém”.
Essa possibilidade não podia ser descartada, então ela não foi capaz de se preparar para matá-lo antes de canalizar seu espírito.
Além disso, o soro da verdade restante de Lumian não funcionaria neste caso. A pessoa hipnotizada só diria o que acreditava ser verdade.
Lumian fechou a tampa de volta no frasco de sedativo e pensou por um momento antes de sugerir: — Vamos montar um ritual e buscar a confirmação do Sr. Tolo. Já que Loki pode usar a ajuda do Celestial Digno para localizar membros da Sociedade de Pesquisa de Babuínos de Cabelos Encaracolados dentro de um certo alcance, podemos empregar um método similar para ativar a aura especial no ‘Eu Conheço Alguém’. Se estiver lá, ele é real. Se não, ele é falso.
— E se ele for um membro da Sociedade de Pesquisa que foi capturado por Loki e ‘Eu Conheço Alguém’? No passado, várias pessoas desapareceram sem que suas mortes fossem confirmadas, incluindo alguns psiquiatras. — Franca começou a suspeitar da fonte das características de Beyonder de ‘Eu Conheço Alguém’ que lhe permitiram avançar para a Sequência 7.
Membros da Sociedade de Pesquisa que eles caçaram?
Lumian ponderou por um momento e respondeu: — Nesse caso, deixemos com Jenna. Ela ainda pode ter alguma sorte persistente nesse aspecto. Se ela não encontrar mais ninguém, isso prova que o inconsciente é ‘Eu Conheço Alguém’.
— Você é responsável por proteger Jenna…
Antes que Lumian pudesse terminar, a voz da Madame Mágica ecoou em seus ouvidos: — Não há necessidade de passar por tantos problemas.
Agachado em frente à pessoa inconsciente, Lumian sentiu o espaço ao seu redor ganhar vida, contraindo-se para dentro e engolindo o Beyonder suspeito de ser Eu Conheço Alguém.
— Uau, — Franca exclamou, e Lumian se levantou lentamente.
Os dois esperaram pacientemente. Em apenas 20 a 30 segundos, o Beyonder no vestido hospitalar listrado de azul e branco foi ejetado do vazio.
Imediatamente depois, eles ouviram a resposta da Madame Mágica: — É ‘Eu conheço alguém’.
…
Abaixo da lua carmesim no céu, o Asilo Delta se erguia, sua escuridão ainda mais densa e curvada em um arco assustador em comparação com a noite ao redor.
No telhado do prédio azul-acinzentado de três andares, a sombria Mágica virou-se para sua companheira e disse: — Além do lunático, não há perigos ou armadilhas ocultos.
— Eu exagerei e superestimei a situação?
Justiça, parecendo ilusória, respondeu calmamente: — Não há nada de errado com sua escolha. Ela nunca está errada, não importa quanta importância você dê a assuntos relacionados àquele Digno Celestial.
— Somente prestando atenção suficiente a cada vez podemos evitar ser enganados de repente e cair em uma verdadeira armadilha.
A Mágica assentiu levemente, fechou o caderno em sua mão e lançou seu olhar para o corredor do terceiro andar que não estava em sua linha de visão.
…
Ao ouvir a conclusão da Madame Mágica, Lumian soltou uma risada.
Ele guardou a metade restante do sedativo e se virou para Franca, dizendo: — Podemos deixar Jenna entrar agora.
Franca assentiu e desapareceu nas sombras ao longo do corredor.
Lumian olhou para o aparentemente comum ‘Eu Conheço Alguém’, com olhos profundos e um sorriso malicioso nos lábios.
Os efeitos do Feitiço de Harrumph deveriam ter passado há muito tempo, mas o sedativo da Sociedade da Felicidade ainda estava fazendo seu trabalho.
Considerando o físico de ‘Eu Conheço Alguém’, esse sedativo não duraria muito mais. No entanto, Lumian estava preparado para esse momento.
Naquele exato instante, o Asilo Delta estava em caos devido ao fogo e aos gritos. Particularmente no primeiro andar, a comoção era intensa. O médico de plantão e alguns guardas corpulentos patrulhavam a área para garantir que não restasse nenhum resquício de fogo.
Enquanto isso, Jenna e Franca navegaram habilmente pelas sombras e subiram até o terceiro andar.
Lumian pegou uma pele de carneiro de Guillaume Bénet, o padre, e a estendeu no chão.
Ele cuidadosamente embrulhou ‘Eu Conheço Alguém’ nela.
Após uma breve contemplação, Lumian levantou a flecha de obsidiana em sua mão e a cravou no olho esquerdo de ‘Eu Conheço Alguém’.
A dor excruciante acordou ‘Eu Conheço Alguém’, e seu olho esquerdo ficou vermelho.
Quase simultaneamente, ele ouviu uma risada sinistra.
— Ovelha!
Em meio ao eco das palavras de Hermes, ‘Eu Conheço Alguém’, envolto na pele de carneiro ritual, foi instantaneamente envolvido por uma luz negra, deixando-o impotente.
Quando a luz escura finalmente desapareceu, ele havia se transformado em uma ovelha branco-acinzentada.
Lumian retirou a flecha de obsidiana do globo ocular esmagado e rapidamente a cravou no olho direito do ‘Eu Conheço Alguém’.
Um grito de gelar o sangue ecoou pela sala enquanto Lumian puxava a flecha. Ele pressionou a “ovelha” que se debatia com uma mão e acariciou sua cabeça com a outra, um sorriso sinistro brincando em seus lábios.
— Agora, finalmente podemos ter uma boa conversa.
Enquanto Lumian se envolvia nessa conversa sussurrante, ele jogou a flecha de obsidiana para Jenna.
Em seguida, Lumian produziu um frasco comum de remédio para feridas e meticulosamente aplicou-o na órbita ocular cor de sangue do ‘Eu Conheço Alguém’. Ele envolveu os olhos da outra parte em camadas de bandagens brancas que ele havia preparado.
Só então ‘Eu Conheço Alguém’, que havia despertado do coma e estava sofrendo uma dor intensa, recuperou um pouco da compostura. Ele tentou usar suas habilidades, mas sem sucesso.
Franca e Jenna observavam Lumian atentamente enquanto ele continuava a cuidar da ovelha transformada, ‘Eu Conheço Alguém’, sentindo uma mistura de curiosidade e desconforto. Inicialmente, Jenna queria ajudar Lumian a extrair informações ou a se vingar, mas agora, sentia que esse cenário era o suficiente.
Ela desviou sua atenção para a flecha quebrada de obsidiana em sua mão, mas não notou os efeitos negativos. Ela se perguntou se era um dos itens místicos que Franca havia mencionado antes.
Enquanto Lumian pegava um barbante amarelo-amarronzado que havia preparado com antecedência e começava a enrolá-lo no pescoço da ovelha, o médico de plantão, alertado pelo balido da ovelha, chegou ao terceiro andar com vários guardas corpulentos.
Franca e Jenna rapidamente se esconderam nas sombras, enquanto Lumian, disfarçado de Aurore, calmamente se virou e conduziu a ovelha até o fim do corredor.
Chamas vermelhas irromperam do corpo de Lumian, que havia recuperado um pouco de sua espiritualidade, e ardia intensamente no corredor.
O médico de plantão e os guardas não ousaram se aproximar, testemunhando uma figura caminhando em meio às chamas, indo em direção ao fim do corredor anexo.
A pessoa também guiava uma ovelha. Ela resistiu, sem vontade de sair, mas a corda em volta do pescoço a forçou a seguir em frente.
Depois de ser arrastada pelo chão por um tempo, a ovelha, com o pescoço tenso e a respiração difícil, finalmente se levantou e a seguiu.
Quando as chamas no corredor se extinguiram abruptamente, evitando danos aos cômodos adjacentes, o médico de plantão e os guardas já haviam perdido todos os vestígios do homem e das ovelhas.
“Estou alucinando…” A situação era tão estranha e inacreditável que esses indivíduos compartilhavam os mesmos pensamentos.
Enquanto isso, o corredor carbonizado era a evidência de que um incêndio realmente havia ocorrido, milagrosamente sem ferir ninguém.
Deixando um guarda para relatar o incidente à delegacia de polícia mais próxima, o médico de plantão retornou ao seu consultório no primeiro andar em estado de perplexidade.
Ao sentar-se na cadeira, ele não pôde deixar de se perguntar: “Será que o ser infernal associado ao fogo emergiu do abismo? Sua vontade é pastar uma ovelha? É esta a personificação das chamas?”
Seus pensamentos ficavam mais fantásticos a cada momento, e ele não conseguia se livrar da sensação de que deveria ter ido direto à catedral para consultar os bispos e padres em vez de envolver a polícia.
Toc, toc, toc!
Ele ouviu uma batida na porta.
O médico de plantão deu um pulo na cadeira. Ele se endireitou e respondeu com uma voz profunda: — Entre, por favor.
Quando a porta se abriu, os olhos do médico congelaram.
Era o diabo loiro, acompanhado da ovelha com os olhos envoltos em ataduras brancas e o rosto branco-acinzentado manchado de sangue.
— Preciso te incomodar com uma coisa, — Lumian disse calmamente enquanto levava ‘Eu Conheço Alguém’ para o consultório médico. — Minha ovelha exibe tendências severas anti-humanas e violência extrema. Quero tratar sua doença mental.
“Como…” Antes que ele pudesse formular uma resposta, o belo demônio loiro perguntou: — Você sabe como realizar uma lobotomia?
— Sim, um pouco, — respondeu o médico de plantão subconscientemente. — Mas é uma ovelha…
A estrutura do cérebro poderia ser a mesma?
Enquanto pensava nisso, ele observou a ovelha se debatendo freneticamente em suas amarras, incapaz de escapar.
Lumian riu.
— Não importa. Podemos tentar. É só uma ovelha. Se morrer, que assim seja. Ainda podemos assá-la.
Com isso, ele arrastou a ovelha rebelde em direção a uma mesa de tratamento próxima, usando as mãos e os pés para prendê-la.
Se o paciente fosse humano, o médico, sem experiência e proibido de realizar uma lobotomia, nunca ousaria tentar. No entanto, como era uma ovelha, ele não tinha reservas.
Num esforço para evitar antagonizar o demônio do fogo e cooperar enquanto aguardava a chegada da polícia, o médico de plantão aproximou-se cautelosamente da mesa de tratamento.
Ele disse hesitante: — Preciso de um picador de gelo.
Sua intenção era criar uma desculpa para ir ao depósito de gelo e se distanciar do demônio do fogo. No entanto, assim que ele terminou de falar, uma mão surgiu das sombras, oferecendo-lhe um picador de gelo afiado.
“O-o que está acontecendo…” Em choque, o médico ouviu vagamente as palavras: — Não precisa me agradecer.
Entorpecido, ele aceitou o fino picador de gelo e desenrolou a bandagem branca que cobria a cabeça da ovelha.
A luta da ovelha se intensificou.
Avaliando os danos nas órbitas oculares, o médico de plantão inseriu o pingente fino e afiado pela rachadura e o manipulou cuidadosamente, mexendo com o lobo frontal do cérebro.
Após alguns momentos de luta, a ovelha branco-acinzentada silenciou-se abruptamente.
Capítulo 407: Recompensa pela boa sorte
Combo – 05/75
Após a cirurgia, a ovelha cega saiu da mesa de tratamento, calma e dócil, sem mais resistência. O médico de plantão sentiu como se estivesse em um sonho.
A operação foi um sucesso…
A técnica cirúrgica projetada para humanos realmente funcionou em uma ovelha…
O médico observou atordoado enquanto o demônio do fogo guiava a ovelha cega — agora curada de sua doença mental — para fora do quarto e desaparecia na noite vermelha iluminada pela lua.
Aonde quer que fossem, chamas vermelhas incendiavam as bandagens brancas e os pelos quase invisíveis.
Nas chamas ardentes, o fogo negro fluía como um rio, “limpando” os pingentes de gelo, pegadas e quaisquer outros vestígios restantes.
O médico não sentiu nenhum perigo imediato e observou atordoado, como se estivesse curtindo um show de fogos de artifício.
Depois de um tempo desconhecido, todas as chamas diminuíram. O guarda que havia sido despachado retornou ao Asilo Delta com um grupo de policiais uniformizados de preto.
— Por que demorou tanto? — o médico perguntou instintivamente.
O oficial xingou com raiva: — Filho da puta, fomos emboscados nas sombras no caminho para cá. Alguém estava atirando em nós da escuridão!
…
No apartamento 601, Rue des Blouses Blanches, nº 03, no distrito comercial.
Depois de prender ‘Eu Conheço Alguém’ a uma das pernas resistentes da mesa de jantar, Lumian não deu atenção à ovelha. Ele deitou no sofá da sala de estar e fingiu estar dormindo.
Sua aparência havia sido alterada novamente pela Mentira, e o broche de Decência havia sido retirado há muito tempo.
Franca olhou para a ovelha, que estava em silêncio e não tentou escapar com a mesa de jantar, e perguntou: — Não vamos interrogá-lo agora?
Ela evitou olhar para Lumian porque ele tinha se tornado tão irritante que ela sentiu vontade de socá-lo. Até a ovelha, agora pacifista, estava ansiosa para fazer o mesmo.
A voz de Lumian permaneceu calma quando ele respondeu: — Eu o questionarei quando tiver recuperado minha espiritualidade.
“Isso faz sentido. É mais seguro assim. Afinal, ‘Eu Conheço Alguém’ agora é uma ovelha com o lobo frontal removido. Ele não pode usar suas habilidades ou oferecer resistência…” Franca, vestida em um traje de assassina, desviou o olhar e foi para seu quarto para evitar perder o controle de suas mãos, chamas negras, gelo ou seda de aranha.
Ela não estava preocupada que qualquer acidente pudesse ocorrer antes do interrogatório, levando à morte bizarra de ‘Eu Conheço Alguém’ ou ele se transformando em um monstro devido à perda de controle. A Madame Mágica e a portadora da carta dos Arcanos Maiores já haviam confirmado a identidade de ‘Eu Conheço Alguém’. Elas devem ter aproveitado a oportunidade para obter as informações mais importantes.
Jenna, segurando a flecha de obsidiana quebrada, aproximou-se do sofá com uma expressão distorcida.
— Seu troféu.
Ela ofereceu a flecha de obsidiana a Lumian, que ainda não havia fechado os olhos.
Durante essa troca, sua mão direita tremeu levemente, como se ela quisesse enfiar a flecha no olho da outra parte.
Lumian não aceitou e disse calmamente: — Esta é sua recompensa pela sua boa sorte.
— Ou melhor, esse é seu verdadeiro golpe de sorte.
“Por que ele parece um cartomante de circo…” Jenna não recusou. Depois de resmungar para si mesma, ela rapidamente se virou e entrou no quarto de Franca.
Era preciso dizer que depois que sua companheira avançou para Demônia do Prazer, mesmo sendo mulher, ela ficava vermelha e sentia suas orelhas esquentarem quando a via trocar de roupa.
Depois de vestir roupas confortáveis para ficar em casa, Franca usou a Adivinhação por Espelho Mágico para entender melhor o nome, as habilidades e os efeitos negativos da flecha de obsidiana.
“Nome: Flecha do Sanguíneo.”
“Habilidade: Enfinque-a no peito onde fica o coração e deixe-a absorver sangue. O usuário ganhará habilidades potentes de autocura e regeneração, junto com atributos físicos excepcionais. Seja velocidade, agilidade, capacidade de se comunicar com animais, visão, olfato ou audição, todos serão muito aprimorados. Seu carisma também receberá um aumento significativo.”
“Além disso, o usuário ganhará habilidades semelhantes a magias do domínio das Trevas, como Correntes do Abismo, Garra da Corrosão e Asas da Escuridão.”
“Efeitos negativos:”
“Enquanto estiver em uso, você desprezará a luz do sol e desejará sangue.”
“Seu sangue será drenado continuamente pelo item até que você sucumba à perda excessiva de sangue. Você deve monitorar constantemente sua condição e remover a flecha quebrada a tempo.”
“Quanto mais você usa, mais provável é que cause mudanças sutis em seu corpo. Se elas se acumularem além de um limite, pode até levar ao colapso corporal. Nota: Tente não usá-la por mais de três minutos por vez. É melhor usá-la com intervalos de mais de três dias. Dessa forma, seu corpo terá uma chance de se recuperar e prevenir quaisquer mutações.”
“Evite usá-la durante a lua cheia. Embora possa melhorar sua condição, também pode facilmente levar a ilusões e perigos.”
— Não é um item místico ruim, — Franca elogiou sinceramente enquanto devolvia a Flecha do Sanguíneo para Jenna. — Carregá-la não tem efeitos negativos. Um item místico desses pode render mais de 40.000 verl d’or em várias reuniões de misticismo.
Segurando a Flecha do Sanguíneo, Jenna ponderou e disse: — Se eu der a você, isso liquidará a dívida que tenho com você?
Ela acreditava que devia 30.000 verl d’or a Franca.
Franca riu.
— Não se preocupe. Esta Flecha do Sanguíneo pode aumentar significativamente sua força, fornecendo a você verdadeiras habilidades de autopreservação. Você pode vendê-la mais tarde, quando sua Sequência tiver avançado até o ponto em que não seja mais útil.
— Leve seu tempo para pagar o dinheiro que você me deve. Não há pressa.
Jenna ficou em silêncio por alguns momentos antes de concordar com a cabeça.
…
Lumian dormiu até as 6 da manhã, sentindo-se revigorado, mas ainda com uma leve dor latejando na cabeça.
Enquanto se sentava e olhava ao redor, notou que a ovelha na qual ‘Eu Conheço Alguém’ havia se transformado estava parada calmamente perto da mesa de jantar, com suas órbitas oculares vazias cheias de sangue seco.
Lumian riu.
— Sua resiliência é impressionante. Ferimentos tão graves e tratamento básico não acabaram com você.
Ele levou a ovelha para a sala de estar e derramou o restante do soro da verdade em sua boca.
Com essa tarefa concluída, Lumian recitou um encantamento em Hermes.
— Sua Benção.
Uma luz escura brilhou, e a pele de carneiro branco-acinzentada se abriu, revelando o corpo de ‘Eu Conheço Alguém’ em um roupão hospitalar listrado de azul e branco.
Lumian o guiou até uma cadeira e o fez sentar. Olhando fixamente para suas órbitas vazias vermelho-sangue, ele sorriu e suspirou.
— Como mencionei ontem, finalmente podemos ter uma boa conversa.
O calmo ‘Eu Conheço Alguém’ permaneceu em silêncio.
Lumian recuou para o sofá e sentou-se. Ele esperou pacientemente que o soro da verdade fizesse efeito antes de perguntar: — Qual é seu nome, qual era sua ocupação original e por que você estava no Asilo Delta?
Ele começou com as perguntas mais simples, usando o soro da verdade para guiar as respostas instintivas do outro.
A voz de ‘Eu Conheço Alguém’ era normal, mas estranhamente convincente.
— Meu nome é Pierre Theuriau. Originalmente, fui um dos editores adjuntos da Medicina Básica.
— Uma vez mencionei que conheço alguém que acabou em um asilo devido à negligência e excesso de confiança. Bem, esse alguém era eu. Eu era obcecado em manipular as mentes dos outros e não prestava atenção suficiente aos meus próprios problemas. Um dia, eu simplesmente perdi a cabeça.
— Quando finalmente recuperei a consciência, me vi no Asilo Delta. Felizmente, eu estava apenas mentalmente instável e não perdi completamente o controle. Eu ainda tinha algum senso de autopreservação e não liberei meus poderes Beyonder de forma imprudente. Se eu tivesse, eles teriam me enviado para a Inquisição.
“A pessoa que você mencionou é de fato você mesmo…” Depois de descobrir que ‘Eu Conheço Alguém’ estava escondido no asilo, Lumian ganhou uma nova compreensão do que ele havia dito naquela época.
Ele insistiu: — Agora que você recuperou a consciência e a capacidade de pensar, por que escolheu permanecer no Asilo Delta?
‘Eu Conheço Alguém’ não demonstrou nenhuma zombaria ou diversão. Ele respondeu calmamente: — Acho o asilo fascinante. Os padrões de pensamento, estados mentais e construções mentais dos pacientes aqui são significativamente diferentes daqueles das pessoas comuns. Eles merecem observação, pesquisa e análise.
— Além disso, alguns deles enlouqueceram devido a doenças, enquanto outros se tornaram mentalmente instáveis devido a outros fatores. O último grupo inclui indivíduos que entraram em contato com os mistérios e o anormal.
— Incluindo aquele que se passou por você? — Lumian perguntou, buscando confirmação.
‘Eu Conheço Alguém’ assentiu lentamente.
— Sim, ele é bem especial. Eu o observo há muito tempo. Ele é como um filósofo, constantemente fazendo perguntas incomuns. Pacientes próximos a ele, enfermeiras que cuidam dele e até mesmo médicos que o tratam mudaram gradualmente seu estado mental. Também havia guardiões com habilidades sobrenaturais ocultas espreitando ao redor dele.
— Lidamos com os guardiões e trabalhamos para ganhar sua confiança. Tudo ocorreu bem. Soubemos que eles fazem parte de uma organização chamada Entry Persons e praticam um ritual secreto conhecido como Adoração de Midoro. Ele permite que a Projeção Astral de alguém ascenda a vários domínios celestiais e testemunhe fenômenos extraordinários. Eles podem tocar as franjas da imortalidade e ganhar conhecimento e habilidades correspondentes, permitindo que passem por uma transformação fundamental por trás da porta sem forma.
“Pessoas de Entrada… Porta sem forma…” Lumian memorizou a informação e continuou perguntando,
— Depois da ressurreição de Loki e seu aviso, por que você não fugiu de Trier imediatamente?
A resposta de ‘Eu Conheço Alguém’ não teve nenhuma emoção, pois ele disse: — Quão ridículo isso seria? Teríamos que eliminar alguns perseguidores antes de escapar.
“Então essa é a razão…” Lumian pensou que devia haver algo significativo que havia mantido ‘Eu Conheço Alguém’ em Trier.
— Então por que você não se escondeu em outro lugar?
Eu conheço alguém que respondeu calmamente: — Quero testemunhar o desespero e o sofrimento daqueles que me perseguem.
“Usando minha vida para diversão…” Lumian não conseguiu deixar de rir.
— Você não percebe a força do Clube do Tarô?
‘Eu Conheço Alguém’ ponderou por um momento e então disse: — A organização secreta que usa cartas de tarô como seus codinomes? O que eles têm a ver com você?
Ao ouvir isso, Lumian caiu na gargalhada enquanto se abaixava, sua diversão claramente exagerada.
Capítulo 408: Motivo
Em meio a risadas exageradas, as portas dos dois quartos se abriram com um rangido.
Franca e Jenna apareceram na porta, lançando olhares confusos para Lumian.
— O que é tão engraçado? — Franca murmurou enquanto se aproximava.
Como ele poderia interrogar um criminoso para obter uma reação semelhante à de assistir a uma apresentação de comédia?
Lumian parou de rir e comentou: — A ignorância pode levar a muitos perigos, assim como a arrogância. E ter ignorância e arrogância torna isso quase irredimível.
Observando isso, Jenna recuou para o quarto e fechou a porta.
Ela sabia que havia certos assuntos entre Ciel e Franca que era melhor deixar em segredo.
— Por quê? Esse cara é realmente ignorante e arrogante? — Franca usou a mão direita para arrumar rapidamente seu cabelo desgrenhado depois de acordar.
Ela se acomodou na poltrona e fixou o olhar no ‘Eu Conheço Alguém’, que permaneceu composto e sem emoção.
Lumian contou como ‘Eu Conheço Alguém’ achou inútil simplesmente escapar e insistiu em buscar alguma diversão. Ele também mencionou sua ignorância a respeito da conexão do com o Clube de Tarô.
Franca ficou sem palavras.
Ela não conseguia decidir se esse membro essencial da Reunião da Mentira era altamente profissional e comprometido com seus princípios ou simplesmente arrogante e ignorante.
Depois de alguns momentos, Franca olhou novamente para a porta do quarto de hóspedes.
— Jenna está se envolvendo mais em nossos assuntos. Mais cedo ou mais tarde, ela descobriria nossa verdadeira fé e a organização secreta que nos apoia…
Lumian disse despreocupadamente: — É simples. O Sr. Tolo é um deus ortodoxo oficialmente reconhecido. Em alguns dias, leve Jenna para as Docas Lavigny e revele quem realmente adoramos e cujas bênçãos recebemos. Pergunte a ela se ela quer se converter secretamente ao Sr. Tolo. Se ela recusar, tudo bem também.
— Tudo bem. — Franca assentiu solenemente.
Lumian voltou sua atenção para ‘Eu Conheço Alguém’, que permaneceu notavelmente calmo, e redirecionou a conversa.
— Por que vocês estavam mirando em Aurore, na Trouxa?
‘Eu Conheço Alguém’ parecia estar discutindo algo não relacionado a ela.
— Como muitos membros da Sociedade de Pesquisa a elogiavam, decidimos envergonhá-la.
— Que tipo de lógica é essa? — Franca deixou escapar. — Você quer provocar as pessoas quando elas são elogiadas?
‘Eu Conheço Alguém’ assentiu gentilmente.
— Quebrar a imagem idealizada na mente de muitas pessoas faz parte do espírito das brincadeiras. Suas reações nos trazem imensa satisfação.
O rosto de Franca ficou vermelho de raiva. Ela queria elaborar um argumento, mas se conteve devido à sua falta de vocabulário.
Ela respirou fundo e expirou lentamente.
— Então, você ao menos se lembra do que é felicidade e alegria? Você ainda sente essas emoções?
Lumian soltou um longo suspiro e perguntou: — E depois?
‘Eu Conheço Alguém’ estava com uma expressão nostálgica.
— Aproveitando a visita da Trouxa à nossa equipe para negociar, ocasionalmente ofereci a ela conselhos úteis. Ela começou a confiar mais em mim, até mesmo compartilhando suas preocupações comigo buscando soluções.
— Durante esse tempo, eu desempenhei o papel de uma fonte confiável, enquanto coletava informações suficientes e planejava uma grande brincadeira. Eventualmente, descobri que o corpo que a Trouxa habitou após sua transmigração pertencia a uma garota que acreditava em uma divindade maligna, a Inevitabilidade. Além disso, ela percebeu que sua família, incluindo seu pai, mãe, irmãos e irmã, exibiam comportamentos estranhos. Havia vários detalhes perturbadores após um exame mais detalhado, o suficiente para induzir medo em qualquer um que se aprofundasse demais. Então, ela encontrou uma oportunidade de escapar de casa.
— Essa situação tinha uma semelhança impressionante com uma família que conheci, com uma mulher que havia desaparecido misteriosamente.
— Após comparações cuidadosas, Loki, a família e eu confirmamos que Trouxa era de fato sua parente desaparecida. Então, um dia, Loki forneceu o Feitiço de Invocação de Almas modificado da família e me instruiu a encontrar uma maneira de vendê-lo para Trouxa.
— Com base em meu entendimento do estado psicológico e emocional da Trouxa, eu meticulosamente criei um argumento persuasivo. Aproveitando seu desejo de voltar para casa e seu hábito de procurar por pistas, eu convenci Lady Louca a vender o Feitiço de Invocação de Almas para ela.
— Como esperado, ela começou a sofrer de esquizofrenia. Em certo sentido, Roche Louise Sanson voltou à vida.
— Em cada sessão de tratamento subsequente, eu a fiz parecer melhor na superfície, mas sua condição piorou a cada sessão que passava. Às vezes, eu até mesmo guiei a personalidade de Roche para emergir e se envolver com ela. Foi bem intrigante.
Lumian ouviu em silêncio, evitando interromper o relato de ‘Eu Conheço Alguém’ com raiva. Franca, por outro lado, estava fervendo de raiva, repetidamente bebendo água para se acalmar.
“Por que essas pessoas são tão detestáveis!”
“Eles não consideravam os outros como pessoas reais!”
Depois que ‘Eu Conheço Alguém’ terminou de falar, Lumian perguntou mais.
— O Feitiço de Invocação de Almas vem da família de Roche Louise Sanson?
— Está certo. — A condição de ‘Eu Conheço Alguém’ era semelhante a um lago sem vento. — Eles combinaram o conhecimento obtido de uma bênção e um Feitiço de Invocação de Almas de um Bruxo, dando origem ao Feitiço de Invocação de Almas que Trouxa comprou. Não tenho certeza do que o torna especial; não sou um estudioso de bruxaria.
“Conhecimento de uma bênção…” Lumian rapidamente revisou seu conhecimento sobre Dançarino, Monge da Esmola e Contratado dentro do caminho da Inevitabilidade, mas não encontrou nada que pudesse ser conectado ao Feitiço de Invocação de Almas.
Ele suspeitava que poderia ser um conhecimento ligado a uma Sequência superior do caminho da Inevitabilidade ou talvez uma benção única concedida pelo deus maligno conhecido como Inevitabilidade.
Após alguns momentos de contemplação, Lumian perguntou lentamente: — A família de Roche Louise Sanson sabe sobre a existência de Trouxa e sua condição? Eles estão cientes de sua verdadeira identidade e sua localização atual?
‘Eu Conheço Alguém’ assentiu.
— Eu os informei da primeira parte, e a própria Roche revelou o resto. Mais tarde, eles conseguiram estabelecer contato com Trouxa, ignorando tanto a mim quanto Loki.
“Os Pecadores estão envolvidos na disseminação da fé da Inevitabilidade em Cordu e no fornecimento de vários recursos… Isso mesmo. O padre poderia ter se juntado a eles imediatamente após deixar Cordu e se tornado o chamado arcebispo deles. Isso confirma indiretamente…” As emoções de Lumian permaneceram contidas, mas sua mente estava afiada.
Ele inconscientemente cerrou os punhos e se concentrou em ‘Eu Conheço Alguém’.
— Quais são os nomes dos membros da família de Roche Louise Sanson? Onde eles estão residindo atualmente? Eles são afiliados a uma organização secreta ou a um culto?
‘Eu Conheço Alguém’ balançou a cabeça.
— Depois que me mudei para o asilo, perdi contato com eles. Durante esse período, tentei localizá-los, mas descobri que eles já tinham se mudado. Parecia que não estavam mais usando suas identidades originais, como se estivessem tentando se esconder de algo.
— O nome do pai de Roche é Voisin, o nome da mãe é Constace, o nome do irmão mais velho é Bliss, o nome da irmã mais velha é Annette e o nome do irmão mais novo é Atur. Eles são todos parte de um ramo da família Sanson. No entanto, não sei seus nomes atuais.
— Voisin já foi um comerciante em dificuldades à beira da falência, mas depois se juntou a uma organização secreta conhecida como Pecadores. Miraculosamente, ele escapou de seus problemas financeiros e recuperou seu sucesso. Ele tinha vários negócios, sendo o mais notável a Cafeteria Voisin, que também servia como hotel, restaurante e várias funções. Era frequentado pela alta sociedade, mas antes de se mudarem, esses negócios foram vendidos.
Lumian começou a reunir mais informações sobre os Pecadores e buscou detalhes sobre a aparência, os maneirismos e os hábitos de cada membro da família.
Com as informações recém-adquiridas em mãos, Lumian falou pensativamente: — Você sabe qual papel o semideus dos Pecadores ou Beyonder em uma Sequência superior desempenhou no desastre de Cordu?
‘Eu Conheço Alguém’ respondeu: — Pouco antes de eu me mudar para o asilo, Voisin me informou que eles foram pegos de surpresa. Isso ocorreu muito antes do horário combinado, então nenhum deles havia chegado ao local.
— Parece que alguns indivíduos estavam excessivamente ansiosos para obter as bênçãos. O infortúnio resultante do fracasso deles também os fez perder muitas pistas. Caso contrário, eles teriam descoberto você muito antes.
“O Sofredor espreitando nas sombras de Cordu e ao meu redor não é o semideus dos Pecadores, então quem está interferindo no meu destino com Termiboros?” Lumian franziu a testa e perguntou: — Roche não informou os Pecadores, seus pais ou seus irmãos sobre o ritual inicial?
— Não, — Eu Conheço Alguém respondeu sucintamente. — Eles acreditam que ela desejava reduzir o número de indivíduos que recebiam as bênçãos e concentrar o poder.
Lumian caiu em um silêncio contemplativo, sentindo que algo estava errado.
“Será que o elfo parecido com um lagarto pode estar envolvido?”
“Isso impediu Aurore de procurar a ajuda de Madame Hela e Roche Louise Sanson de contatar os Pecadores?”
Lumian tentou perguntar mais sobre o assunto, mas não recebeu informações adicionais.
Temendo que os efeitos do soro da verdade estivessem acabando, ele decidiu mudar de assunto.
— O que a divindade em que você acredita quer que você faça em Trier?
Os olhos vazios de Eu Conheço Alguém permaneceram fixos no sofá enquanto ele respondia: — Ele ocasionalmente nos concede revelações para decifrarmos independentemente.
— Se as interpretarmos corretamente e completarmos a tarefa correspondente, receberemos algo inesperado.
— Fora essas revelações, Ele raramente se comunica conosco diretamente. Só podemos orar a Ele por meio de um ritual, e isso não pode ser feito mais do que uma vez por semana.
“O estado do Celestial Digno do Céu e da Terra e do Sr. Tolo são muito semelhantes…” Lumian ficou tentado a perguntar sobre as revelações concedidas pelo Celestial Digno, mas decidiu que seria muito arriscado discutir.
Após um breve momento de consideração e deliberação, ele decidiu abordar o assunto de outro ângulo e perguntar indiretamente.
— Foi você quem começou os rumores sobre o pão de sangue humano?
— Sim, — ‘Eu Conheço Alguém’ admitiu sem hesitação.
Lumian continuou: — E o boato de que a mandrágora pode tratar doenças?
‘Eu Conheço Alguém’ calmamente respondeu: — Eu também fui o responsável por isso.
— Foi uma revelação do Celestial Digno. Foi então que percebi que podia influenciar os eventos dessa forma. Depois de algum tempo, rumores de pão de sangue humano começaram a se espalhar.
“O rumor da Mandrágora é uma revelação do Celestial Digno do Céu e da Terra? Haverá algum perigo oculto em usá-la para suprimir a onda de espiritualidade?” Lumian contemplou a ideia de alertar o ingênuo Vampiro, La Nou Bruch.
Ele circulou e perguntou sobre outras revelações sobre o Celestial Digno do Céu e da Terra. Ele não obteve muitas informações úteis, então ele só pôde passar para o último tópico.
— Conte-me sobre Lady Louca, Ultraman, Hisoka, Loki e Bardo.
Capítulo 409: Execução por fogo
‘Eu Conheço Alguém’ disse calmamente: — A Lady Louca provavelmente é uma Viajante1. Não tenho ideia de onde ela mora…
— Ultraman costumava ser um Sequência 6: Notário do caminho do Sol. Não tenho mais certeza. Ele não veio a Trier recentemente, e eu não saí do asilo. Nós só trocamos algumas palavras em cada reunião…
— Loki é um Sequência 5: Mestre das Marionetes do caminho Vidente, mas suspeito que ele receba mais poder do Celestial Digno do que nós. Ele pode acessar recursos desconhecidos para nós. Ele até é dono de um misterioso castelo antigo, Dylan, escondido em algum lugar…
— Bardo é um Sequência 6: Prometheus do caminho do Saqueador. Claro, não tenho certeza da situação atual dele. Não nos vemos na realidade há muito tempo… Ele escreveu as Crônicas Secretas do Imperador Roselle e as publicou sob o nome de outra pessoa…
— Não estou familiarizado com Hisoka. Ele não compareceu a nenhuma reunião na vida real no Continente Norte. Na minha opinião, ele é muito perigoso, perdendo apenas para Loki. Ele é parecido com Lady Louca…
— Se eu não tivesse enlouquecido por um tempo, eu seria um Sequência 5 agora…
“Castelo Dylan…” Lumian lembrou-se da descrição de Madame Hela do sonho de Loki e suspeitou que o misterioso castelo antigo escondido em algum lugar era onde Loki havia ressuscitado.
Ele não esperava que Bardo fosse um Beyonder do caminho Saqueador. Ele acreditava que o apelido se originou do Canto do Oceano do caminho do Marinheiro ou do Poeta da Meia Noite do caminho da Noite Eterna, mas pensando bem, fazia sentido. Em histórias rurais, bardos frequentemente trabalhavam como ladrões.
Isso também confirmou a influência do Celestial Digno do Céu e da Terra nos caminhos do Vidente, Aprendiz e Saqueador. Metade dos seis membros principais pertencia a esses três caminhos.
Depois que ‘Eu Conheço Alguém’ terminou de falar, Franca perguntou preocupada: — Quem mais na Sociedade de Pesquisa está envolvido com isso?
‘Eu Conheço Alguém’ não resistiu em manter segredo. Ele respondeu calmamente: — Eu sei que Pettigrew é um…
— Pettigrew? — Franca deixou escapar surpresa. — Achei que ele estava tirando sarro da altura dele com esse apelido, mas acontece que ele está zombando da identidade dele?
‘Eu Conheço Alguém’ assentiu gentilmente.
— Antes de encontrar a organização e se juntar à Sociedade de Pesquisa, ele já conhecia Loki. Como todos sabem, Loki pode usar o poder do Celestial Digno para sentir transmigradores dentro de um certo alcance, e Pettigrew também está na Região Maior de Trier.
— Ele se tornou subordinado de Loki antes de se juntar à Sociedade de Pesquisa. Ele foi designado para outra equipe. Na verdade, ele se apelidou de Pettigrew porque queria pregar uma peça e revelar a verdade. Ele zombou e enganou todos os membros da Sociedade de Pesquisa que não tinham discernimento, mas, na realidade, eu sabia que ele estava hesitando, se sentindo culpado e lutando. Ele esperava usar esse método para avisar os outros membros da Sociedade de Pesquisa de que havia algo errado com ele.
— Meu plano era encontrar uma oportunidade de contar a ele que Trouxa, que nunca discriminou sua altura e era gentil e amável com ele, foi prejudicada por nós. Ele poderia ser considerado um ajudante indireto. Quando chegasse a hora, sua devastação e expressão de dor teriam sido muito interessantes.
— Droga! — Franca xingou.
Embora ‘Eu Conheço Alguém’ tivesse sido lobotomizado e muito calmo, seu tom não era mais zombeteiro, seus pensamentos diretos ainda estavam cheios de vileza, tornando Franca incapaz de controlar suas emoções.
— O que mais? — Lumian perguntou em seu nome.
‘Eu Conheço Alguém’ recitou mais cinco pseudônimos seguidos antes de concluir: — Esses são os poucos que eu conheço. Quanto aos que Loki e os outros desenvolveram secretamente ou não me contaram, não tenho certeza.
— Tem bastante coisa… — Franca estava cheia de ódio e frustração.
Lumian virou-se para ela e disse: — Apenas compartilhe essa informação com Madame Hela. Como eles lidam com isso depende do presidente e dos vice-presidentes. Você não precisa ficar preocupada ou hesitante. Apenas aproveite os frutos do seu trabalho. Não existe um ditado que Aurore… uh, em seu mundo? Se você não testemunhar o cordeiro sendo morto e não cozinhá-lo você mesma, você pode aproveitar a deliciosa carne sem que isso pese em você. Caso contrário, é inevitável que você seja benevolente, de coração mole e conflitante.
Franca exalou e murmurou: — A adaptação de citações famosas feita pela sua irmã é ridícula…
Ela se recompôs e olhou para ‘Eu Conheço Alguém’.
— Você espalhou notícias do apocalipse iminente porque acreditou no Celestial Digno e correu para buscar a alegria, permitindo que você cometesse todos os tipos de atos malignos sem se sentir culpado? Ou você ficou desesperado e acreditou no Celestial Digno porque tinha certeza de que o apocalipse estava prestes a chegar e os humanos não conseguiriam resistir?
‘Eu Conheço Alguém’ respondeu: — Ambos. Alguns tentaram replicar suas ações pré-transmigração e imediatamente ganharam a atenção do Celestial Digno, enquanto outros enfrentaram catástrofes e aprenderam sobre o apocalipse. Eles só acreditaram no Celestial Digno após seu colapso mental.
Nesse momento, as órbitas vazias de ‘Eu Conheço Alguém’ se voltaram para Franca, que tinha acabado de fazer a pergunta.
— Mais tarde, o Digno Celestial até nos deu algumas revelações, permitindo-nos adivinhar uma parte da verdade, incluindo…
Por alguma razão inexplicável, Lumian de repente sentiu uma forte sensação de perigo e interrompeu a declaração de ‘Eu Conheço Alguém’.
— Você não precisa continuar!
‘Eu Conheço Alguém’ imediatamente fechou a boca.
— Por que ele não pode dizer isso? — Franca esperou ansiosamente pela resposta, mas não houve resposta.
Lumian lembrou-se de conceitos como a “barreira” relacionado ao apocalipse e disse seriamente: — Não é adequado que você saiba a verdade sobre o apocalipse ainda. Esse conhecimento pode fazer com que você perca o controle ou seja fatalmente corrompida no local. Você pode perguntar sobre isso quando se tornar uma semideusa.
— Tudo bem. — Franca olhou para Lumian e murmurou, — Por que você age como se soubesse a verdade…
“Por que ele consegue fazer isso, mas eu não?”
— Eu só sei um pouco, — Lumian respondeu candidamente. — E esse conhecimento me trouxe perigo. É tudo graças ao selo do Sr. Tolo.
Conforme os efeitos do soro da verdade passavam, ‘Eu Conheço Alguém’ retornou à sua calma imutável de sempre. Até mesmo sua disposição para responder perguntas havia desaparecido.
Franca olhou para o psiquiatra lobotomizado por alguns segundos antes de suspirar.
— Às vezes, ainda somos muito ingênuos. Podemos até pensar em nós mesmos como protagonistas.
Lumian sabia que “nós” se referia aos membros da Sociedade de Pesquisa de Babuínos de Cabelos Encaracolados.
Franca desviou o olhar e se virou para Lumian.
— Enquanto a ovelha passava pela operação, eu procurei nas enfermarias de ‘Eu Conheço Alguém’ e de seu substituto. Eu encontrei alguns papéis na casa deste último. Eu não li o conteúdo cuidadosamente, mas pareceu um pouco esotérico.
Enquanto falava, ela se levantou e voltou para seu quarto, pegando uma pilha fina de papéis.
Lumian folheou-os e franziu a testa.
— Adoração a Midoro…
— O que é isso? — Franca não tinha ouvido a primeira metade do interrogatório.
Lumian explicou brevemente e concluiu: — Esta deve ser uma magia que permita atravessar a Porta Sem Forma e se alinhar intimamente com um deus maligno, ganhando conhecimento e experiência. Até mesmo pessoas comuns devem ser capazes de aprender após receber orientação adequada.
Franca suspirou do fundo do coração e disse: — Não é de se espantar que pareça tão sinistro. As camadas dos domínios celestiais, a Porta Sem Forma, os fenômenos extraordinários e as franjas da imortalidade. Parece muito perigoso!
Lumian guardou o feitiço de ato secreto, Adoração de Midoro. Embora ele não soubesse como usá-lo, nem precisasse, ele ainda conseguia entender o conhecimento correspondente. Isso o ajudaria a lidar com os hereges que dependiam da Adoração de Midoro para obter conhecimento e força.
Ele então disse a Franca: — Repasse essa informação para Madame Hela. Eu cuido do ‘Eu Conheço Alguém.’
— Tudo bem. — Franca assentiu gentilmente e observou enquanto Lumian colocava o brinco Mentira e andava até a poltrona. Ele agarrou o ombro do homem calmo e desapareceu instantaneamente.
…
Distrito prisional, Grande Campo de Execução Rois.
Ainda não eram 7 da manhã, e não havia ninguém aqui. Estava molhado, como se estivesse isolado do mundo.
Lumian emergiu do vazio com ‘Eu Conheço Alguém’ e amarrou esse membro principal da Reunião da Mentira na estaca.
Então, recuou uma longa distância, agachou-se e pressionou as mãos no chão.
Duas línguas vermelhas de fogo dispararam rapidamente em direção ao corpo de Eu Conheço Alguém pelo chão coberto de ervas daninhas.
Elas cresceram cada vez mais até se transformarem em uma serpente gigante, engolindo ‘Eu Conheço Alguém’ completamente.
Lumian se levantou e usou os pés para manter o fluxo de chamas. Ele observou silenciosamente enquanto o calmo Psiquiatra ativava as Escamas de Dragão branco-acinzentadas sob o estresse.
Seu corpo subconscientemente lutou, mas não foi tão intenso. Seus vários poderes Beyonder se espalharam em todas as direções, mas falharam em afetar Lumian, que estava além do alcance deles.
Lumian condensou uma perigosa lança flamejante e a arremessou, perfurando e queimando um buraco ao redor do peito e abdômen de ‘Eu Conheço Alguém’.
As chamas vermelhas que não haviam incinerado as Escamas de Dragão em nenhum outro lugar surgiram no corpo de ‘Eu Conheço Alguém’.
Enquanto Lumian observava esse membro principal da Reunião da Mentira realmente começar a queimar, seu corpo instintivamente emitindo gritos de dor, seus pensamentos correram. Ele rapidamente se lembrou da batalha da noite passada e do interrogatório de hoje.
Ele aprendeu muito, mas não conseguia entender bem o princípio da atuação.
As chamas não são apenas letais; elas também podem ser usadas como dissuasão, intimidação e um sinal…
“É necessário que os Piromaníacos combinem suas chamas com armadilhas…”
…
Enquanto as chamas furiosas engolfavam ‘Eu Conheço Alguém’, Lumian sentiu como se um fogo estivesse queimando em seu coração.
Era raiva, satisfação e catarse.
Naquele momento, a poção de Piromaníaco de Lumian foi digerida um pouco mais, assim como aconteceu depois da batalha da noite anterior.
Após um período de tempo desconhecido, no campo de execução desabitado, ‘Eu Conheço Alguém’ cessou suas lutas e perdeu o fôlego. Seu corpo estava carbonizado enquanto se partia.
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Capítulo 410: Uma semana de lazer
Combo 08/75
No chuvoso campo de execução, Lumian observou as chamas carmesins gradualmente diminuírem diante de seus olhos. Ele observou enquanto um muco translúcido e incolor vazava do cadáver. Ele cercava o carbonizado e rachado ‘Eu Conheço Alguém’, tentando se enterrar em sua cabeça através das órbitas oculares vazias e se fundir com algum órgão.
Corvos de Fogo Carmesim se materializaram ao redor de Lumian, disparando através dos olhos vermelho-sangue restantes antes que o muco pudesse chegar ao seu destino.
Estrondo!
A cabeça de Eu Conheço Alguém explodiu de dentro para fora, espalhando massas branco-acinzentadas por todo lugar.
O muco transparente e incolor perdeu sua substância aglutinante, sendo capaz apenas de condensar-se de forma independente, formando eventualmente uma massa pegajosa.
Esta massa caiu abaixo da estaca. De longe, parecia um espelho não fixado, capaz de refletir tudo ao redor.
Lumian caminhou até lá e recuperou a massa incolor, que provavelmente era uma característica de Beyonder do Hipnotista. Ele fez isso em meio ao ar escaldante e às chamas que fluíam ao seu redor.
Ao olhar para ela, ele notou minúsculas bolhas transparentes bem no fundo. Elas capturavam e refratavam a luz do sol de vários ângulos, exibindo uma variedade de cores.
Depois de guardar a característica de Beyonder, Lumian se virou e se afastou da estaca.
Atrás dele, as chamas persistentes continuavam seu ataque implacável, devorando o cadáver carbonizado.
Enquanto a luz piscava, a figura de Lumian desapareceu do Grande Campo de Execução Rois.
…
No apartamento 601, Rue des Blouses Blanches, nº 03, no distrito comercial.
Lumian, que havia retornado à sua forma original com o brinco Mentira, esfregou as têmporas e se virou para Franca.
— Já está resolvido. É apropriado que alguém como ele encontre seu fim na fogueira.
— Infelizmente, ele acredita no Celestial Digno. Mesmo que ele não tome nenhuma atitude, continua sendo uma ameaça oculta… uma bomba-relógio em potencial. Caso contrário, eu o teria poupado, embora com seu lobo frontal removido e sua visão perdida para sempre.
Franca deu um suspiro de alívio. — Isso é reconfortante.
Na verdade, ela sentiu uma pontada de arrependimento. Se não fosse pela insanidade que havia tomado conta do ‘Eu Conheço Alguém’ no passado e sua fé no Celestial Digno do Céu e da Terra, que era suspeito de desencadear sua transmigração, ela poderia ter tentado canalizar seu espírito e perguntar sobre a fórmula da poção para o caminho do Espectador, da Sequência 9 até a Sequência 6 ou mesmo a Sequência 5. No entanto, após uma contemplação completa, ela decidiu abandonar esse plano perigoso.
O olhar de Lumian se voltou para a porta aberta do quarto de hóspedes.
— Onde está Jenna?
— Ela foi ao Teatro da Velha Gaiola de Pombos, — Franca provocou Lumian. — Ela é muito mais diligente do que você em digerir a poção.
Lumian respondeu pensativamente, — Depois de liberar as chamas dentro de mim para batalhar e executar, minha poção de Piromaníaco foi significativamente digerida. Nesse ritmo, se eu puder perceber um novo princípio de atuação, ela deve ser totalmente digerida em dois meses.
Ele não se deteve no assunto e continuou: — Pretendo compartilhar a característica de Beyonder do ‘Eu Conheço Alguém’ com a Madame Mágica. Sem ela e o apoio do Clube de Tarô, poderíamos ter perdido o controle do nosso alvo ou perdido o controle durante nosso ataque inicial.
— Sem problemas, — Franca respondeu sem hesitação. — As características de Beyonder desses seguidores do deus maligno escaparam do alcance de indivíduos de alto escalão. Eu não ousaria possuí-las eu mesma. Não há necessidade de pensar em me retribuir. Lidar com ‘Eu Conheço Alguém’ também é um mandato da Sociedade de Pesquisa de Babuínos de Cabelos Encaracolados.
Lumian não fez cerimônia. Ele observou enquanto Franca retornava ao quarto, trocando de roupa para uma camisa branca adornada com renda e calças bege justas, aparentemente se preparando para sair.
— Para onde você vai? — Lumian perguntou casualmente.
Franca respondeu com uma pitada de aborrecimento, — Eu estive envolvida em todo tipo de confusão que você mexeu ultimamente, e não tive um momento para me dar prazer. Agora que finalmente está resolvido, é justo que eu tire uma folga, certo? Eu sugiro que você se comporte pelos próximos dias!
Lumian não conseguiu deixar de sorrir quando a Demônia do Prazer calçou suas botas, abriu a porta e saiu.
Assim que a porta se fechou, Lumian, que originalmente havia planejado retornar ao Auberge du Coq Doré para escrever para a Madame Mágica, pegou uma caneta e papel da mesa próxima. Meticulosamente anotou todas as informações que ‘Eu Conheço Alguém’ havia lhe dado.
Então dobrou cuidadosamente o papel e colocou a característica de Beyonder do Hipnotista do ‘Eu Conheço Alguém’ em cima dele.
Invocando a boneca mensageira, Lumian esperou pacientemente.
Não demorou muito para que a mensageira retornasse, carregando a massa translúcido e um pedaço quadrado de papel dobrado.
A resposta da Madame Mágica foi:
“Esta é uma missão compartilhada do Clube de Tarô. Não há necessidade de eu ser recompensada. Guarde para você. Eu já removi a corrupção que poderia ser removida.”
“Mobilizaremos vários recursos para procurar o paradeiro dos cinco membros restantes da Reunião da Mentira, mas atualmente não temos uma pista sólida. As pegadinhas mencionadas nas informações estão acontecendo há muito tempo.”
Lumian terminou de ler em silêncio, permitindo que as chamas vermelhas consumissem o papel em sua mão.
Ele ansiava por se teletransportar diretamente para a Província de Gaia em Feynapotter e para o Balam Oeste no Continente Sul para caçar pessoalmente os suspeitos membros da equipe do Reunião da Mentira, como Bardo. No entanto, ele sabia que era inútil. Sem informações ou pistas suficientes, era como procurar uma agulha em um palheiro.
Ele não podia contar com a sorte do garoto que come sorvete todas as vezes, podia?
“Tudo o que posso fazer agora é esperar que o Clube de Tarô descubra pistas úteis… A única pessoa que consigo rastrear no momento é o editor do livro proibido, Crônicas Secretas do Imperador Roselle. Se ao menos eles tivessem se encontrado com o verdadeiro autor, Bardo…” Lumian sentiu uma mistura de decepção e alívio.
Ele planejou levar seu tempo com a característica de Beyonder do Hipnotista. Enquanto procurava por um Artesão adequado, ele esperou que Anthony Reid investigasse a viúva do General Philip.
Se o Psiquiatra ganhasse alguma coisa e conseguisse curar seus problemas psicológicos, Lumian não se importaria em vender a ele a característica de Beyonder e dividir o lucro com Franca.
Se Lumian encontrasse um Artesão adequado antes disso, designaria o item místico que ele criou como um recurso comum, permitindo que Franca, Jenna e os outros o usassem como bem entendessem.
Depois de guardar a característica de Beyonder do Hipnotista em um bolso escondido, Lumian exalou e recostou-se na cadeira de jantar.
Só então ele ouviu o ronco do seu estômago e percebeu sua fome.
Desde que acordou às 6 da manhã, estava concentrado no interrogatório, na execução e na escrita de cartas, esquecendo-se completamente do café da manhã.
“Sinceramente, me deixar sozinho aqui; é como se eu vivesse aqui…” Lumian murmurou para si mesmo enquanto se levantava e se aventurava até a cozinha do apartamento para ver quais ingredientes estavam disponíveis.
Examinando a área, ele avistou algumas batatas.
Lumian ficou momentaneamente surpreso, mas rapidamente arregaçou as mangas e pegou um avental pendurado ali perto. Com mãos habilidosas, descascou, lavou e cortou as batatas em tiras finas.
Seguindo o processo, ele acendeu o fogão, aqueceu uma panela, adicionou óleo, refogou e jogou as batatas raladas. Ele temperou o prato adequadamente.
Depois de pronto, Lumian torrou duas fatias de pão e serviu um copo de leite.
Sentando-se à mesa de jantar, ele colocou as batatas crocantes raladas entre as fatias de torrada e saboreou-as, ocasionalmente tomando um gole de leite.
Do lado de fora da janela, a garoa havia se dissipado e o sol brilhava forte.
…
Durante a semana seguinte, Lumian aproveitou ao máximo seu tempo. Ele esperou pacientemente a recuperação de seu dano mental das duas últimas batalhas, aproveitando a oportunidade para agir como um Piromaníaco e gradualmente digerir a poção.
No meio desse processo, também conseguiu relatar ao Sr. K sobre suas atividades recentes e a descoberta da organização do deus maligno.
Os membros do Savoie Mob no Salle de Bal Brise ficaram surpresos. O chefe deles apareceu inesperadamente por cinco a seis dias consecutivos e ficou por longos períodos todas as vezes. Comparado com suas experiências anteriores de ele estar indisponível, era como se ele tivesse encontrado um sósia.
Charlie ficou igualmente surpreso. Ciel frequentava o bar do porão todas as noites para beber e provocar as pessoas, o que o tornava o alvo principal dessa dedicação incomum.
Assim que Franca estava prestes a revisitar a Cafeteria da Casa Vermelha no Trocadéro e discretamente lembrar Browns Sauron de não se esquecer de auditá-la, o crânio de prata pura de Hela enviou um aviso de uma reunião especial para o Apartamento 601 na Rue des Blouses Blanches nº 03 e para o esconderijo abandonado de Lumian na Rue des Blouses Blanches.
Já fazia um tempo desde que Lumian visitou o esconderijo. Se Franca não tivesse perguntado sobre a carta ao recebê-la, ele poderia não ter percebido.
Muitos membros da Sociedade de Pesquisa de Babuínos de Cabelos Encaracolados operavam de forma semelhante. Eles tinham locais designados para receber e enviar cartas, mas não residiam lá de fato. Eles só visitavam periodicamente para evitar serem descobertos.
Lumian chegou ao esconderijo abandonado na Rue des Blouses Blanches e desdobrou cuidadosamente a carta. Seu conteúdo dizia:
“Trouxa:
“Há uma reunião especial marcada para as 10 hoje à noite. Precisamos discutir algo de extrema importância que diz respeito à segurança de todos.”
…
À noite, faltando apenas três minutos para as dez horas, Lumian recitou o encantamento imbuído de poderes de Ocultação dentro dos limites do esconderijo na Rue du Rossignol.
Gradualmente, sentiu-se afundando em um sono profundo, uma sensação semelhante à de seu corpo sendo apagado por uma enorme borracha.
Após um período indeterminado, ele subitamente recuperou a consciência e se viu em meio a um antigo palácio envolto na névoa de uma cidade.
Mais de cem membros da Sociedade de Pesquisa de Babuínos de Cabelos Encaracolados já estavam reunidos, e seus números ainda estavam tomando forma.
Navegando pelo que parecia um grande baile de máscaras, Lumian, agora transformado em Aurore usando Mentira, vestia uma túnica preta de Bruxo e uma meia máscara enquanto se aproximava da equipe da Academia.
Ele examinou a área, mas não avistou o membro conhecido como Pettigrew.
Ao lado de um homem magro com uma bolsa de documentos amarelo-acastanhada cobrindo sua cabeça estava o Professor, vestindo uma máscara de borboleta preta, uma camisa de gravata borboleta e um longo casaco escuro.
Era o marido, o professor associado.
O professor olhou para Lumian com curiosidade e perguntou: — Você sabe o que está acontecendo? Por que eles convocaram essa reunião especial?
Lumian, assumindo a persona de “Trouxa” Aurore, sorriu e soltou um suspiro.
— Porque temos traidores entre nós.
— Traidores… — O Professor e os outros membros da equipe da Academia ecoaram o termo.
Naquele momento, o presidente meio-gigante, Gandalf, vestido com uma túnica simples e capuz, e a vice-presidente, Hela, que parecia uma viúva negra com o rosto escondido por um véu, dirigiram-se ao enorme trono de pedra situado nas profundezas do antigo palácio.